FORMAÇÃO PERMANENTE – Diocese de Leopoldina
Seminário da Floresta – Juiz de Fora- MG
25-27 de Maio de 2015
A pastoral presbiteral e a fidelidade
no ministério
"Corramos com perseverança com os
olhos fixos em Jesus" (Hb 12, 1-2).
Pe. Jésus Benedito dos Santos ([email protected])
Pastoral
presbiteral
Introdução
2
Pastoral Presbiteral
Situação problemática
Modo Ideal - Plenitude
Sinal de alerta
A Pastoral Presbiteral é um sonho de maior fraternidade
e unidade os ministros ordenados, em vista da missão.
Novo Pentecostes
A Pastoral Presbiteral se apresenta como um novo
pentecostes para os ministros ordenados. Podemos
dizer
que
a
Pastoral
Presbiteral,
como
novo
pentecostes, vem trazendo mudanças entre eles na
questão da fraternidade presbiteral, na questão da
humanização, na vivência da afetividade, nas relações
com os bispos ou superiores, no reencantamento com
a missão e na formação permanente.
Esperamos um novo Pentecostes que nos liberte do
cansaço, da desilusão e acomodação em que nos
encontramos -DAp 362.
O que é pastoral presbiteral?
A Pastoral Presbiteral é uma ferramenta nas mãos dos bispos
e dos presbíteros e diáconos após o Concílio Vaticano II. Ela
tem como grande objetivo o cuidado dos ministros
ordenados em todas as dimensões: humano-afetiva,
pastoral, intelectual e espiritual. Ela quer ser um lugar de
escuta e de fala, um modo dos ministros ordenados se
organizarem para cuidar de si mesmos.
A Pastoral Presbiteral é uma proposta contra a correnteza do
individualismo e do hedonismo reinante em nossa sociedade. Ela é uma
forma do ministro ordenado deixar-se amar - Muitos ministros
ordenados ainda acham que isso é perca de tempo, que cuidar das
finanças, cuidar da paróquia é mais importante do que participar dela
O que é pastoral presbiteral?
A Pastoral Presbiteral é um espaço de integração e de
intercâmbio, levando o ministro ordenado a cultivar a
alegria e o prazer de ser ministro ordenado, superando
obstáculos e dificuldades. Ela tem como objetivo
proporcionar ao ministro ordenado condições para sua
própria realização humana e vocacional, ajudando-o
em sua configuração com Cristo Bom Pastor.
“Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova, não só com palavras,
mas, sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus” (EG
259). O Evangelho deve ser fonte de alegria para o ministro ordenado. E é
justamente o Espírito Santo que deve guiá-lo neste caminho da alegria.
Resistência à Pastoral Presbiteral
Muitos ministros ordenados têm, à primeira vista, apresentado certa
rejeição ao cuidado oferecido pela Pastoral Presbiteral e até mesmo
a Pastoral Presbiteral, como se isso fosse um sinal de fraqueza ou
“bobeira” dos ministros ordenados. Tal rejeição tem-se dado também
por desconhecer a riqueza da Pastoral Presbiteral, bem como por
orgulho ou vaidade do ministro ordenado. Assim, sabemos que
nestes meios, ela só poderá entrar pelo caminho da conversão. Aí
está nossa prece para que isso aconteça.
Pode acontecer de os ministros ordenados pensar que se reunir, organizar-se é conspirar
contra o bispo e a alta hierarquia da Igreja, sendo traição à autoridade eclesial. Para quem
teme a Pastoral Presbiteral, é bom saber que seu objetivo vai além de algo puramente
humano, alcançando a dimensão transcendental, a qualidade de vida espiritual, a
fraternidade presbiteral, a democratização entre os ministérios, o fortalecimento intelectual,
a dinamização pastoral e missionárias dos ministros ordenados. Ela é assim, “um dispositivo
humanizador dos presbíteros. Ela visa à realização pessoal e comunitária”.
Alegria de ser um ministro ordenado
“É muito ruim encontrar um consagrado abatido,
desmotivado ou ‘apagado’... é como um poço seco
aonde as pessoas não acham água para matar a
sede”
(Papa
Francisco,
68ª
Assembleia
da
Conferência Episcopal Italiana, maio de 2015)
A Pastoral Presbiteral quer ser um espaço na diocese de maior e melhor
cuidado dos cuidadores. Este é o seu objetivo. Sendo um espaço importante
para injetar ânimo novo e alegria ao clero e ao povo. Ela chega, muitas vezes, lá
onde o bispo não consegue chegar. Sua ação deverá atingir o coração do
ministro ordenado, até mesmo daquele ministro "fio desencapado“, que tem
muitos. É o corpo a corpo. Com paciência, diálogo, escuta ajudando uns aos
outros, curando as dores e as crises, trazendo-lhe luzes e força na caminhada.
Viver a alegria de ser ministro ordenado
Recuperemos e aumentemos o fervor de
espírito, ‘a suave e reconfortante alegria
de evangelizar’, mesmo quando for preciso
semear com lágrimas!” (EG 10).
Na medida em que a alegria tende a ir morrendo, tal ministro
ordenado tenderá a apresentar medo exagerado em todos os afazeres
a ele solicitado, ou fugir de tudo e de todos, ou a se perguntar o
porquê de estar aqui no mundo e na Igreja e assim por diante. E no
final, poderá cair no “marasmo presbiteral” (tédio, vazio, não fazer
nada, falta de coragem, desânimo, indiferença, apatia).
Viver a alegria de ser ministro ordenado
O papa Francisco fala da acedia pastoral, isto é, negligência, preguiça ou o
tédio nas ações presbiterais: “Esta acedia pastoral pode ter origens
diversas: alguns caem nela por sustentarem projetos irrealizáveis e não
viverem de bom grado, o que poderiam razoavelmente fazer; outros, por não
aceitarem a custosa evolução dos processos e querem que tudo caia do
Céu; outros, por se apegarem a alguns projetos ou a sonhos de sucesso
cultivados pela sua vaidade; outros, por terem perdido o contato real com o
povo, numa despersonalização da pastoral que leva a prestar mais atenção
à organização do que às pessoas, acabando assim por se entusiasmarem
mais com a ‘tabela de marcha’ do que com a própria marcha; outros ainda
caem na acedia, por não saberem esperar e quererem dominar o ritmo da
vida. A ânsia hodierna de chegar a resultados imediatos faz com que os
agentes pastorais não tolerem facilmente tudo o que signifique alguma
contradição, um aparente fracasso, uma crítica, uma cruz” (EG 82).
Viver a alegria de ser ministro ordenado
O que deve fazer o ministro ordenado viver alegre é a
presença de Jesus Cristo em sua vida e a graça de
poder comunicar Jesus Cristo e seu Evangelho em todos
os lugares, e “nos lugares mais necessitados, como
numa constante saída para as periferias do seu território
ou para os novos âmbitos socioculturais” (EG 30).
Para o papa Francisco, “a tentação se apresenta,
frequentemente, sob forma de desculpas e queixas, como se
tivesse que haver inúmeras condições para ser possível a
alegria” (EG 7).
Viver a alegria de ser ministro ordenado, vencendo as
tentações. O papa Francisco enumera muitas delas
a)Complexo de
inferioridade
b) O relativismo
c) Comodismo
c) Escapismo
d) Desânimo
e) Pessimismo
f) Mundanismo
espiritual
g) Individualismo
h) Vanglória
I) Terrorismo das
fofocas, invejas, ciúmes
e antipatias
Em todas essas tentações acima citadas, faz-se
necessário o gesto de conversão presbiteral.
Viver a alegria de ser ministro ordenado
Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não
deveriam servir como desculpas para reduzir a nossa
entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios
para crescer (...). A nossa fé é desafiada a entrever o
vinho em que a água pode ser transformada e a
descobrir o trigo que cresce no meio do joio. (EG 84).
Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação
de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados
com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão
não estiver plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança,
perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos (EG 85)
Viver a alegria de ser ministro ordenado
“Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi
anunciado e está frutificando” (EG 21). E a Boa
Nova “é a alegria dum Pai que não quer que se
perca nenhum dos seus pequeninos”. Assim nasce a
alegria no Bom Pastor que encontra a ovelha
perdida e a reintegra no seu rebanho” (EG 237).
Quando falta a alegria na vida do ministro ordenado, ele tende a
se tornar às vezes tíbio em sua missão evangelizadora, ou outras
vezes, violento e agressivo com o povo e todos os que dele tende
se achegar.
Viver a alegria de ser ministro ordenado
Um ministro ordenado que não é feliz consigo mesmo, possivelmente, terá
dificuldade em viver seu ministério com alegria e, consequentemente, terá
dificuldade em pregar a Palavra de Deus com alegria e entusiasmo. A falta
de alegria pode levar o presbítero a não preparar bem suas homilias, tendo
dificuldade em trazer para os dias atuais a Palavra de Deus, a não querer
se envolver com as causas, sofrimentos e dores do povo, a não buscar o
crescimento como pessoa e como ministro ordenado, a não abrir o coração
para caminhar com a Igreja, com os irmãos presbíteros, o povo e o bispo, a
não se empenhar em se atualizar e dialogar com o mundo moderno.
A alegria deve ser como um facho de luz a guiar e inspirá-lo em seu
ministério: “Adapta-se e se transforma, mas sempre permanece
pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de,
não obstante o contrário, sermos infinitamente amados” (EG 6).
Viver a alegria de ser ministro ordenado
Podemos dizer que o eco da alegria do ministro ordenado é a
conversão do povo, apregoada nas parábolas mais bonita do
Evangelho de Lucas: Alegria do pastor que encontrou a ovelha
perdida (Lc 15,5); alegria que há no céu por um só pecador que se
converte (Lc 15,7-10); alegria do pai cujo filho volta para casa são e
salvo (Lc 15,32). É a alegria do encontro com Deus, no qual o homem
se vê recriado no abraço deste encontro. É uma alegria que
conduzirá o ser humano à alegria plena e definitiva (Jo 15,11;17,13).
Esta alegria é uma alegria “de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar” (EG 21). É
uma alegria que leva a anunciar o Evangelho com fervor e entusiasmo, com o coração aberto,
alegre a todos. É uma alegria que leva o presbítero a experimentar a “alegria missionária de
partilhar a vida com o povo fiel de Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo”
(EG 271). Tal deve ser esta característica que na falta dela os ministros ordenados devem,
segundo o papa Francisco, pedir: “é uma graça que precisamos pedir” (EG 13).
Contribuição da Pastoral Presbiteral
A Pastoral Presbiteral tem sido um caminho para a conversão do
ministro ordenado, contribuindo para que ele seja mais parecido com
o “coração pulsante de Deus no hoje da história”. Assim, ela tem
buscado ajudar o ministro ordenado a ser uma bênção para a
comunidade, uma bênção para o povo de Deus, uma bênção para o
irmão ordenado. Bênção aqui, no sentido de que não está só
desejando o melhor para o povo ou o irmão ordenado, mas também
atuando a seu favor.
Através das mãos dos ministros ordenados nascem os novos cristãos,
nascem as novas famílias, a comunidade é perdoada e alimentada com o
pão da Palavra e da Eucaristia, recebe e fica repleta do Espírito Santo, é
curada, nascem os novos ministros ordenados. Assim, a comunidade
nasce, é renovada e iluminada com a luz do Evangelho de Cristo
Essência da Pastoral Presbiteral
Falar de Pastoral Presbiteral é falar de um caminho de
bênção e de graças de Deus, nascido após o Concílio
Vaticano II, nos Encontros Nacionais de Presbíteros do Brasil,
a ser trilhado pelos ministros ordenados em vista a alcançar
maior fraternidade e união e cumprirem bem sua missão.
De certo modo, o surgimento da Pastoral Presbiteral assinala,
de um lado, a deficiência das relações de cuidado entre bispo e
presbitério. De outro, aponta para o crescimento da
consciência do valor da fraternidade e união dos ministros
ordenados, em vista da missão.
Nascimento da Pastoral Presbiteral
A Pastoral Presbiteral nasce como um sopro do Espírto Santo,
algo que vem ajudando muito os presbíteros a perceberem
toda grandeza que levam dentro de si, como diz a primeira
carta de São João (2,20-27): “Vós, porém, tendes recebido a
unção que vem do Santo, e todos possuís a ciência (...). Quanto
a vós, a unção que recebeste dele permanece em vós, e não
tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como sua
unção vos ensina tudo, e ela é verdadeira e não mentirosa,
assim como ela vos ensinou, permanecei nele”.
Ela foi assumida nacionalmente pelos presbíteros do Brasil,
no ano de 2004, no 10º Encontro Nacional de Presbíteros do
Brasil. Ela quer ser um modo de cuidar do ministro ordenado.
Fontes da pastoral presbiteral
A pastoral presbiteral deve beber nas fontes
da Palavra de Deus e dos sacramentos,
especialmente da Eucaristia e Confissão, na
oração pessoal e comunitária, na Liturgia
das Horas, na devoção Mariana, na leitura
espiritual, na direção espiritual, na vida em
comunidade e no serviço aos pobres e
sofredores
Fraternidade e união dos ministros
ordenados, em vista da missão
a) Quanto à união, seguir por esse caminho implica em buscar ajudá-los a
avançarem de uma união jurídica, isto é, pelo fato de, pelo sacramento da
ordem terem a mesma missão e estarem no mesmo presbitério, para uma
união sacramental, algo que brote do amor e da consciência de que são
irmãos entre si.
b) Quanto à fraternidade, seguir por esse caminho é avançar para saborear
a graça que brota do sacramento da Ordem que não se resume em
encontros, mas avança para acolher o outro tal como ele é, partilhando
vida, dons e bens econômicos, sendo próximo uns dos outros.
c) Quanto a missão, o ministro ordenado é chamado a levar a luz do Evangelho a
todas a periferias geográficas e existenciais. “Em consequência disto, se quisermos
crescer na vida espiritual, não podemos renunciar a ser missionários” (EG 272).
Assim, a Pastoral Presbiteral quer qualificá-lo para dialogar com esse mundo,
levando o Evangelho de Cristo a todos.
Fraternidade e união dos ministros
ordenados, em vista da missão
A Pastoral Presbiteral, leva o sonho de promover
sempre mais a fraternidade, a união e a comunhão
entre os ministros ordenados, bem animá-los para a
missão segundo o Evangelho de Cristo. Pois, tais
indicações têm poder de curar, promover e fortalecer
os vínculos interpessoais deles, construindo pontes,
estreitando laços, animando cada um.
Segundo o Papa Francisco, há outras coisas que precisam ser curadas pelo
Evangelho de Cristo, tais como “o machismo”, o “alcoolismo”, a “violência”, o
“mundanismo espiritual”. Quando esta cura acontece, os ministros ordenados
podem mais facilmente saborear o ar puro do Espírito Santo (EG 69; 97)
Conversão eclesial
O Concílio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a
uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo (...). Há
estruturas
eclesiais que
podem chegar
a
condicionar
um dinamismo
evangelizador; de igual modo, as boas estruturas servem quando há uma vida
que as anima, sustenta e avalia. Sem vida nova e espírito evangélico
autêntico, sem ‘fidelidade da Igreja à própria vocação’, toda e qualquer nova
estrutura se corrompe em pouco tempo” (EG 26).
