Entre palavras e imagens:
Memórias e fotografias do trabalho operário em Rio Tinto.
Autor: Luana Maia Pinto
Universidade Federal Da Paraíba – Campus IV/CCAE
Apoio:PIBIC/UFPB e CNPq – Orientação: João M. de Mendonça
Objeto e objetivos
Esta pesquisa surge no desafio de pensar a imagem como base
do estudo antropológico, buscando a constituição de uma
memória coletiva através de construções visuais e narrativas da
cidade de Rio Tinto – PB. O foco deste trabalho encontra-se nas
recordações e relatos de ex-operários e em séries de imagens
reunidas no acervo do Laboratório de Antropologia Visual da
UFPB. Procuro entender estas imagens como a expressão das
memórias e experiências dos ex-trabalhadores, problematizando
a noção de “memória coletiva”. Trata-se de apreender e analisar
a pluralidade de memórias de sujeitos que constituíram o local
de trabalho têxtil. Procurar entender que no andamento da
fábrica estão as trajetórias dos trabalhadores, como trabalham,
moram, suas relações familiares, suas opções de lazer,
religiosidades, festas e cultura (ALVIM, 1997).
Resultados e conclusão
No ano de 1917, na região da cidade de Mamanguape - PB dáse o inicio da construção da CTRT (Cia de Tecidos Rio Tinto).
Era o primeiro esboço de uma vila, que transforma a “aldeia da
preguiça em ativa colméia operária” (VALE, 2012). O acervo
fotográfico com imagens coletadas na pesquisa registra as
transformações da cidade nas mais diversas datas e nos servem
como documentos e dados primários para os diálogos com os
interlocutores. A pretensão de realizar uma pesquisa neste
campo possibilita uma análise de relatos acerca da cidadefábrica de Rio Tinto. Inserindo-os na dimensão temporal e na
pluralidade e diversidade da cidade, este trabalho busca
construir uma reflexão sobre as histórias locais tendo como
base fundamental o relato (motivado por imagens de acervos
particulares) de ex-operários e de seus familiares. A ideia é
buscar estabelecer as condições de uma memória social que não
está presente em documentos escritos, mas na vivência e
experiência de cada sujeito abordado. Uma pesquisa pautada na
construção narrativa e imagética da cidade fabril a partir de
imagens e palavras possibilita reflexões múltiplas, as quais
deslocam-se dos marcos gerais e da história pronta, oficial, para
somarem-se em relação dialógica com os diferentes contextos
históricos e com as vivências dos sujeitos sociais.
Referência Bibliográfica:
Metodologia
A partir dos relatos dos ex- trabalhadores da fábrica de
tecidos e por meio de fotografias, construímos um intertexto
que entende a memória como um campo de disputa e conflito
(POLLAK, 1989). Pretendo considerar temáticas e sujeitos
provocando diálogos que brotam do exame conjunto das
imagens, opção teórico-metodológica que busca o exercício
da relação dialógica a partir de fotografias e depoimentos. A
imagem fotográfica passa a ser utilizada como um
instrumento de análise antropológica, articulando elementos
presentes na memória de ex-operários e elementos presentes
no cotidiano da cidade. A abordagem da pesquisa é
qualitativa, com uso de técnicas de história oral em
cruzamento com análises de fotografias coletadas e
acervadas. A expressão historia oral é uma abreviação de uso
para se referir àquilo que mais precisamente seria designado
como uso das fontes orais em pesquisa. Assim, o trabalho
procura articular modalidades de “foto-elicitação” (BANKS,
2009) com técnicas de registro da historia oral (MENEZES,
2005).
Equipamentos e trabalho de foto-elicitação com uso das técnicas de gravador e registro
de informações. Fotos: Luana Maia Pinto. Data: 23/05/2013.
Grupo de fotos:Imagens antigas na cidade de Rio
Tinto (fotógrafos não identificados).
ALVIM, Rosilene. A sedução da cidade: Os operários-camponeses e a Fábrica dos Lundgren. Rio de Janeiro: Graphia, 1997.
BANKS, Marcus. Dados visuais para pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MENEZES, Marilda aparecida de. História Oral: Uma metodologia para o estudo da memória. Revista Vivência. Natal – RN, n. 28, p. 23-36. 2005.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Das entrevistas e de sua transcrição. In: Variações sobre a técnica de gravador no registro de informação viva. São Paulo, CERU e FFLCH/USP, 1983.
POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio.” In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro: vol. 2, nº 3, 1989.
VALE,Eltern Campina. “Da aldeia da preguiça à ativa colmeia operária”:O Processo de Constituição da Cidade-fábrica Rio Tinto - Parahyba do Norte (1917-1924). Revista Crítica Histórica Ano III, Nº 5, Julho/2012.
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