A ÉTICA ARTICULADA À CIÊNCIA, À EDUCAÇÃO E À TECNOLOGIA JULHO 2011 ÉTICA E MORAL Conceitos distintos ou complementares? São complementares! A ética é a norma de comportar-se segundo a predisposição da natureza, já a moral é a norma de comportar-se segundo os costumes sociais e culturais. Pelos atos (prática) se firma a ética e se opta pela moral. Arena Cruzeiro do Sul 2 CONCEITOS ÉTICA MORAL ••Tem ________ como ____ significado _______ os costumes, __ ______ é um__conjunto _____ ___ de •Palavra derivada do grego normas _____ que regulam o ἠθικός, e significa aquilo que comportamento do homem • __ ____ ___________ __ pertence ao ἦθος, ao caráter. em________ sociedade,_ __ e estas normas ________ __ são______ adquiridas educação, ___pela _______ _ pela tradição e pelo cotidiano. •Busca fundamentar o bom _____________ __ _____ modo de viver pelo pensamento •Entendida __ _________ como "costume", _ _____ humano, seguindo as condições ou ______ "hábito",___do __________ latim mos, da natureza. mores. ____ ________ ____ ________ _ ____ _________ Arena Cruzeiro do Sul 3 ÉTICA • Segundo Aristóteles em sua obra "Ética a Nicômaco", preocupa-se com o bem humano, determinado por dois fatores: 1) um fator bastante constante, a natureza humana , que se constitui de uma série de elementos corporais ligados a uma forma dinâmica por ele chamada de alma (psyché, donde se origina o adjetivo psíquico). 2) um segundo fator variável, o conjunto de circunstâncias concretas, chamadas pelos gregos de ocasião. • Segundo Motta (1984), ética significa um modo de ser. • Segundo Masiero (2000), ética é um ramo da filosofia que estuda o comportamento moral do ser humano, classificando-o como bom ou ruim, correto ou errado. Arena Cruzeiro do Sul 4 MORAL • Segundo Augusto Comte (1798-857), "a moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas". Entende-se por instintos simpáticos aqueles que aproximam o indivíduo dos outros. • Para Piaget (1935), todo a moral é um sistema de regras e a essência de toda a moralidade consiste no respeito que o indivíduo sente por tais regras. • Segundo Marciano Vidal (1979), chama moral social de moral concreta, afirma que tem por objetivo refletir sobre as ações éticas concretas que fazem sua aparição dentro do horizonte da sociedade. • Segundo M. Chauí (1994), o sujeito ético ou moral é uma pessoa consciente de si e dos outros, dotado de vontade racional, reconhecer-se como responsável e ser capaz de auto determinar-se. Arena Cruzeiro do Sul 5 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA CIÊNCIA ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA CIÊNCIA Parte 1, 3 e 7 SEGUNDO EDGAR MORIN (2001) •O conhecimento não deve ser um problema restrito aos filósofos. • Em função da cultura, cada um pensa que suas idéias são as mais evidentes e esse pensamento leva a ideias normativas, o que é um risco para a ciência. • Nossa missão se transformou em civilizar o pequeno planeta em que vivemos. • Atualmente a ciência tem abandonado determinados elementos mecânicos para assimilar o jogo entre certeza e incerteza, da micro-física às ciências humanas. É necessário mostrar em todos os domínios, sobretudo na história, o surgimento do inesperado. Arena Cruzeiro do Sul 7 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA CIÊNCIA Parte 4 e 5 SEGUNDO CHAUÍ (2000) • Na medida em que a razão se torna instrumental (com objetivos capitalistas), a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, poder e exploração da natureza e dos seres humanos. SEGUNDO CARDOSO (1998) • A razão instrumental distancia a ciência da ética, uma vez que seu objetivo é estabelecer os fins e adequar os meios aos fins. Não há espaço nela para a reflexão sobre os fins da ação em termos de valores e sim em termos de eficiência. Arena Cruzeiro do Sul 8 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA CIÊNCIA • Parte 2, 4 e 6 Segundo Paulo Ricardo Meira, Doutorando em Marketing pelo PPGA/UFRGS, a ética no fazer científico, é bem definido por EL FAR e HIKIJI (1998) que apresentam a ótica de Alan Sokal sobre o que seria uma produção científica com carência de fundamentos éticos, em artigodenúncia sobre uma determinada corrente de escritores sobretudo franceses: 1) usar terminologias científicas (ou aparentemente científicas sem conhecimento de seu significado; 2) importar noções das ciências exatas para as ciências humanas sem a preocupação com uma justificação empírica ou conceitual; 3) exibir uma erudição superficial ao apresentar termos especializados ao leitor “leigo”, em um contexto no qual eles não têm pertinência alguma; 4) manipular frases desprovidas de sentido e se deixar levar por jogos de linguagem Não obstante, a forma escolhida por Sokal para fazê-lo, ao enganar o conselho editorial de