Faculdade de Regional do Jacuípe – FARJ Rua Maria Eleonora, 101, Bairro Novo Oeste, Capim Grosso – BA CEP: 44.695-000 Telefones para contato: Sede: (74) 3651-0681/ Núcleo Araripina: (87) 3873-0278 Autorizada pelo MEC portaria 563 de 09/05/2008 CNPJ n° 09.485.207/0001-78 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM A obra de Constance Kamii é claramente de orientação piagetiana; seus estudos publicados em português concentram-se na aprendizagem Matemática nas duas primeiras séries do primeiro grau. Destaca-se nesses estudos o tema da “autonomia”; onde textos criticam o sistema de relação adulto-criança baseado em recompensa e punição. As punições segundo a autora, levam a três resultados possíveis: § “cálculo de riscos”, ou seja, a criança repetirá o mesmo ato, porém evitando ser pega; § “conformidade cega”, ou seja, a criança torna se totalmente conformista, julgando que o necessário é não tormar decisões; § a “revolta”, também pode ser uma consequência. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Mesmo a recompensa, ainda melhor que a punição, reforça a heteronomia, pois as crianças são governadas por outras pessoas e não por si mesmas. Na escola, as crianças são em geral desencorajadas a pensar autonomamente. No entanto, embora aceitem por um momento as explicações dos adultos, continuam a pensar e a relacioná-las com as coisas que já sabem. Desde as primeiras séries, os alunos aprendem a não confiar na própria maneira de pensar, é comum crianças apagarem rapidamente suas respostas corretas quando lhes é perguntado como conseguiram. Os alunos só aprendem a pensar por si próprios se tiverem oportunidade de explicar os seus raciocínios em sala de aula para o professor e aos seus colegas. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Os professores que afirmam não ter tempo para isso, devem repensar sua atitude, pois só negociando soluções é que se aprende a respeitar sentimentos e ideias de outras pessoas. As crianças devem, como nos salienta Kamii, mobilizar a sua inteligência e a totalidade dos seus conhecimentos quando têm que tomar uma posição e confrontá-la com outras opiniões. COMO ENSINAR OS ALUNOS A RESOLVER PROBLEMAS Focaliza-se aqui resolução de problemas como uma habilidade cognitiva mais ampla do que vem sendo considerada pela maioria dos professores. Ideia de “problema”: um problema é uma situação que ocorre um desquilíbrio, ou seja, que exige uma solução não imediata, mas para qual dispomos de meios intelectuais de resolução. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Não se aprende matemática para resolver problemas, e sim, se aprende Matemática resolvendo problemas. Qualquer situação que vise favorecer o aprendizado deve constituir-se em situação problema para o aluno que se destina, ou seja, a proposta de tarefa feita pelo professor deve ser tão interessante que crie, na classe, um clima de pesquisa, de busca de resolução para os problemas. Vamos analisar o seguinte probelma... Analisando: O enunciado 3475 ÷ 15 pode ser um problema em si para alunos de 3ª série (4º ano) que ainda não conhecem a técnica operatória da divisão, ou ser um simples treino para os que já conhecem, o que não pode ser o ponto central do estudo de Matemática, nas cinco primeiras séries do ensino fundamental. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Ao propor um problema à classe, o professor deve estar preparado para aceitar os diferentes procedimentos dos alunos nas soluções dos problemas e que pode ser muito diferentes daqueles que ele julga ser melhores. Talvez o papel mais importante do professor, no trabalho com solução de problemas, seja o de garantir a constante discussão dos procedimentos tanto nos pequenos grupos como na classe toda. Nestas discussões todos enriquecem e emergem, espontaneamente ou provocados pelo professor, novos problemas que encaminham o aprofundamento de aprendizado. Antônio José Lopes costuma chamar de “problemas pendurados”, os problemas que emergem das discussões da classe e que, por não se encaixarem na programação daquele momento ou daquela série, são deixados para outra ocasião, e os alunos levam estes para as séries seguintes para entrarem na programação e até mesmo problemas já resolvidos em anos anteriores são retomados em maior profundidade. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Desta maneira evidencia-se o conhecimento matemático dinâmico, em constante elaboração, em constante construção. POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA INTERDISCIPLINARIDADE NAS SÉRIES INICIAIS: A MATEMÁTICA E OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO A ideia da interdisciplinaridade perpassa a pedagogia de projetos; no caso do ensino de matemática, o trabalho pode se configurar de maneira interdisciplinar. Nesta concepção, Borba, Malheiros e Zulatto (2007, p. 100), entendem a modelagem matemática como estratégia que privilegia a escolha de temas pelos alunos para serem investigados e daí à uma compreensão dos conteúdos matemáticos abordados em classe e sua relação com as questões cotidianas. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Tal pratica, no entender desses autores, ainda está distante da realidade do professor, que segue projetos dentro das escolas públicas, em sua maioria, impostos pela secretaria de educação – ou podem ser de responsabilidade do professor. AS CONEXÕES ENTRE A MATEMÁTICA E A LITERATURA INFANTIL Os textos de literatura infantil podem ser uma altenativa metodológica para que os alunos compreendam a linguagem matemática neles contida, de maneira significativa, possibilitando o desenvolvimento das habilidades de leitura de textos literários diversos e de textos com linguagem matemática específica(Silva, Rêgo, 2006, p. 208-209). Diversos autores têm investigado as potencialidades dessa conexão desde 2004; entre eles Oliveira e Passos (2008, p. 318), destacam que a utilização de literatura infantil com o apoio de paradidáticos não é recente. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Monteiro Lobato na primeira metade do século XX, escreveu a sua Aritmética da Emília, fazendo refencial a outra obra bastante conhecida: O Homem que calculava, de Malba Tahan, psedônimo do matemático Júlio César de Mello e Souza. Dalcin (apud OLIVEIRA; PASSOS, 2008), que investigou a importância dos livros paradidáticos para o ensino da matemática no terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, afirma que, através de obras literárias como estas, se pode mostrar que “a matemática pode ser ensinada por meio de nossa capacidade imaginativa e criativa de contar histórias” (DALCIN, 2010, p. 15). Além disso, a história possibilita que o aluno: • explore acontecimentos e lugares; • estabeleça relações; • identifique-se com os personagens; • procure solucionar os desafios por ela proposto. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Essa atividade pode ser enriquecida se os alunos puderem não só ler a história, mas, conversar e escrever sobre ela e sobre as ideias matempaticas presentes. Dessa forma podem desenvolver habilidades matempaticas e de linguagem simultaneamente. A professora Brenda, trabalhou com estas duas versões para a fábula “a cigarra e a formiga” de Esopo e de La Fontaine, reescritas por Monteiro Lobato e publicadas em fábulas (1922): Versão 1 – de Esopo A cigarra cantava no verão, enquanto a formiga passava os dias a guardar comida para o inverno. Quando o inverno chegou, a cigarra não tinha o que comer e foi procurar a vizinha formiga. - Formiga, por favor, ajude-me. Não tenho o que comer. A formiga perguntou: - Que é que você fez no verão? Não guardou nada? - No verão eu cantava - respondeu a cigarra. - Ah, cantava? Pois dance, agora! Moral: Deve-se sempre prever o dia de amanhã. ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. Versão 2 – La Fontaine (Adaptação) Havia uma jovem cigarra que costumava cantar perto de um formigueiro. Só parava quando estava cansadinha e o seu divertimento então era observar as formigas trabalhando para armazenar comida. Quando o verão acabou veio o frio, todos os animais arrepiados passavam o dia nas tocas. A cigarra, em seu galhinho seco, quase morta de frio e fome, decidiu pedir ajuda às formigas, arrastando uma asa, lá se foi para o formigueiro. Bateu à porta e apareceu uma formiga gorda embrulhada em um xale. - Que quer? – Perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir. - Venho em busca de ajuda, o mau tempo não para, e eu... A formiga olhou-a de alto abaixo. - E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse: - Bem, eu cantava, sabe... -Ahh!... – exclamou a formiga, recordando-se. - Era você então que cantava, enquanto nós trabalhávamos para armazenar comida? - Isso mesmo, era eu... ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015. - Pois entre, amiguinha! Nunca podemos esquecer as boas horas que seu canto nos proporcionou. Você nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre que era uma felicidade ter como vizinha uma tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. Moral: os artistas (poetas, pintores, músicos) são as cigarras da humanidade. A proposta, além das questões relativas à interpretação de textos, solicitava que o aluno buscasse relações com conteúdos matemáticos e elaborassem uma situação-problema. A cigarra cantava e tocava viola. Quando uma viola quebrava, ela comprava outra. Em uma semana ela quebrou 3 violas. Quantas violas, em cinco semanas ela terá quebrado? Esse aluno em seguida apresentou o algoritmo vertical 3 x 5 = 15 e deu como resposta: “ela terá quebrado 15 violas”. Esse caso nos chamou a atenção e tentamos identificar o que motivou o aluno a este contexto. Constatamos que, para cada versão das fábulas nas folhas impressas entregue pela professora Brenda, havia uma ilustração. Na primeira, a cigarra, com uma aparência feliz, tocava um violino – que, provavelmente, o aluno interpretou como sendo uma viola – e na segunda o violino da cigarra encontrava-se no chão e ela tinha uma aparência de cansada – o que provavelmente levou o aluno a imaginar que a viola estivesse quebrada. Isso nos evidenciou o quanto o aluno busca interpretações diferentes para os contextos e são trabalhados em sala de aula. Não fosse essa elaboração, jamais prestaríamos atenção nos detalhes das ilustrações dos textos. OBRIGADO!!! ORIENTADOR: MARCONDE JACOB SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015.