UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" Câmpus de Ilha Solteira Adubação Orgânica Discente: Me. José Mateus K. Santini Docente: Dr. Salatier Buzetti Ilha Solteira 2014 1 Introdução • Homem primitivo nômade Sedentário • Egito antigo: delta do rio Nilo; • Mitologia grega • Maias: milho x peixe • Chineses • Antes da era cristã • nutrimento dado pelo solo às plantas 2 Introdução • Idade média: decadência da agricultura • esgotamento dos solos • Inicio da era cristã (até 1.700) • biológica, física e química do solo • capacidade contínua e renovável do solo • adubação e diversificação de culturas "O agricultor deve cultivar plantas em beneficio da terra, pois os legumes a enriquecem” 3 Introdução • Fertilidade do solo • Século XVIII • Teoria humista • Início do século XIX • Noção atual de fertilidade 1842 foram consolidadas pela teoria mineralista: • Princípio da restituição A fertilidade e à capacidade do solo de fornecer 1) Fertilidade dependeem da disponibilidade elementos nutrientesdoàssoloplantas, quantidade e deproporção solúveis no solo; sem a presença de elementos tóxicos para o adequadas, 2) Aseu fertilidade do solo pode ser regenerada pela adição ao solo desenvolvimento. • desses elementos • Nutrição exclusiva mineral, não necessitando de MO para subsistência. 4 Uso de Nutrientes • Macronutrientes primario • NPK • Fósforo • Rocha fosfática e extraída pela mineração • Nitrogênio • Extraído diretamente da natureza • subproduto da produção de petróleo e gás natural • Potássio • Exclusivamente pela extração de rochas potássicas • Aumento do consumo médio anual de 5,2%. 5 Uso de Nutrientes 6 Uso de Nutrientes • Teoria populacional malthusiana • A população crescia em progressão geométrica, enquanto que a produção de alimentos crescia em progressão aritmética. • Malthus concluiu que inevitavelmente a fome ou predadores seriam uma realidade caso não houvesse um controle imediato da natalidade 7 Uso de Nutrientes • Teoria populacional malthusiana • A solução defendida por Malthus seria: • A sujeição moral de retardar o casamento • Ter somente o número de filhos que se pudesse sustentar • A prática da castidade antes do casamento 8 Matéria Orgânica do Solo Componentes do Solo Água 25% 45% Ar Minerais MO 25% CHONPS C: 58% H: 6% O: 33% N: 1% P: 1% S: 1% 5% 9 Matéria Orgânica do Solo • Material Orgânico • Substância ou material de origem vegetal ou animal existente no solo independente do seu grau de decomposição. • Matéria Orgânica • Fração da matéria orgânica em seu mais alto grau de transformação • Vivente e não vivente 1 0 Matéria Orgânica do Solo • MOS Viva • Associado às células de organismos vivos (Drenos), mas possuem potencial de mineralização (Fonte) • < 4% do COT do solo • Raízes (5-10%); Macrorganismos (15-30%); Microrganismos (60-80%). • MOS Não-Vivente • Em média 98% do COT • Macrorgânica (3-20%); • Húmus (80-97%) • Substancia Húmicas (70%); não húmicas (30%) COT X MOS 1 1 Matéria Orgânica do Solo Rotas de Formação de das Substancias Húmicas 1. Produtos residuais da Lignina. Acreditavam-se que a Lig seria incompletamente degradada pelos microrganismos 2. Considera que a Lig é degradada pelos Microrganismos, liberando Ac. e Aldeídos fenólicos, sendo convertidos para quinonas se polimerizando. 3. Semelhante a rota 2, mas considera-se que os polifenois não são produtos somente de lig. 4. Redução de açucares e aminoácidos de resíduos do metabolismo microbiano, que passa pela polimerização não enzimática (reação de Maillard) 1 2 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada pela MOS • Físicas • Agregação • Retenção de água • Químicas • Poder Tampão • CTC • Complexação de Metais • Biológicas • Reserva Metabólica de energia • Compartimentos e Decomposição de Nutrientes 1 3 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Físicas) • As principais vantagens no sistema de cultivo: Biomassa