Para o papa Francisco a renovação eclesial é inadiável e coloca como eixo principal
desta renovação a questão missionária. Se até então o eixo que guiava a Igreja era o
da Evangelização, agora o eixo é também o da missão: “Sonho com uma opção
missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os
horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado
mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação” (EG 27). Tal
renovação se torna necessária para poder “transmitir ao homem de hoje a
mensagem evangélica no seu significado imutável” (EG 41).
Diocesaneidade
João Paulo II, a ‘diocesaneidade’ da “qual os sacerdotes se
unem mais estreitamente ao Bispo, e constituem um estado
de consagração no qual os sacerdotes, mediante votos ou
outros laços sagrados, são chamados a encarnar na vida os
conselhos evangélicos” (Pastores Dabo Vobis, 81).
“Nenhum sacerdote é sacerdote sozinho; nós somos
um presbitério, e só nessa comunhão com o bispo é
que cada um pode prestar o próprio serviço” (Bento
XVI, discurso, 6 de agosto de 2008)
Diocesaneidade
Alcançar tal ideal de cuidado, dentro da visão da Pastoral
Presbiteral, implica também em avançar para cuidar do irmão
ordenado, ajudando-o a viver a ‘diocesaneidade’. Tal cuidado
abrange toda a vida do irmão, bem como a sua comunhão
com a diocese, da qual ele faz parte. Desta comunhão
ninguém está dispensado.
A “diocesaneidade” é uma das maneiras dos ministros ordenados
revitalizarem as paróquias é a vivência da ‘diocesaneidade’. Tal
‘diocesaneidade’ se manifesta em três situações bem concretas: no
Amor à Igreja diocesana e comprometimento com ela, na fidelidade
ao bispo e na Comunhão presbiteral.
Diocesaneidade
O grande inimigo desta ‘diocesaneidade’, para o papa Francisco, são
as fofocas: “As fofocas são o maior inimigo da ‘diocesaneidade’, isto
é, da espiritualidade”. Assim, cuidar desta espiritualidade da
‘diocesaneidade’ é um modo de cuidar dos presbíteros e dos
presbíteros cuidarem de si mesmos, do irmão presbítero, do bispo,
de sua paróquia e do rebanho do Senhor.
Para o Papa Francisco o centro da espiritualidade do padre
diocesano está na ‘diocesaneidade’: “Mas onde está o
centro da espiritualidade do clero diocesano? Eu diria que
está na ‘diocesaneidade’. É ter a capacidade de abrir-se à
‘diocesaneidade’.
Conversão eclesial
A sensibilidade eclesial se manifesta nas decisões pastorais e na
elaboração
de
Documentos,
nos
quais,
como
diz
o
papa
Francisco, “não devem prevalecer aspectos teóricos, doutrinais e
abstratos,
como
se
nossas
orientações
se
dirigissem
a
estudiosos e especialistas, e não ao povo de Deus. Temos que
traduzi-los em propostas concretas e compreensíveis” (68ª
Assembleia da Conferência Episcopal Italiana, maio de 2015).
A sensibilidade eclesial se revela concretamente na colegialidade e na
comunhão entre os ministros ordenados, na comunhão entre as paróquias
materialmente mais ricas e as que têm dificuldade e na humildade,
compaixão, misericórdia, concretude e sabedoria com que, cada ministro
ordenado assume sua missão de ser pastor junto ao povo de Deus.
a) Como tenho visto a Pastoral Presbiteral e em
que precisamos crescer nessa compreensão?
b)Em que precisamos mais nos converter para
vivermos a sensibilidade eclesial e
diocesaneidade?
c)Onde estão e quais têm sido as maiores
alegrias dos ministros ordenados de nossa
diocese?
28
Pastoral
presbiteral
Missão, objetivo e sonhos da Pastoral Presbiteral
29
Pastoral presbiteral nos documentos da Igreja
Sua implantação passou a fazer dos documentos
da Igreja desde 2007: “As dioceses e Conferências
Episcopais desenvolvam uma pastoral presbiteral
que privilegie a espiritualidade específica e a
formação permanente dos sacerdotes” (Dap 200)
Tal inspiração para a criação da Pastoral Presbiteral nasceu dos impulsos e orientações do
Concílio Vaticano II. O Decreto sobre a Vida e o Ministério dos Presbíteros, “Presbyterorum
Ordinis”, apontava para a necessidade de um cuidado especial com a vida pessoal, a
formação, a ação pastoral (PO 20), o sustento, a saúde (PO 20) e a providência social dos
presbíteros: “ponham, pois, particular empenho na contínua formação do seu presbitério”
(PO 7); “Proveja-se suficientemente tanto à previdência e assistência da saúde, como
costuma dizer-se, como à devida sustentação dos presbíteros que se encontrem doentes,
inválidos ou idosos.” (PO 21).
Pastoral presbiteral nos documentos da Igreja
A Pastoral Presbiteral seja implementada nas dioceses,
através de um trabalho sistemático e organizado, com a
formação de equipes e a elaboração de um plano. O bispo,
com o seu presbitério, cuide para a vida e o ministério dos
presbíteros sejam animados pela fraternidade presbiteral e
pela caridade pastoral (DFPIB, 378)
A Comissão Nacional dos Presbíteros do Brasil, com seus
protagonistas, vem insistindo, encorajando e estimulando os ministros
ordenados a se organizarem, criarem e dinamizarem a Pastoral
Presbiteral, como um caminho de maior fraternidade e unidade, em
vista da missão. O impulso maior foi dado no 10º Encontro Nacional de
Presbíteros do Brasil.
Pastoral presbiteral nos documentos da Igreja
“O primeiro cuidado da pastoral presbiteral é motivar os presbíteros
a serem como Jesus Cristo, o Bom-Pastor, vivendo e agindo como
Ele, possibilitando uma maturação pessoal de modo que possam
dedicar-se plenamente ao ministério de pastores que Deus e a igreja
lhes confiam em prol das comunidades (Diretrizes para a Formação
dos Presbíteros da Igreja no Brasil, 369)
O primeiro responsável pela Pastoral Presbiteral é o bispo. Quanto ao cuidado do presbítero,
muitos perguntam: quem cuida dele? Segundo o Papa Francisco, os presbíteros são os mais
próximos dos bispos: “os sacerdotes são o primeiro próximo do bispo – amai o próximo, mas
ele é o primeiro próximo – colaboradores indispensáveis dos quais buscar conselhos e ajuda,
dos quais cuidar como pais, irmãos e amigos (...). O tempo passado com o sacerdote nunca é
perdido” (in Vigini, 2014, p. 70). Assim, os bispos são os primeiros cuidadores dos presbíteros,
algo que está em sintonia com o Concílio Vaticano II: “Por causa desta comunhão no mesmo
sacerdócio e ministério, os Bispos devem estimar os presbíteros, como irmãos e amigos, e ter
a peito o bem deles, quer o material, quer, sobretudo o espiritual. Recai sobre eles, muito
particularmente, a grave responsabilidade da santificação dos seus sacerdotes” (PO 8).
Pastoral presbiteral nos documentos da Igreja
A Pastoral Presbiteral é o cuidadoso acompanhamento pessoal e
comunitário, integral e orgânico da igreja particular aos seus
presbíteros, devendo neles estimular a alegria de serem discípulos
missionário de Jesus Cristo, servidores do povo, segundo o Exemplo
do Bom Pastor (DFPIB, 368)
O ministro ordenado tem a missão de cuidar do povo de Deus, cuidar das
pessoas na caminhada de fé, nas horas de provações, tristezas e angústias.
Ele passa horas e horas a ouvir a partilha dos problemas de outros. Leva-lhes
o conforto da palavra de Deus, dos sacramentos, da fé. Mas ele não está
imune aos problemas físicos, emocionais e espirituais, não está livre das
crises existenciais, dos desgastes da vida, das turbulências do cotidiano, da
angústia, da solidão, do silêncio, do fracasso, das noites do espírito! Embora
ele seja, muitas vezes, um herói, sente a própria fraqueza e, como qualquer
outro ser humano, tem necessidade de conforto, de presença, de cuidados.
