Interna: Giuliana Angeli Pieri 6° ano - Medicina Epidemiologia EUA: incidência: 750.000/ano; Prevalência: 4 milhões de sobreviventes. Taxa de mortalidade: 150.000/ano – 3ª causa de morte; Morbidade: 350.000/ano; BRASIL: 1ª causa de morte. AVE – Definição Instalação súbita de um déficit neurológico focal relacionado a um território arterial. Súbito = o déficit é máximo dentro de 1 minuto após a sua instalação. Para reconhecermos um AVE é necessário conhecer a anatomia encefalovascular. Fluxo Sanguíneo Cerebral Sistema Carotídeo ou Anterior – 4/5 do FSC 2/3 anteriores do cérebro Artéria cerebral média Artéria carótida interna Artéria cerebral anterior Artéria coróide anterior ACM – principal artéria cerebral e a mais acometida no AVEi - Ramos lentículo-estriados: tálamo, gânglios da base, cápsula interna; - Ramo superior: córtex e substância subcortical do lobo frontal (córtox motor, pré-motor, área do olhar conjugado, área de Broca), lobo parietal (área somatossensorial primária e associativa geral) e parte superior do lobo temporal (área de Wernicke). Cerebral anterior – lobo frontal: regiões anterior, medial e orbitária; - Ramos perfurantes: cápsula interna (região anterior), corpo amigdalóide, hipotálamo anterior, cabeça do núcleo caudado. Coróide anterior – cápsula interna (região posterior). Sistema vértebro-basilar ou Posterior – 1/5 do FSC 1/3 posterior do cérebro; tronco encefálico; cerebelo Artéria vertebral Une-se a vertebral do lado oposto Artéria basilar PICA (A. cerebelar ínfero-posterior) Artéria cerebelar superior Bifurca-se Artérias cerebrais posteriores • Artéria basilar : ponte • Artéria cerebelar superior : principal irrigação do cerebelo • Cerebrais posteriores - lobo occipital - Ramos perfurantes: mesencéfalo, tálamo, pedúnculos cerebelares superiores AVE Isquêmico 80% dos AVE Etiologias: 1) Embólico Cárdio-embólico: relacionado a cardiopatias, valvopatias, - arritmias. FA: é a causa mais comum de AVEi! – predispõe a formação de trombos intra-cavitários cardíacos (AE). IAM de parede anterior; cardiomiopatias dilatadas. - Arterio-arterial: típico dos hipertensos. Exemplo mais comum: parte de uma placa de aterosclerose em artéria desprende e oclui distalmente; Geralmente: carótida comum, bifurcação carotídea, artéria vertebral. 2) Aterotrombótico de grandes vasos - Placa de ateroma se acidenta e provoca oclusão in situ; - Paciente possui como fatores de risco: HAS, DM, tabagismo, dislipidemia. 3) Aterotrombótico de pequenos vasos (lacunar) - Espessamento da camada média arterial (lipo-hialinose) por HAS mal controlada; - Pequenos infartos subcorticais; - Sem alteração de consciência e de função nervosa superior; - Síndromes clássicas mais comuns: - Hemiparesia pura, - Hemihipoestesia pura, - Hemiparesia – hemihipoestesia, - Hemiparesia – hemiataxia, - Disartria – mão incoordenada Síndromes isquêmicas 1)Território carotídeo Síndromes da cerebral média: geralmente AVEi embólico ou lacunar - Oclusão na origem da ACM: frontal, parietal, temporal (superior). - Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predomínio braquiofascial e disartria com desvio da língua p/hemiplegia (córtex motor, - - coroa radiada, cápsula interna), Desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia nos 1°s 3 dias (área do olhar conjugado), Apraxia contralateral braquial (córtex pré-motor), Hemi-hipoanestesia contralateral, astereoagnosia (córtex somatossensorial e associativo), Se no hemisfério dominante: afasia global (Broca + Wernicke) e Sd de Gerstmann, Se no hemisfério não-dominante: anosognosia ou heminegligência, amusia. Infarto grande, o