MOVIMENTO EM DEFESA DO RIO TINTO
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Um Ano de Actividade em Defesa do Rio Tinto
O MOVIMENTO EM DEFESA DO RIO TINTO completou um ano de existência na passada
quarta-feira, 18 de Abril. As acções, na defesa dos objectivos traçados, mostraram-se válidas e
receberam um forte apoio da nossa comunidade.
A actividade do Movimento tem-se direccionado para o conhecimento do problema nas diversas
dimensões, para o contacto e sensibilização dos riotintenses no sentido da recuperação do rio, em
particular da população escolar e ribeirinha.
Temos procurado o envolvimento de todos os que querem um rio despoluído e requalificado,
incluindo as entidades e instituições que, objectivamente, têm que lidar com este problema
invertendo a situação a que o rio chegou.
Temos tido a preocupação de manter informada esta Assembleia, quanto às actividades, objectivos
e projectos em curso e permitam-nos lembrar algumas das principais acções desenvolvidas:
1) Debate “Em defesa do nosso rio” que também serviu de apresentação pública do
MOVIMENTO, em 5 de Junho de 2006 (Dia Mundial do Ambiente), que encheu por completo
este salão.
2) Visita ao rio, orientada pelo Eng. Pedro Teiga, com a participação de dezenas de interessados.
3) Acção de Limpeza das margens e leito do rio no lugar da Levada (um dos bonitos troços que
poderão vir a enobrecer a cidade de Rio Tinto) com a participação de cerca de 40 voluntários.
4) Comemoração do Dia do Rio Tinto, em 25 de Março, através de uma Caminhada “Veste a
Camisola do Rio”, com a participação de centenas de pessoas de todas as idades, que resultou
num extraordinário sucesso e foi um momento importante para o processo de despoluição do rio
Tinto.
Queremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ganhar o rio Tinto e temos já
calendarizadas as seguintes iniciativas:
1) Com total respeito pela autonomia da escola, continuar a apostar na colaboração e
desenvolvimento de dinâmicas escolares e educativas que visem trabalhar o rio e a educação
ambiental, num conjunto alargado de disciplinas.
2) Colaborar com técnicos de várias instituições e associações (Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, da Associação dos Professores de Geografia e Associação Portuguesa de
Educação Ambiental), na implementação do Projecto Rios na freguesia de Rio Tinto, que prevê
a adopção de um troço de rio e a sua monitorização ao longo dos próximos anos.
3) Contribuir para a educação ambiental da população de Rio Tinto, trabalhando no sentido de
demonstrar as potencialidades e vantagens de um rio Tinto despoluído. Cooperar para o
despertar e fortalecer a consciência ambiental das pessoas, de modo a adoptarem
comportamentos ecologicamente correctos.
4) Mobilizar a população a participar nos processos que têm que ser avaliados e validados (técnica
e cientificamente) e amplamente discutidos, conferindo-lhes legitimidade acrescida e
interiorização implícita.
5) Cooperar nas imensas tarefas de requalificação, propondo acções de limpeza, de sensibilização e
de esclarecimento sobre as alternativas para o nosso rio e respectiva zona ribeirinha.
6) Lutar pela intervenção das autoridades competentes para a recuperação e salvaguarda deste
recurso e deste espaço público, exigindo a clarificação das regras de construção e de ocupação
dos solos em zonas ribeirinhas.
7) Recolher durante o ano, diversas memórias e depoimentos sobre o rio Tinto e as diversas
actividades a ele associadas.
8) Realizar em Junho (associado ao Dia Mundial do Ambiente) as JORNADAS DO RIO para
ouvir técnicos, cientistas, população e público em geral com vista a abordar e validar as
melhores estratégias e para a definição de um verdadeiro plano de socorro.
A implementação das recomendações que aqui apresentamos em 21 de Dezembro, e por V. Exas.
acolhidas, representam para o rio e para a freguesia um passo corajoso e indispensável, sobre o qual
não pode haver equívocos. Ninguém é dono da verdade, muito menos este Movimento;
ambicionamos salvar o rio Tinto, preservar património, conquistar espaços verdes fundamentais e
acrescentar qualidade de vida à cidade de Rio Tinto.
