Seminário Rumos da Economia 2015 Ilan Goldfajn Economista-chefe e Sócio Itaú Unibanco Maio, 2015 Resumo Desaceleração no Brasil reflete fim de ciclo global, mas é mais intensa que em outros países devido a fatores domésticos. Estamos em plena temporada de ajustes para retomada da confiança. Crescimento maior depende de aumento da produtividade. 2 EUA: Fed vem adiando o ciclo de aumento de juros Na reunião de março, o Comitê de Política Monetária do Fed sinalizou um ritmo gradual no aumento taxa de juros e eliminou as chances de o ciclo iniciar em junho. Embora exista a chance uma nova de postergação caso os núcleos de inflação continuem fracos, esperamos que o primeiro aumento da taxa de juros ocorra em Setembro. Núcleo de inflação (exceto energia e alimentos) Variação anual (PCE) Fed funds % a.a. 2.0% 2.25% 2.00% dez/15 dez/16 FOMC (mediana) 0,63 1,63 Mercado 0,35 1,06 1.5% 1.75% 1.0% 1.50% 1.25% 0.5% 1.00% Fonte: Itaú Unibanco,Bloomberg, Haver Analytics, BLS 3 dez-16 set-16 jun-16 mar-16 dez-15 set-15 2015 jun-15 2014 mar-15 2013 dez-14 2012 set-14 2011 jun-14 0.75% 2010 mar-14 0.0% Preços de commodities devem permanecer relativamente baixos Preços de commodities deflacionado pelo CPI americano 1.80 1ª guerra mundial 1.60 1.40 1.20 Crise do petróleo 2ª guerra + Plano Marshall Boom da China 1.00 0.80 0.60 0.40 0.20 0.00 1913 1918 1923 1929 1934 1940 1945 1950 1956 1961 1967 1972 1978 1983 1988 1994 1999 2005 2010 2015 2021 Base Fonte: Itaú Unibanco, Bloomberg, BLS 4 Tendência O crescimento na América Latina desacelerou Crescimento do PIB: passado vs projeções 7.0% 6.0% 6.4% 5.6% 5.0% 4.8% 4.8% 4.7% 4.0% 3.7% 3.0% 4.5% 3.8% 3.5% 2.8% 4.8% 2.7% 2.0% 2.6% 2.7% 1.0% 0.0% -0.8% -0.2% -1.0% média 2003-13 Fonte: Itaú Unibanco, Haver Analytics 5 média 2014-16 (E) México Paraguai Colômbia Chile Peru Uruguai Brasil Argentina -2.0% A desaceleração no Brasil está sendo mais intensa, mas esperamos recuperação moderada à frente Crescimento real do PIB (%) 7.4 7.6 6.4 5.4 6.0 5.7 5.0 4.4 4.5 4.0 3.4 3.9 3.1 2.4 2.7 2.1 1.8 1.4 1.7 0.7 0.4 1.9 2.2 0.7 0.1 -0.2 -0.6 -1.5 -1.6 2004 Fonte: Itaú Unibanco, IBGE 6 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 a 2019 2025 Piora no mercado de trabalho Criação formal de empregos Milhares, ajustado sazonalmente Taxa de desemprego e dificuldade em encontrar emprego %, dessazonalizado 350 9.0% 85% 8.0% 75% 7.0% 65% 6.0% 55% 5.0% 45% 4.0% 35% 300 250 200 150 100 50 0 -50 -100 -150 -200 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Taxa de desemprego Dificuldade em encontrar emprego (% das respostas, direita) Fonte: Itaú Unibanco, FGV, IBGE, MTE 7 Ativos domésticos refletiram cenário de crise, mas melhoraram recentemente Taxa de câmbio (R$/US$) Juros de mercado – DI jan/16 CDS de 5 anos (risco-país) 3.35 3.10 320 14.0 285 13.5 13.0 250 2.85 12.5 215 