de cobertura Biomassa radicular MO no solo Agregados > 2 mm Estabilidade de agregados Macroporosidade Massa específica do solo Retenção de água Permeabilidade Perda de solo Atividade biológica Plantas daninhas Herbicidas pós-emergentes Banco de sementes 1 4 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Físicas) Principais fatores que influenciam a agregação do solo. 1 5 Matéria Orgânica do Solo Da (g/cm3) Propriedades influenciada (Físicas) galinha bovino eqüino Esterco % adicionado Doses de esterco e sua influência na densidade aparente do solo (Hafez, 1989) 16 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Físicas) 1 7 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Físicas) Modelo esquemático de agregados resultante da ação de materiais orgânicos, vegetais, microbianos e inorgânicos. 1 8 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Químicas) • Fornecimento de nutrientes • Macronutrientes e micronutrientes • Liberação gradual de nutrientes • Aumento da CTC do solo • Complexação de Metais 1 9 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Químicas) Capacidade de troca catiônica do húmus e de outros constituintes do solo. Solos Argilosos: 30 a 40% da CTC total Solos Arenosos: 50 a 60% da CTC total 2 0 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Químicas) Formas e quantidades de N no solo: 1 - 10% N orgânico N mineral 90 - 99% 2 1 Matéria Orgânica do Solo Composição dos fertilizantes e resíduos orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial (elementos na matéria seca) 1 kg de esterco bovino possui 0,015g de B Para 2 kg de B, será necessário: 1 kg – 0,015 g de B x kg – 2000 g de B X = 133 Mg de Esterco bovino seco Trani e Trani (2011)2 2 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Biológicas) • M.O: fonte de C, energia e nutrientes para macrorganismos (formigas, minhocas, besouros e lesmas etc) e microrganismos (bactérias, vírus, protozoários e actniomicetos) • Promovem a decomposição • Mineralização e imobilização: simultaneamente, microrganismos, dependentes da relação C/N do substrato • Estruturação do solo 2 3 Matéria Orgânica do Solo Propriedades influenciada (Biológicas) Generalizações sobre as relações por unidade de N, P e S na matéria orgânica e disponibilidade de nutrientes no solo (Stevenson, 1986) Materiais incorporados ao solo promoverá déficit de N (5 a 20 kg de N por Mg de resíduo) a)Incorporar os resíduos até 60 dias antes do plantio; b) Adicionar fertilizantes N para que os microrganismos os utilize e depois os libere; c)Fazer compostagem do material. 2 4 Efeito da MOS nas propriedades do solo PRODUTIVIDADE = F1 + F2 + F3 PRODUTIVIDADE CONDIÇÕES QUÍMICAS FATORES TERCIÁRIOS CONDIÇÕES FÍSICAS FATORES SECUNDÁRIOS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS FATORES PRIMÁRIOS 25 Matéria Orgânica do Solo • Com perder MOS? • Preparo do solo: intensidade de revolvimento • Temperatura; Umidade; Ruptura de agregados; Aeração; fracionamento e incorporação de resíduos e cobertura do solo. • Como adicionar MOS? • Sistemas conservacionistas • Implantação de pastagens; Redução do revolvimento do solo (CM, PD); Adoção de sistemas de rotação/sucessão de cultura; Retornos dos resíduos que voltam ao solo; 2 6 Matéria Orgânica do Solo Preservação da MOS: COMBINAÇÃO DE TÉCNICAS: • Conservação do solo e da água; • Adubação verde; • Rotação de Culturas; • Consorciação de culturas; • Manejo adequado dos restos culturais; Cultivo mínimo e/ou plantio direto; Adubação orgânica. 