ESCOLA BÍBLICA (Escola da Fé) EVANGELHO SEGUNDO MATEUS EVANGELHO SEGUNDO MATEUS LUTAR PELA JUSTIÇA LEVA A MORTE (II) (Mateus 26,30-75) Em meio às traições explícitas ou veladas por parte dos discípulos, a violência das autoridades, a calúnia que o condena, Jesus permanece sozinho, mas fiel até o fim. Só lhe resta a fidelidade ao projeto do Pai, e selar com o próprio sangue a opção que fizera no início de sua atividade (veja 3,15) e pela qual lutara a vida inteira. Agora é o momento da consequência fatal. Fugir dela seria desmentir toda uma vida consagrada ao anúncio e a prática da justiça que Deus quer. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Fidelidade x traição (Ler 26,30-35) No monte das Oliveiras (26,3O-35) Jesus anuncia os acontecimentos trágicos que estão para acontecer e a consequência: os discípulos se dispersarão, isto é, tentarão salvar a própria pele. Mas ele também faz uma promessa: "depois de ressuscitar, eu irei à frente de vocês para a Galileia". A Galileia era a fronteira com as outras nações: Jesus será o líder dos discípulos que anunciarão o evangelho a todos. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Pedro é impetuoso: diz que não ficará desorientado com o que vai acontecer a Jesus, e que não o negará, mesmo que tenha de morrer junto. Está confiando demais em suas próprias forças. Jesus, porém, garante que ele o negará completamente naquela mesma noite. Ora, se o líder dos discípulos e mais tarde chefe da igreja negou a Jesus na "hora h", o que poderemos nós fazer? EVANGELHO SEGUNDO MATEUS A suprema tentação (ler 26, 36-46) Jesus vai para um lugar retirado, chamado Getsêmani, e leva consigo Pedro, Tiago e João, os mesmos que haviam presenciado sua glória (26,3646; confira 17,1). E hora de angústia diante do que vai acontecer, e Jesus espera um pouco de companhia. Mas os discípulos escolhidos dormem, isto é, estão completamente inconscientes e alheios à situação. É chega a hora da última e suprema tentação. Diante dos acontecimentos que se precipitam, Jesus prevê seu destino fatal. Como qualquer um de nós, ele sente EVANGELHO SEGUNDO MATEUS dentro de si mesmo o medo, e a sua oração ao Pai é a busca de algo em que se agarrar: "Se é possível, afaste-se de mim este cálice". O cálice ou taça era um símbolo do destino (veja o salmo 75,9), das consequências que uma pessoa devia aceitar pela forma de viver que havia seguido. Jesus está bem consciente de que a luta pela justiça vai lhe custar à vida. Mas ele vence a tentação: "Não seja feito como eu quero, e sim como tu queres". O que Deus quer é a justiça que funda um mundo novo, onde todos, sem exceção, poderão ter a liberdade e a vida. Mas a EVANGELHO SEGUNDO MATEUS justiça custa caro, custa à vida, principalmente quando se ousa, como Jesus, desmascarar aqueles que criam e mantêm uma ordem social injusta. Jesus foi até o fim. E nós? Ficaremos enquanto isso dormindo, como aqueles discípulos escolhidos? Somente a oração poderá evitar que no último momento desmintamos o projeto de nossa vida inteira... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Entrega e não-violência (ler 26, 47-56) A cena da prisão (26,47-56) coloca em pauta o afeto e a traição, a violência e a não-violência. Judas o trai com um gesto de amizade, e Jesus o chama de amigo. Ao mesmo tempo, a multidão armada de espadas e paus avança contra um Jesus indefeso e que recusa qualquer defesa que lance mão da violência. Por quê? Porque, de acordo com o projeto de Deus, que nasce do amor, a justiça não se impõe pela violência, mas pela sedução e convite do amor. O amor é forte e EVANGELHO SEGUNDO MATEUS fraco, pois depende sempre da aceitação ou não aceitação do outro. Enquanto isso, a violência não gera justiça, mas violência. Jesus podia recorrer ao poder para se salvar. Fazendo isso, porém, estaria caindo nas tentações (reveja 4,141), usando o poder para salvar a si mesmo. Condenação por calúnia (ler 26,57-68) Diante da autoridade religiosa (sumo sacerdote), da autoridade civil (anciãos) e da autoridade