Fundamentos de Agronegócio Prof. Msc. Marielen C. S. [email protected] Material Prof. Dr. Jairo Bolter HISTÓRICO DA AGRICULTURA Primeira Revolução Agrícola: ocorreu entre os séculos XVI a XIX. Características: 1. Reduziu o problema da escassez de alimentos (maior escala de produção de alimentos); 2. Aproximou a produção vegetal da pecuária; Foi o primeiro estágio da agricultura moderna, sendo que hoje este modelo é chamado de “tradicional”. HISTÓRICO DA AGRICULTURA O principal alicerce foi a implantação do sistema de rotação de culturas, o que permitiu: Maior lotação de gado – com leguminosas; Aumento da fertilidade do solo; Aumento da diversidade de culturas na mesma propriedade; Intensificar o uso do solo; Abandonar o sistema de pousio. HISTÓRICO DA AGRICULTURA Segunda Revolução Agrícola: ocorreu em meados do século XIX. Características: Em 1840, Liebig publicou: 1. Suas pesquisas em que constatou que a nutrição mineral das plantas se dá pelas substâncias químicas; 2. A produção agrícola será proporcional à quantidade de substâncias químicas adicionadas ao solo – lei do mínimo. Tais idéias/teorias impulsionaram a adubação química e mineral (sintética). HISTÓRICO DA AGRICULTURA Características: 1. Adubos químicos/sintéticos são de mais fácil aplicação; 2. Adubos químicos/sintéticos reduzem o tempo e a necessidade de mão-de-obra para a aplicação Conseqüências: 1. Os agricultores foram abandonando as criações e a rotação de cultura com leguminosas; 2. A substituição dos sistemas complexos, por sistemas simplificados e monoculturais. Os componentes da produção agrícola foram sendo “apropriados” pela indústria - “apropriacionismo”. Goodman, Sorj e Wilkinson HISTÓRICO DA AGRICULTURA Terceira Revolução Agrícola: a partir dos anos 1960. Características: 1. Melhoria da produtividade agrícola; 2. Substituição dos fatores de produção (semente, fertilizantes, agrotóxicos, mecanização, etc.). “Pacote Tecnológico”; 3. Monocultura e especialização; 4. Controlar e modificar processos biológicos. Adaptar culturas de clima temperado aos diferentes ambientes – apropriacionismo internacional. HISTÓRICO DA AGRICULTURA CONSEQUÊNCIAS: Impactos Sociais (substituição da mão de obra por máquinas): 1. Concentração de terra e renda; 2. Êxodo Rural; Impactos Ambientais: 1. Compactação do solo; 2. destruição de florestas; 3. perda da biodiversidade; 4. contaminação do solo, da água, dos animais silvestres, do homem e dos alimentos Impactos Econômicos: 1. Aumento da produção, por ha e no geral; 2. Aumento do custo de produção; HISTÓRICO DA AGRICULTURA 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 1500 1800 1900 1930 1960 1990 Evolução da Agricultura no Brasil 2013 Agricultura X Agronegócio Propriedade Rural – até 1960: 1. Produção a partir dos fatores naturais; 2. Manejo produtivo (manual – tração animal); 3. Baixo impacto ambiental; 4. Famílias com vários filhos; 5. Baixa produtividade agrícola; 6. Baixo custo de produção; 7. Produção para o auto consumo; 8. Produção, agroindustrialização e comercialização familiar Propriedade Rural (pós 1960): 1. Produção agrícola dependente de insumos externos a UPA; 2. Manejo Mecanizado; 3. 4. 5. 6. 7. Alto impacto ambiental; Famílias menores (menos filhos); Alta produtividade agrícola; Aumento no custo de produção; Produção de comoditties; 8. Produção, agroindustrialização, e comercialização organizada e planejada (Gestão e planejamento das ações). O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura 1500 – 1850 - Capitanias hereditárias e sesmarias; 1850 – 1890 Lei de Terras de 1850; Abolição do tráfico de escravos em 1851 e a abolição da escravatura em 1888; O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura 1930 – 1950 Crise de 1929 (queda da bolsa de valores New York) Afeta a produção de café Pais basicamente rural Inicio do processo de acumulação do capital e Industrialização pela substituição das importações Em 1948 foi criada a Associação de Crédito e