2 7 Matéria Orgânica do Solo Comportamento da MOS em monocultivo (Vegetação natural) 2 8 Matéria Orgânica do Solo Comportamento da MOS em diferentes sistemas 2 9 Matéria Orgânica do Solo Estoques de carbono orgânico total (COT) de um Latossolo Amarelo sob cinco sistemas de manejo, em quatro profundidades e dois períodos de coleta: A, período chuvoso; e B, período seco. ( Campos et al., 2013) 3 0 Matéria Orgânica do Solo Índice de humificação de um Latossolo Amarelo sob cinco diferentes sistemas de manejo, em duas profundidades e dois períodos de coleta: A, período chuvoso; e B, período seco. ( Campos et al., 2013) 3 1 Matéria Orgânica do Solo Teores das frações de huminas (HUM), em Latossolo Amarelo sob cinco sistemas de manejo, em dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades ( Campos et al., 2013) 3 2 Fertilizantes Orgânicos • Os produtos de origem animal ou vegetal assim classificados: • fertilizante orgânico simples; • Produto natural de origem vegetal ou animal. • Fertilizante orgânico misto; • Produto de natureza orgânica, resultante da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos simples. • fertilizante organomineral. • Produto resultante da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 3 3 Adubos orgânicos x mineral • Orgânicos: • Baixo teor de nutrientes; • 10 – 20% dos nutrientes • Alta dosagem • Efeitos de amplo espectro, indo muito além da ação puramente química dos Adubos Químicos. 3 4 Adubos orgânicos x mineral • Custos: • Altos preços/unidade de elemento (N, P, K, etc.) • Alta custo de aplicação • Substituição pelos adubos químicos; • Uso para alimentação animal (Torta de Algodão) • Tempo de aplicação • deve ser feita a longo prazo pois nunca manifestam de uma hora para outra. 3 5 Fertilizantes Orgânicos 3 6 Fertilizantes Orgânicos • São classificados de acordo com as matérias-primas utilizadas na sua produção: • Classe “A” • Utiliza matéria-prima de origem vegetal, animal ou de processamentos da agroindústria; • Não sejam utilizados, no processo, metais pesados tóxicos. • Classe “B” • Utiliza matéria-prima oriunda de processamento da atividade industrial ou da agroindústria; • Metais pesados tóxicos, elementos ou compostos orgânicos sintéticos potencialmente tóxicos são utilizados no processo. Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 3 7 Fertilizantes Orgânicos • São classificados de acordo com as matérias-primas utilizadas na sua produção: • Classe “C” • Utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda de lixo domiciliar • Classe “D” • Utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriunda do tratamento de despejos sanitários Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 3 8 Fertilizantes Orgânicos • Somente poderão ser comercializados para consumidores finais, mediante recomendação técnica firmada por engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal. • Os fertilizantes orgânicos das classes "C" e "D“; e • Os fertilizantes orgânicos das classes "A" e "B", que utilizem esterco suíno como matéria-prima Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 3 9 Fertilizantes Orgânicos Restrições de uso • Classe "D“ • Aplicação somente através de equipamentos mecanizados. • Durante o manuseio e aplicação, deverão ser utilizados equipamentos deproteção individual (EPI). • Uso proibido em pastagens e cultivo de olerícolas, tubérculos e raízes, e culturas inundadas, bem como as demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo. Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 4 0 Fertilizantes Orgânicos Restrições de uso • Cama de aves; esterco de aves ou de suínos • Uso permitido em pastagens e capineiras apenas com incorporação ao solo. • No caso de pastagens, permitir o pastoreio somente após 40 dias depois da incorporação do fertilizante ao solo. • Uso proibido na alimentação de ruminantes, armazenar em local protegido do acesso desses animais. Instrução Normativa SDA/MAPA 25/2009 4 1 Fontes Orgânicas 4 2 Origem animal • Mais conhecido é o esterco • Formado por excrementos sólidos e líquidos dos animais; • Pode-se mistura-lo com restos vegetais; • Composição químicas é muito variada; • São bons fornecedores de nutrientes, tendo o fósforo e o potássio rápidamente disponível e o N fica na dependência da degradação dos compostos; • Inconveniente: sementes de plantas daninhas. 