Follow-up de MELANOMA CUTÂNEO: um estudo de 32 casos Nurimar C. Fernandes Flauberto de Sousa Marinho Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos INTRODUÇÃO • • Marsden e cols.1 propuseram para cada um dos estágios do melanoma cutâneo o tempo de follow-up fundamentado em níveis de evidência: – IA (evidência obtida de meta-análise de ensaios controlados randomizados ou meta-análise de estudos epidemiológicos) – IB (evidência obtida de pelo menos um ensaio controlado randomizado) – IIA (evidência obtida de ao menos um estudo bem desenhado, controlado não randomizado) – IIB (evidência obtida de pelo menos um outro tipo de estudo bem desenhado quase experimental) – III (evidência obtida de estudos descritos bem desenhados, tais como estudos comparativos, de correlação e estudo de casos) – IV (evidência obtida de relatos de comitês de experts ou opiniões e/ou experiência clínica de autoridades respeitadas) Então, propõem os seguintes períodos de monitoramento: IA (um ano); IB a IIIA (cinco anos); IIIB e IIIC (dez anos); IV (dez anos) Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos OBJETIVO • O presente estudo observacional apresenta os resultados da aplicação das diretrizes mencionadas em 32 casos de melanoma cutâneo acompanhados em hospital universitário, no período 1995-20132,3 Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos CASUÍSTICA • Predominaram pacientes femininos (21 casos) e brancos (28 casos), na faixa etária entre 40 e 70 anos (29 casos), com localização na cabeça (8 casos) e tronco (11 casos) (Tabela 1) • A rotina de acompanhamento se apoiava, até então, no estadiamento e por tempo indeterminado, exceto para melanomas in situ que recebiam alta2,3 • Os casos foram agrupados nos seguintes estágios: IA (17 casos/53,12%); IB (4 casos/12,5%); IIA (3 casos/9,37%); IIC (1 caso/3,12%); IIIB (1 caso/3,12%); IIIC (3 casos/9,37%) (Tabela 2) Tabela 1 Distribuição dos casos de melanoma cutâneo segundo faixa etária, sexo, cor e localização Faixa etária (anos) Sexo Cor Localização F M B NB Cabeça Tronco M.superior M.inferior Pé Mão 20 a 30 - 1 1 - - 1 - - - - 31 a 40 2 - 1 1 1 1 - - - - 41 a 50 4 4 7 1 2 3 - 2 - 1 51 a 60 6 2 6 2 1 2 1 1 3 - 61 a 70 6 1 7 - 3 1 1 1 1 - 71 a 80 2 3 5 - 1 2 1 - 1 - 81 a 90 1 - 1 - 0 1 - - - - TOTAIS 21 11 28 4 8 11 3 4 5 1 B = Branco; NB = Não branco; F = Feminino; M = Masculino Tabela 2 Distribuição dos casos segundo estadiamento (AJCC 2009) e seguimento ambulatorial Estágio Nº de Casos Tx 1 Tis 2 IA 17 Seguimento ambulatorial Rotina Não-definida Ressecção com margem de 0,5cm Alta Ressecção da lesão: margem de 1,0 cm Exame dermatológico e dos linfonodos: semestralmente (dois primeiros anos) e a seguir, anualmente Tempo 12 anos Alta 4 anos 1, 2, 4, 5, 7, 10, 12, 14, 15, 16, 20 anos Ressecção da lesão: margem de 2,0 cm IB 4 Exame dermatológico e dos linfonodos: a cada dois meses (dois anos) e a seguir, a cada seis meses 5, 5, 11, 15 anos Raio X de tórax e hepatograma: a cada seis meses (dois anos) e a seguir, anualmente II A 3 IB 6, 15, 17 anos Ressecção da lesão: margem de 2,0 cm II C 1 Exame dermatológico e dos linfonodos: a cada dois meses (dois anos) e a seguir, a cada seis meses 20 anos Raio X de tórax e hepatograma: a cada seis meses (dois anos) e a seguir, anualmente Exame clínico a cada quatro meses Raio X de tórax e hepatograma: a cada seis meses III B 1 Exames de imagens direcionados à região onde houver recidiva a cada quatro meses 23 anos Ressecção de metástases locorregionais e viscerais limitadas Quimioterapia individualizada III C 3 III B 14, 18 anos Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos RESULTADOS E COMENTÁRIOS • Dados de literatura mostram que entre os pacientes com MC, 75% detectam suas próprias recorrências e 50% detectam seus segundos tumores primários; é possível que visitas de monitoramento profissional sejam agendadas mais frequentemente que o necessário4,5 • O risco de recorrência é maior durante o primeiro ano de acompanhamento; relatos sugerem que a recorrência tende a um plateau com baixos percentuais, após os primeiros dez anos. Até o momento, não há consenso internacional a respeito do tempo de follow-up no MC6,7 Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos RESULTADOS E COMENTÁRIOS • O seguimento ambulatorial se manteve por: 12 anos (1 caso Tx); 4 anos (1 caso melanoma in situ subungueal); 1-15 anos (17 casos IA); 5 anos (4 casos IB); 6-17 anos (3 casos IIA); 20 anos (1 caso IIC); 23 anos (1 caso IIIB); 14-18 anos (3 casos IIIC) (Tabela 2), não foram observadas recidivas ou recurrências • Concluiu-se pela adequação do procedimento de alta nos estágios IA, IB, IIA, IIC, IIIB E IIIC, uma vez que o tempo de monitoramento já havia ultrapassado o período recomendado por dados recentes de literatura Follow-up de Melanoma cutâneo: um estudo de 32 casos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Marsden JR, Newton Bishop JA, Burrows L, Cook M, Corrie PG, Cox NH, et al. Revised UK guidelines for the management of cutaneous melanoma 2010. Br J Dermatol. 2010; 163:238-56. 2. Fernandes NC, Calmon R, Maceira JP, Cuzzi T, da Silva CSC. Melanoma cutâneo: estudo prospectivo de 65 casos. An Bras Dermatol. 2005; 80(1):25-34. 3. Fernandes NC, Calmon R. Melanoma cutâneo: estudo prospectivo de 42 casos. 2010; 86(5):1233-5. 4. Turner RM, Bell KJH, Morton RL, Hayen A, Francken AB, Howard K, et al. Optimizing the frequency of follow up visits for patients treated for localized primary cutaneous melanoma. J Clin Oncol. 2011; 29:4641-6. 5. Sondak VK, Leachman SA. Individualizing follow-up for patients with early-stage melanoma. J Clinical Oncol. 2011; 29,35:4606-8. 6. Garbe C, Peris K, Hanschild A, Saiag P, Middleton M, Spatz A et al. Diagnosis and treatment of melanoma. European consensus-based in disciplinary guideline – Update 2012. Eur J of Cancer. 2012; 48:2375-90. 7. Dummer R, Guggenheim M, Arnold AW, Braun R, von Moos R. Updated Swiss guidelines for the treatment and follow up of cutaneous melanoma. Swiss Med Wkly. 2011; 141:W13320.