Assistência Rural – ACAR/MG. Década de 1950: Governo de Juscelino Kubitschek Plano de Metas Processo de substituição de importações O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Década de 1960 (> evidência após o golpe de 1964) Novo padrão de desenvolvimento rural com a participação do Estado Política de financiamento agrícola Crédito Farto Política de controle de preços e incentivos fiscais Política Tecnológica/ Difusor de Tecnologia - Mudança na base técnica da agricultura, consolidação do CAI; - Processo de Modernização com ênfase: Na diversificação e aumento de produção Na transformação da base técnica da agricultura com a O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Década de 1970 (milagre brasileiro-1967 a 1973) Década de ouro Crédito farto com taxas de juros altamente subsidiadas, privilegiando: O grande produtor (investimento, comercialização e custeio) Industrias de bens de capital Industrias processadoras Industrias química e petroquímica Em 1973 foi criada a EMBRAPA Em 1974 foi criada a EMBRATER (extinta em 1990) O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Década de 1970 nacionais de desenvolvimento (PND I – 1972-1974 / PND II 1974-1979). Ambos mantêm na pauta a ideia da modernização com incentivos fiscais e financeiros para o setor agrícola e abolem o termo reforma agrária. Dois planos Na segunda metade da década 70 Esgotamento do milagre econômico; Crise financeira internacional e inflação; A política agrícola é voltada para fomentar a redução dos preços agrícolas ao consumidor e a geração de maiores rendas dos produtores rurais. A agroindústria começa a ser estimulada na ótica de disseminação da empresa rural. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Na década de 1980 Período recessivo do inicio da década (80); Redução nos investimentos. Na agricultura redução dos valores disponibilizados para o crédito agrícola. fortalecer os complexos agroindustriais; foco passa a ser os estoques reguladores e a fixação de preços mínimos; concentrando-se os investimentos nas políticas de abastecimento que abarcavam dois terços dos gastos do Estado com o setor agrícola. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Década de 1980 (década perdida) Crise do modelo de desenvolvimento via CAI – devido às mudanças de seus elementos de sustentação; Crise fiscal e desarticulação do aparato de regulação estatal – dívida pública elevada, poupança pública negativa. Com a Redemocratização (final dos anos 80) a Reforma Agrária volta a ser debatida. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura No inicio dos anos 1990 O governo reduz a participação do Estado na economia: Reduz a participação do Estado na agricultura, O que provoca a desestruturação do aparelho estatal de apoio à agricultura (crise da agricultura; queda no PIB agrícola; e paralisação de diversas ações e políticas); A estabilização da moeda nacional via plano real, e a valorização cambial, frente a uma economia aberta aos mercados, surgem os Contratos de Opção (o agricultor poderia vender ao governo em data futura, seus produtos. Reduzindo os custos e riscos de estocagem pública.) O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Crédito rural Em 1965 foi criado o Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR. 1. Em 1979 foram investidos 20 bilhões e em 2010 foram 107 bilhões, porém agora muito mais polarizado); Objetivo do crédito era financiar o capital de giro à produção e comercialização e a adoção de tecnologia moderna. PROVAP (Programa de Valorização da Pequena Produção), criado em 1995, foi transformado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, em 1996. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura PGP (Política de Preços Mínimos) PGPAF – Programa de Garantia de Preços Para a Agricultura Familiar). Incentivar a produção e assegurar o abastecimento dos mercados agrícolas com uma oferta de preço que seja justo ao consumidor e assegura renda ao produtor. AGFs (Aquisição do Governo Federal) Caso a safra seja abundante e da queda de preços no mercado, o governo Federal garante a compra da produção pelo preço mínimo estabelecido antes da safra. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura PLE (Política de Liberação de Estoques) • Benéfica ao consumidor e a agroindústria na medida em que mantém um controle sobre os preços do produto final a eles ofertados; Seguro Agrícola • Os riscos característicos da atividade agrícola e as constantes perdas de safras pelos agricultores fizeram com que fosse instituído o Seguro Agrícola, uma política do Governo que visa proteger o agricultor contra perdas físicas da produção. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Atualmente: • Dois Ministérios Específicos para o meio Rural (MDA E MAPA); • Políticas Territoriais; • Outros (as) Políticas e ou Programas Estruturais (Habitação Rural, Educação, Mais Alimento, PAA, PNAE, etc.) • Em 2013 foi criada a ANATER – Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura 1964 – Criado o Estatuto da Terra. Módulo rural. Dimensão variável, depende das características ecológicas e econômicas de onde está localizado. o Localização da propriedade, quanto mais próxima de um grande centro, menor será sua área. o Fertilidade do solo e clima, quanto mais propícias as condições naturais da região, menor será a área do módulo. o Tipo de produto cultivado, área de cultivo com técnicas tradicionais, o módulo rural deve ser maior do que em uma região que produz com emprego de tecnologia moderna. O Estado Brasileiro e as Ações Para a Agricultura Pequenas propriedades – até 4 módulos rurais. Médias propriedades – de 4 até 15 módulos rurais. Grandes propriedades – maiores de 15 módulos rurais. OBS: Constituição Federal proíbe a desapropriação de pequenas e médias propriedades, assim como as grandes propriedades produtivas, para fins de assentamento rural. Desempenho da agricultura familiar e patronal 82,5% dos estabelecimentos agricultura familiar. • • dos estabelecimentos agricultura patronal. • praticam a Aproximadamente 31% da área utilizada pela agropecuária. Aproximadamente 38% do valor de produção bruta da agropecuária nacional. 17,5% • agrícolas agrícolas praticam a Aproximadamente 69% da área utilizada pela a agropecuária. Aproximadamente 62% do valor de produção bruta da agropecuária nacional. Brasil: renda total dos estabelecimentos rurais (R$/ha/ano) Área média dos estabelecimentos rurais, em hectares 2002 Produção agrícola – Milho (em grão) 2006 30% 25% 20% 15% 26% 10% 5% 12% 10% 10% MG SP MT 8% 10% 0% PR GO RS Produção agrícola – Arroz 2006 70% 60% 59% 50% 40% 30% 17% 20% 9% 10% 6% 3% 2% PA TO 0% RS MT SC MA Produção agrícola – Soja (em grão) 2006 35% 30% 30% 25% 18% 20% 14% 15% 11% 8% 10% 5% 5% 0% MT PR GO MS RS MG Produção agrícola – Trigo (em grão) 2006 60% 50% 50% 40% 33% 30% 20% 10% 3% 4% 6% 2% 0% PR RS MS SP SC GO Questões centrais: 1. Diferentes realidades e situações vivenciadas no meio rural; Agricultura (A) AGRICULTURA (B) Um novo Rural A partir da década de 1930, com maior intensidade nas de 1960 e 1970, o produtor rural passou, gradativamente, a ser um especialista, envolvido quase exclusivamente com as operações de cultivo e criação de animais. As demais funções (armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, bem como as de suprir insumos e fatores de produção), foram sendo transferidas para organizações produtivas e de serviços nacionais e/ou internacionais (públicas e ou privadas) fora da porteira. O conceito de agronegócio implica, na idéia de sistema, de cadeia produtiva, com seus elos entrelaçados e sua interdependência. A agricultura contemporânea, mesmo a familiar, extrapolou os limites físicos da propriedade, de montante a jusante. O agronegócio é a soma total: • Das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; • Das operações de produção na fazenda; • Do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.