UFRGS INSTITUTO DE LETRAS TEORIA E PRÁTICA DA LEITURA TURMA A – 2014 Olhares sobre a escrita Proponentes da oficina: Jefferson Figueiredo, Jéssica Fraga. • Público-alvo: Alunos do segundo ano do ensino médio de uma escola da rede pública. • Número de alunos: 20 • Duração: horas 9 ( Seria o ideal) • Temática: a representação da escrita Objetivos da oficina: • Quer-se, com este projeto, que os alunos sejam capazes de criar seus próprios textos, além de fazê-los refletir sobre o ato de escrever, mostrando-lhes como é necessário o trabalho contínuo para que o texto chegue ao resultado desejado. • Recursos necessários: • Datashow ou folhas impressas; • Quadro; • Folhas de ofício, lápis, canetas. • Resultados esperados: • Alunos que não tenham medo de dar a sua opinião e que tentem escrever usando a sua imaginação e criatividade. • Avaliação: • Serão observados durante os encontros o envolvimento e participação dos alunos, assim como, seu progresso aos longo das reflexões. Faremos o uso de uma tabela para a anotação de observações importantes sobre os alunos. Atividade 1 • Em um primeiro momento, pediremos a um aluno para que descreva o quadro aos demais alunos para que estes possam “interpretá-lo”, desenhando conforme o colega o lê (Discussão: questão de que um referencial pode gerar várias interpretações); Apresentação do quadro: Atividade 2 Mostrar o quadro sem apontar seu nome; Pedir aos alunos que pensem na temática, justificando-a; em seguida, haverá uma discussão, com o grande grupo para ver as temáticas que surgiram; Dividiremos os alunos em 5 grupos de 4 • Escolha um título que você pense ser adequado para a obra observada. Exposição dos títulos escolhidos e escolha do melhor título para o quadro em conjunto; Para finalizar, apresentaremos o quadro discutindo os elementos presentes; Referências Quadro: O Poeta Pobre Pintor: Carl Spitzweg Carl Spitzweg foi um pintor alemão do século XIX, tão popular na Alemanha que sua obra foi vítima de roubos espetaculares, esquemas de falsificação milionários e até mesmo adorada por Adolf Hitler. Texto 2 O menino que carregava água na peneira Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos! Manuel de Barros O autor: Quem é? Manuel de Barros(19-12-1916) é um poeta contemporâneo brasileiro, nasceu em Cuiabá, Mato Grosso. Já ganhou muitos prêmios importantes com seus livros. Atividade 3: • Leitura silenciosa do texto pelos alunos; • Qual é o assunto do texto? Que elementos do texto te auxiliam a chegar a essa temática? • Como você relaciona a ação de carregar água na peneira no texto e o ato de escrever? • Quais são os tempos verbais que aparecem no texto? Qual a diferença de sentido expressa por tais tempos verbais ? • Trabalhar a diferença de sentido criada no texto com a intercalação de verbos no pretérito perfeito e no pretérito imperfeito. (focar, por exemplo, como o pretérito imperfeito lida com ações que eram repetidas enquanto o pretérito perfeito lida com ações pontuais, para, em seguida, fazer trocas dos tempos para mostrá-los, no poema, vejam a mudança de sentido que temos no texto); • Qual a relação entre a temática desse texto e do quadro anterior? Por quê? • Você encontrou alguma rima neste poema? Caso sim, aponte-a. • Você acredita que um poema obrigatoriamente necessita ter rimas? • Trabalharemos com os alunos as metáforas do texto para que eles possam perceber qual a importância delas para a sua construção . Texto 3: Catar Feijão 1. 2. Catar feijão se limita com escrever: Ora, nesse catar feijão, entra um risco: joga-se os grãos na água do o de entre os grãos pesados entre alguidar um grão qualquer, pedra ou indigesto, e as palavras na da folha de papel; um grão imastigável, de quebrar dente. e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, Certo não, quanto ao catar palavras: água congelada, por chumbo seu a pedra dá à frase seu grão mais vivo: verbo: obstrui a leitura fluviante, flutual, pois para catar feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e açula a atenção, isca-a com o risco. eco. Melo Neto, João Cabral. Obra Completa, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1999 O Autor: • Quem foi??? • João Cabral de Melo Neto (1920-1999) foi um grande poeta brasileiro. • Nasceu em Recife e viajou por vários países. • Foi membro da Academia Brasileira de Letras e ganhou muitos prêmios por seus livros. Atividade 4: • Leitura silenciosa do texto pelos alunos; • Perguntaremos aos alunos se eles tiveram alguma dificuldade com o vocabulário, se a resposta for afirmativa, primeiro tentaremos com que eles cheguem a um entendimento dela devido o contexto. Em um segundo momento, iremos sugerir a consulta ao dicionário. • Sobre o que fala o poema? Que elementos do texto ajudaram você a chegar a essa resposta? • Pensando no texto, o ato de catar feijão está relacionado com o quê? • Nesse poema há rimas? Caso a resposta seja sim, aponte-a. • No texto anterior, encontramos várias metáforas e estudamos seu funcionamento dentro do texto. Localize as metáforas do poema Catar Feijão e diga quais são as suas funções dentro do poema. • Pensando nas temáticas estudadas ao longo dos três textos, diga qual a relação que ambas estabelecem. Use trechos de todos (textos e quadro) para argumentar seu ponto de vista. Produção Final: • Produza um poema no qual você coloque o seu ponto de vista sobre o que é o ato de escrever. Utilize os recursos trabalhados nos textos anteriormente para compor seu próprio poema (e não esqueça de dar um título que sintetize a sua ideia) • Leitura dos textos aberta para a turma, discussão etc. • Reescrita a partir das observações feitas pela turma e pelo professor. • Confecção do livro da oficina que será distribuído entre os colegas da escola.