Objetivo da pastoral presbiteral
Podemos dizer que seu grande objetivo é
sustentar o ministro ordenado em sua
vocação. Desta forma, participar da Pastoral
Presbiteral é abrir-se para a perseverança na
missão e no seguimento de Jesus Cristo.
Seu objetivo maior é o cuidado do ministro ordenado em todas as
dimensões: humano-afetiva, pastoral, intelectual e espiritual,
proporcionando condições para sua própria realização humana e
vocacional, ajudando-o em sua configuração com Cristo Bom
Pastor.
Missão da pastoral presbiteral
A Pastoral Presbiteral fomente no presbítero a unidade com a sua
diocese, o autoconhecimento, a maturidade humano-afetiva e
oblativa de sua sexualidade como celibatário, o exercício do
poder e da autoridade como serviço, o uso do dinheiro e dos bens
como meio de partilha e comunhão. (Diretrizes para a Formação
dos Presbíteros da Igreja no Brasil, 371)
Trabalhar a cultura do encontro – Segundo o papa Francisco:
“É um trabalho lento e árduo que exige querer integrar-se e
aprender a fazê-lo até se desenvolver uma cultura do encontro
numa harmonia pluriforme” (EG 220).
Missão da pastoral presbiteral
a) Motivar os ministros ordenados “a serem
como Jesus Cristo, o Bom Pastor, vivendo e
agindo
como
Ele,
possibilitando
uma
maturação pessoal, de modo que possam
dedicar-se
plenamente
ao
ministério
de
pastores que Deus e a Igreja lhes confiam em
prol das comunidades” (CNBB, doc. 93, 369)
A Pastoral Presbiteral é chamada a ajudar o ministro ordenado a
vivenciar a experiência de filiação divina, para que possa melhor
encarnar as atitudes de Jesus, o Bom Pastor.
Missão da pastoral presbiteral
b)
Ajudar
os
ministros
ordenados
a
viverem o amor e no amor.
Nesta missão de favorecer os ministros
ordenados para que possam viver o amor e no
amor, viver unidos, está a consciência de que a
comunhão é parte essencial da sua missão. Desta
comunhão depende a eficácia da missão: “Que
sejam um para que o mundo creia” (Jo 17,21).
Missão da pastoral presbiteral
c) Proporcionar o bem-estar do ministro
ordenado.
Muitos relatam seus medos e inseguranças quanto ao futuro, à
velhice, à doença, à solidão, às questões afetivas. Aí está a
terceira missão da Pastoral Presbiteral, amparar os ministros
ordenados nas situações de desamparo e cuidar para que eles
estejam bem, pois não se pode fazer o bem, se não estiver bem.
Assim, é necessário cultivar e manter a saúde integral, saúde
física, psíquica e afetiva do ministro ordenado, bem como sua
segurança quanto ao futuro, para que seu ministério possa
produzir bons frutos.
Missão da pastoral presbiteral
d) Ser um espaço de conforto, proteção,
sustento, amparo, carinho, compreensão,
aceitação - o abraço de Deus para ministro
ordenado.
O ministro ordenado não está imune aos problemas físicos, emocionais e
espirituais, não está livre das crises existenciais, dos desgastes da vida, das
turbulências do cotidiano, da angústia, da solidão, do silêncio, do fracasso,
das noites do espírito, das fraquezas afetivas! Embora ele seja, muitas
vezes, um herói, sente a própria fraqueza e, como qualquer outro ser
humano, tem necessidade de conforto, de presença, de cuidados.
Missão da pastoral presbiteral
e)
Ser
lugar
aproximando-se
de
acolhida
dele
para
do
irmão
ajudá-lo
a
ordenado,
“arranjar
o
coração” e trabalhar para diminuir as distâncias entre
si e as distância com relação aos superiores.
Tal missão não é tão simples assim. Já no “Pequeno Príncipe”, a raposa falara
disso ao principezinho, quando a respeito da importância de “arranjar o coração”
ele estava descobrindo que as “coisas” simples são as mais belas, mas também as
mais difíceis. Acolher o outro parece ser uma coisa fácil, bela e simples, mas
muito difícil, bem como diminuir as distâncias não é tão fácil. Neste sonho está o
desejo de ajudar os ministros ordenados a vencerem os vícios de uma estrutura
por demais vertical, monárquica, que, às vezes, leva o ministro a ser subserviente
em relação ao bispo, autoritário com os leigos e pouco irmão com os outros
irmãos da diocese.
Missão da pastoral presbiteral
Com ralação ao bispo e ao irmão presbítero, segundo o Papa
Francisco, esta relação, embora possa não ser fácil, mas é
necessário cuidado: “colocar-se de acordo com o Bispo não é
sempre fácil, pois um pensa de uma maneira e outro de outra,
mas se pode discutir... e se discute! E se pode fazer a alta voz?
Faça-se! Quantas vezes um filho com o seu pai discute e no
final permanecem sempre pai e filho. Todavia, quando nestas
duas relações, quer com o Bispo quer com o presbítero, entra a
diplomacia, não tem o Espírito do Senhor, porque falta o
espírito de liberdade” (Papa Francisco).
A missão da Pastoral Presbiteral é cuidar para que esta relação do presbítero tanto
com o bispo quanto com o irmão presbítero e com o diácono seja saudável,
harmoniosa, prazerosa, fraterna e fortificadora no dia a dia do seu ministério.
Missão da pastoral presbiteral
f) Cuidar da formação permanente de todo
ministro ordenado.
A formação permanente visa ajudar os ministros
ordenados a servirem e servirem bem, pois não
basta somente servir. Ela é uma resposta aos
desafios eclesiais, culturais, sociais, os quais os
ministros ordenados enfrentam. Tal formação deve
ter em conta o contexto atual, favorecendo desta
maneira a inserção do ministro ordenado na
realidade concreta do povo. Visa também manter o
ministro ordenado atualizado na análise crítica da
realidade social.
Missão da pastoral presbiteral
g) Ajudar os irmãos ordenados a buscarem, além do justo
descanso e diversão, o acompanhamento de modo especial
dos novos irmãos, dos enfermos e dos idosos e acompanhar
de modo especial aqueles que enfrentam algum tipo de
problema.
A Pastoral Presbiteral é chamada a ajudar os
ministros ordenados a melhor refletirem o rosto do
Bom Pastor, iluminando o mundo com a luz do
Evangelho de Cristo, sendo “pérolas nas mãos de
Deus no hoje da história”.
Sonhos da Pastoral Presbiteral
a) Abranger os ministros ordenados seculares e religiosos
atuantes nas paróquias e que fazem parte da diocese;
b) Proporcionar a todos os ministros ordenados condições
para a própria realização humana e vocacional, ajudando-os
na
missão
de
configurar-se
ao
Cristo
Bom
Pastor
e
garantindo sua saúde física, psíquica e afetiva;
c)
Proporcionar meios para a formação nas diversas
dimensões da vida e missão do ministro ordenado: Humanoafetiva, Espiritual, Intelectual, Pastoral e Missionária;
Sonhos da Pastoral Presbiteral
f) Capacitar
os
ministros
ordenados
para
tomarem
decisões responsáveis e duradoras;
g) Incentivar experiências de vida fraterna entre os
ministros
ordenados
e,
especialmente,
formar
comunidades fraternas nas dioceses;
h) Cultivar uma verdadeira espiritualidade que dê sentido
e vigor ao agir pastoral dos ministros ordenados, uma
espiritualidade
madura
que
garanta
fecundidade,
gratuidade e autenticidade no ministério ordenado;
Sonhos da Pastoral Presbiteral
d) Dar atenção à necessidade do justo descanso
e
divertimento
dos
ministros
ordenados,
o
acompanhamento de modo especial dos novos
ministros ordenados, dos enfermos e dos idosos.
