Instituto Gay Lussac Encontros com a Arte Profª Ana Lúcia Rubens 3º ENCONTRO MODERNISMO NO BRASIL SÉCULO XX (I) O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas. O movimento no Brasil foi desencadeado a partir da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, como o Cubismo e o Futurismo. As novas linguagens modernas colocadas pelos movimentos artísticos e literários europeus foram aos poucos assimiladas pelo contexto artístico brasileiro, mas colocando como enfoque elementos da cultura brasileira. Considera-se a Semana de Artes realizada em São Paulo em 1922, como ponto de partida do Modernismo no Brasil. Antes do Movimento Modernista de 1922, foi Lasar Segall, pintor Lituano (1891-1957), nasceu em Vilna e radicado no Brasil que proporcionou ao nosso país o primeiro contato com a arte europeia mais inovadora. Em 1913, realizou a primeira exposição de arte moderna no Brasil com quadros pintados no estilo expressionista, com cunho social. LASAR SEGALL (1891-1957) Duas amigas, 1913 Desenho anguloso e as cores fortes representando as duas mulheres. A colheita, 1908 Viuva e filho, 1909 Ancião com muleta, 1910 Entre amigos, 1913 A exposição que Lasar Segall realizou entre nós em 1913 não provocou nenhuma polêmica, pois seus trabalhos foram vistos como a produção de um estrangeiro. Como tal, ele tinha o direito de apresentar uma arte estranha ao senso estético dos brasileiros. Mas com a de Anita Malfatti, pintora brasileira, a reacão foi totalmente diferente. Em 1917, a paulista Anita Malfatti promoveu uma exposição que se transformou em marco pioneiro no processo de renovação das artes plásticas brasileiras, pois provocou de um lado reações violentas do meio e da crítica, e de outro, o surgimento de novos talentos. Ao receber críticas severas, Anita conquistou o apoio de artistas como Oswald de Andrade (escritor) , Mario de Andrade (poeta, romancista crítico de arte e fotógrafo), Di Cavalcanti (pintor) e Guilherme de Almeida (poeta). Com as críticas desfavoráveis à sua pintura, muitos artistas uniram-se à ela em busca de uma arte brasileira livre de regras impostas pelo academicismo. Ela chamou a atenção dos artistas inovadores e revelou que sua arte apontava para novos caminhos, principalmente no uso da cor. ANITA MALFATI (1889-1964) A mulher de cabelos verdes, 1915 O homem amarelo, 1915 A mulher de rosto anguloso e cabelos verdes e ao lado o homem pintado de amarelo causaram espanto. Na época pensava-se que a arte deveria imitar a realidade. Um pintor não poderia representar alguém com cabelos verdes. Essa foi justamente uma das novidades trazidas da arte moderna: a ideia de que o artista deve ter total liberdade de imaginação e não se deixar limitar pela realidade. Os artistas brasileiros queriam encontrar caminhos, usando uma nova linguagem para expressar a cultura do Brasil. E assim, no início do século XX, nasceu o Modernismo, o mais importante movimento artístico brasileiro. Modernismo significa novos estilos, novos temas, e até mesmo novas técnicas. Traços e linhas mais soltos, cores e pincealdas mais livres. FASES DO MODERNISMO BRASILEIRO: • Primeira fase: de 1922 a 1930 O artista se ocupa da descoberta e assimilação da produção europeia ao mesmo tempo em que procura descobrir o Brasil e abandonar a academia. • Segunda fase: de 1930 a 1945 Foram surgindo novos artistas plásticos, grupos e movimentos que valorizavam a cultura brasileira. Dentre eles destacam-se os pintores: Portinari, Cícero Dias, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Rebolo e Volpi e o escultor Bruno Giorgi e tantos outros. • Terceira fase: de 1945 até atualidade - também conhecida como PósModernismo. Depois da década de 1950 a arte brasileira evoluiu em novas e variadas direções. Ganharam destaque importantes gravuristas, pintores e fotógrafos que se ligaram a diferentes movimentos artísticos. Além deles, diversos escultores experimentaram novos materiais e renovaram entre nós a arte da escultura. Artistas que se destacaram nesse período: Ivan Serpa, Milton da Costa, Iberê Camargo, Carlos Scliar, etc. 1ª fase Primeira fase: de 1922 a 1930 O artista se ocupa da descoberta e assimilação da produção europeia ao mesmo tempo em que procura descobrir o Brasil e abandonar a academia. FASES DO MODERNISMO BRASILEIRO: • Primeira fase: de 1922 a 1930 O artista se ocupa da descoberta e assimilação da produção europeia ao mesmo tempo em que procura descobrir o Brasil e abandonar a academia. • Segunda fase: de 1930 