DNA recombinante in a nutshell Biologia Molecular Aplicada A tecnologia do DNA recombinante Prof. Dr. Francisco Prosdocimi Teoria bem fundamentada • Por volta do início da década de 70, os fundamentos básicos da teoria já haviam sido propostos solidamente por Crick, Watson e C&A • Assim, os cientistas passaram a se perguntar: será que o material genético e o processo de expressão podem ser manipulados? • Ciência X (Bio)Tecnologia A descoberta da DNA ligase • 1960: recombinação de DNA ocorre em células – Reparo de danos ocorridos por luz UV • 1967, Martin Gellert – Extratos de E. coli produziam fagos lambda circulares – Purificação da DNA ligase! • Circularização de genomas Paul Berg • Reuniu o fago SV40 ao bacteriófago lambda – Queria cortar o SV40 e inserir pedaços do fago lambda nele • Usou enzimas de restrição para cortar os fagos e incubou-os juntos, utilizando DNA ligase – Criou uma técnica, segundo ele mesmo, para ligar covalentemente moléculas de DNA • Como o bacteriófago era de E. coli e esta bactéria habita nossos corpos, ele teve medo de gerar um novo e letal vírus • Posteriormente sugeriu moratória aos estudos em biologia molecular Nobel, 1980: “por seus estudos fundamentais em bioquímica de ácidos nucléicos, particularmente com relação ao DNA recombinante” • Paul Berg, 1926- Fago λ SV40 Endonucleases de restrição • 1968, Paul Arber sugere a existência de enzimas existentes em bactérias que atuassem como proteção à infecção por fagos – Essas enzimas cortariam o DNA do fago em sítios específicas – Endonuclease R • 1968 – Meselson & Yuan: EcoRI • 1970 – Smith & Kelly: nova endonuclease descoberta em H. influenzae -- HindIII – Confirmação da hipótese de Arber, enzima corta DNA exógeno mas não DNA celular – Descoberta do sítio específico de corte pela enzima (AAGCTT) Mapa de restrição • 1971 - Kathleen Danna and Daniel Nathans – Verificado o fato de que a enzima corta em sítios específicos EcoRI EcoRI EcoRI EcoRI HindIII EcoRI • Fragmentos tinham tamanho constante e, logo, podiam ser facilmente separados em uma eletroforese! EcoRI • Ensaio de digestão: Usam a endonuclease R (EcoRI) para cortar o DNA do fago SV40 De novo, Berg Extremidades cegas • 1972, Berg’s lab – Janet Mertz and Ronald Davis descobrem que a endonuclease R1 produzia quebras espaçadas entre as duas fitas, gerando extremidades coesivas idênticas e complementares • Extremidades unidas e encubadas com DNA ligase poderiam gerar moléculas de DNA híbridas! Extremidades coesivas Ensaio de digestão • Adicione DNA + tampão + endonuclease de restrição • Deixe digerindo num banho a determinada temperatura por determinado tempo • 1 unidade de enzima de restrição digere 1 μg DNA em 1h00 • Caixa de truques do biólogo molecular contém: DNA ligase + enzimas de restrição + ... Vetores de clonagem • ~1970: Trabalho com plasmídeos • Peças de DNA circulares e não cromossomais encontradas em bactérias – E às vezes trocadas por elas • 1970 Descobriu um método segundo o qual uma E. coli adquiriria um plasmídeo conhecido como pSC101 • pSC101: contém um gene que confere resistência ao antibiótico tetraciclina Stahen Cohen, 1936- Plasmídeo encontra Endonucleases • Cohen junta-se a Boyer, especialista em enzimas de restrição – P1 confere resistência a tetraciclina – P2 confere resistência a kanamicina EcoRI Herbert Boyer, 1936 EcoRI • Trabalharam com dois plasmídeos, P1 P2 • Experimento • Este talvez tenha sido obtiveram o primeiro organismo recombinante feito propositalmente por um ser humano T Digestão + ligação EcoRI K K P1/2 T EcoRI – Corte os dois plasmídeos com enzimas de restrição – Incube-os com DNA ligase – Teste a presença de bactérias duplamente resistentes no meio Cohen & Boyer • 1973 – Inseriram genes de Xenopus laevis em E. coli e verificaram que os genes estavam ativos nas bactérias depois de várias gerações – Como as bactérias reproduziam-se rapidamente, poderiam ser utilizadas para produzir genes de grandes mamíferos em larga-escala – Constroem um organismo capaz de combinar e replicar a informação genética de diferentes espécies! O que, então, era possível fazer? • Era possível pegar o DNA de qualquer espécie, picotá-lo e inseri-lo em uma bactéria que o amplificaria milhões de vezes • A era da engenharia e da manipulação genética tem início... • Mas o que se pode fazer? Até onde podemos chegar? – Verdade seja dita: ninguém sabe ao certo... Engenharia genética • Pode-se aumentar a expressão de um gene bacteriano • Pode-se fazer bactérias produzir genes de qualquer espécie – Expressão em levedura, células de mamíferos • Produzir vírus transgênicos, produzir vírus contendo toxinas • Terapia gênica, knockout gênico • Que medo!? Discussões éticas • 1974 – Paul Berg (juntou SV40 com fago lambda e se arrependeu) alerta para o perigo da biotecnologia e sugere uma moratória • 1975 – Conferência Asilomar – Moratória de 16 meses ao DNA recombinante – Bomba atômica da biologia? • Watson acha que a natureza já fez muitos mais experimentos, por muito mais tempo e muitos mais jeitos do que podemos imaginar e nada de muito significativo