PUERPÉRIO PATOLÓGICO JULIANE BERENGUER DE SOUZA PEIXOTO Hemorragias Pós-parto; Infecções Puerperais/ Morbidade Febril Puerperal; Alterações das mamas; Doenças Tromboembolíticas; Transtornos Psiquiátricos do Pós-parto HEMORRAGIAS PÓS-PARTO Definida excessivo e diagnosticada que torna como a um sangramento paciente sintomática (vertigem/síncope) e/ou que resultem em sinais de hipovolemia (hipotensão, taquicardia e oligúria); CLASSIFICAÇÃO: Precoce: nas primeiras 24h Tardia: após as 24h e antes de 6 semanas. CAUSAS DA HEMORRAGIA: Hipotonia e atonia uterina; Laceração de Trajeto; Retenção Placentária ou de Fragmentos; Hematomas; Inversão Uterina; Placentação Anormal; Distúrbios de Coagulação. RISCO PARA HIPOTONIA/ATONIA UTERINA: Útero excessivamente distendido; Feto grande; Fetos múltiplos; Polidrâmnio; História prévia de atonia uterina; Alta paridade; Trabalho de parto prolongado ou induzido com ocitocina. HIPOTONIA/ATONIA UTERINA: Sangramento uterino não é necessariamente volumoso; Ao exame físico: útero subinvoluído, acima da cicatriz umbilical, flácido e depressível; Dados dos SSVV: Sinais de Alerta: 1. Taquicardia; 2. Hipotensão; 3. Oligúria. HIPOTONIA/ATONIA UTERINA: Prevenção: A OMS recomenda 10U de ocitocina IM, logo após a expulsão do feto. Complicações: 1. Anemia; 2. Fadiga crônica; 3. Choque hipovolêmico; 4. Insuficiência hepática, renal e respiratória... HIPOTONIA/ATONIA UTERINA: Medidas Gerais: 1. Acesso venoso calibroso com infusão rápida de SF ou Ringer lactato; 2. Cateter vesical de demora para controle de débito urinário (manter acima de 30ml/h); 3. Reserva de hemoderivados... HIPOTONIA/ATONIA UTERINA: Tratamento Farmacológico: 1. Ocitocina 2. Metilergovina “Atuam diretamente sobre o músculo liso uterino incrementando o tônus, a freqüência e a amplitude das contrações rítmicas, induzindo a um efeito uterotônico rápido e mantido, que diminui o tempo da terceira etapa do parto e a perda de sangue.” Tratamento Cirúrgico PLACENTA RETIDA, ADERIDA: Etiologia desconhecida; Suspeita-se que se origine da implantação do zigoto em uma área defeituosa do endométrio; Insucesso da retirada manual pode reverter em laceração e até perfuração uterina. FATORES PREDISPONENTES: Cicatrização do útero; Após parto cesáreo; Curetagem; Implantação anormal; Mal formação da placenta... ADERÊNCIAS PLACENTÁRIAS (PLACENTAÇÃO ANORMAL) Placenta acreta : adere-se diretamente ao miométrio; Principal causa: cesariana. Consequência clinica imediata: hemorragia maciça no momento do secundamento (principal indicação para histerectomia intra ou pósparto de emergência). O descolamento manual já resolve. Placenta increta: Invade o miométrio, estende-se mais profundamente. Descolamento manual é impossível. Placenta percreta: Atinge à serosa; penetra o miométrio; invade a serosa uterina ou órgãos adjacentes. LACERAÇÃO DO TRAJETO Segunda maior causa de hemorragia puerperal precoce; Deve-se suspeitar sempre que o sangramento for persistente que não cessam com as contrações uterinas; Os locais mais susceptíveis são: vagina, períneo e colo do útero Causas: Episiotomia extensa; Feto Macrossômico; Manobras de Kristeller intempestiva e/ou inadequada; Parto pélvico operatório (fórcipes). LACERAÇÃO DO TRAJETO Tratamento: Revisão sistemática do canal de parto, hemostasia imediata e correção das lacerações; Medidas gerais: acesso calibroso com reposição volêmica, cateterismo vesical de demora e uso de uterotônicos. RETENÇÃO PLACENTÁRIA OU RESTOS PLACENTÁRIOS Causa hemorragia devido a dificuldade de contração miometrial e consequentemente há um atraso na involução normal do útero; Diagnóstico: Clínico; Hemorragias de grau variado, útero com discreto aumento de volume e canal cervical dilatado. Prevenção: Revisão sistemática da placenta rotineira logo após a dequitação. Tratamento: Ocitócitos; Remoção da placenta ou restos placentários através de curetagem. HEMATOMAS Em algumas situações o sangue pode não exteriorizar - hematomas; Mais comuns: vulvoperineais, vaginais pós-episiotomia e subperitoniais Diagnóstico: Clínico; Tumoração de crescimento rápido, não redutível, de coloração azul ou violácea, dolorosa; Se houver infecção = febre. HEMATOMAS Tratamento: Pouco volumoso: conduta expectante; Volumosos: abertura seguido da hemostasia do vaso sangrento, colocação de dreno e curativo compressivo; Grandes Hematomas Intracavitários: laparotomia e laqueadura dos vasos. INVERSÃO UTERINA É a invaginação do fundo uterino; Pode alcançar segmentos inferiores, ultrapassá-los, chegar à vagina (inversão parcial) e surgir fora da vulva (inversão total); Rara e ocorre devido a má assistência ao secundamento (30 fase clínica do parto). Graus de inversão do útero: A: Depressão do fundo B: Inversão parcial C: Inversão completa INVERSÃO UTERINA