4 3 Origem animal • Quantidades utilizadas em área total • Esterco de curral e Composto: 20 a 40 t/ha • Esterco de Galinha: 2 a 5 t/ha • Chorume: 30 a 900 m3/ha Doses de estercos para aplicação localizada e em cova Esterco Curral Galinha Localizada Cova Grão Hortaliça 10 - 20 t/ha 30 - 50 t/ha 10 - 20 l/cova 2 - 3 t/ha 5 - 10 t/ha 5 - 10 l/cova 4 4 Origem animal 4 5 Atingir o patamar de produtividade alcançado com uso de fertilizantes minerais via adubação orgânica: uma expectativa irreal? • • • • Uso de adubação mineral (Brasil, 2006) 2.428.300 t de N 3.350.000 t de P2O5 3.464.800 t de K2O • 9.243.300t (N + P2O5 + K2O) • Fertilizantes entregues ao Consumidor Final (ANDA, 2013) • 23.741.758 Mg 4 6 Atingir o patamar de produtividade alcançado com uso de fertilizantes minerais via adubação orgânica: uma expectativa irreal? • Em um sistema de produção, hipotética: • Um bovino adulto (400 kg) produz, diariamente, 28-32 kg de fezes. • Brasil: 211 milhões de cabeças - 28 kg/dia/cabeça • 5,9 x 106 Mg de esterco bovino por dia • 2,2 x 109 Mg de esterco bovino por ano • 3,0 x 108 Mg de MS esterco bovino por ano Esterco bovino fresco 1,6% de N 1,6% de P2O5 1,8% de K2O Trani e Trani (2011) 4 7 Atingir o patamar de produtividade alcançado com uso de fertilizantes minerais via adubação orgânica: uma expectativa irreal? • Portanto: → 3,0 x 108x 0,016 P2O5 = 4,8 x 106 Mg de P2O5 → 3,0 x 108 x 0,018 K2O = 3,3 x 107 Mg de K2O Uso anual Uso anual 2,4 x 106 Mg de N 3,4 x 106 Mg de P2O5 3,5 x 106 Mg de K2O 2,4 x 106 Mg de N 1,4 x 106 Mg de P2O5 2,9 x 107 Mg de K2O Balanço = 4,8 x 106 Mg de N MINERAL → 3,0 x 108 x 0,016 N ORGÂNICA • (2,11 x 108 cabeças) x 0,028 Mg x 365 dias x 0,14 umidade = 3,0 x 108 Mg 4 8 Atingir o patamar de produtividade alcançado com uso de fertilizantes minerais via adubação orgânica: uma expectativa irreal? • 1 bovino produzindo 28 kg (3,92 kg de MS) de esterco com 1,6 % de P2O5 • 0,06272 kg de P2O5 por dia • 22,89 kg de P2O5 por ano Uso atual 3,4 x 109 kg de P2O5 • 3,4 x 109 kg de P2O5 ÷ 22,89 kg de P2O5 por ano/bovino • 148.536.478 vacas; ou • 70% do total de bovinos brasileiros 4 9 Origem Vegetal • Provenientes da grande a quantidade de restos vegetais remanescentes que sobra após as safras. • O arroz e o trigo deixam de 30 a 35%, e o algodão, cana, milho cerca de 50 a 80% da massa original em forma de resíduo orgânico; • Vinhaça e tortas; • Material de descarte de industrias de processamento. • O uso como fornecedor de nutrientes, depende basicamente do material empregado em seu preparo. 5 0 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria sucroalcooleira • Vinhaça: • Resíduo das destilarias de álcool. • Rica em K e possui teores relativamente elevados de outros elementos. • A vinhaça contém ainda N, S, MO e alguns micros. • A composição desse resíduo é muito variável. • A maioria das aplicações vem sendo feita in natura, em quantidades que variam de 50 a 200 m3 ha-1. 5 1 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria sucroalcooleira • Vinhaça: • Resíduo das destilarias de álcool ou da aguardente; • 1 Mg de cana moída: 800 L de vinhaça; • Rica em K e N, e possui teores relativamente bons de outros elementos. • A vinhaça contém ainda N, S, MO e alguns micros. • A composição desse resíduo é muito variável. • A maioria das aplicações vem sendo feita in natura, em quantidades que variam de 50 a 200 m3 ha-1. 5 2 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria sucroalcooleira Composição química da vinhaça kg m-3 0,33 - 0,47 0,09 - 0,61 2,10 - 3,40 0,57 - 1,46 0,33 - 0,58 1,5 19,1 - 45,1 Nutrientes N P2O5 K2O CaO MgO SO4 MO ppm Cu 2 - 57 Zn 3 - 57 C/N 15 Fonte : Adaptado de Korndörfer & Anderson (1997) 5 3 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria sucroalcooleira 5 4 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria sucroalcooleira • Torta de Filtro: • Resíduo da indústria açucareira oriundo da filtração a vácuo do lodo retido nos clarificadores. • Cada tonelada de cana moída rende em torno de 40kg. • A torta é rica em P, Ca, Cu, Zn, Fe e possui relação C/N muito elevada, podendo diminuir a disponibilidade de N no solo. • É deficiente em potássio, o que sugere a combinação deste resíduo com a vinhaça. 