UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA CAMPUS POÇOS DE CALDAS DISCIPLINA SISTEMAS DE ESGOTO E DRENAGEM URBANA PROFESSOR – ALEXANDRE SILVEIRA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL - 8° SEMESTRE POÇOS DE CALDAS-MG INTERCEPTORES INTERCEPTORES DE ESGOTO Definição de interceptor - Norma NBR 12 207/1992 Canalização que recebe e transporta esgoto (não recebe ligações prediais) Caracterizado pela defasagem das contribuições Amortecimento das vazões máximas DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES VAZÃO INICIAL DO TRECHO n Onde: • Qi,n = vazão inicial do trecho n Qi,n = Ql,n-l + Qi,a • Ql,n-l = vazão inicial do trecho de montante • Qi,a = vazão inicial do coletor afluente ao PV de montante do trecho n VAZÃO FINAL DO TRECHO n Qf,n = Qf,n-l + Qf,a Onde: • Qf,n = vazão final do trecho n • Qf,n-l = vazão final do trecho de montante • Qf,a = vazão final do coletor afluente ao PV de montante do trecho n DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES Cálculo da defasagem das contribuições Diminuição do coeficiente de pico Composição de hidrogramas Figura: Coeficiente de pico (K) em função da vazão média por diversos autores. 1-HAZEN & SAWYER - Para São Paulo 2-A.S.C.E -Limite Superior 3-GREELEY & HANSEN - Para São Paulo 4-FLORES - K = 7 0,10 p (P=Total de Habitantes) 5-D.A.E. São Paulo - K =2,25 (Portaria n° GDG/1/60 5 6-BABBIT - K = (P=População em milhares) p 0,20 7-(A.GUERREE) - K = 1,5 + 2,5 (Qm=Vazão média, VQm L/s) 8-SURSAN/E.S. - Plano Diretor Rio de Janeiro 9-SABESP/1974 - K = 1,2 + 1,049 (Qm=Vazão Qm 1,0 média m3/s) 17,4485 10-SABESP/1986 - K = 1,20 + Para 0,5090 Qm Qm 751 L/s, sendo Qm = Vazão Vazão Média (L/s) Média Total, incluindo infiltração, L/s (Exceto médias e grandes indústrias) DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES Diminuição do coeficiente de pico (K = K1xK2) Segundo SABESP/87 para região metropolitana de São Paulo Para ser utilizado nas regiões de vazões predominantemente residencial, comercial e público para Qm para 𝑄𝑚 ≤ 751 𝐿/𝑠 → 𝐾 = 1,80 = somatória das vazões médias de uso predominantemente residencial, comercial, público, incluídos também as vazões de infiltração em L/s Coeficiente de pico aplicáveis às vazões industriais (médias e grandes) K=1,1 Dimensionamento Hidráulico • Regime de escoamento no interceptor gradualmente variado • Dimensionamento hidráulico regime permanente e uniforme • Critérios para auto-limpeza - Vazão inicial: i 1,5 Pa (n = 0,013) Imin = 0,00035 Qi -0,47 Onde: Imin = declividade mínima, m/m (Imin = 0,0005 m/m) Qi = vazão inicial, m3/s • Velocidade máxima: 5 m/s Imáx = 4,65 Qf-⅔ , Qf em L/s • Lâmina máxima: 85% do diâmetro •Se Vf > Vc, lâmina máxima: 50% do diâmetro • Estudo do remanso hidráulico Dimensionamento de um Interceptor de Esgoto Projetar os trechos I-15 e I-16 de um interceptor de esgotos, conforme planta com os seguintes dados: - Cota de fundo do PV a montante do trecho I-15: 597,30 m - Contribuições ao interceptor: Contribui- Vazão Média Vazão Média Extensão da ções inicial (L/s) final (L/s) rede inicial (m) I – 14 310 525 56.364 CT – 1* 75 118 13.636 CT – 2* 113 189 20.545 Extensão da rede final (m) 68.182 15.325 24.545 *CT = Coletor Tronco Para determinar o coeficiente de pico (K = K1 x K2) utilizar a seguinte expressão: - para Q > 751 L/s → K = 1,20 + 17,4485 Q0,5090 - para Q 751 L/s → K = 1,80 - taxa de infiltração: 0,1 L/s x km - taxa de contribuição pluvial parasitária: 3 L/s x km Planta com os dados topográficos para o exercício de dimensionamento do interceptor Solução: a) Trecho I - 15 - Cálculo de vazão inicial A vazão inicial será determinada através da seguinte expressão: Qi = K Qd.i Qinf K 1 Onde: Qi = vazão inicial L/s; K = coeficiente de pico, conforme expressão recomendada; K1 = coeficiente de máxima vazão diária = 1,20; Qd.i = contribuição média inicial de esgoto doméstico, L/s; Qinf = contribuição de infiltração, L/s; Qd.i = (310 + 75) = 385 L/s; Qi = Qd.i + Qinf = 385 + 0,0001 x 70.000 = 392 L/s; Como Qi 751 L/s → K = 1,80 A vazão inicial será de: 1,80 Q x 385 7 585L/s i 1,20 - Cálculo da vazão final Sem considerar a contribuição pluvial parasitária Para determinar a vazão final é necessário calcular o coeficiente de pico (K), que é função da vazão média ( Q ). Pela fórmula, na vazão média, deverá ser incluída a vazão de infiltração. Qf = Qd.f + Qinf = ( 525 + 118 ) + 0,0001 x 83.507 = 651 L/s Como Qf 751 L/s → K = 1,80 A vazão final será de: Qf = 1,80 x 643 + 8 = 1.165 L/s Considerando contribuição pluvial parasitária a contribuição será de: Qp = 3 x 83,51 = 251 L/s Portanto, a vazão final será de: Qf = 1.165 + 251 = 1.416 L/s Cálculo da declividade mínima Imin = 0,00035 Qi -0,47 = 0,00035 (0,585) -0,47 = 0,00045 m/m Como a declividade de 0,00045 m/m é muito pequena, será adotada uma declividade maior, que permitirá o assentamento adequado da tubulação. Portanto, a declividade a ser adotada será de: I = 0,00070 m/m Cálculo do diâmetro Q f 1,165 44,03 I 0,0007 tabela 1500 mm Cálculo das lâminas e velocidades Para a vazão inicial Q i 0,585 22,11 I 0,00070 = tabela Yi/D = 0,39 Vi = 0,94 m/s Para a vazão final Q f 44,03 I tabela Yf/D = 0,575 ≤ 0,85 → ok! Vf = 1,11 m/s ≤ 5,0 m/s → ok! Cálculo de tensão trativa (i) Para Yi/D = 0,39 RHi = 0,3195 m i = RHi I = 1000 x 0,3195 x 0,00070 = 0,224 kgf/m2 i = 2,24 Pa ≥ 1,5 Pa → ok! Cálculo da velocidade crítica (Vc) Para Yf/D = 0,575 Vc = 6 gR Hf = 6 RHf = 0,4092 m 9,81 x 0,4092 = 12,02 m/s > Vf → ok! Análise do funcionamento da tubulação, considerando a contribuição pluvial parasitária. Será verificado se com a contribuição pluvial o interceptor funcionará como conduto livre. Para isso é necessário o cálculo da lâmina. Qp I 1,416 0,00070 = 53,52 tabela Yp/D = 0,65 ≤ 0,85 → ok! Trecho I-16 Cálculo da vazão inicial K Q Qinf Qi = K d.i 1 Q d.i = (310 + 75 + 113) = 498 L/s Q i = Qd.i + Qinf = 498 + 0,0001 x 90.545 = 507 L/s Como Q i ≤ 751 L/s K = 1,80 A vazão inicial será de: Qi = 1,80 x 498 9 756 L/s 1,20 Cálculo da vazão final Sem considerar a contribuição pluvial parasitária Q = f Q f Q d.f + Qinf = (525 + 118 + 189) + 0,0001 x 108.052 = 843 L/s Cálculo do coeficiente de pico (K): K = 1,20 + 17,4485 = 1,766 (843) 0 , 5090 A vazão final será de: Qf = 1,766 x 832 + 11 = 1.480 L/s Considerando a contribuição pluvial parasitária Qp = 3 x 108,05 = 324 L/s Qf = 1480 + 324 = 1.804 L/s Cálculo da declividade mínima Imin = 0,00035 Qi -0,47 = 0,00035 (0,756)-0,47 = 0,00040 m/m Será adotada uma declividade maior pois a cota de fundo do PV de jusante do trecho I-16 deverá ser mais baixa, devido à topografia. Para se ter um recobrimento adequado da tubulação será adotada a declividade de I = 0,0020 m/m. Cálculo do diâmetro Qf = I 1,480 0,0020 1500 mm = 33,09 tabela Cálculo das lâminas e velocidades Para a vazão inicial Qi I = 0,756 0,0020 = 16,90 tabela Yi/D = 0,33 Vi = 1,45 m/s Para a vazão final Qf = 33,09 tabela Yi/D = 0,48 ≤ 0,85 → ok! I Vf = 1,76 m/s ≤ 5,0 m/s → ok! Cálculo de tensão trativa (i) Para Yi/D = 0,33 RHi = 0,2772 m i = RHi I = 1000 x 0,2772 x 0,0020 = 0,554 kgf/m2 = 5,54 Pa ≥ 1,5 Pa → ok! Cálculo da velocidade crítica (Vc) Para Yf/D = 0,48 Vc = 6 gR Hf =6 RHf = 0,3654 m 9,81 x 0,3654 = 11,36 m/s > Vf → ok! Análise do funcionamento da tubulação considerando a contribuição pluvial parasitária Qp I = 1,804 0,0020 = 40,34 tabela Yp/D = 0,55 ≤ 0,85 → ok! Pode-se observar que em nenhuma situação a lâmina d’água supera 85% do diâmetro da tubulação em cada trecho. Portanto, o projeto é adequado. Bibliografia Notas de aula do Prof. Dr. Milton T. Tsutiya, referente à disciplina Saneamento do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP. TSUTIYA, M.T.; ALEM SOBRINHO, P. Coleta e transporte de esgoto sanitário. 2ª ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000.