Tal acompanhamento de modo especial àqueles
que enfrentam algum tipo de problema;
e)
Incentivar
a
Fraternidade
Presbiteral,
os
grupos de espiritualidade e agir em parceria com
a pastoral vocacional;
Sonhos da Pastoral Presbiteral
I)
Promover
a
espiritualidade
da
caridade
pastoral, da fraternidade e da solidariedade no
discernimento das exigências do Reino de
Deus;
j)
Estar
atenta
ao
processo
de
constante
conversão e à busca por recriar a missão,
estimulando
os
ministros
ordenados
investirem na formação intelectual;
a
Sonhos da Pastoral Presbiteral
l)
Ajudar
os
ministros
ordenados,
enquanto servidores do Povo de Deus, a
se fortalecerem em sua espiritualidade,
crescendo no amor pelos pobres;
m)
Entusiasmar
ordenados
para
todos
os
ministros
participarem
entusiasmo da Pastoral Presbiteral;
com
Sonhos da Pastoral Presbiteral
n) Colaborar na formação dos futuros ministros
ordenados. Junto com o bispo deve ajudar na
escolha dos formadores e trabalhar juntos com
eles
na
formação
dos
futuros
ministros
ordenados (DFPIB, 381).
o) Elaborar planos de formação diocesana,
regional e nacional para o desenvolvimento da
Pastoral Presbiteral a curto, médio e longo
prazo.
a)Como vejo a Pastoral Presbiteral?
b) Quais
os
maiores
entraves
para
a
sua
implantação e como superá-los?
c)Quais aspectos da vida do ministro ordenado
que mais necessitam da ação da Pastoral
Presbiteral?
d)Como organizá-la e dinamizá-la em nossa
Igreja Local?
50
Pastoral
presbiteral
Eixos da Pastoral Presbiteral
51
A pastoral presbiteral e a fidelidade no ministério
A ligação fraterna tem um lugar especial na história do
povo de Deus, que recebe a sua revelação no vivo da
experiência humana. Além da fidelidade no ministério,
fidelidade na missão, devemos buscar ser fieis no cuidado
do irmão ordenado. Quando abandonei meu irmão
ordenado? O senhor pergunta a nós: cadê teu irmão?
“Sabemos que quando a relação fraterna se arruína, quando se arruína as relações entre
irmãos, se abre o caminho a experiências dolorosas de conflito, de traição, de ódio. A
passagem bíblica de Caim e Abel constitui o exemplo deste êxito negativo. Depois do
assassinato de Abel, Deus pergunta a Caim: “Onde está Abel, o teu irmão?”(Gen 4,9a). É
uma pergunta que o Senhor continua a repetir a cada geração. E, infelizmente, não cessa
de se repetir também a dramática resposta de Caim: “Não sei. Sou talvez eu o protetor do
meu irmão?” (Gen 4,9b). A quebra do vínculo entre irmãos é uma coisa bruta e má para
a humanidade (Catequese do Papa Francisco sobre os irmãos - 18/02/15 )
Texto bíblico inspirador e
iluminador da Pastoral Presbiteral
Nos Atos dos Apóstolos, encontramos a
inspiração
para
a
organização
da
Pastoral Presbiteral sobre a mística do
cuidado: “Cuidai de vós mesmos e de
todo o rebanho, sobre o qual o Espírito
Santo vos estabeleceu como guardiões,
como pastores” (At 20,28).
Eixos da pastoral presbiteral
a) O cuidado de si: favorecer os cuidadores no
cuidado de si;
b)
O cuidado da comunidade: favorecer os
cuidadores no cuidado da comunidade;
c) O cuidado do Reino de Deus: favorecer os
cuidadores no cuidado do Reino de Deus;
d) O cuidado da questão do pertencimento:
favorecer
os
pertencimento.
cuidadores
na
vivência
do
“Cuidai de vós mesmos” (At, 20,28).
O cuidar de si mesmo significa qualificar-se bem, atualizar-se, ser
competente naquilo que faz, cuidar da saúde, buscar o descanso
semanal, saber tirar férias e se aposentar quando chegar a idade
avançada, cultivar amizades, ter vida pessoal de oração, estar
atento aos sinais dos tempos. Significa outrossim buscar ter boa
qualidade de vida, o que implica cuidar bem de alguns pilares,
como do corpo físico e mental; da questão profissional e do
futuro; dos laços familiares, das amizades e dos relacionamentos;
e cuidado da vida espiritual.
Segundo William Castilho Pereira (2012) os ministros
ordenados podem ser afetados pela Síndrome de Burnout
(Sofrimento psíquico), algo que tende a se desenvolver
lenta e silenciosamente por um longo período.
“Cuidai de vós mesmos” (At, 20,28).
Na questão do cuidado de si, a Pastoral Presbiteral se
apresenta para o ministro ordenado como um oásis,
uma fonte de revitalização da sua vocação, um espaço
de conversão, um caminho para o ministro ordenado
alcançar o ideal: ser uma “pérola nas mãos de Deus
no hoje da história”.
Ao melhorar o cuidado de si, o ministro ordenado pode mais facilmente ser a
porta da salvação para o povo de Deus, atendendo melhor suas necessidades,
cativando-os para Cristo; pode mais facilmente ser uma grande árvore forte e
resistente a proteger e oxigenar com o Evangelho de Cristo a vida das pessoas,
sendo um lugar de descanso, embelezando o mundo e alimentando a todos.
Cuidado do Rebanho
O cuidado de si e do rebanho devem ser inseparáveis na
vida do ministro ordenado: “Pois se alguém não sabe
governar (cuidar) bem a própria casa, como cuidará da
Igreja de Deus?” (1Tm 3,5); “Se alguém não cuida bem dos
seus, e sobretudo dos de sua própria casa, renegou a fé e
é pior do que um incrédulo” (1Tm 5,8).
Cuidar bem do rebanho do Senhor é como que uma dívida que todo ministro ordenado
contrai em sua ordenação. E tal cuidado deve ser parecido com o cuidado de Jesus, um
cuidado contextualizado, promocional, transformador, curador e libertador. É no
cuidado do rebanho do Senhor que o ministro ordenado pode, mais facilmente, ser o
que de fato ele é chamado a ser um homem de Deus e alguém que transmite Deus:
“Pois, a única riqueza, que o povo de Deus espera encontrar no ministro ordenado, é
Deus” (Bento XVI).
Cuidado do Rebanho
Quanto ao cuidado do rebanho do Senhor, a Pastoral Presbiteral vem
desempenhando uma missão profética de convidar todo ministro ordenado à
conversão, a abertura do seu coração aos novos sinais dos tempos, a deixar
ser guiado pela luz do Espírito Santo no hoje da história; como também vem
desafiando os ministros ordenados ao crescimento, à busca de novos
caminhos para a ação evangelizadora e missionária e à melhor qualificação,
o que inclui sólida educação e formação através de palestras, cursos,
debates, reuniões, intercâmbio de experiências, informação através de
artigos e matérias na sua especialidade e área de atuação.
Na questão do cuidado do rebanho do Senhor, sabemos que ainda
temos um grande caminho a percorrer, pois temos tido grandes
omissões e lacunas nas ações de cuidado, fruto de um modelo de
Igreja anterior ao Concílio Vaticano II, no qual se polarizaram algumas
atitudes de cuidado em detrimento de outras.
Cuidado do Reino de Deus
Os ministros ordenados devem ser capazes de motivar as
pessoas para fazer parte do Reino de Deus. Segundo o
Papa Francisco, é o Reino que nos chama (EG 180-181).
Tal missão vai além das pastorais e movimentos, vai além
da comunidade paroquial e da diocese, chegando a todos
os povos, a todas as periferias geográficas e existenciais.