12.0 2.60 180 2.35 2.10 jan-14 11.5 145 jun-14 nov-14 11.0 110 jan-14 abr-15 Juros reais – NTN-B 50 nov-14 62,000 7.0 58,000 6.5 54,000 6.0 50,000 5.5 46,000 Fonte: Itaú Unibanco, Bloomberg jun-14 nov-14 abr-15 10.5 jan-14 jun-14 Ibovespa 7.5 5.0 jan-14 8 jun-14 abr-15 42,000 jan-14 jun-14 nov-14 abr-15 nov-14 abr-15 A crise não começou este ano “Na economia, fatos demoram mais para ocorrer do que se imagina, e depois ocorrem mais rapidamente do que se podia esperar” (R. Dornbusch) • A crise atual é resultado de: 9 I. Fim do ciclo de commodities e do crescimento global acelerado II. Problemas “estruturais”, que já existem faz tempo III. Reação de política econômica inadequada à nova realidade Temporada de ajustes no Brasil: muita coisa de uma só vez Cinco ajustes relevantes estão em curso nesse ano. Não são exatamente reformas, mas “reparos”. I. Fiscal II. Parafiscal III. Balanço de pagamentos IV. Realismo tarifário V. 10 Meta de inflação Deterioração da política fiscal nos últimos anos Superávit primário recorrente % do PIB Déficit nominal do governo central % do PIB 4% 9.0% 8.0% 3% 7.0% 6.2% 6.0% 2% 5.0% 4.0% 1% 3.0% 2.0% 0% 1.0% 0.0% -1% -1.1% -1.0% Fonte: Itaú Unibanco, BCB, FMI 11 Japão Índia Brasil Espanha Estados Unidos Portugal França África do Sul Itália Argentina Grécia Turquia Chile Rússia China 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Peru -2% Alemanha -2.0% Deterioração fiscal põe em risco a sustentabilidade da dívida Dívida líquida (% do PIB) 90% Dívida líquida (cenário anterior) 80% 80% Dívida líquida (sem ajustes) Dívida líquida (cenário base) 70% 60% 50% 45% 41% 40% 30% 2003 Fonte: Itaú Unibanco, BCB, FMI 12 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 2023 2025 O ajuste fiscal é ambicioso, mas pode não precisar chegar na meta Impactos negativos Medidas que não dependem do congresso Medidas que dependem do congresso Controles de “caixa” (a monitorar) Déficit 2014 Queda nas receitas de royalties Queda nas receitas recorrentes (devido ao PIB menor) Queda nas receitas não recorrentes Elevação do salário mínimo e beneficiários prev. Pagamento de equalização de juros Elevação de gastos com pessoal Total Elevação da Cide/PIS-Cofins em combustíveis Elevação do IPI Elevação do IOF sobre crédito PF Elevação do PIS/Confins sobre receitas financeiras Menor alíquota do Reintegra Corte no auxílio à CDE Total Projeto de lei da desoneração da folha Corte no Seguro Desemprego e Abono Corte nas Pensões por Morte Total Corte no custeio Corte no investimento Ajuste no esforço fiscal regional Ajuste nas empresas estatais Total Efeito inflação Superávit primário Fonte: Itaú Unibanco, Tesouro Nacional, Receita Federal 13 R$ bi % do PIB 32 -5 -26 -17 -52 -9 -15 -125 12 7 7 1 8 3 38 2 10 2 14 25 14 19 5 63 86 44 -0.6% -0.1% -0.4% -0.3% -0.9% -0.2% -0.3% -2.1% 0.2% 0.1% 