A participação pública e de cada um de nós neste processo, deve decorrer de forma responsável e
empenhada. As decisões a tomar perante um problema tão intricado, quanto complexo, exigem um
conceito de abertura às soluções de forma abrangente e sem excessivos condicionalismos no acesso
à informação. Os cidadãos tem que ser chamados a intervir cada vez mais, não apenas porque
começam a exigir o direito a serem ouvidos nos processos, mas também porque, para quem decide,
lhes dará mais conforto a tomada de decisões amplamente debatidas e participadas, podendo
envolver e responsabilizar os cidadãos. As soluções vindas exclusivamente de cima estão
maioritariamente condicionadas a uma visão de manutenção de privilégios, a maior parte das vezes
ineficaz e esbanjadora de recursos e sem correspondência com os anseios dos cidadãos. Com a
participação de todos podemos contribuir para criar soluções inovadoras e sustentáveis.
Temos a consciência de que as autoridades Câmara Municipal de Gondomar, Ministério do
Ambiente, Junta de Freguesia de Rio Tinto e outras entidades, apesar de o tentarem, não têm
conseguido por si só responder a este desafio. A noticia recente de que a Câmara Municipal de
Gondomar vai elaborar o “Plano de Pormenor” para a área do chamado centro cívico de Rio Tinto
vai exigir de todos nós clareza e empenhamento, por estarem a ser tomadas decisões que
condicionarão o futuro da cidade e a sua valorização. As acções têm de ser pragmáticas, com
impacto e com um sentido definido – encontrar soluções diferentes, eficazes, confortáveis e
rentáveis, que valorizem e ao mesmo tempo respeitem o homem e o ambiente. Queremos ter,
enquanto co-responsáveis pelas recentes abordagens do rio Tinto, um papel activo na procura de
soluções para dar vida ao rio, e o rio poder ser uma mais valia para a cidade.
Ao completar o primeiro ano de vida, tem sentido lembrar algumas das ideias constantes do
Manifesto constitutivo do Movimento, designadamente:
1) Requalificação e valorização do vale do rio Tinto através da intervenção coordenada dos
Municípios de Gondomar, de Valongo e do Porto os quais são atravessados por esta linha de
água.
2) Despoluição do rio passando pela identificação dos focos de poluição industrial, agrícola e
doméstica e tomada de medidas para que estes sejam eliminados da sua bacia hidrográfica.
3) Eliminar, com medidas de apoio social, as centenas de ligações de águas residuais que drenam
directamente para o rio.
4) Recuperação do leito, das margens e dos seus afluentes do rio Tinto e desobstrução dos locais
em que o rio provoca inundações de forma cíclica.
5) Recuperação do património histórico-cultural, designadamente os moinhos, azenhas e levadas.
6) Promoção, defesa e usufruto pelos cidadãos da zona ribeirinha, com a criação de vias ciclopedonais arborizadas, parques de merendas e de lazer.
7) Preocupação que novos projectos venham a demonstrar, mais uma vez, desprezo pela
preservação do meio ambiente.
Finalmente, registamos positivamente que venham sendo feitas declarações que vão no sentido de
ver com outros olhos a situação dramática do nosso rio. Mas o problema só será resolvido com
acções concretas. É necessário que, a Câmara Municipal de Gondomar, apresente um plano de
medidas concretas e calendarizadas para recuperação integral do rio e toda da sua bacia. Esta
entidade tem de ser o pivot no desenvolvimento de todas as acções que estanquem as agressões ao
rio, na promoção de acções coordenadas com os municípios de Valongo e do Porto e nas medidas
de âmbito municipal que levem à recuperação do rio na área da nossa cidade. Mas esse plano, tem
que obedecer aos interesses e às melhores opções para uma cidade viva e de qualidade.
Daí, deixarmos o apelo para que a Assembleia de Freguesia de Rio Tinto no seu conjunto, sinta
como seu o desejo de ver o rio recuperado e desenvolva, dentro das suas competências, as acções
que ajudem a concretizar os nossos objectivos que são os de todos os riotintenses.
A despoluição e requalificação do rio Tinto, vai exigir muito de todos nós.
A recompensa a receber, será a de iniciar, de pôr em pratica, um conceito de desenvolvimento
sustentável, para que deixemos aos nossos filhos pelo menos as mesmas possibilidades de futuro
que nós tivemos. São necessárias novas forças, energias e contributos que permitam aprofundar
aspectos ligados às soluções ambientais, encontrar respostas para a recuperação de algum
património construído, trabalhar a educação e participação cívica e ambiental das pessoas.
O Movimento em Defesa do Rio Tinto
Rio Tinto, 2007-04-20
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Assembleia de Freguesia de rio Tinto 25 de Abril