Todo ministro ordenado deve ser um apaixonado pelo Reino do Senhor: “A
missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo”
(EG 268). Sem esta paixão pelo Reino, paixão pela evangelização e missão,
paixão por Cristo e seu povo, fica muito difícil cuidar do rebanho do Senhor,
fica difícil despertar homens e mulheres, jovens, crianças e idosos, ricos e
pobres para o seguimento de Cristo.
Cuidado do Reino de Deus
Na questão do cuidado do Reino de Deus e sua implantação,
motivando as pessoas para fazerem parte desse Reino, a Pastoral
Presbiteral
vem
trabalhando
a
consciência
missionária
dos
ministros ordenados, para que não se contentem em ser mero
administrador, mas realmente missionário que busque os distantes;
vem convidando os ministros ordeanados a caminharem pelo
caminho da misericórdia, da acolhida, do profetismo e do heroísmo,
do desbravar novos horizontes e caminhos de evangelização e
construção do Reino de Deus.
No cuidado na implantação do Reino de Deus, é preciso muito
discernimento para que não ocorra do ministro ordenado acabar
empobrecendo o Reino de Deus. Para evitar isso, é mister que o
ministro ordenado tenha os olhos fixos em Jesus
Cuidado da questão do
‘pertencimento’ ao presbitério
Sem
consciência
de
pertencimento,
consciência
da
“diocesaneidade”, não é possível renovar o clero numa
perspectiva missionária. Pois, com ministros ordenados
vivendo no isolamento, levando uma vida aburguesada, sem
nenhuma abertura ao diálogo e à correção fraterna, sem
consciência de pertencimento, torna-se quase impossível
qualquer trabalho da Pastoral Presbiteral.
Alcançar a consciência de pertencimento é alcançar a
consciência de que não basta ser ministro ordenado, mas é
necessário viver como ministro ordenado. E viver como ministro
ordenado num presbitério, com o espírito da ‘diocesaneidade’.
Cuidado da questão do
‘pertencimento’ ao presbitério
A Pastoral Presbiteral é algo dos ministros ordenados e que nasceu
em seu meio. Fazer parte da Pastoral Presbiteral já significa buscar
crescer na consciência do pertencimento. Assim, o ministro
ordenado que não aceita fazer parte da Pastoral Presbiteral, de
certa forma, pode estar assinalando seu orgulho próprio, ou
fechamento, ou falta de consciência da riqueza que ela pode ser
para sua vida e ministério, falta de consciência do é ser alguém
ordenado.
Ao ministro ordenado crescendo na consciência do pertencimento,
naturalmente haverá um crescimento na questão da colegialidade
presbiteral. O crescimento na consciência de pertencimento favorece
para que os ministros ordenados possam mais facilmente saborear a
fraternidade que brota do sacramento da Ordem
A Pastoral Presbiteral e a fraternidade presbiteral
João 21, 1-23
a) Estar junto e partilhar a realidade
b) Escuta da Palavra de Deus e mudança no jeito de
lançar as redes - conversão presbiteral
c) O convite para a partilha e o tomar a refeição em
comum
d) A mudança nas relações - centralidade do amor
como condição para o seguimento – Caridade pastoral
A Pastoral Presbiteral, seguindo estas indicações do texto bíblico citado acima, leva
o sonho de promover sempre mais a fraternidade, a união e a comunhão entre os
ministros ordenados, bem como animá-los para a missão segundo o Evangelho de
Cristo. Pois, tais indicações têm poder de curar, promover e fortalecer os vínculos
interpessoais deles, construindo pontes, estreitando laços, animando cada um a
carregar as cargas uns dos outros.
Estar junto e partilhar a realidade
Ir ao encontro do outro. Este é o caminho da Pastoral Presbiteral.
No cuidado do ministro ordenado, deve estar a “preocupação pelo
outro”, algo que possibilita ir ao encontro deste outro. O “nosso
tempo” parece, mais do que nunca, carente deste sentido do cuidar.
Um ministro ordenado, quando vai ao encontro do outro, demonstra
ter amor e preocupação por este outro, como demonstrou Jesus no
texto citado acima.
É amor que leva os ministros ordenados a saírem de si para
irem em direção aos outros. Sem este amor fica difícil estar
junto com o outro e partilhar de sua realidade. Este é um
primeiro sonho da Pastoral Presbiteral: ajuntar os ministros
odenados e organizá-los.
Escuta da Palavra de Deus e mudança no jeito de
lançar as redes - conversão presbiteral
Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta
Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o
interpele, exorte, mobilize, se não se dedica tempo para rezar com
esta Palavra, então na realidade será um falso profeta, um
embusteiro ou um charlatão vazio” (EG 151). Assim, é necessário
que a Palavra de Deus fecunde radicalmente a vida dos ministros
ordenados.
Através da Pastoral Presbiteral os ministros ordenados devem deve
ser convidados a esta escuta serena e reconfortante da Palavra de
Deus. Este é o segundo sonho da Pastoral Presbiteral: ajudar os
ministros a serem pessoas encharcadas da Palavra de Deus,
convertido a Cristo e ao seu Evangelho.
O convite para a partilha e o tomar a
refeição em comum
Os
ministros
ordenados
são
convidados
a
saborearem
a
fratrenidade presbiteral que brota do sacramento da ordem. Na
fraternidade
presbiteral,
os
ministros
ordenados
aprendem
a
respeitar o outro com suas diferenças, fazendo crescer o amor. A
falsa amizade entre os ministros ordenados mina o ministério,
destrói a alegria de viver, bem como elimina as relações fraternas.
Um ministro ordenado que saiba ser fraterno, naturalmente será um
alguém saudável. Segundo o Papa Francisco, o que nos cura “é uma
fraternidade mística” (EG 92). O papa Francisco lamenta a falta de
fraternidade entre os ministros ordenados: “Dentro do povo de Deus
e nas diferentes comunidades, quantas guerras! ” (EG 98)
A mudança nas relações - centralidade do amor como
condição para o seguimento – Caridade pastoral
A Pastoral Presbiteral deve trabalhar a
questão
do
amor
entre
os
ministros
ordenados, amor este que fortalece, anima,
ilumina, transforma, consola e os une
Trabalhar, pois, em favor da caridade pastoral é unir as forças
daqueles que abraçaram o ministério ordenado para que, mediante o
cultivo da caridade nas relações humanas, consigam viver de forma
mais respeitosa, humanitária e fraterna.
Caridade pastoral
É na caridade pastoral que está o rosto do ministério
ordenado. Ela deve ser central da vida dos ministros
ordenados. A caridade pastoral é o amor com qual os
ministros ordenados vivem o amor fraterno de Cristo Jesus.
Assim, a caridade pastoral é o amor de Jesus visível entre
os ministros ordenados. Desta forma, o cuidado um com o
outro deve ser meio para exercer a caridade pastoral. Este
dom é recebido na ordenação. A caridade pastoral, que se
traduz em cuidado uns com os outros, tende a gerar
confiança entre os ministros ordenados, tendo o poder de
despertar em cada um o melhor de si mesmo.
A Pastoral Presbiteral e a fraternidade presbiteral
Na fraternidade presbiteral o presbítero aprende a respeitar
o outro com suas diferenças, fazendo crescer o amor. A falsa
amizade entre os presbíteros minam a vida presbiteral, a
alegria de viver e destroem as relações fraternas. A
fraternidade presbiteral trabalhada pela Pastoral Presbiteral
quer ajuda a vencer essas questões entres os presbíteros.
Um ministro ordenado que saiba ser fraterno,
naturalmente será um alguém saudável. Segundo o
Papa Francisco, o que nos cura “é uma
fraternidade mística” (EG 92).