a 1945 Foram surgindo novos artistas plásticos, grupos e movimentos que valorizavam a cultura brasileira. Dentre eles destacam-se os pintores: Portinari, Cícero Dias, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Rebolo e Volpi e o escultor Bruno Giorgi e tantos outros. • Terceira fase: de 1945 até atualidade - também conhecida como PósModernismo. Depois da década de 1950 a arte brasileira evoluiu em novas e variadas direções. Ganharam destaque importantes gravuristas, pintores e fotógrafos que se ligaram a diferentes movimentos artísticos. Além deles, diversos escultores experimentaram novos materiais e renovaram entre nós a arte da escultura. Artistas que se destacaram nesse período: Ivan Serpa, Milton da Costa, Iberê Camargo, Carlos Scliar, etc. 1ª fase Primeira fase: de 1922 a 1930 O artista se ocupa da descoberta e assimilação da produção europeia ao mesmo tempo em que procura descobrir o Brasil e abandonar a academia. SEMANA DE ARTES 1922 Capa do Catálogo da Exposição da Semana de Arte Moderna, Desenho do pintor Di Cavalcanti A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. Essa nova forma de expressão foi rejeitada pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estéticas europeias mais conservadoras. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti. Em um período repleto de agitações, os intelectuais brasileiros se viram em um momento em que precisavam abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em nosso país, para dar lugar a um estilo completamente novo e o qual não se sabia ao certo qual rumo poderia tomar. Para atender o desejo de fazer a sua parte para modernizar o Brasil, os artistas romperam com a arte acadêmica e promoveram a libertação da estética; produzindo obras com novas técnicas e a busca do novo com uma expressão genuinamente nacional (tropical), embora inspirada nas tendências europeias. Pintores que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922: Anita Malfati, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, o gravurista Oswaldo Goeldi e o escultor Victor Brecheret. DI CAVALCANTI (1897-1976) Nessa obra, as cores e as formas não são realistas, são escolhas do artista. Ele elegeu a figura da mulata com síntese de nossa miscigenação. VICENTE DO REGO MONTEIRO (1899-1970) Menino e ovelha, 1925 Atirador de arco (1969) Nas duas obras podemos observar que a representação dos corpos está próxima de formas geométricas, dando ideia de volume e não de uma superfície plana. OSWALDO GOELDI (1875-1961) Goeldi é considerado um dos maiores mestres da gravura no Brasil. O trabalho do artista em xilogravura retrata de forma crítica os aspectos da injustiça social do Brasil: a morte, a pobreza, os subúrbios e a solidão humana. O filme “Guarda Chuva Vermelho”, foi realizado por Lygia Pape como um homenagem aos artistas e amigos Oswald Goeldi e Manuel Bandeira. Chuva, 1957, xilogravura (gravura em madeira) VÍTOR BRECHERET (1894-1955) Escultura em granito composta de 37 figuras que transmitem força e solidez, é uma referência às bandeiras. O escultor Brecheret é responsável pela introdução do modernismo na escultura brasileira. As obras do escultor afastaram-se da imitação da realidade e ganharam expressão por meio de volumes e formas geométricas, de linhas simples. Monumento às bandeiras (1936-1953) Parque do Ibirapuera, SP 2ª fase Segunda fase: de 1930 a 1945 Foram surgindo novos artistas plásticos, grupos e movimentos que valorizavam a cultura brasileira. Dentre eles destacam-se os pintores: Portinari, Cícero Dias, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Rebolo e Volpi e o escultor Bruno Giorgi e tantos outros. TARSILA DO AMARAL (1890-1973) Tarsila do Amaral foi uma pintora e desenhista brasileira e uma das figuras centrais da pintura brasileira da primeira fase do movimento modernista brasileiro, ao lado de Anita Malfatti. Tarsila participou de dois manifestos importantes junto com seu marido, o escritor Oswald de Andrade. Manifesto Pau-Brasil (1924) e Manifesto Antropofágico (1928). FASE PAU-BRASIL (1924) Nessa fase, as pinturas de Tarsila exaltavam a natureza tropical, os tipos humanos, como caboclos e negros, e a tranquilidade das pequenas cidades brasileiras dentro das combinações de tons de rosa e azul. A atmosfera criada nessas obras reuniam em perfeita harmonia a natureza, a cultura do povo brasileiro e os elementos geométricos da pintura cubista. Morro da favela, 1924 Carnaval em Madureira, 1924 Tarsila homenageou seu amigo