Diversidade Biológica (Biodiversidade) Diversidade biológica (biodiversidade): significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, terrestres, compreendendo, marinhos e os outros ecossistemas ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. ORIGENS DA AGRICULTURA E DA DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS De Candole (1866) – Plantas domesticadas muitas vezes diferem mais entre elas do que dos seus ancestrais selvagens. Darwin (1868) – Plantas domesticadas diferem das ancestrais selvagens a partir das mudanças resultantes da seleção (tamanho, forma) no processo de domesticação. Vavilov (1926) – A região geográfica na qual a diversidade genética é maior, corresponde à região de origem, especialmente se as raças selvagens das espécies relevantes estão presentes também nesta região. Oito centros de origem: civilização x prática da agricultura. Mais tarde tornou relativo este conceito e desenvolveu um sistema de grupos ecológicos baseado em características como fotoperíodo, resposta a temperaturas e doenças. • VAVILOV • Primeira contribuição: brilhante geneticista, hábil coletor e planejador de mais de 50 expedições de coleta de RGVs em todos os continentes a partir de 1920. • Primeiros bancos de germoplasmas na Rússia. • Rápida modernização. • VAVILOV • Segunda contribuição: teoria da analogia climática. Para a seleção de espécies e variedades é preciso levar em conta as condições climáticas de origem e, sempre que possível, selecionar materiais de regiões com clima similares aos das regiões que se quer adaptar e cultivar. Estas idéias deram origem aos CENTROS DE DIVERSIDADE • VAVILOV • Terceira contribuição • Habilidade em traduzir e relacionar o conhecimento científico sobre RGVs em uso econômico, adaptação e resistência à pragas e moléstias. • Importância dos parentes selvagens. • Nikolai Ivanovich Vavilov (1887 – 1943) – Botânico e Geneticista russo, mais conhecido por ter identificado os centros de origem de plantas cultivadas. • Vavilov organizou uma série de expedições agronômicas-botânicas e coletou sementes nos mais variados pontos do planeta e criou, em Leningrado (Hoje São Petersburgo) a maior coleção de sementes do mundo para a época. • Este banco de sementes foi heroicamente preservada durante os 28 meses do cerco a Leningrado e alguns de seus assistentes morreram de fome mas guardaram as sementes. • Em 1940 Vavilov foi preso e mandado para a Sibéria como defensor de pseudociência burguesa (genética) e morreu na prisão de subnutrição em 1943. • HARLAN (1992) • abandonou o conceito de centros de origem, referindo-se a eles como ‘regiões ecológicas’. • Convergência atual de quatro processos ecológicos x genéticos x evolucionários, que justificariam os padrões eco-geográficos de variabilidade genética. • HARLAN (1992) 1 - Condições ecológicas do Plioceno (5 milhões a 1,8 milhão anos) ou pleistoceno (1,8 milhão a 11.000 anos) direcionaram a seleção natural em favor de poucas espécies selvagens com propriedades que posteriormente confeririam sucesso na agricultura. • HARLAN (1992) 2 - Sistemas reprodutivos como autofecundação e reprodução vegetativa oportunizaram a rápida geração de novos genótipos superiores, permitindo a manutenção das características de interesse, o que poderia não ocorrer com a hibridização com genótipos inferiores. Assim, o sistema reprodutivo ajustou-se à condição agrícola; • Mesolítico ou neolítico. 3 – Os tipos mais adaptados rapidamente se espalharam para áreas geográficas com diferentes ambientes; • Início e desenvolvimento da civilização e últimos cinco séculos. 