intelectual (doutores da Lei), desenvolve-se o julgamento de Jesus, que é uma verdadeira palhaçada (26,57-68). EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Ninguém tem uma acusação séria e convincente. Teriam muitas, talvez, mas todas elas poderiam condenar a eles, e não a Jesus. Até que aparecem duas testemunhas com um depoimento: "Esse homem declarou: 'Posso destruir o Templo de Deus, e construí-lo de novo em três dias". Ora, não encontramos isso no evangelho de Mateus, mas no de João, e de forma diferente: "Destruam esse Templo..." (veja João 2,19). Aqui Jesus está falando contra as autoridades, e as acusa de elas estarem pervertendo e destruindo a relação EVANGELHO SEGUNDO MATEUS entre Deus e os homens! Mas as autoridades levam a sério a acusação, pois sabiam que só o Messias poderia fazer o que Jesus pretendia. Jesus não se afirma Messias, mas não recusa o que afirmaram, e acrescenta que ele é o Filho do Homem, a misteriosa personagem de Daniel 7,13, que iria fazer o julgamento e implantar o Reino de Deus. Ou seja, de réu ele passa a juiz, para condenar todos aqueles que condenam a justiça. E quando o sumo sacerdote rasga as vestes, ele está declarando a ruptura definitiva entre o projeto da justiça e os mantenedores da injustiça. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Reconhecer-se traidor é caminho para a conversão (ler 26,69-75) Enquanto Jesus se defronta com as maiores autoridades, Pedro se encontra com pessoas simples, criadas e servos (26,69-75). Segundo Mateus, é o único discípulo que segue a Jesus "de longe" (26,58). Todavia, nem ele mesmo é capaz de sustentar a fidelidade até o fim. Primeiro diz que não sabe de nada, depois jura que não conhece a Jesus, e por fim acha que é até um insulto dizer que ele era discípulo... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS O que dizer? Nada mais. Fica por conta do galo que canta na voz da consciência de cada um... e depois chorar amargamente. Esse choro é o começo da tomada de consciência e da conversão. Quem foi traído e quem foi traidor pode descobrir o que é o amor. Mas, para isso, o traidor deverá pedir perdão, e o traído deverá perdoar. O que acontecerá depois? Só Deus sabe... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Para refletir em grupos 1. Estamos dispostos a seguir Jesus. Mas até onde? 2. A suprema tentação é largar tudo na "hora h" e salvar a própria pele. Comente. 3. Por que a justiça não pode ser imposta com violência? 4. As pessoas que lutam pela justiça sempre acabam sendo caluniadas. Você conhece algum exemplo? Cite e comente. 5. Pedro era o líder dos discípulos e acabou sendo o chefe da igreja. Até ele traiu Jesus. Será que nós também não traímos? O que fazer depois de tomar consciência de nossas pequenas ou grandes traições? EVANGELHO SEGUNDO MATEUS LUTAR PELA JUSTIÇA LEVA A MORTE (III) (Mateus 27,1-31) Abandonado e traído pelos amigos, preso, julgado e condenado graças a falso testemunho, Jesus enfrenta sua meta final: já foi condenado a morte. Os mantenedores de uma sociedade injusta não podem mais suportar alguém que pela simples presença os acusa e condena, porque amam mais os seus próprios privilégios do que a causa da justiça, que deveria ser o seu objetivo e função. Curiosamente, porém, é depois EVANGELHO SEGUNDO MATEUS de sua condenação como culpado que Jesus começa a receber a absolvição como inocente, vinda exatamente de onde menos poderíamos esperar. Jesus é inocente! (ler 27,1-10) O fato de Jesus ser levado a Pilatos, o governador romano, mostra que as autoridades judaicas já chegaram à sentença (26,66), mas não podem executá-la. Por isso recorrem ao poder romano (27,12). EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Ao saber dos acontecimentos, Judas, o traidor, se enche de remorso e, embora tarde demais, faz uma tentativa de voltar atrás (27,3-10). Devolver as trinta moedas, que era o preço de um escravo, significava que ele queria se retratar, ou seja, reconhecer que Jesus era inocente. Neste caso, quem devia morrer era o delator, o próprio Judas. Contudo, as maiores autoridades religiosas e civis não dão importância a retratação de Judas. Elas já conseguiram o que queriam (26,3-5) e vão até o fim. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Atirando as moedas no santuário, Judas denuncia que os verdadeiros responsáveis pela morte de Jesus são as autoridades. Depois, enforcando-se, ele próprio realiza contra si mesmo a sentença. Remorso e arrependimento podem vir tarde demais... Jesus é inocente! (Ler 27, 1-2.11-19) As autoridades judaicas recorrem a Pilatos, o governador romano (27,1-2.11-19), a fim de executar a sentença de morte. O texto só diz que os sumos sacerdotes e anciãos o acusavam, mas não diz qual era a acusação. A primeira pergunta de Pilatos, EVANGELHO SEGUNDO MATEUS porém, dá a entender que as autoridades judaicas mudaram a acusação. Jesus fora condenado por elas por sua ameaça contra o Templo, e por se fazer de Messias, o Filho de Deus (26,61-64). Pilatos pergunta: "Tu és o rei dos judeus?" Ou seja, para condenar Jesus, as autoridades religiosas usaram argumentos religiosos; mas, para conseguir a aprovação da autoridade política afetiva, usaram argumentos políticos: a realeza de Jesus poderia ameaçar o poder romano... Pilatos sabe, no entanto, que as autoridades judaicas estavam entregando EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Jesus por inveja. E por aí vemos que autoridade com autoridade se entendem, pois todas elas, quando não servem ao bem do povo, estão interessadas apenas em conservar o próprio poder e prestigio. Jesus se cala diante de toda essa "sujeira", e o seu silêncio ao mesmo tempo denuncia e acusa. E, no meio disso tudo, ecoa uma nova proclamação de sua inocência: a mulher de Pilatos tem um sonho que a tortura, pois mostra-lhe que Jesus é inocente. Em Mateus os sonhos são importantes, pois apresentam a voz de Deus: Deus está falando através dos pagãos. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Jesus é inocente! (ler 27,20-26) Pilatos fica numa situação difícil. Compreendo que Jesus é inocente, mas não pode contrariar as autoridades judaicas. Recorre então ao costume judaico de soltar um preso pela festa da Páscoa, talvez uma lembrança da libertação do Egito (27,1526). E assim temos o impasse, colocado para que a vontade popular decida. A quem libertar: Barrabás ou Jesus? Ora, Barrabás era um zelota, guerrilheiro subversivo que pretendia EVANGELHO SEGUNDO MATEUS acabar com o poder romano que dominava a Palestina. Perigo para Pilatos. Jesus era o justo lutando pela justiça e contra tudo o que diminuía e destruía a vida do povo. Perigo para as autoridades judaicas, que perderiam seu prestígio e influência. Mais curioso ainda: Barrabás é quem tinha intenções políticas, justamente a acusação que as autoridades judaicas tinham apresentado contra Jesus... Quem é que vai resolver o impasse? O povo. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Mas as autoridades judaicas são mais espertas. Conseguem convencer a multidão do povo, colocando-a a serviço dos próprios interesses. Pilatos teme a subversão política, mas as autoridades judaicas temem algo muito maior que isso: A justiça pregada e praticada por Jesus é muito mais perigosa, pois levaria o povo a abrir os olhos para os próprios direitos, acabando não só com o Estado opressor, mas também com os privilégios de todos aqueles que exploram e oprimem o povo. Sem dúvida, o projeto de Jesus era mais radical. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Pilatos, ou o poder político, lava as mãos, isto é, não assume a responsabilidade (veja Deuteronômio 21,68). E aí temos a "justiça" do poder político: para assegurar o poder e a influência, sacrifica o que for preciso, inclusive entregando a morte um inocente, mesmo sabendo que é inocente. E o povo? Assumindo a morte do inocente que luta pela causa do povo, renuncia a sua própria libertação, e escolhe continuar servindo aqueles que o exploram e dominam. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Jesus é o Rei que dá a vida (ler 27,27-31) Os soldados de Pilatos são os defensores do poder que oprime. Toda a cena que montam com Jesus é, portanto, uma crítica ao poder político opressor (27,27-31). Ao revestirem Jesus com os sinais de um rei poderoso (manto, coroa, cetro) e ao caçoar dele com o gesto de adoração, eles na verdade estão pondo abaixo todo um sistema fundado na riqueza e no poder, que explora e oprime o povo, a começar por aqueles cuja função é defender e preservar os privilegiados. Afinal, por que os poderosos precisam de tanta proteção? EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Depois do gesto perturbador dos soldados, Jesus é vestido novamente com as próprias roupas. Sim, ele é Rei, mas o rei da justiça que se identificou com aqueles que foram marginalizados pela riqueza e pelo poder. Para estes ele vai dar a própria vida, porque o homem justo não tira a vida de ninguém. Em vez disso, entrega a vida que tem (reveja 25,31-46). EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Para refletir em grupos 1. Por que um homem justo e inocente é capaz de abalar as maiores autoridades? Onde está sua força? 2. Como é que você interpreta o silêncio de Jesus diante de Pilatos? 3. O que é mais perigoso para o sistema injusto: alguém que quer o poder para mudar as coisas, ou alguém que luta pela justiça para transformar radicalmente a sociedade? 4. Podemos ser ingênuos ao recusar aqueles que de fato iriam nos levar a libertação. Como vencer essa ingenuidade? EVANGELHO SEGUNDO MATEUS LUTAR PELA JUSTIÇA LEVA A MORTE (IV) (MATEUS 27,32-61) Depois de toda a farsa montada pelas autoridades religiosas e políticas, Jesus é levado à morte. A cruz era a sentença de morte que os romanos reservavam para os inimigos políticos, isto é, os rebeldes que recusavam a "ordem" imposta pelos poderosos. Os dois "bandidos", crucificados com Jesus, eram subversivos que almejavam o poder para derrubar o poder romano. Todavia, com Jesus é diferente: na cruz ele vai ser reconhecido como o Rei-Messias, o EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Filho de Deus e o Filho do Homem que, na impotência da sua morte, vai dar o Espírito de Deus a todos os que se abrem para o amor. O amor, com efeito, é onipotente e, ao mesmo tempo, impotente: é dinamismo que traz vida, mas depende de ser aceito ou não... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Se és Filho de Deus... (Ler 27,32-44) A execução de Jesus (27,32-44) é cercada de ódio: o vinho misturado com fel visava abrandar o sofrimento, mas lembra o salmo 69,22; a partilha das roupas do condenado era direito dos soldados, mas lembra o salmo 22,19. Os dois salmos se referem ao justo perseguido: Jesus é justo e inocente. O letreiro na cruz apresenta a acusação de morte: Jesus é o ReiMessias que todos esperavam, mas foi rejeitado, porque, ironicamente, as pessoas querem a libertação, mas sem lutar pela justiça... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS E agora temos as revelações. A multidão que passa, as autoridades (sumos sacerdotes, doutores da Lei e anciãos), e até os revolucionários (os dois "bandidos") - todos eles deixam bem claro que confiavam mais no poder que na justiça. A multidão repete a acusação religiosa: tem medo de perder o Templo, única segurança que possui, embora o mantenha explorado e oprimido. As autoridades, ciosas do próprio poder, repetem a acusação política, desprezando o Rei que só quer a justiça que liberta. Os revolucionários também caçoam, certamente porque esperavam que a libertação dependesse da EVANGELHO SEGUNDO MATEUS tomada do poder. Em resumo, tanto os poderosos, quanto os oprimidos e os revolucionários, não acreditam que a liberdade e a vida dependem da justiça, e não do poder. "Se és Filho de Deus" relembra imediatamente as tentações (reveja 4,1-11). Ora, Jesus renunciou ao poder que se impõe e domina. Sua forca foi a de lutar pela justiça do Reino de Deus. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS A morte vitoriosa (ler 27,45-50) Crucificado, Jesus é o Rei (letreiro) que traz liberdade e vida para todos os que aceitam o amor, que faz lutar pela justiça (27,45-50). Às três horas de escuridão lembram os três dias de trevas no Egito (veja Êxodo 10,21s), anunciando a libertação para toda a humanidade e, ao mesmo tempo, a queda de todos os opressores que a escravizam. O primeiro grito de Jesus é de desespero: ele é o justo do salmo 22,2. Será que Deus abandona o justo? Não. Ele quer que a justiça triunfe até o fim, através da EVANGELHO SEGUNDO MATEUS morte. Os presentes pensam que Jesus está pedindo socorro, e fazem mais um gesto de ódio (o vinagre); outros, porém, se entregam a dúvida e a caçoada: se o profeta Elias não o salvar é porque ele não é justo. O segundo é último grito de Jesus é de vitória: nessa hora ele morre, mas entrega o Espírito que recebera no batismo (veja 3,16) e que o levará a viver toda a sua vida a serviço da justiça. Agora está finalmente revelado todo o caminho daquele que luta pela justiça. Todos os que receberem em si esse Espírito irão amar mais a justiça do que a própria vida. É o triunfo do homem sobre todas as forças que fabricam a escravidão e a morte. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS A morte que traz vida (ler 27, 51-56) Os sinais que acompanham a morte de Jesus (27,5156) mostram que sua morte não foi em vão: a cortina do santuário se rasga, há um terremoto, as rochas se fendem e muitos santos mortos ressuscitam. Não temos informação de que essas coisas aconteceram historicamente. O evangelista quer dizer outra coisa. O Templo, onde Deus ficava fechado no santuário, perdeu seu significado; Deus agora está presente em Jesus e no seu projeto de justiça, continuado por todos aqueles que o aceitam e levam a frente. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS O terremoto é sinal de que chegou para todos o reinado da justiça (veja os salmos 96,13s; 99, 1). As rochas das montanhas, lugar de refúgio nos perigos, se fendem: agora Jesus e o seu projeto de justiça são a única segurança para todos. A ressurreição dos mortos na cidade santa certamente não aconteceu em Jerusalém, a cidade que matou Jesus, mas acontece continuamente na comunidade cristã, onde as pessoas mortas pelo sistema social injusto ressuscitam para lutar pela justiça até o fim. O ponto mais alto é a confissão de fé do oficial e dos soldados: "De fato, ele era mesmo Filho de Deus!” EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Eles são pagãos, defensores submissos do opressor, e agora reconhecem o Deus da liberdade e da vida, presente em Jesus. É uma confissão perturbadora para os opressores que impõem o seu poder através da violência para sustentar a injustiça: como sobreviverão sem os seus principais defensores? EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Jesus morreu. É o fim de tudo? (ler 57-61) José de Arimateia, um homem rico, consegue licença para sepultar o corpo de Jesus (27,57-61). Ele é também um discípulo, como aquele jovem rico que desejava seguir Jesus (veja 19,16-26). Também os ricos podem seguir Jesus, desde que troquem sua riqueza pela causa da justiça. E Jesus é sepultado. Fim de tudo? Parece que não. José de Arimateia se retira, mas as mulheres permanecem ali, sentadas. O que esperam elas? Parecem não estar acreditando naquele trágico fim. EVANGELHO SEGUNDO MATEUS E estão certas, pois nem Jesus, nem sua luta ficarão para sempre fechados dentro de um túmulo. Na sua intuição feminina elas parecem esperar que o túmulo se abra, e da morte do mártir da justiça uma vida nova ressurja para todos... EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Para refletir em grupos 1. O que aconteceria se Jesus tivesse usado o poder para se livrar da morte? 2. Diante dos problemas, as pessoas costumam confiar mais no poder do que na justiça. Por que? Acontece o mesmo conosco? 3. Os opressores estarão perdidos se os seus defensores se comprometerem com Jesus e o seu projeto de justiça. Por que? 4. O que as mulheres da nossa comunidade esperam?