5 5 Origem Vegetal Resíduos da Agroindústria • Tortas de Filtro: • ALGODÃO, SOJA, MAMONA, CANA-DE-AÇUCAR, ... • Composição muito variável: • Celulósicos, lenhosos - N (5 a 20g kg-1), • Proteicos – N (30 a 50g kg-1); • P e K invariáveis (5 a 20g kg-1) • Industrialização da cana: • bagaço – bagacilho – torta de filtro (40 kg/t de cana moída) • Oleaginosas • Algodão, soja, mamona, girassol, amendoim. Competição: adubo x ração 5 6 Fertilizantes Orgânicos • Composto: Composto é o produto homogêneo obtido através de processo biológico, pelo qual a matéria orgânica existente nos resíduos é convertida em outra, mais estável, pela ação principalmente de microrganismos já presentes no próprio resíduo, ou adicionados por meio de inoculantes. • De origem de restos agrícolas, esterco ou resíduos domiciliares ou provenientes de industrias de alimentos. • Separadamente ou combinados. 5 7 Compostagem Alterações no material orgânico cru decorrentes da ação de microrganismos, até a formação de húmus ou composto (adaptado de Hirscheysdt et al., 1982). Fonte:TEDESCO et al. (1999). 5 8 Biodigestores • Biodigestores são equipamentos que possibilitam o reaproveitamento de detritos para gerar gás e adubo. • Os biofertilizantes são considerados excelentes adubos orgânicos. • Possui composição muito variável. • Evitar materiais contaminados, em vista, que se o material primário conter alta concentração, o produto final terá concentração ainda maior. 5 9 Vermicomposto • Composto x vermicomposto • Fertilizante orgânico produzido por processo de decomposição aeróbica • Primeira fase: Estão envolvidos fungos e bactérias; • Segunda fase: ocorre também atuação das minhocas. • Quando aplicado ao solo, o vermicomposto provoca benefícios físicos e químicos (Harris et al., 1990). • Além do aspecto físico, as excreções contém nutrientes essenciais às plantas numa forma mais disponível, especialmente o nitrogênio (Sharpley & Syers, 1976). 6 0 Vermicomposto • Possui a taxa de mineralização de N maior, a liberação é mais lenta e gradual. • Reduz perdas por lixiviação (Harris et al., 1990). • Possui teor de N quase 5x maior que antes de passar pelo seu trato digestivo, enquanto o P é 7, o potássio é 11 e o magnésio é 3 vezes maior (Kiehl, 1985). • Constituem um excelente substrato para um desenvolvimento exuberante da microfauna do solo (Longo, 1992). 6 1 Vermicomposto Caracterização química do esterco bovino e do húmus de minhoca (Oliveira et al., 2001) Nutrientes N P -1 K kg Mg de MS Esterco bovino 8,82 1,84 4,94 Húmus de minhoca 14,05 5,1 9,29 Relação HM/EB 1,59 2,77 1,88 MO g dm-3 182 403 2,21 C/N 10 7 0,70 6 2 Vermicomposto • Pode ser empregado em contato direto com as raízes; • Promove a correção do solo; • Atuação permanente e duradoura após sua utilização; • Retém melhor seus elementos, liberando-os de modo gradual; • Recomendação • É preferível utilizar doses menores e constantes; • Nas atividades agrícolas, utiliza-se em média, 30 t/ha, a lanço. Quando em cova, essas quantidades variam de 4 a 5 L por cultura. 