Princípios batistas e doutrinas bíblicas Introdução Para definir a temática do trimestre, poderíamos afirmar que: Princípios batistas, são o pensamento, a atitude e o comportamento do crente em face do mundo que o cerca, lastreados nas doutrinas que a Palavra de Deus nos expõe e exige. Ou seja, o agir... e o... pensar do cristão! Como fazer parte de uma igreja batista sem saber por quê? Se somos cristãos, denominados batistas, devemos saber o porquê. Até porque, parafraseando o apóstolo Pedro, precisamos estar sempre preparados para responder mansa e reverentemente àqueles que vierem a nós e perguntarem pela razão da esperança que nutrimos como cristãos e membros de uma igreja batista (1Pe 3.15). INTRODUÇÃO Estudar os princípios e doutrinas bíblicos não é invenção dos teólogos cristãos ou dos ministros cristãos. Quando Deus ordenou ao homem: “...De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16,17), estava comunicando ao homem seus princípios de vida e ensinos para o bem-estar humano. Portanto, princípios e doutrinas existem porque Deus se comunicou com os homens. Em Hebreus 1.1,2 lemos: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho...” Doutrina: Conjunto de idéias coerentes, fundamentais e básicas que dão consistência a um sistema É exatamente o conteúdo dessa comunicação divina, feita desde a antigüidade até o que Jesus Cristo revelou acerca do Pai e de si mesmo, e o que os autores do Novo Testamento registraram sobre Cristo e falaram acerca dele, que constitui a fonte à qual precisamos recorrer. Já no início da igreja cristã existe uma preocupação com princípios e doutrinas. Lucas informa que os primeiros cristãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos”. Devido aos falsos ensinos, Paulo recomendava ao jovem pastor Timóteo que não se afastasse das “palavras da fé e da boa doutrina” e reiterava: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm 4.16). Doutrina salva? Evidentemente que não. Mas a doutrina aponta o caminho da salvação. Quando estamos pregando o evangelho ou falamos que só Jesus Cristo salva, estamos expondo doutrina. A doutrina que acatamos e pomos em prática no nosso dia-a-dia vai afetar nossos pensamentos, palavras, atitudes, ações e comportamentos. Frente às necessidades e aos desafios de cada período da sua história, os cristãos sempre se preocupavam em sistematizar e expor seus ensinamentos. Por isso, vamos estudar nossos princípios batistas e nossas doutrinas, que são bíblicas, conforme expostos e sistematizados na Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Não só os estudemos, usando o intelecto, mas também vivâmo-los “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia, enganam fraudulosamente” (Ef 4.14). Princípios batistas Princípios Batistas Segundo os melhores compêndios e comentários foram oito os princípios que nortearam a igreja primitiva segundo a fé batista desde os seus primórdios aos nosso dias e que devem continuar a balizar a continuidade de nossa existência em confronto com o mundo: 1 2 3 4 5 6 7 - Princípio do senhorio de Jesus Cristo Princípio da autoridade da Bíblia Princípio da igreja composta de membros regenerados Princípio da igreja como comunidade local Princípio da igreja separada do Estado Princípio da liberdade religiosa e de consciência Princípio da competência do indivíduo e de sua responsabilidade diante de Deus 8 - Princípio da igreja evangelística e missionária 1 - Princípio do senhorio de Jesus Cristo O senhorio de Jesus Cristo na vida cristã do indivíduo e na vida da igreja é determinante para a nossa continuidade como igreja. Nós vivemos numa sociedade na qual, usando a linguagem de Paulo, “há muitos deuses, e muitos senhores”, exigindo a lealdade de cada um de nós e da igreja. 2 - Princípio da autoridade da Bíblia Significa que apenas as Escrituras, que são os registros escritos da auto-revelação de Deus aos homens, possuem autoridade suficiente para guiar o indivíduo na sua crença e no seu comportamento. Justo Anderson afirma que “as igrejas batistas consideram a Bíblia como a fonte de autoridade, especialmente o Novo Testamento, como o registro da vida, o exemplo e os mandamentos de Jesus Cristo”. 