4 - Aumento na adaptação dentro de ambientes específicos levou a uma maior diferenciação genética entre as populações domesticadas; • Melhoramento moderno –final sec. 19 a sec. 21. CENTRO DE ORIGEM X CENTRO DE DIVERSIDADE • Crítica: Faltam informações para determinar a origem real ou primária. • “Mapa do tesouro” para a conservação genética. CENTRO DE ORIGEM X CENTRO DE DIVERSIDADE • A partir de Vavilov, European Soc. Res. Plant Breeding (EUCARPIA). • Quatro Bancos de Germoplasma para a Europa. • Noroeste: Inst. of Crop Science and Seed Res. – Alemanha. CENTRO DE ORIGEM X CENTRO DE DIVERSIDADE • Central e Leste – Leningrado • Sul e Mediterrâneo – Bari – Itália • Escandinávia – Suécia CENTROS DE DIVERSIDADE GENÉTICA VAVILOV (1916 a 1930) à coleta de plantas ao redor do mundo • Centros de origem: área geográfica na qual a espécie foi originada. • Centros de diversidade genética: local onde há grande diversidade genética da espécie cultivada e espécies relacionadas. CENTROS DE ORIGEM E DIVERSIDADE • Representam locais de conservação de germoplasma “in situ”. - São necessárias expedições de coleta para obtenção do germoplasma. CENTROS DE ORIGEM E DIVERSIDADE • São fontes importantes de germoplasma apenas para culturas que não possuem bancos de germoplasma ou os bancos são incompletos, ou ainda quando a característica desejada não é encontrada nos bancos de germoplasma. existentes. • É a forma mais cara de obter germoplasma de uma espécie. 1 - Centro Chinês: alface, soja, milheto; (136 sps) 2 - Centro Indiano: arroz, grão-de-bico, cana-de-açúcar, inhame, algodão arbóreo, manga (117 sps) 2 a - Centro Indo-maláio: banana, coco, inhame, cana-de-açúcar; (55 sps) 3- Centro Centro-Asiático: lentilha, grão-de-bico, ervilha, linho, centeio, trigo comum. (43 sps) 4 - Centro Oriente Próximo: alfafa, cevada, grão-de-bico, ervilha, lentilha, linho, centeio. (83 sps) 5 - Centro Mediterrâneo: aipo, trigo duro, grão-de-bico, hortelã, pimenta. (84 sps) 6 - Centro África Oriental: cevada, lentilha, grão-de-bico, ervilha, linho, café, sorgo. (38 sps) 7 - Messoamerica: milho, feijão, algodão herbáceo, cucurbitáceas. 8 - Centro Sul Americano (Peruano - Equatoriano - Boliviano): feijão, batatinha, batata-doce, fumo, tomate. (62 sps) 8 a - Centro Chileno (Ilha de Chiloé): batatinha e moranguinho selvagem. (2 sps) 8 b - Centro Brasileiro - Paraguaio: mandioca, amendoim, abacaxi, seringueira. Centro Brasileiro Paraguaio Brasil -Passiflora Brasil -Anonáceas Guaraná (Paulinia cupana) Seringueira (Hevea brasiliensis) Pimenta (Capsicum spp.) Urucum (Bixa orellana) Germoplasma • Material genético que constitui a base física da herança e que se transmite de uma geração para a outra por meio de células reprodutivas. • Unidades físicas vivas que contém a composição genética de um organismo particular, com a habilidade de se reproduzir ⇒sementes, mudas, estacas, “gemas”, etc. Germoplasma de Plantas Aromáticas Para que serve um banco de germoplasma? • Razões para coletar germoplasma. • O germoplasma está em perigo de erosão genética ou extinção. • Demanda pelo germoplasma por usuários em âmbito nacional ou internacional. • O conhecimento sobre o germoplasma deve ser ampliado. Para que serve um banco de germoplasma? • A diversidade genética do germoplasma está sendo perdida ou é insuficientemente representada nas coleções ex situ; • Necessidade de conservar ex situ parentes silvestres; • Necessidade de se resgatar germoplasma em áreas ameaçadas por impactos humanos ou desastres naturais. Como estabelecer um banco ou coleção de germoplasma? FORMAS DE CONSERVAÇÃO DO GERMOPLASMA • Os recursos genéticos são mantidos em condições in situ, on farm, e ex situ. • in situ: é realizada, basicamente, em reservas genéticas, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável. • Pode ser organizada também em áreas protegidas, seja de âmbito federal, estadual ou municipal. • As reservas genéticas, por exemplo, são implantadas e mantidas em áreas prioritárias, de