Universidade Federal do Amapá
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
Licenciatura em Língua Portuguesa e Língua Francesa e
suas Respectivas Literaturas
Literatura Portuguesa do Período Medieval
Prof. Ms. Marcos Paulo Torres Pereira
Conceitos operacionais ao estudo do
espírito medieval
Não se imagina o que se quer, mas somente o
que é possível imaginar.
(Hilário Franco Jr.)
O início da Idade Média se dá com a queda do Império
Romano mediante a corrupção dos costumes e as invasões
bárbaras, acarretando remanejamentos incessantes da
organização territorial, além da constante descentralização
que a soberania de Roma historicamente centralizada não
tinha mais vontade nem meios de atender.
Rotinas e ritos, o humano e o divino, o comum e o
extraordinário se alternam na vida das sociedades, onde
se sucedem constantes transformações marcadas por
um mosaico de símbolos e significados os mais vários,
quer os de forma individual, quer os de forma coletiva,
que fundam o espírito.
Mentalidade
aquilo que permanece na formação dos povos, envolta na
história das estruturas mentais comuns a uma categoria
social, a uma sociedade, a uma época
Esse conjunto de manifestações intelectuais e psíquicas
que denominamos de mentalidade é representado na
memória (por aquilo que vivemos e que, sem
significados, pouco permanece, e por aquilo que é
lembrado na saudade e que, por isso, não morre na
distância do passado) pela ação da identidade.
Período repleto de significados religiosos e seculares, a
mentalidade da Idade Média norteou o viver comum do
homem de então que, por sua vez, norteou também o
espírito medieval expresso no fazer literário.
O pensamento medieval não é uno, mas um complicado
emaranhado significativo devido à grande gama de
influências que recebeu o espírito do homem deste período.
Igreja
Avanços
Tecnológicos
Feudalismo
Cidades
Agricultura
Mundo
Árabe
Armamentos
O ingresso na cultura medieval, em especial a literária,
não se faz sem pagarmos um pesado tributo; a
compreensão dos valores dessa época exige do
estudioso uma perspectiva ecumênica, pois as grandes
criações do espírito medieval – na arte, na literatura, na
filosofia – são frutos de uma coletividade que ultrapassa
fronteiras nacionais.
(Segismundo Spina)
A literatura medieval registra
diferentes formas de produção
Prosa doutrinária
Crônicas
Hagiografia
Novelas de cavalaria
Lírica trovadoresca
Bestiários
Teatro
Na Idade Média, no que tange às relações amorosas e
sexuais, percebemos, a exemplo de substratos de
mentalidade, grande mudança de espírito: com o
advento das cidades, e por influência da Igreja, uma
naturalidade bruta comum à vida campesina foi
abandonada em favor do sacramento do matrimônio,
restringindo o sexo ao âmbito desse sacramento.
A mente do homem medieval,
durante a Alta Idade Média,
era repleta de contradições
conhecimento
racional
crenças
sobrenaturais
fervor religioso
desejos sexuais
advento das
cidades
sistema feudal
O primeiro problema é o das atitudes dos homens da Idade Média
em relação às heranças do maravilhoso que receberam. Esta
questão é de particular importância. Na herança, um conjunto se
impõe: encontramos uma herança, não a criamos. Mas é
necessário um esforço para aceitar, modificar ou recusar essa
herança – no nível coletivo como no individual. O cristianismo
estendeu-se a mundos que lhe legaram culturas diversas, antigas,
ricas, e o maravilhoso, mais que outros elementos da cultura e da
mentalidade, pertencem precisamente às camadas antigas.
(Le Goff)
Esse conjunto de manifestações intelectuais e psíquicas
que denominamos de mentalidade é representado na
memória (por aquilo que vivemos e que, sem
significados, pouco permanece, e por aquilo que é
lembrado na saudade e que, por isso, não morre na
distância do passado) pela ação da identidade.
A Igreja
A queda do Império Romano foi utilizada como forma de
negar o poder divino professado pela Igreja. Antes de morrer
e antes de queda de Roma, Santo Agostinho definiu que o
homem vive entre duas cidades, a terrena e a divina, assim
como é dupla a natureza humana (carne e espírito). A queda
de Roma não seria, portanto, um interesse divino, mas
mundano. Contudo, essas duas cidades, ou dois mundos,
não são visivelmente distintos, mas mesclados em toda a
vida terrena, para, apenas no Juízo Final, serem separadas.
Burocracia Laica
Governo da sociedade medieval
Burocracia
Eclesiástica
Paulatinamente, a Igreja aumentava sua presença na
constituição do Estado, estreitando a distância entre o
secular e o espiritual. A concepção agostiniana de fé e
razão, unidas pela pureza da primeira, aproximava a
Igreja do Estado, com o fim de resguardar dos infiéis e
dos apóstatas uma vivência comunitária na qual os
preceitos de fé estabeleceriam as regras sociais,
econômicas e culturais.
O tema da Morte nasce literariamente em fins do século
XII, mas adquire caráter verdadeiramente epidêmico n
século XV, em que a Morte ocupa obsessivamente a
consciência dos homens, invadidos pelo desespero e
ceticismo de uma época devastada pela peste, pela
miséria e pela fome. E a Morte torna-se expressão e
imagem dessa conjuntura dolorosa, suscitando um
cortejo riquíssimo de outros temas e motivos: o cadáver,
a caveira, o esqueleto, o corpo em decomposição (tão do
gosto da literatura barroca seiscentista), o ataúde
exumado, as vozes angustiantes, a visão terrífica da
putrefação, a imparcialidade da Morte, o sentimento de
fugacidade da vida, o menosprezo do mundo.
(Segismundo Spina)
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