3-Princípio da igreja composta de membros regenerados Esse princípio batista de que os membros da igreja local devem ser regenerados e biblicamente batizados deriva das páginas do Novo Testamento (Mt 3.5,6; At 2.38,41; 8.12,36-38; 10.47,48; 16.31-33; 18.8; 19.4,5). Portanto, no princípio do cristianismo era assim, como afirma J. Clyde Turner: “Não existe nenhuma evidência de que alguma vez alguém se fizesse membro de uma igreja neotestamentária, sem haver passado pela experiência do novo nascimento que vem por meio da fé no Senhor Jesus Cristo”. 4 - Princípio da igreja como comunidade local A eclesiologia batista fundamenta sua prática eclesiástica no conceito de igreja local porque é nela que o crente serve a Deus, ao próximo e à sua comunidade. Segundo a leitura de Atos, foi por meio da igreja local que os cristãos primitivos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). Praticavam a mutualidade no amor cristão (At 4.32-35) e anunciavam a Palavra de Deus (At 5.42; 6.1). 5 - Princípio da igreja separada do Estado Porém cremos que a separação se deve ao ensinamento global do Novo Testamento e resumido nas palavras de Jesus: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Por isso, a luta histórica dos batistas não é para livrar-se da religião mas, sim, liberar todas as pessoas para a religião da sua devoção, inclusive para o agnosticismo e ateísmo. 6 - Princípio da liberdade religiosa e de consciência Os batistas consideram como inalienável a liberdade de consciência, a plena liberdade de religião de todas as pessoas. O homem é livre para aceitar ou rejeitar a religião; escolher ou mudar sua crença; propagar e ensinar a verdade como entender, sempre respeitando os direitos e convicções alheios; cultivar a Deus tanto a sós quanto publicamente; convidar outras pessoas a participarem nos cultos e noutras atividades de sua religião (...) Tal liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado – nem pelo Estado, nem por qualquer outro grupo religioso – é um direito outorgado por Deus”. 7 - Princípio da competência do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus O que é competência do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus? Significa que ele pode conhecer a vontade divina por meio da revelação das Escrituras, tornando-se responsável diante de Deus. Isso significa uma responsabilidade individual e direta no seu relacionamento com o Criador 8 - Princípio da igreja evangelística e missionária Os batistas ensinam que “o evangelismo é a proclamação do juízo divino sobre o pecado, e das boasnovas da graça divina em Jesus Cristo”, assim como missões “é a extensão do propósito redentor de Deus através do evangelismo e do serviço cristão além das fronteiras da igreja local”. Conclusão: A relevância dos princípios batistas precisa ser enfatizada em nossas igrejas como instrumento de afirmação da nossa identidade no mundo atual e defesa contra o autoritarismo interno e externo que ameaça nossa identidade. Os batistas não devem ficar apenas se gloriando dos marcos fincados pelos nossos antepassados, mas devemos trabalhar no nosso presente como continuadores da tarefa dos “nossos pais” espirituais, porque ainda surgem diante de nós muitos desafios para serem vencidos. Doutrinas Bíblicas Já as doutrinas bíblicas estão registradas e catalogadas na Declaração Doutrinária das igrejas batistas do Brasil (CBB) e são as seguintes (http://www.batistas.org.br:) Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo 1 – As Escrituras Sagradas Capítulo 2 - Deus 3 – O Homem Capítulo 4 – O Pecado 5 – A Salvação Capítulo 6 – A Eleição 7 - O reino de Deus Capítulo 8 - A igreja 9 - O batismo e a ceia do Senhor Capítulo 10 - O dia do Senhor 11 – O Ministério da Palavra Capítulo 12 – A Mordomia 13 – A Evangelização e missões Capítulo 14 – A Educação religiosa 15 – A Liberdade religiosa Capítulo 16 – A Ordem social 17 – A Família Capítulo 18 – A Morte Capítulo 19 – Os Justos e ímpios Para