uma revista, nos parece que a ele próprio faltaram princípios éticos no momento de preparação e submissão de seu artigo. Na Declaração do Rio de Janeiro sobre Ética em Ciência e Tecnologia (2003), entre os pressupostos de uma ciência ética está a distribuição do conhecimento a todos, independentemente de gênero ou posição social, com uma noção, assim, de desenvolvimento tecnológico e científico que seja democrático em sua natureza. Arena Cruzeiro do Sul 9 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO Parte 1 e 6 DE ACORDO COM EDGAR MORIN (2001): • A partição do conhecimento em disciplinas, o ensino fragmentado e dividido, impedem a capacidade natural que o espírito tem de contextualizar. • A contextualização dos conhecimentos históricos e geográficos permite entender, por exemplo, um conhecimento novo. • OBJETIVO DA EDUCAÇÃO: ligar as partes ao todo e o todo às partes. • É curioso que nossa identidade seja completamente ignorada pelos programas de instrução. • A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. A redução do outro, a visão unilateral e a falta de percepção sobre a complexidade humana são os grandes empecilhos da compreensão. Arena Cruzeiro do Sul 11 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO Parte 5 e 6 DE ACORDO COM TERESINHA AZEREDO RIOS ( ): • A escola se preocupa e se tranquiliza através das aplicações das regras, das normas, sem problematizar, sem questionar, sem refletir com as crianças. Na maior parte das vezes temos o cumprimento das regras, pois a indisciplina é conhecida, ou melhor, é descrita como rompimento das regras. • A atitude filosófica é uma atitude de crítica, de reflexão, de pergunta pelo sentido. Algo que devia estar o tempo todo na sociedade no sentido de fazer a vida e o conhecimento mais amplo. Dá-se a razão de se fazer presente, a atitude filosófica, na formação inicial e continuada dos professores, tematizada e/ou transversalizada. Para que o professor, com esses recursos, possam rever suas práticas e aprimorá-las. Arena Cruzeiro do Sul 12 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO Parte 3 e 7 DE ACORDO COM EDGAR MORIN (2001): • Estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o egoísmo e que, consequentemente, alimenta a autojustificação e a rejeição ao próximo. • Faz-se urgente a construção de uma consciência planetária. • Existe um aspecto individual, outro social e outro genético, diria de espécie. Algo como uma trindade em que as terminações são ligadas: a antropo-ética. • Cabe ao ser humano desenvolver, ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação social (as responsabilidades sociais), ou seja, a nossa participação no gênero humano, pois compartilhamos um destino comum. Arena Cruzeiro do Sul 13 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO • Parte 6 Aristóteles não sabia que as estruturas estavam em formação, por isso, ele acreditava que aos adultos se ensinava mais facilmente a ética e às crianças se ensinava a pedagogia. Segue uma perícope de Carlota Boto, licenciada em Pedagogia e em História pela USP, autora do livro A escola do homem novo: entre o Iluminismo e a Revolução Francesa, publicado pela Editora UNESP em 1996. professora da área de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP: Para Aristóteles, ética e política são práticas, que se definem pela ação. Agindo eticamente é que adquiro a prática da virtude. Educando com correção é que nos tornamos educadores. Além disso, educar supõe a mimesis; imitação de ações exemplares. Dirá o autor da Poética que, “segundo o caráter, as pessoas são tais ou tais, mas é segundo as ações que são felizes ou o contrário. Portanto, as personagens não agem para imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres graças às ações. Assim, as ações e a fábula constituem a finalidade da tragédia, e, em tudo, a finalidade é o que mais importa” (ARISTÓTELES, Arte Poética, p.25). Sobre o tema Kenneth McLeish argumenta que a idéia de imitação e de mimesis é o centro da análise estética de Aristóteles; supondo – pelo conceito – uma associação entre o que é apresentado ou representado e a existência prévia da pessoa: espectador ou aprendiz. A noção do imitar tem a ver com a perspectiva da preservação: imita-se o que se louva; louva-se o que é honrado, e, portanto, o que deve ser preservado. Na educação, como na dramaturgia, “o criador convida o espectador a se envolver com um desempenho, uma mimesis da realidade, e, portanto, por delegação, com a própria realidade” (MCLEISH, 2000, p.18). Haveria, por ser assim, algum envolvimento subjetivo no drama. Este se torna sujeito, para o mestre e para o aprendiz. Daí a magia da ação educativa quando assumimos a confluência proposta por Aristóteles dessa imitação/representação do