acordo com a diversidade genética de uma ou mais espécies de reconhecida científica ou sócio-econômica. importância • Teoricamente, essas reservas podem existir dentro de uma área protegida, de uma reserva indígena, de uma reserva extrativista e de uma propriedade privada, entre outras. • Vantagens: • possibilidade de conservar ampla variabilidade genética; • maior facilidade de conservar espécies com sementes recalcitrantes; • não é interrompido o processo evolutivo. Desvantagens • erosão genética: por enchentes, incêndios e degradação (avanço de fronteiras agrícolas); • alto custo: necessidade de levantamento ecogeográfico e formação de reservas; • custo sócio-econômico: áreas não podem ser utilizadas para agricultura; • dificuldade preservação. de proteção das áreas de • on farm: pode ser considerada uma estratégia complementar à conservação in situ, já que esse processo também permite que as espécies continuem o seu processo evolutivo. • Envolve recursos genéticos, especialmente variedades crioulas - cultivadas por agricultores, especialmente pelos pequenos agricultores, além das comunidades locais, tradicionais ou não e populações indígenas, detentoras de grande diversidade de recursos fito-genéticos e de um amplo conhecimento sobre eles. • Esta diversidade de recursos é essencial para a segurança alimentar das comunidades. • Dentre os principais recursos fito-genéticos mantidos a campo pelos pequenos agricultores brasileiros estão a mandioca, o milho e o feijão. • Outras espécies de raízes e tubérculos, plantas medicinais e aromáticas. • Manutenção desses materiais on farm, com ênfase para as variedades crioulas, envolve recursos nativos e exóticos adaptados às condições locais. • Outra particularidade é que estas variedades crioulas, mesmo deslocadas de suas condições naturais, continuam evoluindo na natureza, já que estão permanentemente submetidas à diferentes condições edafoclimáticas. Estratégias de Conservação Ex situe In situ • Ex situ In situ • Conservação de sementes parques • Coleções de campo conservação Local • Coleções in vitro jardins caseiros • Criopreservação • Jardins botânicos • EX SITU: é a manutenção das espécies fora de seu habitat natural. • Manutenção de recursos genéticos: - Câmaras de conservação de sementes (-20º C), - Cultura de tecidos (conservação in vitro), - Criogenia: para o recalcitrantes, (-196º C), caso de sementes • Laboratórios - para o caso de microorganismos, a campo (conservação in vivo), - Bancos de germoplasma - para o caso de espécies vegetais. • Características: (i) preservar genes por séculos; (ii) permitir que em apenas um local seja reunido material genético de muitas procedências, facilitando o trabalho do melhoramento genético; (iii) garantir melhor proteção à diversidade intraespecífica, especialmente de espécies de ampla distribuição geográfica. OBS: Este método implica, entretanto, na paralisação dos processos evolutivos, além de depender de ações permanentes do homem, visto concentrar grandes quantidades de material genético em um mesmo local, o que torna a coleção bastante vulnerável. Conservação ex situ Conservação ex situ a) Bancos de sementes: • possibilidade de conservação de ampla variabilidade genética; • conservação a médio e longo prazo. Conservação ex situ • COFRE MUNDIAL DE SEMENTES – inaugurado em 26/fev/2008 Lado exterior (esquerda) e o interior (direita) do cofre de sementes do Svaldbard, Noruega. Conservação criogênica b) Bancos de germoplasma “in vivo” • Especialmente espécies com sementes recalcitrantes. • Coleções de plantas vivas. Ex.: jardins botânicos, coleções junto a bancos de sementes; • Exige maior área e é difícil de conservar boa amostra da diversidade genética de uma espécie. Ex.: banana, dendê, café. c) Bancos de germoplasma “in