Faculdade de Regional do Jacuípe – FARJ
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ORIENTADOR: MARCONDE JACOB
SERROLÃNDIA – PE, 21/03/2015.
A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM
A obra de Constance Kamii é claramente de orientação piagetiana; seus estudos
publicados em português concentram-se na aprendizagem Matemática nas duas
primeiras séries do primeiro grau. Destaca-se nesses estudos o tema da “autonomia”;
onde textos criticam o sistema de relação adulto-criança baseado em recompensa e
punição.
As punições segundo a autora, levam a três resultados possíveis:
§ “cálculo de riscos”, ou seja, a criança repetirá o mesmo ato, porém evitando ser pega;
§ “conformidade cega”, ou seja, a criança torna se totalmente conformista, julgando que
o necessário é não tormar decisões;
§ a “revolta”, também pode ser uma consequência.
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Mesmo a recompensa, ainda melhor que a punição, reforça a heteronomia, pois as
crianças são governadas por outras pessoas e não por si mesmas.
Na escola, as crianças são em geral desencorajadas a pensar autonomamente. No
entanto, embora aceitem por um momento as explicações dos adultos, continuam a
pensar e a relacioná-las com as coisas que já sabem.
Desde as primeiras séries, os alunos aprendem a não confiar na própria maneira
de pensar, é comum crianças apagarem rapidamente suas respostas corretas quando lhes
é perguntado como conseguiram.
Os alunos só aprendem a pensar por si próprios se tiverem oportunidade de
explicar os seus raciocínios em sala de aula para o professor e aos seus colegas.
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Os professores que afirmam não ter tempo para isso, devem repensar sua atitude,
pois só negociando soluções é que se aprende a respeitar sentimentos e ideias de outras
pessoas. As crianças devem, como nos salienta Kamii, mobilizar a sua inteligência e a
totalidade dos seus conhecimentos quando têm que tomar uma posição e confrontá-la com
outras opiniões.
COMO ENSINAR OS ALUNOS A RESOLVER PROBLEMAS
Focaliza-se aqui resolução de problemas como uma habilidade cognitiva mais
ampla do que vem sendo considerada pela maioria dos professores.
 Ideia de “problema”: um problema é uma situação que ocorre um desquilíbrio, ou seja,
que exige uma solução não imediata, mas para qual dispomos de meios intelectuais de
resolução.
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Não se aprende matemática para resolver problemas, e sim, se aprende
Matemática resolvendo problemas.
Qualquer situação que vise favorecer o aprendizado deve constituir-se em situação
problema para o aluno que se destina, ou seja, a proposta de tarefa feita pelo professor
deve ser tão interessante que crie, na classe, um clima de pesquisa, de busca de resolução
para os problemas. Vamos analisar o seguinte probelma...
Analisando: O enunciado 3475 ÷ 15 pode ser um problema em si para alunos de 3ª
série (4º ano) que ainda não conhecem a técnica operatória da divisão, ou ser um simples
treino para os que já conhecem, o que não pode ser o ponto central do estudo de
Matemática, nas cinco primeiras séries do ensino fundamental.
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Ao propor um problema à classe, o professor deve estar preparado para aceitar os
diferentes procedimentos dos alunos nas soluções dos problemas e que pode ser muito
diferentes daqueles que ele julga ser melhores.
Talvez o papel mais importante do professor, no trabalho com solução de
problemas, seja o de garantir a constante discussão dos procedimentos tanto nos pequenos
grupos como na classe toda. Nestas discussões todos enriquecem e emergem,
espontaneamente ou provocados pelo professor, novos problemas que encaminham o
aprofundamento de aprendizado.
Antônio José Lopes costuma chamar de “problemas pendurados”, os problemas
que emergem das discussões da classe e que, por não se encaixarem na programação
daquele momento ou daquela série, são deixados para outra ocasião, e os alunos levam
estes para as séries seguintes para entrarem na programação e até mesmo problemas já
resolvidos em anos anteriores são retomados em maior profundidade.
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Desta maneira evidencia-se o conhecimento matemático dinâmico, em constante
elaboração, em constante construção.
POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA INTERDISCIPLINARIDADE NAS SÉRIES
INICIAIS: A MATEMÁTICA E OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO
A ideia da interdisciplinaridade perpassa a pedagogia de projetos; no caso do
ensino de matemática, o trabalho pode se configurar de maneira interdisciplinar.
Nesta concepção, Borba, Malheiros e Zulatto (2007, p. 100), entendem a
modelagem matemática como estratégia que privilegia a escolha de temas pelos alunos
para serem investigados e daí à uma compreensão dos conteúdos matemáticos abordados
em classe e sua relação com as questões cotidianas.
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Tal pratica, no entender desses autores, ainda está distante da realidade do
professor, que segue projetos dentro das escolas públicas, em sua maioria, impostos pela
secretaria de educação – ou podem ser de responsabilidade do professor.