6 3 Produção do composto orgânico • Etapas da produção 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Separar e preparar os materiais que serão utilizados e escolher um local apropriado para ser feito o composto. Fazer o amontoa desses materiais. Deve-se molhar o monte após cada camada, mantendo a umidade em torno de 60%, e depois 1 vez por semana; Depois que a meda estiver pronta deve-se cobri-la. Revolver a meda semanalmente durante o primeiro mês, e depois a cada 15 dias. Fazer o acompanhamento da temperatura. Utilizar por volta dos noventa dias • Cheiro de terra; friável ao apertado nas mãos; e apresenta temperatura ambiente. (SILVA, 2008) 6 4 Produção do composto orgânico Local de compostagem • Local Limpo e ligeiramente inclinado • Área suficiente para montagem e revolvimento • Dimensionamento (ex.) • Resíduos 2.000 kg mês-1 • Densidade 450 kg m-3 • Utilizando uma leira triangular com 1,5 m de altura e 3 m de largura. • Tem-se: • Área de seção reta: 2,25 m² • Volume da leira de compostagem: 4,4 m³ • Comprimento da leira: 1,97 m 1,5 x 3 x 2 m (SILVA, 2008) 6 5 Produção do composto orgânico Formatos das leiras de compostagem (SILVA, 2008) 6 6 Produção do composto orgânico Teor de umidade e aeração • Umidade • Para se compostar resíduos a leira deve estar sempre úmida, pois as bactérias necessitam de água para que tenham uma atividade potencializada; • Umidade deve estar em torno de 30% a 70 %. • >70% reduz aeração • De forma prática, apertar um pouco do material, e observar pouco liquido se vertendo • Aeração • É necessário que haja espaços vazios para que o ar possa penetrar • Evitar montas altas • Revolvimento das medas (SILVA, 2008) 6 7 Produção do composto orgânico A relação C/N • No início da compostagem, a relação C/N ideal é a de 30/1, • Nesta condição os microorganismos responsáveis pela fermentação do material orgânico se comportam de maneira ideal para a compostagem da matéria prima. • Na fase final ainda possui N suficiente. (SILVA, 2008) 6 8 Produção do composto orgânico Temperatura • O trabalho dos microrganismos para promover a decomposição da matéria orgânica resulta na liberação de calor. • A melhor faixa de temperatura é de 60 a 70ºC • Contribui para a esterilização do material. • Constatação prática • Utilizar uma barra de ferro de 90 cm, sendo que, 50 cm ficará dentro da meda. • Nos 40 cm, deverá ficar quente, sem ter a necessidade de retirar a mão. • Não utilizar a técnica nos 20 primeiros dias. (SILVA, 2008) 6 9 Produção do composto orgânico Cobertura da meda • Em usinas de compostagem, muitas vezes o composto é feito em galpões cobertos, mas em propriedades a realidade é outra. • Utilizar para cobrir as medas: • Capim ou palha seca para atenuar os efeitos do sol e da chuva. • Propriedades mais tecnificadas pode optar por estruturas rígidas. (SILVA, 2008) 7 0 Produção do composto orgânico Maturação do composto • A maturação do composto é subdividida três subfases que são: • Fitotóxica: • Uso do N do solo - 15 a 20 dias • Bioestabilização ou semi-cura: • Relação C/N deve estar de 18/1, pH 6,0 • Humificação ou cura: • O composto já está totalmente estabilizado • Apresenta boas propriedades químicas, físicas e biológicas. • Relação C/N deve estar de < 18/1, pH > 7,0 (SILVA, 2008) 7 1 Produção do composto orgânico Sistemas de mistura • Não havendo informações técnicas • Geralmente as pilhas de composto são feitas utilizandose 3 a 4 partes de resíduo fibroso para 1 parte de esterco fresco. • Quando se dispõe das informações necessárias (teores de nitrogênio e carbono) • Calcula-se a quantidade das partes, fazendo-se o uso da seguinte fórmula: 7 2 Produção do composto orgânico Sistemas de mistura Exemplificando uma mistura com bagaço de cana e esterco bovino, teremos a seguinte situação: Correção para C%: MO/1,72 Assim sendo: C%: Esterco bovino 36,11%; e Bagaço de cana 41,53% 7 3 Produção do composto orgânico Sistemas de mistura 3,27 – 100 % 2,27 – X = 69% de bagaço de cana para 31% de esterco • Adicionando 3% de fosfato natural, teremos: • 66% de Bagaço; 31% de esterco; e 3% de fosfato natural Carbono orgânico, N e Relação C/N do composto 7 4 Produção do composto orgânico 7 5 Produção do composto orgânico 7 6 Lixo Urbano • Lixo • Matéria orgânica • Compostagem • Material Recicláveis • 8 - 15% matéria prima para novos