A Pastoral Presbiteral e a fraternidade presbiteral
A fraternidade presbiteral não deve se
resumir em encontros, mas em avançar
para acolher o outro tal como o outro é;
avançar para a partilha da vida; avançar
para
a
partilha
financeira
dos
bens
econômicos – Transferência de caixa no
entorno da paróquia e entre as paróquias
O presbítero e a pastoral presbiteral
O presbítero que não aceita fazer parte
da pastoral presbiteral, de certa forma,
pode
estar
próprio,
ou
assinalando
seu
fechamento,
ou
orgulho
falta
de
consciência que só será reconhecido
como discípulos do Senhor se tiver amor
uns pelos outros (Jo 13,35).
O presbítero no mistério da Trindade
Não há como falar de fidelidade presbiteral
a
não
ser
presbítero
Trindade
em
vem
e
clericalismo
vai
e
comunhão
da
para
Trinitária.
Trindade,
a
vive
Trindade
individualismo
O
da
-
O
presbiteral
peca teológica e pastoralmente diante do
ministério Trinitário.
A Pastoral Presbiteral e humanização do presbítero
A Pastoral Presbiteral, na linha da humanização
das
relações
presbiterais,
deve
trabalhar,
também, para que diminua a discriminação
entre os presbíteros, evitando a discriminação
por
cor,
estudo,
posição,
função,
título,
antipatia etc. Assim, a Pastoral Presbiteral
deve ser um espaço de maior humanização nas
relações presbiterais, evitando as ironias, o
desprezo e as divisões entre eles.
A Pastoral Presbiteral e humanização do presbítero
Ainda, na questão da humanização dos presbíteros católicos,
sabemos
que
muitos
deles
perderam
seu
amor
pela
humanidade e, com isso, acabam amando mais o poder, a
ostentação, o luxo, as aparências, os primeiros lugares e o
tradicionalismo. Muitos até ocupam cargos representativos
dentro da hierarquia da Igreja Católica, mas não são mais
capazes de se compadecerem dos pobres, dos injustiçados,
outros estão agarrados ao tradicionalismo, outros ao poder ou
ao luxo e outros estão fechados à mudança de época em que
vivemos. Com isso, acabam entrando na lógica do mundo ou
não contribuindo para que o mundo seja melhor, seja a casa de
Deus. Reverter essa questão exige conversão.
Fruto da Pastoral Presbiteral
Fruto da Pastoral Presbiteral é o incentivo
para os presbíteros não formarem
somente um grupo de trabalho, mas uma
verdadeira comunidade.
Cuidar da Pastoral Presbiteral é cuidar para
que os presbíteros possam dar o melhor de si
mesmos, sendo amigos de Jesus Cristo e
irmãos entre si.
a) Como
cuidar
ordenados?
melhor
Que
de
ações
nossos
ainda
ministros
precisamos
desenvolver dentro da Pastoral Presbiteral?
b) Com vem acontecendo a fraternidade e a
unidade entre os ministros ordenados de nossa
diocese? Em que precisamos crescer?
c) Onde estão nossas maiores feridade e como a
Pastoral Presbiteral pode favorecer em sua
cura?
76
Pastoral
presbiteral
Projeto da Pastoral Presbiteral
77
Fruto da Pastoral Presbiteral
Fruto da Pastoral Presbiteral é o incentivo
para os presbíteros não formarem
somente um grupo de trabalho, mas uma
verdadeira comunidade.
Cuidar da Pastoral Presbiteral é cuidar
para que exista um “colo de mãe” na
diocese, mãe de coração aberto.
Projeto da Pastoral Presbiteral
A Pastoral Presbiteral é um sonho que vem sendo lentamente
trabalho entre os ministros ordenados. Ela é definida como cuidadoacompanhamento, pessoal e comunitário, integral e orgânico que
uma Igreja particular oferece aos seus pastores, para que estes se
sintam cuidados e vivam como pessoas, conheçam Jesus Cristo,
sejam como Ele, vivam e ajam como Ele, de modo que possam
dedicar-se plenamente ao ministério de pastores que Deus e a
Igreja lhes confiaram em prol da comunidade.
A primeira e fundamental atitude para se organizar a Pastoral
Presbiteral é a elaboração de um projeto. Não há uma concepção
única acerca do projeto de Pastoral Presbiteral, isso vai depender de
cada diocese e de cada ministro ordenado.
Projeto da Pastoral Presbiteral
Seguindo um roteiro básico, no projeto devem aparecer
os objetivos, as justificativas, a missão, as ações e
metas a serem alcançadas. Tal projeto deve ser
avaliado a cada ano e renovado em suas ações e metas
de acordo com as mudanças e necessidades do bispo,
presbíteros e diáconos desta Igreja Local.
O projeto de Pastoral Presbiteral é de suma importância, sendo o
primeiro passo para a transformação, revitalização e crescimento de
nossos ministros ordenados. Uma vez havendo o projeto, os outros
passos naturalmente irão sendo dados, sobretudo na conversão de
nossos ministros ordenados.
Projeto da Pastoral Presbiteral
a) Abranger os ministros ordenados seculares e religiosos
atuantes nas paróquias e que fazem parte da diocese;
b) Proporcionar a todos os ministros ordenados condições
para a própria realização humana e vocacional, ajudandoos na missão de configurar-se ao Cristo Bom Pastor e
garantindo sua saúde física, psíquica e afetiva;
c) Proporcionar meios para a formação nas diversas
dimensões da vida e missão do ministro ordenado:
Humano-afetiva,
Missionária;
Espiritual,
Intelectual,
Pastoral
e
Projeto da Pastoral Presbiteral
d) Dar atenção à necessidade do justo descanso e
divertimento
dos
acompanhamento
de
ministros
modo
ordenados,
especial
dos
o
novos
ministros ordenados, dos enfermos e dos idosos. Tal
acompanhamento
de
modo
especial
àqueles
que
enfrentam algum tipo de problema;
e) Incentivar a Fraternidade Presbiteral, os grupos de
espiritualidade e agir em parceria com a pastoral
vocacional;
f) Capacitar os ministros ordenados para tomarem
decisões responsáveis e duradoras;
Projeto da Pastoral Presbiteral
g) Incentivar experiências de vida fraterna entre os
ministros
ordenados
e,
especialmente,
formar
comunidades fraternas nas dioceses;
h) Cultivar uma verdadeira espiritualidade que dê
sentido
e
vigor
ordenados, uma
ao
agir
pastoral
dos
ministros
espiritualidade madura que garanta
fecundidade, gratuidade e autenticidade no ministério
ordenado;
i) Promover a espiritualidade da caridade pastoral, da
fraternidade e da solidariedade no discernimento das
exigências do Reino de Deus;
Projeto da Pastoral Presbiteral
j) Estar atenta ao processo de constante conversão e
à
busca
por
ministros
recriar
ordenados
a
a
missão,
estimulando
investirem
os
na
formação
ordenados,
enquanto
intelectual;
l)
Ajudar
os
ministros
servidores do Povo de Deus, a se fortalecerem em
sua espiritualidade, crescendo no amor pelos pobres;
m) Entusiasmar todos os ministros ordenados para
participarem
Presbiteral;
com
entusiasmo
da
Pastoral
Projeto da Pastoral Presbiteral
o) Colaborar na formação dos futuros ministros
ordenados. Junto com o bispo deve ajudar na
escolha dos formadores e trabalhar juntos com
eles
na
formação
dos
futuros
ministros
ordenados (DFPIB, 381).
p) Elaborar planos de formação diocesana,
regional e nacional para o desenvolvimento da
Pastoral Presbiteral a curto, médio e longo
prazo.
a) O que já existe de projeto da Pastoral Presbiteral em
nossa diocese?
b) Quais dimensões ainda precisam ser trabalhadas pela
Pastoral Presbiteral?