AS CONEXÕES ENTRE A MATEMÁTICA E A LITERATURA INFANTIL
Os textos de literatura infantil podem ser uma altenativa metodológica para que os
alunos compreendam a linguagem matemática neles contida, de maneira significativa,
possibilitando o desenvolvimento das habilidades de leitura de textos literários diversos e
de textos com linguagem matemática específica(Silva, Rêgo, 2006, p. 208-209).
Diversos autores têm investigado as potencialidades dessa conexão desde 2004;
entre eles Oliveira e Passos (2008, p. 318), destacam que a utilização de literatura infantil
com o apoio de paradidáticos não é recente.
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Monteiro Lobato na primeira metade do século XX, escreveu a sua Aritmética da
Emília, fazendo refencial a outra obra bastante conhecida: O Homem que calculava, de
Malba Tahan, psedônimo do matemático Júlio César de Mello e Souza.
Dalcin (apud OLIVEIRA; PASSOS, 2008), que investigou a importância dos livros
paradidáticos para o ensino da matemática no terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental, afirma que, através de obras literárias como estas, se pode mostrar que “a
matemática pode ser ensinada por meio de nossa capacidade imaginativa e criativa de
contar histórias” (DALCIN, 2010, p. 15).
Além disso, a história possibilita que o aluno:
• explore acontecimentos e lugares;
• estabeleça relações;
• identifique-se com os personagens;
• procure solucionar os desafios por ela proposto.
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Essa atividade pode ser enriquecida se os alunos puderem não só ler a história,
mas, conversar e escrever sobre ela e sobre as ideias matempaticas presentes. Dessa forma
podem desenvolver habilidades matempaticas e de linguagem simultaneamente.
A professora Brenda, trabalhou com estas duas versões para a fábula “a cigarra e
a formiga” de Esopo e de La Fontaine, reescritas por Monteiro Lobato e publicadas em
fábulas (1922):
Versão 1 – de Esopo
A cigarra cantava no verão, enquanto a formiga passava os dias a guardar comida para o inverno.
Quando o inverno chegou, a cigarra não tinha o que comer e foi procurar a vizinha formiga.
- Formiga, por favor, ajude-me. Não tenho o que comer.
A formiga perguntou:
- Que é que você fez no verão? Não guardou nada?
- No verão eu cantava - respondeu a cigarra.
- Ah, cantava? Pois dance, agora!
Moral: Deve-se sempre prever o dia de amanhã.
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Versão 2 – La Fontaine
(Adaptação)
Havia uma jovem cigarra que costumava cantar perto de um formigueiro. Só parava quando estava cansadinha e o seu divertimento então era observar as
formigas trabalhando para armazenar comida.
Quando o verão acabou veio o frio, todos os animais arrepiados passavam o dia nas tocas.
A cigarra, em seu galhinho seco, quase morta de frio e fome, decidiu pedir ajuda às formigas, arrastando uma asa, lá se foi para o formigueiro. Bateu à
porta e apareceu uma formiga gorda embrulhada em um xale.
- Que quer? – Perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de ajuda, o mau tempo não para, e eu...
A formiga olhou-a de alto abaixo.
- E o que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse:
- Bem, eu cantava, sabe...
-Ahh!... – exclamou a formiga, recordando-se.
- Era você então que cantava, enquanto nós trabalhávamos para armazenar comida?
- Isso mesmo, era eu...
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- Pois entre, amiguinha! Nunca podemos esquecer as boas horas que seu canto nos proporcionou. Você nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre
que era uma felicidade ter como vizinha uma tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Moral: os artistas (poetas, pintores, músicos) são as cigarras da humanidade.
A proposta, além das questões relativas à interpretação de textos, solicitava que o aluno buscasse relações com conteúdos matemáticos e elaborassem uma
situação-problema.
A cigarra cantava e tocava viola. Quando uma
viola quebrava, ela comprava outra. Em uma semana ela
quebrou 3 violas. Quantas violas, em cinco semanas
ela terá quebrado?
Esse aluno em seguida apresentou o algoritmo vertical 3 x 5 = 15 e deu como resposta: “ela terá quebrado 15 violas”.
Esse caso nos chamou a atenção e tentamos identificar o que motivou o aluno a este contexto. Constatamos que, para cada versão das fábulas
nas folhas impressas entregue pela professora Brenda, havia uma ilustração.
Na primeira, a cigarra, com uma aparência feliz, tocava um violino – que, provavelmente, o aluno interpretou como sendo uma viola – e na
segunda o violino da cigarra encontrava-se no chão e ela tinha uma aparência de cansada – o que provavelmente levou o aluno a imaginar que a viola
estivesse quebrada.
Isso nos evidenciou o quanto o aluno busca interpretações diferentes para os contextos e são trabalhados em sala de aula. Não fosse essa
elaboração, jamais prestaríamos atenção nos detalhes das ilustrações dos textos.
OBRIGADO!!!
ORIENTADOR: MARCONDE JACOB
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