aconteceu... – Se fosse causar algum dano, a natureza per se já teria causado... Joshua Lederberg • 1958, Nobel com Beadle e Tatum (um gene, uma enzima) • 1960 Enquanto as discussões giravam sobre clonagem humana, sugeriu que a biotecnologia se desenvolveria através da microbiologia Lederberg defendia a terapia gênica e a engenharia de fenótipos • 1974, Asilomar Defendia a tecnologia para diagnose de doenças, medicina terapêutica, produção de proteínas humanas em larga escala, processos de fermentação, produção maciça de antibióticos • 1978, Genentech Produção da primeira insulina humana O DNA recombinante hoje • Há centenas de vetores de clonagem comerciais, cada um com vantagens específicas (encontrar promotores, descobrir interações entre genes, expressar proteína em larga escala, etc) • DNAs das mais variadas espécies são clonados a todo instante em laboratórios de biologia molecular em todo o mundo • Parece que nada de muito anormal aconteceu... Ainda... – Será que Watson está certo? Plantas transgênicas • Genes de resistência a patógenos – – • Resistência a inseticidas (Roundup) Aumento da produtividade, desequilíbrio ecológico Aumento nutricional – – Adição de determinado aminoácido torna alimentos mais nutritivos Banana vacina • Rotulação! • Prejuízo ecológico da monocultura – – • A maior parte do prejuízo ecológico vem da simples monocultura A engenharia genética adiciona um nível de prejuízo ecológico ligeiramente maior É preciso diferenciar a tecnologia de transgênicos de seu abuso pela indústria do capital – Produção de insulina, hormônio de crescimento, etc. Clonagem de genes Prof. Dr. Francisco Prosdocimi Pra quê clonar genes? • • • • • • • • • Amplificar milhares de vezes apenas este gene Realizar um estudo individual da função de genes Identificar mutações que modifiquem a função deles Entender a ação enzimática da proteína produzida Verificar com quais outros genes ele interage Produzir a proteína em larga-escala Montar genomas completos Produzir organismos transgênicos de interesse Etc etc etc etc Clonagem de fragmentos de DNA • Enzimas – – – – • Vetores – – – – – • enzimas de restrição DNA polimerases DNA ligase/Topoisomerases Fosfatases Plasmídios Fagos Cosmídeos BACS/YACS Vírus, bacteriófagos Hospedeiros – – – – Escherichia coli Levedura Células animais Células vegetais Vetor plasmidial • Origem de replicação • Gene repórter • Sítio múltiplo de clonagem Ligação do DNA exógeno ao plasmídeo • Produção da molécula de DNA recombinante • Plasmídeo + DNA cortado do organismo de interesse • Ligação das extremidades coesivas DNA Ligase • Realiza a ligação fosfodiéster • E agora, quem dirá de qual organismo é esta molécula? Ensaio de digestão e subclonagem Clivagem do inserto clonado no vetor com enzima de restrição 1 + EcoRI 2 PM Kb 2,0 1,0 0,5 Clonagem de fragmentos de DNA INSERTO: Fragmento de DNA Ligação enzimática: Ligase de DNA VETOR ou veículo de clonagem: -plasmídeo -bacteriófago -cosmídeo -cromossomo artificial de bactéria (BAC) -cromossomo artificial de levedura (YAC) Amplificação do clone em bactérias inserto fragmento de DNA ligado ao vetor construção introduzir nas células: transformação e seleção Objetivo: Obter muitas Cópias do gene pretendido bactéria transformada Transformação • Inserção do plasmídeo em bactérias • Replicação bacteriana • Produção em massa da proteína recombinante! Métodos de transformação bacteriana A transformação natural descrita por Griffiths, em 1928, e por Avery e colaboradores, em 1944, é um evento raro. Permeabilização com CaCl2 -- Choque térmico Eletroporação -- Choque elétrico Gene gun -- Bombardeamento • Plasmídeos pequenos são mais facilmente incorporados pela célula bacteriana competente. • DNA linear é pobremente incorporado, talvez pelo fato de sofrer degradação pelas enxonucleases presentes no espaço periplasmático. Seleção de clones • Bactérias são colocadas em meio nutritivo com antibiótico para que cresçam e amplifiquem nosso DNA do inserto • Gene repórter – Reporta se a transformação aconteceu – Bactérias nãotransformadas não sobrevivem – Gene de resistência a algum antibiótico Será que entrei? Seleção de recombinantes Durante a clonagem de fragmentos, a DNA ligase pode fechar o plasmídeo sem que nenhum inserto tenha sido clonado. Para evitar a análise de um vetor fechado é preciso um novo teste de gene repórter. Keywords • Conceitos-chave para a tecnologia do DNA recombinante: – Vetor • Sítio múltiplo de clonagem • Genes repórteres – Inserto – Endonucleases de restrição sítio-específicas – Digestão, ligação, clonagem http://www.youtube.com/watch?v=acK WdNj936o&feature=related Material Suplementar • Várias técnicas de biomol podem ser escolhidas aqui para a realização do trabalho de fim de curso: http://www.genomenewsnetwork.org/resources/timeline/ • http://www.nature.com/milestones/miledna/timeline.html • http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_biotechnology • http://www.nature.com/scitable/topicpage/RecombinantDNA-Technology-and-Transgenic-Animals-34513 • http://www.nature.com/scitable/topicpage/RestrictionEnzymes-545