facilidade de estudo e síntese, estaremos estudando as 19 doutrinas em 13 lições dominicais conforme se segue. Como são 19 doutrinas e apenas 13 lições dominicais no trimestre, estaremos em cinco deles, fazendo a junção de dois temas mais correlatos: Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição Lição 1 - Capítulo 1 - Escrituras Sagradas 2 - Capítulo 2 - Deus – Deus Pai, Filho e Espírito Santo 3 - Capítulos 3 e 4 – O Homem e o Pecado 4 - Capítulos 5 e 6 – A Salvação e a Eleição 5 - Capítulos 7 e 8 - O reino de Deus e a Igreja 6 - Capítulo 9 - O batismo e a ceia do Senhor 7 - Capítulo 10 - O dia do Senhor 8 - Capítulo 11 – O Ministério da Palavra 9 - Capítulo 12 – A Mordomia 10 - Capítulos 13 e 14 – Evangelização, Missões e Educação religiosa 11 - Capítulos 15 e 16 – A Liberdade religiosa e a Ordem social 12 - Capítulo 17 – A Família 13 - Capítulos 18 e 19 – A Morte e Justos e ímpios 3T15 – Doutrinas Bíblicas (A razão de nossa fé) Estudo 01 As Escrituras Sagradas Textos bíblicos diversos Como fazer parte de uma igreja batista sem saber por quê? Se somos cristãos, denominados batistas, devemos saber o porquê! É isto que neste trimestre estaremos buscando: conhecer as razões de nossa fé. Texto áureo: 1Pe 3.15 “... E estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” A primeira e indiscutível razão de ser da fé cristã, é sem dúvida, a Palavra de Deus: a Bíblia Sagrada. Só mesmo por meio da leitura da Bíblia é que poderemos chegar ao pleno conhecimento da real existência de um Deus Criador, Redentor e Consolador. Por isso, conhecer as Escrituras Sagradas deve ser o primeiro passo nesta jornada. A própria Palavra de Deus dá sustentação a esta afirmação quando o salmista exclama no Salmo 119.89: “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra está firmada nos céus” Sim, eis aí a razão de serem as Escrituras Sagradas a primeira coluna, o primeiro fundamento de nossa fé. Elas foram escritas por Deus, não pelo ser humano. Davi em seu salmo em 2Samuel 23.2, declara com toda a inspiração: Sim, cerca de 40 homens a registraram, mas eles a escreveram por inspiração divina, conforme o Senhor lhes ordenava. “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha boca” Desde então ela tem sido para o homem uma luz que brilha na noite mais escura. Desde os primórdios da civilização ela tem sido uma luz a nortear o caminho a seguir, uma bússola a apontar o objetivo a alcançar. Por isso, o salmista exclama com todas as letras no Salmo 119.105: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho”. Assim deve estar sendo a Bíblia na sua vida e na minha vida. O vetor que nos indica os passos a seguir. Um dos fatores que comprovam a fidedignidade marcante da Palavra de Deus como a revelação do Senhor ao homem é o fato de que ela levou aproximadamente 1500 anos para ser escrita: Dos tempos de Moisés no Gênesis, aos tempos de João no Apocalipse, cerca de 40 homens a registraram. Transmitida oralmente até aos tempos dos reis ela começou a ser registrada formalmente com os escribas de Davi e Salomão e se consolidou como livro após o cativeiro babilônico. Ainda assim, ela se afirma e se comprova nas palavras do próprio Cristo em Mateus 24.35: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão ”. Um dos textos bíblicos que mais expressam esta verdade da Palavra de Deus como a razão de nossa fé, está registrada por Davi no Salmo 19.7-9. Seis frases, seis afirmativas e seis recompensas. “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração. O mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos”. Conclusão – Sintetizando: 1.A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana. 2.A Bíblia é o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens. 3.Sendo Deus o seu real autor foi escrita por homens especialmente inspirados por ele. 4.Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus para a sua criatura levando-a à redenção. 5.Seu conteúdo é a verdade sem mescla de erro e por isso é um perfeito lumeeiro ardente para o crente. (Textos extraídos da Declaração Doutrinária da CBB)