DIAGNÓSTICO: UM OLHAR DA PSICOLOGIA HOSPITALAR DISCIPLINA: PSICOLOGIA HOSPITALAR PROF: ADRIANA DUARTE ATHAYDE E o psicólogo no hospital... Como ela trabalha? Que instrumentos pode utilizar? O psicólogo precisa diagnosticar????? Diagnosticar- instante de ver, seguido pelo tempo de entender que leva ao momento de intervir Para que “serve” o diagnóstico? - auxilia no direcionamento do tratamento -Contribuir para definir melhor estratégia terapêutica -Comunicação entre a equipe -Desenvolvimento da pesquisa científica Diagnóstico Na Medicina: é o conhecimento da doença por meio dos seus sintomas Na Psicologia Hospitalar: o diagnóstico é o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em relação com a doença (Simonetti, 2004) Não diagnosticamos doenças, mas a relação sujeito – doença Utilizamos a descrição abrangente dos processos que influenciam e são influenciados pela doença Trata-se de uma diretriz; uma hipótese modo que o psicólogo dispõe para melhor organizar seu pensamento, sua terapêutica MAPA = HIPÓTESE DE TRABALHO Simonetti propõe o diagnóstico através de 4 eixos: Eixo 1 - Diagnóstico reacional (focaliza a posição que a pessoa assume em relação à doença) Eixo 2 - Diagnóstico médico (apresenta o ponto de vista orgânico da doença) Eixo 3 - Diagnóstico situacional (constrói uma visão panorâmica da vida do paciente, considerando as áreas que influenciam e são influenciadas pela doença: vida psíquica, vida social e vida cultural) Eixo 4 - Diagnóstico transferencial (avalia as relações que a pessoa estabelece a partir do adoecimento, como a pessoa se relaciona em meio a este) Diagnóstico reacional Refere-se ao modo como a pessoa reage a doença, a doença é um evento que se instala de uma forma tão central que, a partir da doença tudo poderá girar em torno dela, uma espécie de órbita. Habitualmente segue-se primeiro a negação, depois a revolta, a depressão e enfrentamento, o termo órbita significa “movimento em torno de” o que explica que a posição pode variar de um dia para outro por isso não convém aceitar como definitiva a posição identificada, lembrando que essas posições não são específicas para a doença e constituem- se isto sim, nas maneiras que os humanos dispõe para enfrentar crises , receber noticias ruins, lidar com mudanças, encarar a morte e , também reagir a doenças Diagnostico médico: É o resumo da situação clinica do paciente, para obter essas informações o psicólogo deve olhar o prontuário do paciente, fazer perguntas à equipe médica ou diretamente ao paciente, em relação à terminologia médica dos nomes das doenças o que importa é poder comunicar a natureza da afecção orgânica que motivou a internação do paciente e não sua precisão científica. Diagnóstico situacional: Constrói uma visão panorâmica do paciente com o objetivo de tratar o paciente como um todo: sua vida psíquica, social, cultural, o primeiro nível do diagnóstico é o físico, depois vemos a vida psíquica identificando os principais traços da personalidade, conflitos psicodinâmicos e eventuais doença mentais, vida social com sua rede de relacionamentos interpessoais que caracterizam o dia-a-dia da pessoa. Diagnóstico transferêncial: Avalia as relações que a pessoa estabelece a partir de seu lugar de adoecimento, o adoecer além de um processo biológico é uma rede de relacionamentos interpessoais, o paciente estabelece relações fundamentais com o médico, família, enfermagem, outros técnicos e o psicólogo, lembrando que no contexto hospitalar essas relações não são duais, pois existe um terceiro: a instituição. Eixo 1 - Diagnóstico reacional (focaliza a posição que a pessoa assume em relação à doença) Refere-se ao modo como a pessoa reage a doença, a doença é um evento que se instala de uma forma tão central que, a partir da doença tudo poderá girar em torno dela, uma espécie de órbita. Habitualmente seguese primeiro a negação, depois a revolta, a depressão e enfrentamento, o termo órbita significa “movimento em torno de” o que explica que a posição pode variar de um dia para outro por isso não convém aceitar como definitiva a posição identificada, lembrando que essas posições não são específicas para a doença e constituemse isto sim, nas maneiras que os humanos dispõe para enfrentar crises , receber noticias ruins, lidar com mudanças, encarar a morte e , também reagir a doenças Elisabeth Kubler-Ross – 200 pacientes – “Sobre a morte e o morrer” Estágios Negação/ isolamento A negação não se dá por falta de conhecimento, e sim por falta de condições psicológicas, falta essa que não deve ser entendida como defeito, e sim como característica naquele dado momento. “A negação funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais” Elisabeth KublerRoss Negação Comportamentos: descrença “Não pode ser”, “Só pode ser um engano”; procurar outros médicos “Esse médico é incompetente”, “Esse médico é inexperiente, muito novo”; refazer exames “Pode ser um erro”, “Os exames foram trocados”; não contar pra ninguém da família/amigos; não se relacionar com outros pacientes; não consegue falar da doença (ex: falar câncer); excesso de sono Negação da família – por