edema pode levar a desvio de linha médiae HIC. - Oclusão dos ramos lentículo-estriados: AVE lacunar - Apenas hemiplegia contralateral (cápsula interna). - Oclusão do ramo superior: tipo mais comum de AVEi - Frontal e paretial (anterior) - Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predomínio - braquifascial e disartria com desvio da língua p/hemiplegia (córtex motor, coroa radiada, cápsula interna), Desvio do olhar conjugado contrário a hemiplegia nos 1°s 3 dias (área do olhar conjugado), Apraxia contralateral braquial (córtex pré-motor), Hemi/hipoanestesia contralateral, astere0agnosia (córtex somatossensorial e associativo), Se no hemisfério dominante: afasia de Broca - Oclusão do ramo inferior: parietal e temporal (superior) - Sem hemiplegia, sem hemianestesia, - Se no hemisfério dominante: afasia de Wernicke e Sd de Gerstmann, - Se no hemisfério não dominante: heminegligência, apraxia construcional, amusia. Síndromes da cerebral anterior (geralmente AVEi embólico): - Oclusão unilateral: frontal e parietal medial anterior - Hemiparesia/plegia, apraxia contralateral, - Hemihipo/anestesia do membro inferior contralateral. - Oclusão bilateral: quando dois segmentos distais das cerebrais anteriores originam-se de apenas um segmento proximal (atresia do segmento proximal do lado oposto) e o mesmo é ocluído – comum, - Paraplesia/plegia com perda de sensibilidade nos membros inferiores, - Apraxia da marcha, - Sd do lobo frontal (abulia ou mutismo acinético, disfunção esfincteriana) 2) Território Vertebrobasilar: Síndromes da cerebral posterior (geralmente AVE embólico ou lacunar): - Oclusão dos ramos do segmento proximal: mesencéfalo, tálamo - Sd de Weber(sd cruzada piramidal do III par): hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral, paralisia do III par ipsilateral, pode parkinsonismo (substância negra) e hemibalismo contralateral (núcleo subtalâmico), - Sd de Benedikt (sd do núcleo rubro): tremor cerebelar e/ou coréia contralateral, paralisia do III par ispilateral, - Sd de Dejerine-Roussy: hemianestesia contralateral, dor talâmica espontânea, - Sd talâmica ântero-lateral: tremor cerebelar e/ou coreoatetose. - Oclusão bilateral no segmento proximal: todo o mesencéfalo - Embolia na bifurcação da basilar, infarto extenso do mesencéfalo, - Coma, pupilas não reativas, tetraparesia. - Oclusão unilateral no segmento distal: occipital Hemianopsia homônima contralateral, Se hemisfério dominante: agnosia visual, Se hemisfério não dominante: Sd de Ballint (simultgnagnosia, apraxia óptica, ataxia óptica). - Oclusão bilateral no segmento distal: occipitais - Sd de Anton: cegueira cortical, sem reconhecer este estado, - Sd de Ballint. Síndromes da Basilar (geralmente AVEi lacunar ou trombótico) - Oclusão dos ramos medianos: porções da ponte - Sd de Millard-Gubler-Foville (Sd cruzada do VII e/ou VI par): hemiplegia braquiocrural contralateral, paralisia facial periférica ipsilateral, acometimento do VI par ipsilateral (diplopia e estrabismo convergente qdo olha p/lado da lesão), - Sd do tegmento pontino: Sd cruzada sensitiva do V par (hemi/hipoanestesia facial ispsilateral e hemi/hipoanestesia do hemicorpo contralateral), Sd cruzada do VII e VI par, Sd vestibular ipsilateral (vertigem rotatória, lateropulsão, nistagmo), Sd de Horner ipsilateral (ataxia cerebelar ipsilateral, perda da sensibilidade vibratório-proprioceptiva contralateral) - Oclusão da cerebelar superior: hemicerebelo - Sd cerebelar: ataxia ipsilateral, vertigem rotatória, nistagmo. - Trombose da basilar: ponte - Sd locked in (do cativeiro): tetraplegia, mantém apenas movimento