francês Blaise Cendrars, trazendo a Torre Eiffel para junto da paisagem e do samba envolvenrte do RJ. A gare, 1925 Tarsila brincou com as formas geométricas, fazendo um passeio urbano usando trilhos, vagões e máquinas. Nessa fase observamos formas geométricas,paisagens urbanas pessoas (representando a cultura do povo brasileiro), máquinas, construções. Nessa fase observamos formas geométricas, paisagens urbanas, pessoas (representando a cultura do povo brasileiro), máquinas e construções. FASE ANTROPOFÁGICA (1928) Tarsila do Amaral pintou esse quadro para dar de presente de aniversário a Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome do quadro, “Abaporu”, é uma referência à antropofagia modernista, que se propunha a pereceber a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil. Este Movimento que surgiu quatro anos após Pau-Brasil, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura de um modo bem brasileiro. Para os artistas , ser antropófago era reagir contra as culturas que nos dominavam. Abaporu, 1928 (O homem que come em tupi-guarani) O ovo, 1928 O lago, 1928 Sol poente, 1929 A lua, 1928 Nessa fase podemos observar que as pinturas são produzidas com delicadeza nas formas e nas cores. Não vemos mais pessoas, máquinas e construções. São obras surrealistas, nas quais pintou sonhos, segredos e mistérios usando linhas, cores, formas volumosas e composições irregulares. FASE SOCIAL O mundo já não era o mesmo, nem Tarsila... Uma crise econômica em Nova York, no ano de 1929, atingiu o mundo todo, inclusive o Brasil. Ela representou questões sociais retratando pessoas tristes e oprimidas, a miséria, a dor e a desigualdade das raças. Nesta obra as pinceladas de Tarsila expressam o sofrimento das crianças e o abandono da família impostos por uma sociedade injusta. 2ª Classe, 1933 Operários, 1933 Sensibilizada com os problemas da classe operária, retratou pessoas tristes e oprimidas. Nessa fase Tarsila pintou obras mais realistas, com cores escuras, retratando a desigualdade das raças e o sofrimento humano. Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês significa casaco, manto vermelho). Nesse período de sua vida ela tinha uma vida cultural intensa. Autorretrato, 1923 Autorretrato I, 1924 CÂNDIDO PORTINARI (1903-1962) As figuras humanas nesta obra são retratadas com pés e mãos grandes e os corpos sugerem volume. Esses detalhes revelam o trabalho duro nas plantações de café. Portinari anuncia sua preocupação pelas questões sociais do seu tempo retratada na tela “O Café”. Portinari retratou também retirantes nordestinos, cangaceiros e temas históricos. Café, 1934 PAINÉIS DE GUERRA E PAZ Todo o trabalho que resultou em Guerra e Paz foi produzido por Candido Portinari entre os anos de 1952 e 1956. O trabalho foi encomendado pelo governo brasileiro para presentear a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, onde os painéis foram instalados no hall de entrada, com acesso restrito ao público. “Os painéis Guerra e Paz representam sem dúvida o melhor trabalho que eu já fiz. Dedico-os à humanidade”. A frase, dita pelo artista. Em Paz, Portinari retrata cenas de um dia a dia pacato, com brincadeiras de crianças (personagens que aparecem com frequência em sua obra) e um coral infantil. Já em Guerra, o retrato é oposto: mães seguram filhos mortos, bombas explodem, hienas famintas parecem sorrir. Os modernistas apresentaram um novo olhar sobre as paisagens. Cada vez mais as imagens se distanciavam da realidade revelando a leitura expressiva do artista. Os temas nacionais permaneceram, mas os olhares se tornaram únicos e próprios de cada artista. Veja como o modernista Cícero Dias representou o Recife, capital de Pernambuco. CÍCERO DIAS (1908-2003) Visão Romântica do Porto de Recife, 1930 A cidade parece tranquila e as pessoas conversam calmamente na rua. Observe na obra que, entre as cores claras, o vermelho está presente em algumas casas e em outros detalhes. O artista pernambucano costumava usar com frequência o azul e o vermelho, dando tratamento especial às cenas da vida nordestina. Obra mais famosa do artista Cícero Dias, um grande painel com quinze metros de comprimento por dois metros e meio de altura. As suas paisagens são contém figuras sobrepostas, confusas e desorganizadas. Elas revelam a interação entre pessoas e espaços, objetos reais e imaginários. Trata-se de uma paisagem surrealista viva, dinâmica, rica e intrigante. Eu vi o mundo .... ele começava no Recife, 1929.