c) Com articular a Pastoral Presbiteral de modo que ela
possa
alcançar
todos
os
ministros
ordenados,
seminaristas e o povo de Deus?
d) Dinâmica: Procurar ser “colo de mãe” para um irmão
ordenado
86
Pastoral
presbiteral
Ser um presbítero-pastor
87
Missão da Pastoral Presbiteral
A grande missão da Pastoral
Presbiteral é criar um ambiente
propício de reconhecimento de todos
os ministros ordenados. Tal
reconhecimento tem poder de
potencializá-lo para que possam dar o
melhor e o máximo de si
Olhos da fé para ver os tesouros
escondidos em cada ministro ordenado
Cada ministro ordenado é uma “pérola nas mãos de Deus” e
leva dentro de si uma grande riqueza. Muitas vezes os irmãos
ordenados ou membros do povo de Deus não veem nele essa
imagem. Quando isso acontece, a vida deste irmão ordenado
pode ficar ofuscada e ele não ter a oportunidade de revelar
toda a riqueza que Deus plantou nele. Cada irmão ordenado,
certamente, tem suas peculiaridades, suas ‘pérolas’, algo que
constitui uma autêntica riqueza, na medida em que são
colocadas ao serviço de todos. Desta forma, devemos criar, em
nosso meio, um clima propício para que cada um possa mais
facilmente manifestar seus dons e talentos, suas peculiaridades,
suas ‘pérolas’.
Olhar na mesma direção, somar forças
Aqui
reside
o
desafio
maior
da
Pastoral
Presbiteral: ajudar cada ministro ordenado a
olhar na mesma direção e caminhar para lá. É
preciso
olhar
e
desinstalar-se,
dar
passos
sintonizados, somar forças. A sabedoria está
em: “Não lutar nem caminhar sozinho, não
abandonar o irmão nem deixá-lo que desista de
dar um pouco de si. Pois já diz o provérbio: ‘A
união faz a força’”.
Permanente processo de conversão
Ninguém, no Cristianismo, pode ensinar
sem
submeter-se
a
um
processo
permanente de conversão. O estilo do papa
Francisco serve de exemplo para muitos
ministros
ordenados
na
questão
da
conversão, recobrando o encanto dos anos
de juventude, mudando, se necessário, de
“chip”, mudando de direção.
Presbítero-pastor
Um presbítero-pastor é aquele que assume a arte de ensinar, de transmitir
os conhecimentos da fé numa nova linguagem e expressões atuais e de
celebrar os sacramentos e anunciar a Palavra de Deus, atento e aberto às
diversas expressões culturais, sendo um misto de carisma, amizade e
companheirismo com o povo, alguém ímpar, alguém cheio de fé e de sonhos,
capaz de dividir com os seus um pouco de sua história de vida, que procura
ser íntimo de Deus e estar perto, junto, no meio do povo de Deus.
O presbítero-pastor é aquele que se deixa ser interpelado pelo mundo,
sabendo “que ele mesmo deve crescer na compreensão do Evangelho e no
discernimento das sendas do Espírito, e assim não renuncia ao bem
possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada” (EG
45); é aquele que se torna capaz de falar ao coração dos homens e
mulheres de hoje, “apontando para as realidades do céu”.
Presbítero-pastor
Falar de um presbítero-pastor é falar de alguém
que é ordenado não só para ser presbítero, mas
para ser também pastor misericordioso, caridoso,
missionário, um homem do testemunho do amor de
Deus, o “coração pulsante de Deus no mundo”.
É pelo pastoreio que melhor o presbítero consegue exercer o coração materno da
Igreja. Para o papa Francisco, “Assim como todos gostamos que nos falem na nossa
língua materna, assim também, na fé, gostamos que nos falem em termos da
‘cultura materna’, em termos do idioma materno (cf. 2 Mac 7, 21.27), e o coração
se dispõe a ouvir melhor” (EG 139). Para que o presbítero possa compreender isso,
é preciso que ele aprenda a olhar as pessoas com os o olhar do Bom Pastor, “que
não procura julgar, mas amar” (EG 125).
Presbítero-pastor
Ser um presbítero-pastor é ser como pai que sabe ouvir, cuidar e
orientar os filhos. Afinal ser presbítero é ser pai, e como os
seres humanos estão carentes desta figura. Assim, ser um
presbítero-pastor é ser exemplar como foi Jesus, isto é, um
presbítero bom, nobre, que se importa com as ovelhas, que dá a
vida por elas e que reúne também as ovelhas de outros lugares,
como fez Jesus. Dar a vida significa empenhar-se pelas ovelhas.
O presbítero-pastor não se ocupa apenas com as ovelhas que já
estão perto, mas ele quer abranger todas. Sua fonte de forças para
poder empenhar-se pelas ovelhas é o amor de Jesus. O presbíteropastor é aquele se sente amado por Deus, vive a comunhão com
Deus e ama as ovelhas de Deus a ponto de dar a vida por elas.
Presbítero-pastor
Os presbíteros, como pastores, têm a missão de fazer
resplandecer a Igreja não só pelo que fazem, mas
também pelo que são. Como o papa Francisco, mais
incessantemente estão sendo chamados a serem
pastores que se dirijam às periferias existenciais do
mundo, levando a Boa Nova do Evangelho de Cristo.
O presbítero-pastor é aquele que se torna capaz de falar ao coração dos
homens e mulheres de hoje; que é capaz de lidar com estruturas eclesiais que
chegam a condicionar o dinamismo evangelizador, buscando boas estruturas que
servem a vida, que as anima, sustenta e avalia. Sem vida nova e espírito
evangélico autêntico, sem ‘fidelidade da Igreja à própria vocação’, toda e
qualquer nova estrutura se corrompe em pouco tempo” (EG 26).
A Pastoral Presbiteral quer ser um lugar e um
espaço de cuidado dos presbíteros, possibilitandoos ser capazes de se colocar como ponte entre o
passado e o futuro, entre a tradição e os valores do
mundo moderno, entre a tradição e o terror das
transformações, favorecendo o clima de partilha, de
união e fraternidade deles entre si e com o bispo.
96
A Pastoral Presbiteral se apresenta
assim como um sinal dos tempos,
sendo um convite a sentar-se à mesa
juntos, discutir os projetos e repropor
um novo modo de seguimento de Jesus
Cristo, baseado no amor (Jo 21, 1-23).
97
A espinha dorsal do cuidado presbiteral, numa diaconia de
seguimento
de
Jesus
Cristo,
manifesta-se:
no
cultivar
a
bondade, tendo no coração os mesmos sentimentos de Cristo;
em se deixar guiar pelo Espírito Santo, acolhendo as pessoas
como dons de Deus; em ter serenidade para ouvir com atenção
e abertura de coração os sinais dos tempos; manifesta-se em
buscar restaurar o primeiro amor, servir a Deus na pessoa dos
irmãos e irmãs, cultivar a gratuidade, formar grupos de
crescimento, ter abertura para incorporar o ‘novo’, buscar
auxílio para superar as dificuldades, acolher os peregrinos.
98
Sair para levar a unção que vem de Deus (Dinâmica final)
“Vós, porém, tendes recebido a unção que vem
do Santo, e todos possuís a ciência (...). Quanto a
vós, a unção que recebeste dele permanece em
vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas como sua unção vos ensina tudo, e
ela é verdadeira e não mentirosa, assim como ela
vos ensinou, permanecei nele” (1Jo, 2,20-27).
Devemos sair para experimentar nossa unção, seu poder e sua eficácia
redentora (...) para nos doarmos e levar o Evangelho aos demais; para
partilhar a unção que temos com o nosso irmão, restaurando lhe sua
sacralidade.
Que alimentados pela fé em Cristo Jesus,
cada ministro ordenado seja o coração
pulsante de Deus no hoje da história
Amém
100
Download

Pastoral presbiteral - Diocese de Leopoldina