0.1% 0.0% 0.1% 0.0% 0.6% 0.0% 0.2% 0.0% 0.2% 0.4% 0.2% 0.3% 0.1% 1.1% 1.5% 0.8% A conta corrente também precisa se ajustar: qual é o nível de equilíbrio? Convergência em diferentes cenários de câmbio Conta corrente* % do PIB 3.0% Cenário base 2015 2016 2017 2.0% Câmbio (fim de período) 3.10 3.40 3.60 1.0% Déficit em conta corrente 4.1% 3.6% 3.3% 0.0% Convergência em 2016 2015 2016 Câmbio (fim de período) 3.60 3.80 Déficit em conta corrente 3.9% 3.0% -1.0% -2.0% -3.0% -3.3 -3.0 -3.6 -4.0% -4.1 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 -5.0% -4.4 *Dados revisados com nova metodologia do BCB apenas a partir de 2010 Fonte: Itaú Unibanco, FMI 14 IPCA acima do teto esse ano, mas cenário mais favorável em 2016 IPCA Variação anual 8.5% 8.5% 8.0% 7.5% 7.0% 6.5% 6.4% 6.5% 5.8% 6.0% 5.9% 5.5% 5.5% 5.0% 4.5% 4.0% 2011 2014 2015 2016 2013 2014 2015 2016 6,5% 2,9% 9,5% 6,0% Energia Elétrica -15,7% 17,1% 50,1% 5,0% Ônibus urbano 0,0% 3,9% 12,5% 4,7% Taxa de água e esgoto 5,9% -2,7% 12,0% 13,0% Demais 4,3% 4,8% 7,2% 5,8% Administrados 1,5% 5,3% 14,0% 6,0% Gasolina Fonte: Itaú Unibanco, IBGE 15 2012 2013 Crédito desacelera, mas direcionado continua mais forte Saldo de Crédito PJ Variação anual, nominal Saldo de Crédito PF Variação anual, nominal 40% 50% 35% 30% 40% 25% 30% 20% 15% 20% 10% 10% 5% 0% 2008 2009 2010 2011 PJ Direcionado 16 Fonte: Itaú Unibanco, BCB 2012 2013 PJ Livre 2014 2015 0% 2008 2009 2010 2011 PF Direcionado 2012 2013 PF Livre 2014 2015 Inadimplência PF e PJ em trajetórias opostas Inadimplência over 90 – Livre Com ajuste sazonal 7.5% 4.0% 3.8% 7.0% 3.6% 6.5% 3.4% 6.0% 3.2% 5.5% 3.0% 2.8% Mar-11 Mar-12 Mar-13 Inadimplência PJ Fonte: Itaú Unibanco, BCB 17 Mar-14 Inadimplência PF (direita) 5.0% Mar-15 Olhando mais à frente: como voltar a crescer mais? PIB potencial Como aumentar o potencial? 4.5% 3.9% 4.0% 3.5% Produtividade 1.0% 3.0% 2.1% 2.5% 1.3% 2.0% 2.2% 1.8% 1.6% 0.8% 1.5% 0.9% Crescimento 1.7% 1.2% 1.0% 1.0% 1.6% 0.5% 1.0% 0.5% 0.0% 0.6% 0.4% -0.2% -0.5% 1999-2002 2003-2010 2011-2014 2015-2018 2019-2025 Trabalho Fonte: Itaú Unibanco, IBGE 18 Capital Produtividade Capital Trabalho Baixa taxa de poupança Demografia desfavorável Brasil: o que esperamos no curto prazo? 2013 2014 2015 2016 PIB (%) 2.7 0.2 -1.5 0.7 Desemprego (%) Dezembro 5.1 5.0 7.3 7.3 5.9 6.4 8.5 5.5 10.00 11.75 13.50 12.00 1.8 -0.6 0.8 1.5 Câmbio (fim de período) 2.36 2.66 3.10 3.40 Conta corrente (% PIB) -3.8 -4.4 -4.1 -3.6 Atividade econômica Inflação IPCA (%) Política monetária Taxa SELIC (%) Fiscal Superávit primário (% PIB) Balança de pagamentos 19 Conclusão Desaceleração no Brasil reflete fim de ciclo global, mas é mais intensa que em outros países devido a fatores domésticos. Estamos em plena temporada de ajustes para retomada da confiança. Crescimento maior depende de aumento da produtividade. 20