vertical do olhar para cima, lucidez. - Sd pseudobulbar: difonia e disfagia graves, costuma ser subagudo (AVE em evolução). Síndromes da vertebral (geralmente AVEi trombótico ou lacunar) - Oclusão da vertebral ou da PICA: bulbo dorsolateral - Sd de Wallemberg (Sd sensitiva cruzada do V par: hemi/hipoanestesia contraleteral+hemi/hipoanestesia facial ipsilateral), disfagia+difonia graves (sd bulbar), sd vestibular ipsilateral (vertigem rotatório, lateropulsão, nistagmo), ataxia cerebelar ipsilateral, soluços incoercíveis. E não há déficit motor. - Oclusão dos ramos medianos da vertebral: bulbo ântero-medial - Sd de Dejerine: sd cruzada do XII par - hemiplegia flácida contralateral, paralisia do hipoglosso ipsilateral com disartria, língua desvia para lado contrário à hemiplegia. Regras gerais para localizar AVEi Sugere território carotídeo (cerebral média, anterior): afasia; síndromes cerebrais clássicas (Gerstmann, amusia, agnosias, Sd do lobo frontal, etc). Sugere território vertebrobasilar (cerebral posterior, tronco): hemianopsia, agnosia visual, Sd de Ballint, Sd de Anton. Diplopia sugere AVE de tronco. Vertigem e nistagmo: AVE ponte ou cerebelar. Ataxia cerebelar: cerebelo, mesencéfalo, tálamo. - Síndromes típicas de infartos lacunares: Hemiplegia fasciobraquiocrural, Afasia de Broca com ou sem hemiparesia, Hemianestesia, Disartria – mão incoordenada Hemiparesia - hemiataxia Diagnóstico Todo pcte com déficit neurológico focal de início súbito com duração> 15 min = suspeita de AVE; Se uma das Sds citadas estiver presente = suspeitar de isquemia; TC crânio não contrastada – é essencial p/diferenciar! OBS: AVEi nas 1ªs 24h - geralmente TC nl. Após 24h-72h: área hipodensa, com pequeno edema. Após 10 dias: mais hipodensa, com retração e repuxa p/algum ventrículo. AVEh: hemorragia aparece de imediato como área hiperdensa. RNM: maior acurácia,capaz de diagnosticar AVE de tronco; Dx etiológico: ECG, Eco, Doppler 4 vasos. Diagnósticos diferenciais Crise epiléptica – Paralisia de Todd = hemiparesia pós crise epiléptica tônico-clônico generalizada; Infecção sistêmica – pcte com AVE prévio: exacerbação de sequela prévia; Tumores; Distúrbios tóxico-metabólicos: Hipo/hiperglicemia; Uremia; Hiponatremia. AIT Tratamento – medidas gerais Ventilação adequada; Tratar agressivamente hipotensão com SF; Hidratação: nas 1ªs 24h sempre SF – 1 a 2 ml/kg em 24h; Corrigir hipo ou hiperglicemia (HGT a cada 6h); Corrigir hiponatrema (natremia diária); Tratar hipertermia; Alimentação: 1ªs 24h: jejum. Após avaliar déficits (disartria, afasia) e/ou sonolência – dieta VO ou SNE. Profilaxia de TVP; Fisioterapia motora e respiratória. Tratamento específico 1) - Anti-agregação plaquetária Nos AVEi aterotrombótico de pequenos vasos e aterotrombótico de grandes vasos; AAS 325 mg, Clopidogrel 2) Anti-coagulação Heparina profilática: prevenção de TVP e TP pulmonar; 5.000 UI SC a cada 12h; AVE cardioembólico: iniciar somente no 3° dia nas isquemias pequenas e após o 7° dia nas isquemias maiores – é o que mais evolui p/ tranformação hemorrágica. Trombose de A. Basilar Trombose de A. basilar – suspeita: Alteração de pares cranianos bilateralmente; Alteração motora e sensitiva bilateralmente. A. basilar: irrigação bilateral de gde parte do tronco encefálico, especialmente da ponte – se infarto da região: Sd. do Cativeiro; Plegia dos MMSS e II e da face; Único movimento preservado: olhar vertical pra cima; Consciência mantida. 