No Quarto da Rita
No quarto da Rita há um armário.
Havia lá uma caixa enfeitada com desenhos e fitas de cor,
onde morava um bombom redondo, rechouchudo, atafulhado
de creme cor-de-rosa.
Ao chegar a casa, a Rita abria a porta do quarto,
depois a porta do armário e por fim a caixa de bombons.
Ficava então a olhar para o bombom de papel dourado.
Queria comê-lo… mas era o último!
Se comesse aquele bombom, só restaria uma caixa vazia…
A Rita não comia o bombom; fechava a caixa,
fechava o armário, fechava o quarto e ia jantar.
No dia seguinte, ao voltar da escola,
tornava a abrir a porta do quarto, a porta
do armário, a caixa bonita, e ficava a pensar
se iria ou não comer aquele bombom,
o último entre as camadas de papel frisado.
Também todos os dias, uma formiga que não abria a porta
do quarto, não abria a porta do armário, não abria a caixa,
ia comer um pedacito do bombom de creme cor-de-rosa.
Vinha de um buraco na parede, entrava na caixa,
corria pelas fitas de papel frisado, esgueirava-se
pelas dobras do papel dourado e… chegava
ao chocolate apetecido.
Durante dias, a Rita abria a porta do quarto,
abria a porta do armário, abria a caixa…
e não comia o bombom.
Durante dias, a formiga não abria a porta do quarto,
nem abria a porta do armário, nem abria a caixa…
e ia comendo o bombom.
Até que um dia, a Rita empurrou a porta do quarto,
escancarou a porta do armário, fez saltar a tampa
da caixa… e comeu o bombom de barriguinha
cor-de- rosa e capa de papel dourado.
Nesse dia, a formiga trepou pelo armário, chegou
à prateleira, correu pelas fitas de papel colorido,
mas… já não havia bombom de creme rosado.
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