Estudos preliminares do protocolo de micropropagação do Pinhão-Manso (Jatropha curcas). FARIAS, P. M.¹ ; BIANCHINI, R. F.² Ciências Agrárias / Agronomia ¹ Acadêmica do curso de Agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina. [email protected] ² Engª Agrª Msc. Professora e Coordenadora do Curso de Agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão. [email protected] Resultados Introdução Com a possivelmente duradora transição energética em todo o mundo, além da busca constante pela sustentabilidade ambiental, alternativas energéticas vem surgindo. Contudo, busca-se com a planta pinhão-manso (Jatropha curcas) o aprimoramento e a difusão de pesquisas para a produção em massa dessa oleaginosa através da micropropagação in vitro. Pois a mesma tem demonstrado grande importância prática e potencial nas áreas agrícolas, florestal, na horticultura, floricultura, bem como na pesquisa básica. Os frutos da planta pinhão-manso os quais se extrai o óleo para a produção do biodiesel, concentra cerca 40% do mesmo. Por este motivo, além de ser uma cultura existente de forma espontânea em áreas de solos pouco férteis e de clima desfavorável à maioria das culturas alimentares tradicionais, o pinhão-manso pode ser considerado uma das mais promissoras oleaginosas também pelo motivo da planta até o presente não apresentar danos diretos ocasionados por uma praga específica da cultura. Sendo altamente resistente a doenças e aos insetos, pois ela segrega uma substância leitosa que provoca queimaduras nos insetos-pragas ou em outros agentes patógenos causadores de doenças. Além disso, o pinhão manso, Jatropha curcas, surge como uma alternativa viável para a agricultura familiar,por apresentar uma boa capacidade produtiva dentro de níveis economicamente viáveis ao produtor rural, e ainda por resistir a regime de stresse hídrico e poder ser empregada em áreas degradas e áreas pouco fertéis não utilizadas para as culturas convencionais. Objetivos Analisar a taxa de germinação in vitro e a taxa de contaminação das sementes de pinhão-manso, Jatropha curcas, submetendo-as em meio de cultura (MS) a pH 4,5 e a diferentes tratamentos de assepsia das sementes; avaliar a taxa de brotação dos segmentos nodais extraídos das plântulas de pinhão manso, de modo a criar um protocolo de estudo para a micropropagação da espécie. Metodologia A metodologia aplicada à realização do estudo, a fim de obter resultados preliminares do protocolo de micropropagação de Jatropha curcas contou com três etapas, sendo a primeira a germinação in vitro de Jatropha curcas; na qual buscou a assepsia das sementes as quais foram lavadas em água corrente por 30 a 60 minutos; depois mergulhadas em álcool puro (96 °GL) no tempo de 3 minutos; logo após a imersão no álcool onde novamente foram mergulhadas em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2% por 20 e 30 minutos, na em câmara de fluxo laminar . Em seguida foram lavadas em água destilada por três vezes. Ainda a primeira etapa contou a inoculação das sementes em vidros e tubos de ensaio contendo 10 ml de meio MS (Murashige e Skoog 1962), possuindo ½ MS, solidificado com 5% (2,5g) de ágar, 5 ml de solução A – H, 15g de sacarose e 0,75 mg/l de AG3 (ácido giberélico) com pH 4,5; onde permaneceram até a germinação, sendo 50 sementes para o tratamento I (20 minutos) e 50 sementes para o tratamento II (30 minutos) . A incubação foi realizada na sala de crescimento do Laboratório de Produção Vegetal - UNISUL sob temperatura de mais ou menos 25°C, com diferença de 2 °C, podendo variar para 23 °C ou 27°C, e a umidade relativa em torno de 70%.Já na segunda etapa do estudo, após a germinação in vitro de Jatropha curcas, as plântulas que não tiveram contaminação foram conduzidas a câmara de fluxo laminar, onde ocorreu a repicagem do material, excisando os segmentos nodais das plântulas de Jatropha curcas e em seguida realizando a inoculação em meio de cultura MS solidificado com 5% (2,5g) de ágar, 5 ml de solução A – H, 15g de sacarose e 0,75 mg/l de BAP (6-benzilaminopurina) com pH 5,5, para a regeneração de brotos de pinhão-manso a partir do segmento caulinar, estas que foram inoculadas por 30 dias. Durante esta etapa, o