Glândula mamária feminina adulta jovem normal, fora da gravidez observa-se o sistema secretor, composto por lóbulos e ductos e situado no estroma interlobular. Na mulher jovem, o estroma interlobular é composto predominantemente por tecido fibroso denso, com alguns adipócitos, daí a consistência da mama ser firme. Após a menopausa predomina o tecido adiposo. OS LÓBULOS MAMÁRIOS são a unidade secretora da mama. Cada lóbulo é constituído por ácinos situados no estroma intralobular. Neste, o tecido conjuntivo é mais frouxo e contém uma população fisiológica de células inflamatórias crônicas, principalmente linfócitos. Este estroma responde às variações hormonais do ciclo menstrual normal, sendo mais edemaciado e com mais linfócitos na segunda metade do ciclo (influência combinada de estrógenos e progesterona). Fora da gravidez, como neste caso, os ácinos estão quiescentes. DUPLA POPULAÇÃO CELULAR DOS ÁCINOS MAMÁRIOS. Cada ácino é composto por dois tipos de células: uma camada interna de células epiteliais e uma camada externa de células mioepiteliais, que se destacam pelo citoplasma ser mais claro. A função das células mioepiteliais é contrair-se, promovendo a extrusão do leite secretado. Em lesões proliferativas da mama, a perda da dupla população é um importante elemento a favor de neoplasia. Displasia mamária ou doença fibrocística. A doença fibrocística é comum em mulheres jovens, entre 20 e 40 anos, e clinicamente se manifesta por dor na segunda metade do ciclo menstrual. À palpação da mama, nota-se nodulação ou textura granulosa, geralmente bilateral. As causas incluem excesso de estrógenos ou uma maior resposta do tecido mamário aos estrógenos circulantes. A doença fibrocística tem comportamento benigno. Contudo, quanto mais acentuados os fenômenos proliferativos do epitélio, maior o risco de transformação carcinomatosa. A peça é constituida de fragmentos retirados cirurgicamente da mama. No outro fragmento, o parênquima mamário tem aspecto finamente noduloso e irregular, com traves fibrosas em meio a tecido mais róseo, que representa áreas com glândulas. Histologicamente, a doença fibrocística caracteriza-se por hiperplasia tanto do estroma quanto do epitélio mamários, em proporções variáveis. Pode haver fibrose tanto do estroma interlobular como do intralobular. Ainda outro importante componente da doença fibrocística são cistos pequenos ou volumosos, derivados de ácinos, e cujo epitélio de revestimento apresenta a chamada metaplasia apócrina. METAPLASIA APÓCRINA DO EPITÉLIO DOS CISTOS. Os cistos são um importante componente da displasia mamária. Os maiores podem chamar a atenção pelo caráter nodular à palpação, que levanta suspeita de carcinoma. O mecanismo de sua formação não é bem compreendido. Originam-se de ácinos, mediante proliferação epitelial e compressão pelo tecido fibroso hiperplásico. Macroscopicamente são translúcidos e de cor azulada. Diz-se que estas células apresentam metaplasia apócrina, por se assemelharem às de glandulas sudoríparas da axila. Metaplasia apócrina é uma alteração benigna, às vezes encontrada também na mama normal. A formação de projeções papilíferas, não altera o bom prognóstico. ADENOSE ESCLEROSANTE - quando os ácinos proliferados estão distorcidos e comprimidos pela fibrose do estroma. O contorno do lóbulo torna-se anguloso e irregular. O fibroadenoma é o tumor benigno mais comum da mama feminina e ocorre durante a idade fértil, mais freqüentemente antes dos 30 anos. Pode apresentar-se como massa palpável, ou ser diagnosticado na mamografia. O tumor é sensível aos níveis hormonais. Pode aumentar de volume na fase tardia do ciclo menstrual ou na lactação, e regredir na menopausa, sofrendo até calcificação. Alguns fibroadenomas correspondem a hiperplasias, mas muitos são neoplasias benignas verdadeiras, originadas no estroma intralobular da mama. Fibroadenoma da mama. A peça acima foi obtida por retirada cirúrgica. O tumor forma um nódulo bem delimitado do tecido mamário adjacente, notando-se uma delicada cápsula fibrosa e de cor branca. Na superfície de corte, observar finas fendas, que correspondem aos ductos, um dos componentes teciduais do tumor Fibroadenoma da mama. O fibroadenoma é composto por estroma fibroso e glândulas. O componente epitelial forma túbulos ramificados e dilatados, em meio ao estroma frouxo, composto por células estreladas separadas por material intersticial levemente basófilo. Observar a dupla população celular (células epiteliais e mioepiteliais) como no tecido mamário normal. As células epiteliais secretam o leite (nos lóbulos) ou o conduzem (nos ductos). Adenocarcinoma da mama. Superfície de corte passando pelo mamilo, o qual está totalmente infiltrado pelo tecido neoplásico. Notar o caráter infiltrativo e mal delimitado do tumor, que penetra irregularmente no tecido adiposo mamário. As estrias esbranquiçadas na região abaixo do mamilo e infiltrada pela neoplasia são constituidas por elastose ductal (deposição de material elastótico na parede de ductos mamários). O carcinoma da mama é o tumor maligno mais freqüente no sexo feminino (30% de todos os cânceres) e afeta uma em cada nove mulheres ao longo da vida. A grande maioria corresponde ao tipo carcinoma ductal invasivo. O tumor é pouco diferenciado. As células formam cordões sólidos que infiltram difusamente o tecido mamário. Adenocarcinoma da mama. É característico que haja extensa reação desmoplásica do tecido infiltrado, ou seja, proliferação fibroblástica e produção de colágeno, o que dá ao tumor consistência dura na macroscopia. Adenocarcinoma da mama. Na periferia, o tumor é mal delimitado e sem cápsula, infiltrando o tecido adiposo e o tecido mamário pré-existente.