vitro” • Cultura de tecidos. • Conservação sob crescimento retardado. • Exige protocolo apropriado para cada espécie e/ou genótipo. • Adequado para espécies com pouca ou nenhuma produção de sementes ou com sementes recalcitrantes. • Ex.: batata, batata-doce, mandioca, alho. BANCOS ATIVOS DE GERMOPLASMA • Aqueles de propriedades de instituições de pesquisa e/ou programas de melhoramento genético, que representam genótipos com utilidade direta em programas de melhoramento. • Dá-se prioridade a programas conduzidos em ambientes semelhantes e com objetivos semelhantes ao nosso programa de melhoramento genético. • Fonte primária de germoplasma para um programa de melhoramento de plantas. BANCOS DE GERMOPLASMA • Apresentam a maior variabilidade genética conservada ex-situ de uma espécie cultivada (espécies silvestres aparentadas). • Geralmente não se conhece o potencial genético de boa parte da coleção. • São fontes de genes para situações futura. • No Brasil a EMBRAPA, através da Embrapa Recursos • Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), coordena vários bancos de conservação de germoplasma de espécies como amendoim, abacaxi, mandioca, paspalum, e outras. USO DE GENES DE ESPÉCIES SILVESTRES • Vantagem: • fonte de genes muitas vezes não disponíveis na espécie cultivada. • Desvantagens: • possuem muitas características indesejadas; • necessidade de retrocruzamentos; • caracteres desejados e indesejados podem estar ligados geneticamente. Programas de melhoramento de plantas no Brasil – Instituições governamentais; – EMBRAPA; – EPAMIG, EMGOPA, IAC e IAPAR; – Universidades Federais e Estaduais – Empresas Iniciativa Privada (AGROCERES, PIONEER, MONSANTO, ETC.). Programas de melhoramento de plantas no Mundo Instituições Internacionais – CIAT (Colômbia)- feijão, arroz e mandioca – CIMMYT (México)- milho e trigo – IRRI (Filipinas)- arroz – ICARD (Síria)- trigo e cevada – CIFOR (Indonésia)- essências florestais – CIP (Peru)- batata – IBPRG (Itália)- recursos genéticos – IITA (Nigéria)- milho, mandioca e soja – INIBAP (França)- banana – WARDA (Costa do Marfin)- arroz CONSERVAÇÃO DE RECURSOS GENÉTICOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O MELHORAMENTO DE PLANTAS EROSÃO GENÉTICA - perdas de alelos de uma determinada espécie e espécies silvestres relacionadas. CONSEQUÊNCIAS DA VULNERABILIDADE GENÉTICA: • Falta variabilidade genética para adaptação a mudanças no ambiente ou para atingir novos objetivos do melhoramento; • perigo de epidemias de pragas e molétias; • limitação do ganho genético. GERMOPLASMA DE IMPORTÂNCIA PARA O MELHORAMENTO DE PLANTAS: a) parentes silvestres; b) cultivares primitivas ou crioulas ou “land races”; c) cultivares obsoletas; d) cultivares modernas; e) linhagens avançadas. Hotspot: foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers. Regiões de Hotspots: toda área prioritária para conservação, isto é, de alta biodiversidade e ameaçada no mais alto grau. - É uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. 1988: Myers identificou 10 Hotspots mundiais. 1996-1999: Russell Mittermeier: aumentou para 25 as áreas no planeta consideradas Hotspots. - Juntas, elas cobriam apenas 1,4% da superfície terrestre e abrigavam mais de 60% de toda a diversidade animal e vegetal do planeta. fev/2005: identifica 34 regiões, hábitat de 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. - Nove regiões foram incorporadas à versão de 1999. - Somando a área de todos os Hotspots temos apenas 2,3% da superfície terrestre, onde se encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos. Brasil há dois Hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado. No total são 34 zonas, incluindo a Mata Atlântica e o cerrado brasileiro. Atenção: os hotspots já perderam 70% da vegetação original.