3) Trombólise - Recanalizar artéria obstruída; - A mortalidade não muda; - Morbidade: após 3 meses 30% mínima ou nenhuma sequela; - RTPA IV até 180 min da instalação do déficit – 0.9 mg/kg – 10% em bolus (1 min) e 90% em BIC (1h). Dose máxima 90 mg. - Risco: sangramento intra-craniano –10 x mais chance. Protocolo NINDS Para diminuir o risco de sangramento intracraniano A. Critérios de inclusão: a) AVEi em qualquer território vascular cerebral; b) Possibilidade de estabelecer precisamente o horário de início dos sintomas; c) Possibilidade de iniciar a infusão do rt-PA dentro de 3 horas do início dos sintomas (se surgiram ao acordar, considerar último horário acordado como início); d) TC crânio: s/hemorragia ou outra dç de risco; e) Idade> 18 anos, f) Paciente ou familiar capacitado a assinar termo de consentimento. B. Critérios de exclusão a) Uso de anticoagulantes orais ou TAP> 15 seg; b) Uso de heparina nas últimas 48h e KPTT elevado; c) AVE ou TCE grave nos últimos 3 meses; d) História de alguma forma de hemorragia cerebral; e) TC com evidência de sgto ou edema em desenvolvimento; f) PAS> 185 ou PAD> 110 mmHg (3 x c/10 min de intervalo); g) Sintomas melhorando rapidamente; h) Déficits neurológicos leves e isolados; i) Coma ou estupor; j) Cirurgia de gde porte ou procedimento invasivo nas últimas 2 semanas; k) Hemorragia GU ou GI nas últimas 3 semanas; l) Punção arterial não compressível ou biópsia nas última semana; m) Coagulopatia, com TAP, KPTT elevado ou Plaq <100.000; n) Glicemia<50 ou >400; o) Crise convulsiva precedendo ou durante instalação do AVE; p) Evidência de: pericardite ativa; endocardite; êmbolo séptico; gravidez recente; dç inflamatória intestinal; lactação; q) Abuso de álcool ou drogas; Importante: HA no AVE Penumbra isquêmica = área em volta do tecido cerebral infartado, de metabolismo diminuído e de hipofluxo sanguíneo cerebral, mas possivelmente viável. Qdo AVE – ocorre aumento da PA na tentativa de salvar a penumbra isquêmica; Se a PA for diminuída abruptamente nas 1ªs 24h reduzem-se as chances de salvar esta área. Qdo tratar a HA no AVE? Tto da HA no AVEi– quando? Se: emergência hipertensiva (IAM, dissecção aorta, - encefalopatia hipertensiva)= tratar Não é emergência hipertensiva, mas é candidato à trombólise – qdo PAS > 185 ou PAD > 110 = tratar Não é emergência hipertensiva nem candidato à trombólise – qdo PAS > 220 ou PAD > 110 = tratar Como? Nitroprussiato 0,5 – 10 mg/kg/min EV (quando PAD> 140) Metoprolol 5 mg EV a cada 10 min (máx 20 mg) Reduzir 15-20% da PA no 1° dia Tratamento – fase crônica Determinado pelo mecanismo do AVE: - Cardioembólico e sds. trombofílicas crônicas: anticoagulante oral cumarínico (Warfarin) p/prevenção de novos AVE. Manter INR entre 2-3. - Arterioembólico: AAS 100-300mg/dia ad eternum ou clopidogrel. Controle rigoroso de HAS. Reabilitação: fisioterapia e fonoaudiologia iniciadas já nas 1ªs 48h. Complicações Mortalidade geral: 10-20%; Principais complicações são decorrentes de - imobilização no leito: Contraturas musculares, Broncoaspiração, Penumonia, Infecçao urinária, Desnutrição, Escaras de decúbito, TVP e embolia pulmonar. AIT – Ataque Isquêmico Transitório Déficit neurológico focal, de instalação súbita, com duração inferior a 24h limitado a território cerebral ou do olho. 75% tem duração inferior a 1 hora ; AIT em território carotídeo – 14 min em média; AIT em território cérebro-basilar – 8 min em média. Após 1h de déficit: só 14% regridem espontaneamente; após 3h: 2% regridem. AIT – é uma emergência! Em 30 dias 4% terão AVEi; Em 90 dias 10% terão AVEi (metade será nos primeiros 2 dias); Em 90 dias 2,6% terão IAM; Em 90 dias 3% morrerão. AIT - Tratamento Prevenção do AVEi: - AIT cardioembólico: Warfarin, mantendo INR entre 2- 3; - AIT aterotrombótico