Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas – SESAU
Superintendência de Vigilância à Saúde – SUVISA
Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde – CIEVS/AL
BOLETIM CIEVS/AL
Ano v Nº 01 Edição: Bimestral 2014
EDITORIAL
O CIEVS tem como objetivo a identificação de surtos e emergências em saúde pública de modo contínuo e sistemático
para o desencadeamento de respostas oportunas.
Este informe tem como propósito divulgar informações epidemiológicas sobre os eventos em saúde pública que foram
captados ou notificados ao CIEVS, tanto para os gestores quanto para a população. Cada edição também abordará
temas relacionados à missão do CIEVS ou aos eventos detectados.
As informações aqui disponibilizadas são consolidadas a partir dos dados do CIEVS/AL e têm como fonte de dados o
Sistema de Informação Monitor-CIEVS desenvolvido pelo Ministério da Saúde e os registros rotineiros do trabalho do
plantão CIEVS consolidado no banco de dados Rotina-CIEVS desenvolvido no EpiInfo pela equipe técnica do
CIEVS/AL.
DETECÇÃO DE EVENTOS PELO CIEVS/AL
Na detecção de eventos que podem se tornar
emergência em saúde pública, o CIEVS realiza a
vigilância: para os casos de doenças de notificação
imediata; agregados de casos de doenças que
apresentem padrão epidemiológico diferente do habitual
(para casos de doenças conhecidas); agregados de
casos de doenças novas; epizootias e/ou mortes de
animais que podem estar associadas à ocorrência de
doenças em humanos (ex.: epizootia em primatas nãohumanos por febre amarela); e, outros eventos
inusitados ou imprevistos incluindo fatores de risco com
potencial de propagação de doenças, como desastres
naturais, acidentes químicos ou radionucleares.
Para a captação desses eventos, utilizam-se
duas formas de vigilância: passiva – recebendo
notificações de profissionais de saúde, da população, da
mídia ou de outros setores (institucionais ou não); e
vigilância ativa – por atuação de uma equipe de
plantonistas realizando buscas em unidades de saúde,
portos e aeroportos, tanto de forma presencial quanto
por contato telefônico.
Ao receber a comunicação ou na realização da
busca ativa para definir os procedimentos a serem
tomados pela equipe CIEVS, os eventos são
classificado em 3 grupos:
Notificação imediata – Eventos prioritários ao CIEVS,
por representar situação sentinela para ocorrência de
possível emergência em saúde pública.
Urgência sem interesse para o CIEVS - Eventos que
não são de notificação imediata e possuem apenas
relevância sub-estadual, não atendem as condições
definidas para possível Emergência em Saúde Pública,
mas que exigem certa prioridade de resposta por
envolver risco sanitário coletivo e/ou individual local.
Eventos de rotina - sem emergência em saúde
pública -Eventos sem foco de urgências nem
emergências no âmbito da saúde, como orientações e
dúvidas da população sobre doenças.
No primeiro bimestre de 2014 foram notificados
580 eventos. Destes 77% (446) correspondem a
eventos de rotina, 21% (122) de notificação imediata e
2% (11) de urgência sem interesse para o CIEVS.(
Figura 1).
NOTIFICACAO
IMEDIATA
21%
2%
77%
URGENCIA
EVENTOS DE ROTINA
Figura 01 – Detecção de eventos pelo CIEVS/AL, segundo
categoria de notificação, janeiro a fevereiro/2014, Alagoas.
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
1
Boletim CIEVS/AL
Ano V
Nº 01
1º BIMESTRE de 2014
EVENTOS DE NOTIFICAÇÃO IMEDIATA – ANÁLISE DOS MESES DE JANEIRO
E FEVEREIRO
A detecção oportuna, verificação e respostas aos
eventos de relevância que possam se tornar ou serem
considerados emergências em saúde pública tem sido a
meta perseguida diariamente pelo CIEVS/AL.
Dentre as fontes de notificação, o maior percentual
foi a notificação durante a busca ativa nas Unidades de
Saúde pelo plantão URR – CIEVS/AL (519 eventos; 89 %),
seguido das notificações pelas Unidades Saúde ao CIEVS
(58 eventos; 10%) e Mídia e/ou Outros ao CIEVS (3 eventos;
1%).(Figura 2).
1%
10%
OUTROS
UNIDADE DE SAUDE
PLANTAO
89%
Figura 2 – Distribuição dos eventos de notificação imediata
segundo fonte de notificação. Alagoas, janeiro e fevereiro/2014.
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
O acompanhamento dos eventos de notificação
imediata é responsabilidade das áreas envolvidas e do CIEVS.
O monitoramento das ações desencadeadas são discutidas
semanalmente, às segundas-feiras, na reunião do Comitê
Permanente de Emergências em Saúde Pública. Nos meses de
janeiro e fevereiro foram detectados 136 eventos de notificação
imediata, os quais ocorreram em 39 municípios (38,2%). O
maior número de eventos foi registrado no município de Maceió
(69 eventos). (Tabela 1).
