Marcello Santos O controle do abuso de drogas psicoativas ilegais e os benefícios para redução de acidentes Sumário 1. Acidentes de transito no Brasil 2. Drogas psicoativas e acidentalidade 3. Exames toxicológicos 4. Impacto dos exames toxicológicos na acidentalidade - estudo de caso Sobre o que falaremos? • Fator Humano – Dentro do fator humano, na questão do abuso das substâncias psicoativas, – Dentro da questão das substâncias psicoativas, nas drogas ilegais. Acidentes de trânsito no Brasil Histórico de mortes no trânsito 935.059 NO BRASIL Em 2011 aprox 40.000 fatalidades no Brasil Em 31 anos (1970 a 2010) 1800 1850 1900 NO MUNDO Portanto, aproximadamente 1950 2000 42 milhões 2050 de pessoas morreram vítimas do trânsitoEm nos115 últimos anosa(1896 a 2011) anos115 (1898 2010) Dados preliminares atualizados até 24/11/11 Fonte: Ministério da Saúde - DATASUS Acidentes de trânsito no Brasil . 35% dos acidentes ocorridos em 2004 nas rodovias federais envolviam veículos de carga e causariam mais de 40% das vítimas fatais. Fonte: Ipea de dezembro de 2006 Acidentes de trânsito no Brasil O Brasil tem apresentado um grande aumento proporcional no número de acidentes de trânsito com vítimas: + 46,1% Aumento dos acidentes de trânsito com vítimas + 36% Aumento da frota de veículos + 16,8% Aumento da população 16,8% População Fonte: Ipea de dezembro de 2006 1998 2005 1998 2005 1998 2005 Drogas psicoativas e acidentalidade Situação do motorista O Motorista profissional é vítima de uma combinação de: 1. Condições de trabalho que o empelem ao abuso de drogas ( distância da familia, carga horária, falta de descanso adequado ) etc.., 2. Oferta abundante de drogas ( postos nas estradas, bares e restaurantes de beira de estarda ) etc.., 3. Falta de policiamento, 4. Falta de elementos de elementos de controle e dissuasão Tipos de drogas mais usadas e suas consequencias na habilidade de dirigir Álcool Reduz a capacidade de reação e a capacidade de avaliação de risco. Maconha Reduz substancialmente a atenção e a capacidade de reagir rapidamente a situações de risco; Seus efeitos na atenção e reação superam em muito o período de sua psicoatividade. Anfetaminas/Metanfetaminas Estimulam a tomada de risco. Podem induzir a paranóia. Reduzem a capacidade de avaliar corretamente o estado de vigília e a necessidade de descanso. As metanfetaminas tem efeito psicoativos duradouros. Cocaína/Crack/Merla Fonte: European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addition 2007 Estimula a tomada de risco. Induz a paranóia. Reduz a capacidade de avaliar corretamente o estado de vigília e a necessidade de descanso. Aumenta substancialmente o risco cardíaco. Aumenta a possibilidade de ingestão simultânea de álcool. Prevalência de álcool e drogas ilícitas em motoristas vítimas fatais de acidentes de trânsito Canadá Colômbia EUA Escócia ÁLCOOL 36,6% 23,7% 41,1% - DROGAS ILÍCITAS 9,3% 31,9% 35% 68% Fontes: Mercer, G.W.; Jeffery, W.K. - Alcohol, drugs, and impairment in fatal traffic accidents in British Columbia. Accident Analysis & Prevention 27(3): 335-343, 1995 / Bravo, P.A.; Bravo, S.M.; Porras, B.; Valderrama, J.; Erazo, A.; Bravo, L.E. - P revalencia de sustancias psicoactivas asociadas con muertes violentas en Cali. Colomb Med 36: 146-152, 2005 / Schwilke, E.W.; Santos, M.I.S.; Logan, B.K. - Changing patterns of drug and alcohol use in fatally injured drivers in Washington State. J Forensic Sci 51(5): 1191-1198, 2006 Seymour, A.; Oliver, J.S. - Role of drugs and alcohol in impaired drivers and fatally injured drivers in the Strathclyde police region of Scotland, 19951998. For Sci Int 103: 89-100, 1999 Aumento do risco por uso de drogas em motoristas Risco de condutores que em condições normais Drummer et al. (2002) relata que em estudos em 3.389 acidentes com mortes indicam um risco 6,6 vezes maior ( > 5ng/ml THC ) ou 2.1 vzes maior ( < 5ng/ml THC ) para condutores que fizeram uso de maconha. Centenas de outros estudos demostram a relação do consumo de drogas com a acidentalidade. Risco de condutores que fizeram uso de maconha Fonte: Drummer et al. (2004) Australia 1990-99 Fatally injured drivers (N-3,398) Uso de drogas pelos motoristas profissionais no Brasil Em 2010, a Polícia Rodoviária Federal, em conjunto com uma universidade, realizou exames toxicológicos em voluntários em caminhoneiros do ES. O resultado foi alarmante: um em cada três motorista dirigia Fonte: BHTrans naquele momento sob o efeito de psicoativos. Uso de drogas pelos motoristas profissionais no Brasil 30% dos caminhoneiros fazem uso freqüente de alguma substância ilícita. A conclusão é de uma pesquisa do Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso (MPT/MT). Fonte: Renata Pompeu, repórter da Agência Brasil Depois das anfetaminas, a droga mais consumida é a cocaína, inclusive crack. O objetivo: ficar acordado e conseguir trabalhar por mais horas seguidas. A