carotídeo: endarterectomia carotídea – ressecção do ateroma da carótida extracraniana- nas 1ªs 2 semanas do AIT, em caso de estenose entre 70-99% da carótida envolvida com o déficit neurológico. AVE Hemorrágico 20% dos AVE: 10% AVCh intraparenquimatoso e 10% hemorragia meníngea ou subaracnóidea Quadro clínico é similar; Pode: cefaléia, náusea, vômito; Rebaixamento da consciência é mais acentuado; Níveis de PA geralmente são mais elevados; Entretanto.. muito difícil diferenciar AVEh e AVEi somente por critérios clínicos – é necessário TC crânio. AVEh intraparenquimatoso Acometimento mais comuns: - Gânglios da base: 50% putamen; 25% tálamo; - 25% restantes: 1/3 ponte; 1/3 cerebelo; 1/3 córtex cerebral Lesão crônica de pequenas artérias perfurantes, c/formação de pequenos aneurismas (de CharcotBouchard); Rompimento dos mesmo geralmente durante picos hipertensivos. Etiologia: - Angiopatia amilóide: rotura de peq vasos subcorticais, cujas paredes estão infiltradas de depósitos amilóides. Importante em >70 anos e na Dç de Alzheimer; - Intoxicação por cocaína; - Sangramento tumoral; - Rotura de mal formação vascular.. Sangue no encéfalo – importante edema vasogênico em volta do hematoma; pode haver sgto para dentro dos ventrículos cerebrais; Aumento agudo da PIC; O hematoma ainda pode aumentar nas próximas 1236h; Rebaixamento da consciência por compressão do tálamo e/ou mesencéfalo (SARA- vigília); Letalidade: 50% - pela própria HIC que leva à herniação cerebral e compressão do tronco endefálico. Quadro clínico Cefaléia intensa e déficit neurológico focal súbitos; rebaixamento do nível de consciência geralmente após algumas horas. Hemorragia do putame (50%): Cápsula interna: entre o putame e o tálamo – hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral, desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia. Hemorragia do tálamo (25%): hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral, hemianestesia. Extensão p/hipotálamo e teto do mesencéfalo: desvio do olhar p/baixo e p/dentro ou p/lado da hemiplegia, pupilas mióticas, anisocoria (menor: do lado da hemorragia). Se hemorragia do lado esquerdo: afasia talâmica (disfasia). Hemorragia do cerebelo (<10%): vertigem, náuseas, vômitos e ataxia cerebelar uni ou bilateral. Risco: efeito expansivo , compressão do IV ventrículo, hidrocefalia obstrutiva, HIC e coma. Amígdalas cerebelares podem comprimir bulbo levando a apnéia súbita e óbito. Hemorragia da ponte (<10%): quadriplegia, coma, pupilas puntiformes e fotorreagentes. Reflexos óculo-cefálico e oculovestibular ausentes. Letalidade 90%. Diagnóstico TC crânio não contrastada ou RNM: área hiperdensa rodeada por edema (área hipodensa). Comum desvio da linha média. Tratamento SUPORTE INTENSIVO. Se rebaixamento do nível de consciência: IOT, e catéter de medida de PIC; Se desvio de linha média = HIC. Indicada hiperventilação (PaCO2 25-35 mmHg), manitol (ataque: 1 g/kg. Após: o,25 – 0,5 g/kg 6/6h). Objetivos: Manter a PIC < 20 cm H2O Manter PAM – PIC > 60 - 70 mmHg. Tratar se PA> 180 x 105 mmHg – Nitroprussiato ou metoprolol. Manter PAS entre 140-160 mmHg e PAM < 130 mmHg. Neurocir – drenagem do hematoma: - Hematoma cerebelar > 3 cm, ou entre 1-3 com repercussão neurológica; - Hematoma lobar ou de putame extenso, de localização periférica, com repercussão clínica. Instalação de DVE: se hidrocefalia com repercussão clínica. Profilaxia de convulsão: - Se AVE cortical: medicamento preventivo para crises epilépticas por 3 meses; - Se profundo: não há indicação de profilaxia Prognostico Fatores de mau prognóstico: - Hematoma (> 3 cm2); - Hemoventrículo; - Glasgow < 8; - Idade > 80 anos; - Localização infratentorial; - Uso prévio de anticoagulante. Hemorragia subaracnóide Espontânea – pela rotura de aneurisma congênito ou de MAV (menos comum); Polígono de Willis: onde o sistema carotídeo comunica-se com o sistema vértebro-basilar (artérias comunicantes posteriores) e o sistema arterial esquerdo se comunica com o direito (artéria comunicante anterior); Onde geralmente se localizam os aneurismas saculares; Está a frente do mesencéfalo, na cisterna da base – rotura de vaso inundará a cisterna e o espaço subaracnóide de sangue. A. comunicante anterior – local mais comum de rotura de aneurisma. Sangue: edema cerebral e meningite química; Com a evolução de dias, ocorre vasoespasmo pelo contato do sangue com as artérias do Polígono; Déficit neurológico focal e seqüelas. Quadro clínico Faixa etária: 35-55 anos – rotura espontânea se aneurisma sacular congênito; 15-30 anos – rotura de MAV; Começa como cefaléia holocraniana de início súbito e forte intensidade; em metade evolui como síncope; Rigidez de nuca (geralmente após 24h de evolução); Pode ou não haver déficit neurológico nessa fase. Após 4 dias a 2 semanas, ocorrem as complicações. Complicações Ressangramento: 20% na 1ª semana; Vasoespasmo: 20%. Em média em 1 semana (até 14 dias). Isquemia com déficit focal permanente e rebaixamento do nível de consciência. Hidrocefalia: 15%. Aguda (indicação de DVE) ou crônica – sequela tardia (demência, apraxia da marcha, descontrole esfincteriano – indicação de DVP). Prognóstico Escala de Fisher (TC crânio) Fisher I Sem sangue nas cisternas Fisher II Sangue nas cisternas e/ou espaços verticais (fissuras interhemisféricas, cisterna insular, cisterna ambiente) com menos de 1 mm de espessura Fisher III Sangue nos espaços verticais com espessura maior ou igual a 1 mm, ou presença de coágulos Fisher IV Hemoventrículo Prognóstico Escala de Hunt-Hess (clínica) Hunt-Hess I Assintomático ou cefaléia e rigidez de nuca leves, Glasgow = 15 Hunt-Hess II Cefaléia e rigidez de nuca moderado a graves, pode haver leve acometimento de par craniano, Glasgow = 13-14 Hunt-Hess III Estado confusional ou letargia, pode haver déficit neurológico focal leve, Glasgow = 13-14 Hunt-Hess IV Torpor, pode haver hrmiparesia moderada a grave, Glasgow = 7-12 Hunt-Hess V Coma, com ou sem descerebração, Glasgow 3-6 Diagnóstico Cefaléia súbita de forte intensidade – sempre suspeita- se de AVEh; Tríade: cefaléia – síncope – rigidez de nuca: provável HSA; TC crânio sem contraste: confirma em 95%; Líquor: hemorrágico nas primeiras 12h ou xantocrômico (bilirrubinas). Tratamento Se Hunt-Hess < III, e menos de 3 dias de história – indicar arteriografia cerebral para localizar aneurisma; Cirurgia de clampeamento de aneurisma; Após 3 dias ou com rebaixamento da consciência: cirurgia após 10 dias (após período do vasoespasmo). Terapia endovascular: embolização do aneurisma. Nimodipina: bloqueador de cálcio neuronal – diminui sequela neurológica proveniente do vasoespasmo – manter ate 14° dia. Se vasoespasmo (déficit focal a partir do 3° dia) – hemodiluição hipervolêmica (mínimo 3L SF/dia). PAS até 200 mmHg se aneurisma já clampeado; PAS até 150 mmHg se aneurimsa não clampeado. Obrigada! Bibliografia Harrison medicina interna/ ed. Dennis L. Kasper...[et al.].-16 ed.-Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill Interamericana do Brasil Ltda., 2006. Machado, A. Neuroanatomia funcional. –1 ed.- São Paulo: Livraria Atheneu, 1985. Nitrini, Ricardo; Bacheschi, Luiz Alberto - A neurologia que todo médico deve saber - São Paulo: Editora Atheneu, 2005.