produtos (latas,metais, vidros, papel) • Rejeitos -> aterros sanitários Estima-se que a produção diária de lixo seja da ordem de 400 a 600 g em cidades de pequeno e médio porte e 1,5 kg em grandes cidades. • Em torno de 50% a 70% de MO 7 7 Lixo Urbano • População brasileira: 200 milhões • Produção de lixo por habitante: 400 g • 200 g de lixo orgânico ou 150g de MS 200.000.000 x 0,15 / 1.000 = 30.000 Mg dia-1 Ou 10.680.000 Mg ano-1 7 8 Lixo Urbano Nutrientes pelos resíduos do lixo urbano Nutrientes N P K Ca Mg S Nutrientes B Co Fe Mn Zn P2O5 e K2O Tores de Nutrientes (kg Mg-1) 27,2 24,0 10,5 30,9 25,7 79,9 16,8 5,0 g Mg-1 425,8 65,6 8479,9 1515,3 162,5 PeK 30.000 10.680.000 (Mg dia-1) (Mg ano-1) Mg de Nutrientes 816 290496 314 111930 770 273983 2397 853332 504 179424 150 53400 Mg de Nutrientes 13 4548 2 701 254 90565 45 16183 5 1736 Adaptado de Teixeira et al., 2002 7 9 Lixões 8 0 Lixões 8 1 Lixões 8 2 Lixões 8 3 Lixo Industrial 8 4 Resíduos de Industrias Curtume • São gerados 7,5 L de lodo adensado por pele (25 a 30% de sólidos); • 270 mil t ano-1, sendo 150 mil t ano-1 somente no RS; • Matéria orgânica de origem animal (pêlos, raspas de pele, etc), misturados com sais inorgânicos; • Cromo • N é o principal nutriente, • As formas orgânicas são predominantes (proteínas); 8 5 Resíduos de Industrias Farinhas e resíduos de frigoríficos • Resíduos de origem animal: • Bovinos, suínos, aves, peixes e outros animais; • Comércio: fina granulometria (farinha); • Aproveitamento: ração animal (composição pratica e de nutrientes – Ca e P); • Resíduos: • Sangue: Farinha de sangue dessecado • Carne: Farinhas de carne e peixes • Cascos e Chifres: Farinha de cascos e chifres: 12 - 15% de N. 8 6 Resíduos de Industrias Farinhas e resíduos de frigoríficos • Utilização: • Farinha de sangue: Aplicação na pilha de composto; • Farinha de carne e peixes: Ração animal • Farinha de cascos e chifres: Fertilizante nitrogenado, fosfatado (0,25-2% de P2O5); • Conteúdos intestinais de aves: Baixa relação C:N 8 7 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • Apresentam uma composição bastante variável; • Elevado teor de MO e fonte de nutrientes para as culturas; • Utilização como condicionador das propriedades físicas do solo • Altos teores de N, P e S ≃ aos estercos; • K baixa concentração • Ca e Mg: quantidades ≃ encontradas nos compostos; 8 8 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • Conteúdo de Na: • considerados altos ⇨ problemas de salinidade; • Confere altas concentrações de micronutrientes e podem apresentar problemas com metais pesados; • Adições de P normalmente excedem a necessidade da planta (↑P disponível). 8 9 Resíduos de Industrias 9 0 Resíduos de Industrias 9 1 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) Condições à aplicação • Riscos de poluição do ambiente: • Metais pesados e substâncias orgânicas; • Transmissão de doenças ao homem e animais: • Organismos patogênicos presentes no lodo. • Para terem aplicação agrícola, deverão ser submetidos a processo de redução de patógenos. • Toda aplicação de lodo de esgoto e produtos derivados em solos agrícolas deve ser obrigatoriamente condicionada à elaboração de um projeto agronômico para as áreas de aplicação, RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 2 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • É vetada a utilização agrícola de: • • • • • • Efluentes de instalações hospitalares; Efluentes de portos e aeroportos; Resíduos de gradeamento; Resíduos de desarenador; Material lipídico sobrenadante das ETEs Lodos provenientes de sistema de tratamento individual • lodo de esgoto não estabilizado; e • lodos classificados como perigosos de acordo com as normas brasileiras vigentes. RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 3 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) Frequência de monitoramento Quantidade de lodo de