monitoramento foi realizado semanalmente, sendo duas visitas ao laboratório por semana. E por fim, a terceira etapa contou com o delineamento estático que foi casualizado em dois tratamentos de quatro repetições, sendo cada repetição formada por vinte e cinco tubos / vidros de ensaio com uma semente em cada. Após 60 dias de inoculação foi realizada a avaliação das taxas de germinação e contaminação e as médias foram comparadas no teste de “t”, em nível de 5% de significância. COMPARAÇÃO ENTRE AS TAXAS DE GERMINAÇÃO DOS TRATAMENTOS I E II 79% COMPARAÇÃO ENTRE AS TAXAS DE CONTAMINAÇÃO DOS TRATAMENTOS I E II TAXA DE BROTAÇÃO DOS SEGMENTOS NODAIS EXTRAÍDOS DAS PLÂNTULAS DE PINHÃOMANSO 64% 41% 36% 21% pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento I pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento II Fig.1: Comparação entre a taxa de germinação do tratamentos I (20 minutos) e do tratamento II (30 minutos) das sementes de Jatropha curcas. Fig.4: Semente de Jatropha curcas germinada no sétimo dia após a inoculação do tratamento I (20 minutos). 59% pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento I pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento II Fig.2: Comparação entre a taxa de contaminação do tratamento I (20 minutos) e do tratamento II (30 minutos) das sementes de Jatropha curcas. Fig.5: Semente de Jatropha curcas contaminda por fungos, não identificados. pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento I pH 4,5 MS 10 ml. Tratamento II Fig.3: Comparação entre as taxas de brotação do tratamento I (20 minutos) e tratamento II (30 minutos) dos segmentos nodais estraídos da primeira etapa. Fig.6: Inoculação das sementes de Jatropha curcas no Laboratório de Produção Vegetal – UNISUL. Conclusões Diante do proposto estudo conclui-se que foi alcançado o principal objetivo que era o de analisar a taxa de germinação in vitro e a taxa de contaminação das sementes de pinhão-manso, Jatropha curcas. Neste, o tratamento I (20 minutos) teve uma taxa 79% de germinação das sementes estudadas para tal tratamento. Entretanto no mesmo tratamento ocorreu à maior taxa contaminação, 64% das sementes. Foi observado que os embriões conseguiam germinar, entretanto após 15 dias ocorria a contaminação por fungos e/ou bactérias e ocasionavam a morte dos mesmos. A menor taxa de contaminação ocorreu no tratamento II, cuja assepsia foi de 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2% , com um percentual de 36% de contaminação. Contudo este apresentou uma taxa de germinação de 21% das sementes de Jatropha curcas. Uma hipótese para tal seria a morte dos embriões, já que estes ficaram um tempo maior exposto a assepsia. Além disso, um dado importante observado no experimento foi que a primeira semente a apresentar germinação ocorreu no quinto dia após ser inoculada, tendo ocorrência no tratamento II (30 minutos). No que diz respeito à taxa de brotação dos segmentos nodais extraídos das plântulas de pinhão-manso após 60 dias da inoculação, se deu em maior percentagem no tratamento II, sendo 59%. Isto porque as sementes inoculadas e germinadas neste tratamento, as quais mantiveram o crescimento apresentaram maior resistência à contaminação dos fungos e/ou bactérias. Além disso, algumas das brotações dos segmentos nodais das plântulas de pinhão-manso do tratamento I apresentaram anomalias, chamadas de calos. Bibliografia ARRUDA, F. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; ANDRADE, A. P. de PEREIRA, W. E.; SEVERINO, L. S. Cultivo do pinhão manso ( Jatrofa curcas L. ) como alternativa para o semi-árido Nordestino. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. , Campina Grande, PB. V.8, n. 1, p. 789-799, jan-abril , 2004. BELTRÃO, N. E. M. Considerações gerais sobre pinhão manso (Jatrofa curcas) e a necessidade urgente de pesquisas, desenvolvimento e inovações tecnológicas para esta planta em condições brasileiras. Embrapa Campina Grande. Paraíba. 2006. CARVALHO, J. M. F. C. Técnicas de micropropagacão. Campinas Grande: EMBRAPA, 1999. CORTESÃO, M. Culturas tropicais. Plantas oleaginosas, coqueiro, rícino, purgueira e aleurites. Lisboa, Portugal, Livraria Clássica Editora. 1956. Apoio Financeiro: UNISUL