Tabela 1 – Distribuição dos eventos de notificação
imediata segundo município de notificação. Alagoas,
janeiro e fevereiro/2014.
Município de Ocorrência
Agua Branca
Anadia
Arapiraca
Atalaia
Barra de Santo Antonio
Branquinha
Campo Alegre
Colonia Leopoldina
Coruripe
Dois Riachos
Estrela de Alagoas
Girau do Ponciano
Ibateguara
Igaci
Jequia da Praia
Joaquim Gomes
Junqueiro
Maceio
Maragogi
Marechal Deodoro
Palmeira dos Indios
Paripueira
Passo de Camaragibe
Paulo Jacinto
Piaçabuçu
Pilar
Pindoba
Rio Largo
Santana do Ipanema
Santana do Mundau
Sao Jose da Laje
Sao Miguel dos Campos
Sao Sebastiao
Satuba
Teotonio Vilela
Nº de casos
1
2
6
2
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
69
1
6
3
2
1
1
1
3
1
6
1
1
1
3
2
1
1
Uniao dos Palmares
6
Total
136
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
.
RUBÉOLA
OBITO MATERNO
OBITO INFANTIL
O grupo de eventos de maior notificação foi o das
doenças do sistema respiratório (76), seguido dos óbitos infantil
e materno (32) e das transmitidas por vetores (7). No grupo das
doenças do sistema respiratório, a maior notificação ocorreu nos
casos suspeitos de coqueluche (70) , seguidos das doenças
meningocócicas (3) e casos suspeitos de doença exantemática
– rubéola (3). Quanto aos óbitos de notificação imediata, o óbito
infantil foi o de maior detecção (24) seguido do óbito materno
(8). Em relação as doenças transmitidas por vetores, a dengue
foi a de maior notificação (21)*, seguida da dengue com sinais
de alarme (2) e dengue grave (2). No período também tivemos
a notificação de 3 casos suspeitos de malária importados.
(Figura 3).
MALARIA
DOENCA MENINGOCOCICA
DENGUE GRAVE
DENGUE SINAIS DE ALARME
DENGUE
COQUELUCHE
0
20
40
60
80
Figura 3 – Distribuição dos eventos de notificação
imediata segundo tipo de evento. Alagoas,
janeiro/fevereiro -2014.
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
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Boletim CIEVS/AL
Ano V
Quanto a classificação final dos eventos notificados,
12 foram confirmados e 17 descartados por critério
laboratorial. Em relação ao critério clínico, 47 foram
confirmados e 6 descartados, o evento que utilizou este
critério com maior freqüência foi a coqueluche. (Tabela 2).
Em relação aos óbitos, identificamos 32 óbitos
distribuídos de acordo com o tipo: 24 foram de óbito infantil
e 8 foram óbito materno. Informamos que todos os óbitos da
PRMMI foram discutidos nas reuniões do Comitê de
Emergência em Saúde Pública. (Tabela 3).
Tabela 2 – Classificação final dos eventos de notificação
imediata segundo critério de encerramento. Alagoas, janeiro e
fevereiro/2014.
Classificação Final
Critério de Classificação
Confirmado Descartado
Total
Laboratórial
12
17
29
Clínica
47
6
53
Clínico Epidemiológico
3
1
4
Sem Informação
29
0
29
Total
91
24
115*
* Exceto óbitos infantil e materno.
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
Tabela 3 – Classificação dos óbitos da PRMMI. Alagoas, janeiro
e fevereiro/2014.
Tipo de Óbito
Nº
OBITO INFANTIL
OBITO MATERNO
24
8
Total
32
Fonte: EPIINFO/CIEVS/SUVISA/SES/AL
Óbitos Materno e Infantil
A redução da mortalidade materna, infantil e fetal em
Alagoas é ainda um desafio para os serviços de saúde e
a sociedade civil como um todo. A Vigilância do Óbito
Fetal, Infantil e Materno é uma experiência que vem se
aprimorando continuamente. Essa ação exerce papel
relevante como instrumento para a melhoria dos Sistemas
de Informação em Saúde e como fonte de evidências
para o aprimoramento da atenção à saúde no estado.
Com este objetivo o óbito materno, infantil foi incluindo
como evento de notificação imediato (notificação em 24
horas) no estado de Alagoas e assim contribuir no
aprimoramento das políticas de saúde para mulheres e
crianças.
Melhorar a informação sobre os óbitos materno e,
infantil, identificar a magnitude destas mortes, suas
causas, fatores que as determinam e assim, propor
medidas que previnam a ocorrência de novas mortes
Nº 01
1º BIMESTRE de 2014
COQUELUCHE
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda,
transmissível, de distribuição universal. Compromete
especificamente o aparelho respiratório (traquéia e
brônquios) e se caracteriza por paroxismos de tosse
seca. Ocorre sob as formas endêmica e epidêmica. Em
lactentes, pode resultar em número elevado de
complicações e até em morte¹.
