Revisitando Memórias: Os índios Tuxá sem a Ilha da Viúva Autor: Felipe Sotto Maior Cruz Orientador: Karenina Vieira Andrade Universidade Federal de Minas Gerais APRESENTAÇÃO O povo indígena Tuxá do qual faço parte, são os imemoriais habitantes do sub médio Rio São Francisco. Atualmente residem no município de Rodelas na Bahia, e foram removidos de seu território original com a construção da Hidrelétrica de Luiz Gonzaga (PE) no ano de 1988. Hoje, 25 anos após ter o seu território inundado, os Tuxá continuam na luta para que a CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), empresa responsável pela construção da hidrelétrica, cumpra com os acordos entre eles estabelecidos e entregue um novo território para os Tuxá. OBJETIVOS Tendo em vista a falta de um território, o objetivo desse trabalho é investigar a relação entre identidade e memória no contexto Tuxá. O modo de viver dos Tuxá passou por rápidas mudanças, e para melhor entender como os indígenas se percebem enquanto Tuxá hoje, e manifestam a sua identidade politicamente é preciso compreender de que forma esses índios lidam com o presente, e reproduzem sua identidade étnica sem a Ilha da Viúva, território que foi inundado. Crianças Tuxá tomam banho de rio. METODOLOGIA Trabalho de campo com a realização de entrevistas semi estruturadas com os índios Tuxá mais velhos. CONCLUSÕES Os Tuxá tiveram de se organizar e elaborar estratégias políticas para lidar com o contexto no qual estão inseridos. Com as rápidas mudanças e com 25 anos sem território, as memórias a respeito do passado detém, hoje, um importante papel na dinâmica identitária desse povo. Descaracterizados quanto ao modo que viviam, e incertos a respeito do futuro, as narrativas sobre o passado se tornam o local privilegiado para legitimar demandas políticas, e para respaldar a identidade Tuxá. As narrativas Tuxá sobre a Ilha da Viúva, são informadas, sobretudo, pelo presente, e vem a responder a atual situação de adversidades cotidianas de vida desses índios. O território perdido, se faz presente, mesmo que ausente fisicamente, sob a forma de memórias, sendo que o modo de se perceber enquanto Tuxá, continua atrelada ao passado e ao território inundado.