prevalência das anfetaminas deve ser menor a partir da proibição da ANVISA dessas substâncias, sendo substituídas pelas metanfetaminas e cocaína/crack. Como reduzir a acidentalidade decorrente do abuso de drogas? • Melhoria das condições de trabalho, • Maior repressão ao tráfico de drogas, • Educação, • Exames toxicológicos Exames toxicológicos Exames toxicológicos Janela de detecção Tempo de alcance retroativo Tabela comparativa CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Janela de Detecção Avaliação do padrão de consumo COLETA E LOGÍSTICA TIPO DE AMOSTRA Tempo de coleta Possibilidade de mascaramento Facilidade de Contra-Prova posterior Confirmação por métodos cientificamente válidos Complexidade da coleta Constrangimento do processo de coleta Perecibilidade da amostra Facilidade de armazenamento URINA CABELO SALIVA Até 3 dias 90-180 dias Até 6 horas Não Sim Não Alta Inexistente Baixa Dificil Simples Dificil Válido Válido Válido Alto Baixo Médio Médio Baixo Baixo Alto Médio Médio Sim Não Sim Baixo Alto Alto EXAME TOXICOLÓGICO DE LARGA JANELA DE DETECÇÃO Utilizado, no Brasil, por: • • • • • • • • Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Abin, Depen, Exército, Aeronáutica, Marinha, 23 Polícias militares e Bombeiros, • 12 Polícias civis e institutos de criminalistica, • Diversas agências prisionais, • Algumas dezenas de empresas como a Azul, Passaredo, TRIP e TAM. Oferta •Mais de 7 empresas independentes provedoras da tecnologia ( 3 com laboratórios no Brasil ), •Mais de 2.000 laboratórios associados. Drogas detectadas •Cocaína e derivados (crack, merla…) •Maconha e derivados •Anfetaminas (rebite) •Metanfetaminas (rebite) •Ecstasy •Ópio •Mofina •Heroína •Codeína Estudo de Caso Caso J. B. Hunt ( EUA ) • Descrição da empresa: – A J. B Hunt é uma das maiores empresas de transporte dos EUA, com faturamento superior a 3 bilhões de dólares. – Possui 12.000 cavalos e 47.000 carretas, com 16.000 motoristas. • Desafio: – A empresa seguia um programa completo DOT incluindo testagem por urina ( admissional, randomico com 25% ao ano e pós-acidente ). – Os acidentes envolvendo drogas subiam e entre setembro de 2005 e fevereiro de 2006 dois acidentes fatais envolvendo drogas indicaram a necessidade de mudanças. • Novas providências: a adoção de exames toxicológicos de larga janela de detecção em adição ao programa obrigatório de urina. Objetivos: – Detectar e tratar os usuários repetitivos de drogas antes que eles participassem de acidentes e aumentar a segurança. – Para isso iniciaram exames de larga janela admissionais e randomizados, em paralelo aos exames obrigatórios de urina. Comparação entre os exames positivos – curta janela de detecção ( urina ) e larga janela de detecção ( queratina ) na admissão e randomicos. 64.814 indivíduos testados com ambas tecnologias simultaneamente Maio de 2006 até Fevereiro 2013 Queratina Urina Positivos 559 Positivos 3.690 Taxa de positivos 0.86% Taxa de positivos 5.69% * Os exames de larga janela tiveram 6.6 vezes mais positivos. Para cada usuário detectado na urina, mais de cinco outros passariam indetectados. 22 J.B. HUNT Taxa de resultados positivos para testes de urina comparados com percentual de motoristas submetidos ao teste de cabelo 4.5% 3.9% 4.0% 3.4% 100% 3.7% 90% 3.4% 3.5% 2.7% 78% 3.0% 2.3% 1.9% 2.5% 82% 87% 89% 89% 80% 70% 60% 63% 50% 2.0% 1.3% 1.5% 0.9% 1.0% 40% 42% 1.4% 1.1% 1.0% 30% 0.7% 1.0% 0.6% 20% 0.5% 0.4% 20% 0.3% 0.3% 0.3% 0.2% 2010 2011 2012 2013 0.0% 10% 0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Taxa Taxa positiva positiva em em toxicológicos toxicológicos Pós-acidentes Pós-acidentes (Urina) (Urina) Taxa Taxapositiva positivaem emtoxicológicos toxicológicosPós-acidentes Pós-acidentes(Urina) (Urina) % % de de motoristas motoristas ativos ativos submetidos submetidos aa toxicológicos toxicológicos (queratina) (queratina) 2007 2008 2009 Taxa positiva em toxicológicos aleatórios (Urina) % de motoristas ativos submetidos a toxicológicos (queratina) • Os exames toxicológicos de queratina ocasionaram uma drastica redução do uso de drogas e acidentes no estudo com 65.000 indivíduos. • A positividade nos exames randomicos caiu de 1,4% para 0,2% • Nenhum acidente ocasionado por drogas nos últimos 5 anos! Exames toxicológicos Uso recomendado dos exames toxicológicos no âmbito dos motoristas profissionais: Admissional e/ou concessional de CNH profissional • Larga janela de detecção Objetivo: não habilitação ( acesso ) até a reabilitação, Randomizado • Larga janela de detecção • Urina Objetivo: dissuasão e reabilitação, Blitz ( no momento da direção ) • Saliva Objetivo: dissuasão e eventual responsabilização nos termos da lei, Pós-acidente • Urina Objetivo: estudos estatísticos e eventual responsabilização. Obrigado [email protected] [email protected] (11) 97205-9371 Os créditos por alguns dos slides aqui apresentados são dos pesquisadores da UNIFESP