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato
direto de pessoa doente com pessoa suscetível, através
de gotículas de secreção da orofaringe eliminadas por
tosse, espirro ou ao falar. Em casos raros, pode ocorrer a
transmissão por objetos recentemente contaminados
com secreções do doente, porém é pouco frequente, pela
dificuldade do agente sobreviver fora do hospedeiro¹. O
agente etiológico é uma bactéria gram-negativa:
Bordetella pertussis¹.
Defini-se como caso suspeito de coqueluche como
todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal,
que apresente tosse seca há 14 dias ou mais, associada
a um ou mais dos seguintes sintomas: tosse paroxística –
tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas
(5 a 10), em uma única expiração; guincho inspiratório;
vômitos pós-tosse ou todo indivíduo, independente da
idade e estado vacinal, que apresente tosse seca há 14
dias ou mais e com história de contato com caso
confirmado como coqueluche pelo critério clínico¹.
A coqueluche é uma doença de notificação
compulsória em todo o território nacional e sua
investigação laboratorial é obrigatória nos surtos e nos
casos atendidos nas unidades sentinelas, previamente
determinadas, a fim de identificar a circulação da B.
pertussi¹.
Em populações aglomeradas, condição que facilita a
transmissão, a incidência da coqueluche pode ser maior
na primavera e no verão, porém em populações
dispersas nem sempre se observa esta sazonalidade.
Não existe uma distribuição geográfica preferencial nem
característica individual que predisponha à doença, a não
ser presença ou ausência de imunidade específica.
Desde a instituição do Programa Nacional de
Imunizações, em 1973, quando a vacina tríplice
bacteriana (DTP) passou a ser preconizada para crianças
menores de 7 anos, observa-se um declínio na incidência
da coqueluche, muito embora as coberturas vacinais
iniciais não fossem elevadas, porém até o início da
década de 80 eram notificados mais de 40 mil casos
anuais e o coeficiente de incidência era superior a
30/100.000 habitantes. Este número caiu abruptamente a
partir de 1983, mantendo, desde então, tendência
decrescente até 2010. Entretanto, nos últimos anos,
surtos de coqueluche vêm sendo registrados, em todo
país o que requer um vigilância mais sensível para
detecção e investigação precoce dos casos e
intensificação da vacinação.
3
Boletim CIEVS/AL
Ano V
Nº 01
1º BIMESTRE de 2014
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR
A Rede Estadual de Vigilância Epidemiológica Hospitalar é constituída atualmente por 19 Núcleos de
Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH), sendo seis localizados em unidades hospitalares de Maceió e 13 em
unidades hospitalares de outros municípios do Estado.
Em fevereiro, realizou-se a habilitação e credenciamento na Rede Estadual de 6 NVEH que já
desempenhavam suas funções (dos municípios de União dos Palmares, Marechal Deodoro, Palmeira dos Índios,
Santana do Ipanema, Campo Alegre e São Luiz do Quitunde), através da Resolução Nº 6, de 17 de fevereiro de
2014, da CIB. Restando apenas a habilitação do NVEH do município de Piranhas, cuja previsão é para o mês de
abril do corrente ano.
Em março, realizou-se uma reunião de planejamento das ações da vigilância epidemiológica hospitalar em
Alagoas, na qual a gerência estadual apresentou as ações propostas para 2014. Tais ações concentram-se na
gestão da informação, no desenvolvimento de pessoas e na cooperação técnica ao trabalho dos núcleos. Estes
também apresentaram as ações propostas para 2014, cujas prioridades estão na: busca, detecção, notificação e
investigação das Doenças de Notificação Compulsória (DNC) e de óbitos fetais, infantis, de mulher em idade fértil,
maternos, por causas mal-definidas e por DNC; alimentação dos Sistemas de Informação em Saúde; além das
ações de educação continuada em Vigilância Epidemiológica no ambiente hospitalar.
Outro avanço constituiu-se na publicação de duas portarias importantes para a definição de ações de apoio
à vigilância epidemiológica hospitalar, a saber:
•
Portaria Nº 183, de 30 de janeiro de 2014, do Ministério da Saúde, que regulamenta o incentivo
de custeio para a implantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de vigilância em saúde, com
definição dos critérios de financiamento, monitoramento e avaliação.
•
Portaria 275, de 20 de março de 2014, estadual, a qual institui um fator de incentivo para os
NVEH de referência estadual, como forma de apoio à estruturação e manutenção destes.
Em paralelo, estão em andamento processos para aquisição de kits de informática para os NVEH de
Arapiraca, Teotônio Vilela, União dos Palmares e para a Clínica Infantil Daisy Breda.
O Boletim CIEVS é uma publicação oficial do Centro de Informações
Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde, da Superintendência de
Vigilância à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas.
Governador do Estado: Teotônio Villela Filho
Secretário de Estado da Saúde: Jorge Villas Boas
Superintendente de Vigilância à Saúde: Sandra Tenório Accioly Canuto
Centro de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde:
Marlene de Souza Lima
Elaboração : Cristina Raquel Lopes dos S. Tonial / Linda Sabá P. de Brito /
Marlene de Souza Lima
Endereço para correspondência: [email protected]
Disponibilizado na página: www.saude.al.gov.br/cievs
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