Etiologia: Hipotonia uterina; Adelgaçamento patológico das paredes uterinas; Esvaziamento súbito da cavidade do útero; Pressão violenta sobre o corpo da matriz relaxada; Tração sobre o cordão umbilical ou sobre a placenta; Aumento da pressão intra–abdominal OBS: Há casos de inversão espontânea, em partos normais, sem interferência de manobras de qualquer natureza. E há inversões recidivantes, que provavelmente são causados por fatores intrínsecos. INVERSÃO UTERINA Sintomas: Tríade de sintomas: Dor aguda, hemorragia e Choque; O 1º sinal de inversão é o fundo do útero deprimido. Diagnóstico: Clínico: dor aguda, hemorragia precoce, choque, a involução uterina pode ser acompanhada com massa na vagina ou fora dela. PROCESSOS INFECCIOSOS Quadro febril, com duração superior a 48h, dentro dos primeiros 10 dias do puerpério; A maioria das infecções é do trato genital inferior; A endometrite é considerada a forma clínica mais frequente; PROCESSOS INFECCIOSOS Profilaxia: Investigação e correção dos fatores predisponentes; Manutenção da integridade das membranas; Toque vaginal parcimonioso (econômico, poupado); Assistência ao parto com técnicas de assepsia (conjunto de métodos capazes de proteger o organismo contra os germes patogênicos, além de impedir a proliferação de doenças) e antissepsia (conjunto dos métodos que, destruindo os micróbios, evita a infecção); Correção de distócias uterinas; Sutura de laceração de trajeto; Uso de ATB perioperatório. PROCESSOS INFECCIOSOS Infecção do útero e anexos; Infecção da ferida operatória (abdominal ou perineal); Infecções das mamas; Infecções de outros sítios (infecção urinária). ENDOMETRITE/ENDOMIOMETRITE Surgem aproximadamente entre o 40 e 50 dia após o parto; Sintomas se restringem ao útero subinvoluído, hipersensível, amolecido, colo entre aberto com lóquios piosanguinolento e fétidos. Tratamento: ATB deve ser iniciado logo após o diagnóstico. INFECÇÕES DA EPISIORRAFIA Resultam de traumatismos ou de hematomas contaminados pela microflora vaginal. Clínica: Dor intensa na região peritonial associado a hipertermia, calor e sinais de abscesso em formação. Profilaxia: Higiene adequada do local (SF) Tratamento: ATB devem ser mantidos por 7 a 10 dias. INFECÇÕES DA PAREDE ABDOMINAL Clínica: Hiperemia, calor, secreção purulenta. Tratamento: ATB devem ser mantidos por 7 a 10 dias. Complicações: Parametrite (inflamação do tecido que envolve o útero); Salpingite (inflamação das tubas uterinas); Abscesso pélvico; Peritonite (inflamação do peritônio); Tromboflebite pélvica séptica; Sepse e choque séptico. INGURGITAMENTO MAMÁRIO Estase láctea repentina no puerpério. Clínica: Bom estado geral; Hiperdistensão, desconforto e hiperemia nas mamas; Ocorre entre 48 a 72 horas após o parto e remete ao efeito da apojadura. Causas: Pega mamilar inadequada; Sucção ineficiente; Dificuldade de ejeção de leite; Obstrução do ducto mamário. INGURGITAMENTO MAMÁRIO Tratamento: Manutenção do AME; Apoio físico e psicológico da puerpéra; Mamas devem ser erguidas com sutiã adequado; Deve-se aumentar a frequência das mamadas; Ordenhar o excesso de leite após a amamentação; Usar compressas quentes antes das mamadas para estimular o reflexo da ocitocina que favorece o fluxo do leite. FISSURAS MAMÁRIAS São erosões alongadas em torno dos mamilos. Causas: Na maioria das vezes, por pega inadequada do RN, má técnica ou ingurgitamento; Permite a entrada de germes, podendo predispor à mastite. Profilaxia: Exposição das mamas ao sol com o próprio leite, antes e após a cada mamada; Orientar a paciente quanto a pega correta; Evitar pomadas e cremes nos mamilos. FISSURAS MAMÁRIAS Tratamento: Suspender as mamadas; Realizar ordenha a fim de evitar ingurgitamento. MASTITE PUERPERAL Processo infeccioso que pode acometer todos os tecidos mamários; Maioria das vezes, deriva de germes saprófitas (são aquelas que promovem a decomposição de matéria orgânica) da pele; A penetração dos germes ocorre pelos linfáticos superficiais, expostos pelas fissuras mamárias. Fatores de risco: Primiparidade; Idade menor que 25 anos; Ingurgitamento mamário; Episódios anteriores de mastite; Traumas diretos sobre as mamas; Má higiene... MASTITE PUERPERAL Clínica: Começa com estase láctea, seguidos de sinais de inflamação, febre alta e turgência mamária. Profilaxia: Higiene rigorosa; Prevenção do ingurgitamento e das fissuras. Tratamento: Analgésicos, Antitérmicos; Suspensão adequada das mamas; Esvaziamento completo das mamas; ATB; Manter amamentação em ambas as mamas; Ingesta de líquidos. ABSCESSO MAMÁRIO Coleção purulenta no parênquima mamário. Tratamento: ATB e drenagem cirúrgica. DOENÇAS TROMBOEMBÓLICAS Causa de morbimortalidade no puerpério; Envolve todos os processos vasculares oclusivos, incluindo tromboflebite superficial, TVP...