vezes o paciente é capaz de falar e a família não; acredita que o paciente não será capaz de suportar (projeção????) Caso clínico 1: Paciente com dç terminal em cuidados paliativos, 64 anos, separado porém com união estável não reconhecida legalmente, três filhos adultos. Deseja falar do futuro, planejar a vida sem a sua própria vida. Negação Caso Clínico 2: Paciente C., 9 anos, última filha do total de 10, osteosarcoma, amputação de membro, longa trajetória até o diagnóstico de câncer, extremamente inteligente e observadora. Apresentase como Carla, reside em SP, 12 anos, sem nenhum tipo de doença, tem a perna, filha única. Caso Clínico 3: “Doutor, se for aquela doença, eu não quero saber” – dupla negação da doença e da palavra. Câncer é “carregada” de significantes – o dito pode representar mau agouro Por que é importante atribuir o nome a doença, a “coisa” que se sente? Sujeito que nega a doença acaba por apresentar um comportamento irritado, mobilizado por uma angústia muito significativa. A irritação é o resultado da raiva reprimida que se espalha difusamente, sem algo específico. A angústia é um medo sem objeto. O sujeito angústiado é aquele que não sabe dizer o que o angústia. (ex: clássicos da literatura) Raiva/Revolta Manisfestadas dos modos mais diversos (agressão, inveja, projeção) Sujeito “cai na real”, enxerga a doença. Comportamentos: revolta que pode ser dirigida a doença, a equipe de saúde, contri si mesmo, contra a família, amigos, sociedade, etc. “Não é justo” Por parte da equipe: ”Paciente difícil”; “Família difícil” Raiva/Revolta “A revolta geralmente se inicia como frustração, e é fácil observar que uma pessoa frustrada primeiramente se irrita para depois se deprimir. Parece quase uma sequência natural: frustração- irritação-depressão. A doença é um evento com alto poder de frustração. Em primeiro lugar, frustra o princípio do prazer, pelo qual funciona nosso inconsciente, ao introduzir a dor e o desprazer. Frustra também nossa onopotência infantil, na qual a vida acontece segundo o nosso desejo. Nesse sentido a doença é uma força de castração a que o ser humano é submetido em sua jornada. Também no sentido prático a doença é muito frustrante. Ela frustra nossa liberdade e nossa rotina.” (Simonetti, 2004) Raiva/Revolta Perda da autonomia- sujeito submetido a escolhas de terceiros; dependencia física concreta (andar, comer, se vestir, fazer higiene pessoal) Perda de produtividade – sociedade que valoriza quem produz; perda de papel; trabalho pode representar elemento de evitação de problemas Comportamento: passivo agitação: trata-se de atividade fora de foco, não direcionada ao problema, nada resolve, é pura descarga energética sem objetivo a ser alcançado ATIVIDADE PORTANTO, NÃO É IGUAL A PRODUTIVIDADE Ex: sujeito nervoso, agredindo as pessoas, irrita-se facilmente com a família Ex: morte de ente querido: grita, chora bastante, bate nas paredes momento de crise/agudoalívio da angústiapossibilidade de catarsepode ser considerado produtivo TRISTEZA/DEPRESSÃO Indivíduo se entrega passivamente a sua doença. Desistência Desesperança Tristeza- pode representar um trabalho psiquico do paciente frente a perda elaborar essa perda (saúde, autonomia, liberdade, papel, vida - Aqui vale ressaltar nosso papel: acompanhar o paciente nessa difícil jornada, sem apressá-lo- respeitar o tempo psíquico Depressão: culpa; ausência de cuidados elementares (alimentação, higiene); perda de interesse no mundo, desânimo intenso; apatia; embotamento – paciente que requer cuidados (risco de suicídio) ENFRENTAMENTO/ACEITAÇÃO Qdo o paciente alcança essa posição é porque já passou pelas outras posições, deixou para trás suas fantasias de onipotência (negação) e impotência (depressão), e agora pode encarar sua doença de maneira mais realista. Livre “para”, não livre “de”; é assim a liberdade humana. Não estamos livres das contingências e limitações da vida, mas somos livres para decidir o que vamos fazer a partir delas. (Simonetti, 2004) ENFRENTAMENTO/ACEITAÇÃO LUTA & LUTO Luta- tudo que o indivíduo faz diante de um limite tentando modifica-lo Luto – é tudo aquilo que um indivíduo faz diante de uma perda objetal, tentando suportá-la “o pensamento na posição enfrentamento se caracteriza pela sua amplitude, é bastante inclusivo e não nega aspectos positivos ou negativos da realidade e da doença. Tal aceitação da doença não é prematura nem passiva, e nisso se diferencia da aceitação existente na posição depressão” DIAGNÓSTICO REACIONAL- EIXO I Negação Revolta Depressão Enfrentamen to Solução tentada Mágica Impulsiva Narcísica Realista Emoção predominante Alegria Raiva Tristeza Todas Emoção evitada Medo Tristeza Raiva Nenhuma Pensamento Onipotência Injustiça Impotência Potência Comportamento Adiamento Agitação Paralisia Efetivo Estado de ânimo Irritado Angustiado Estressado Solitário Sem graça Faz por fazer Flexível O sujeito Insiste Resiste Desiste Inventa Mecanismo Projeção Luta Luto Luta & Luto Forma de passividade Nega o problema Não muda o problema Nada faz Nenhuma Esperança Exagerada Querelante (queixoso) Minimizada Matizada (colorida)