esgoto ou produto derivado destinado para aplicação na agricultura em toneladas/ano (base seca) até 60 60 a 240 240 a 1.500 1.500 a 15.000 > 15000 Frequência de monitoramento Anual Semestral Trimestral Bimensal Mensal RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 4 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) 80% do máximo permitido, a frequência de monitoramento deverá ser aumentada. Lodos de esgoto ou produto derivado - substâncias inorgânicas RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 5 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) 80% do máximo permitido, a frequência de monitoramento deverá ser aumentada. Classes de lodo de esgoto ou produto derivado - agentes patogênicos RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 6 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • Das Culturas Aptas a Receberem Lodo de Esgoto ou Produto Derivado • É proibida a utilização de qualquer classe de lodo de esgoto ou produto derivado em pastagens e cultivo de olerícolas, tubérculos e raízes, e culturas inundadas, bem como as demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo; • Para implantação de: • Pastagens: após 24 meses da aplicação; • Olerícolas, tubérculos, raízes e demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo bem como cultivos inundáveis: 48 meses após a aplicação RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 7 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • Lodos de esgoto ou produto derivado enquadrados como classe A poderão ser utilizados para quaisquer culturas, respeitadas as restrições previstas nos arts. 12 e 15 • A utilização de lodo de esgoto ou produto derivado enquadrado como classe B é restrita ao cultivo de: • Café, silvicultura, culturas para produção de fibras e óleos, com a aplicação mecanizada, em sulcos ou covas, seguida de incorporação. RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 8 Resíduos de Industrias LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) • É vetado o uso em: • • • • • Áreas de preservação e perto de mananciais; Áreas com declividade acentuada; Solos rasos; Nível do aquífero pouco profundo em relação ao solo; Ou por decisão dos órgãos ambientais e de agricultura competentes. • Aplicação de lodo • Teor de N disponível • Teor máximo de metais pesados RESOLUÇÃO No 375 , DE 29 DE AGOSTO DE 2006 9 9 Resíduos de Industrias 1 0 Fertilizantes Organo-minerais • Enriquecimento de fertilizantes minerais. adubos orgânicos com • Permite um balanceamento dos nutrientes N – P – K, adicionando ao fertilizante orgânico, os nutrientes que se apresentam em menores teores. • Fertilizantes orgânicos simples → N > P ≃ K • (1,0 a 2,0% N → 0,5 a 1,0% P e K) Conteúdo de N de 2 a 4 vezes maior que o conteúdo de P e K; 1 0 Fertilizantes Organo-minerais • Vantagens • Facilidade de aplicação e menor custo • Menor custo de transporte • Permite mistura de fertilizantes minerais considerados incompatíveis 1 0 Fertilizantes Organo-minerais Quantidades de fertilizante minerais X Quantidades de fertilizantes orgânicos Teores de matéria orgânica do produto final Umidade do produto final 1 0 Fertilizantes Organo-minerais Especificações “composto”. dos fertilizantes organomineral e Fonte: Kiehl (1985) 1 0 105 106 107 Aspectos relevantes da adubação orgânica • Disseminar plantas invasoras; • Disseminação de agentes patogênicos; • Excesso de N – compromete qualidade de determinadas espécies vegetais e em café o fruto; • Acúmulo de K e Na: estruturação do solo; • Resíduos de herbicidas – esterco bovino • Acúmulo de metais pesados; • Acúmulo de P no solo (devido a recomendação travada em N) • Eutrofização das águas. 1 0 OBRIGADO!!! "As pessoas inventam estatísticas para provar qualquer coisa. 40% das pessoas sabem disso!“ (Homer Simpson) Discente: Me. José Mateus K. Santini Doscente: Dr. Salatier Buzetti Ilha Solteira 2014 1 0