bom, do belo e do bem – tríade necessária para pensar a formação da virtude ao educar. Arena Cruzeiro do Sul 14 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA COMPUTAÇÃO (TECNOLOGIAS) Parte 2 e 3 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA COMPUTAÇÃO (TECNOLOGIAS) • • • • • • • • • • • Os códigos de coduta profissional da área não estão ainda consolidados; Tópicos atuais que podem ser mencionados são: acesso não-autorizado a recursos computacionais (hackers, vírus, etc); direitos de propriedade de software (pirataria, a lei que regulamenta a propriedade do software, engenharia reversa); confidencialidade e privacidade dos dados; segurança; DataMining (Mineração de Dados); Cruzamentos de bases de dados (up-sell e cross-sell); Propriedade Inteclectual; riscos da computação e sistemas críticos com relação à segurança; responsabilidade e regulamentação profissional; software preconceituoso, e software que possa causar riscos ao ambiente ou ao bem-estar humano. • O princípio da confidencialidade • As implicações sociais e éticas da área de computação não devem ficar nas mãos apenas dos profissionais de computação. Arena Cruzeiro do Sul 16 Parte 3 ÉTICA E IMPLICAÇÕES NA COMPUTAÇÃO (TECNOLOGIAS) Os códigos de ética profissionais normalmente acompanham a regulamentação da profissão. Com a regulamentação criam-se estruturas sindicais e conselhos regionais e federal. Cabe ao conselho federal adotar um código de ética para a profissão e zelar pelo seu cumprimento, delegando, quando necessário, ao conselhos regionais. No Brasil, a SBC (Sociedade Brasileira de Computação) e a Sucesu (Sociedade dos Usuários de Informática e Telecomunicações), não possuem código de ética formalmente definidos para a conduta de seus membros. Arena Cruzeiro do Sul 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS • Considerar a forte necessidade de elaborar códigos de ética que traduzam os anseios e necessidades da sociedade brasileira. • Envolver representantes da sociedade na elaboração dos códigos de ética para cada área. • A filosofia, como pergunta pelo sentido, deve estar presente na formação dos profissionais de diversas áreas, principalmente para os instrutores e cientistas. • Para que haja uma conduta ética, além dos valores éticos, é necessário que o agente seja um sujeito ético ou moral, ou seja, uma pessoa consciente de si e dos outros, dotado de vontade racional, reconhecer-se como responsável e ser capaz de autodeterminar-se (Cf. Chauí, 1994: 337). Arena Cruzeiro do Sul 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • MASIERO, Paulo Cesar. Ética em Computação. São Paulo: Editora da Universidade de São (Acadêmica, 32). Paulo. 2000 - • MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. • http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/Morin_1263223813.pdf Acesso 17/07/2011. em • RIOS, dos • CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000 • CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Ciência e Educação: Alguns Aspectos. Revista • • • • • PIAGET J. El juicio moral en el niño. Madrid: Beltrán, 1935:9-11. ROUX A. La pensée d'Auguste Comte. Paris: Chiron, 1920:254 http://www.trigueiros.com.br/filosofia/aristoteles.html VIDAL, Marciano, Moral das Atitudes, 3º volume, Aparecida, Ed. Santuário, 1979, p. 640. DENZINGER, Henrici e Hünermann, Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral, São Paulo, Editoras Paulinas e Loyola, 2007, p.1467. Terezinha Azeredo. Entrevista sobre O Papel da Escola na Alunos.http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/terezinha-rios504826.shtml. Acesso em 24/07/2011. Formação Ética professor-etica- Ciência & Educação, 1998, 5(1), 1–6 19 Anexo Trechos do filme Parte 1 - 00:20:30 a 00:23:38 - Déscartes. Parte-Todo. Visão mecanicista. Os tempos mudaram, necessita-se uma nova visão. Parte 2 - 00:27:27 a 00:28:35 - A tecnologia para resolver as mazelas do mundo. Parte 3 - 00:36:12 a 00:36:24 - O mundo muda mais rápido que a percepção das pessoas. Parte 4 - 00:43:30 a 00:45:15 - A ciência a serviço do desenvolvimento de ferramentas contra a vida. Crise ética/moral. Parte 5 - 01:09:18 a 01:13:42 - A física expressa o peso que sente pelas mortes pela bomba atômica. O cientista nunca é responsabilizado. A ética e a moral não sãp ensinadas. A ciência pura não existe mais. Os índios pensam até a sétima geração. Os patrocinadores das pesquisas. Parte 6 - 01:22:04 a 01:23:40 - Necessidade de uma ciência mais abrangente. Interdependência entre os seres. A auto-organização da vida. Parte 7 - 01:41:52 a 01:43:40 - Fala do poeta que transcende o cientista dizendo que a vida é muito mais que um relógio ou um sistema. Tentativas verdadeiras porém reducionistas de entender a existência. “é uma experiência interior.” 20