Mulheres na cena brasileira
• DISCUTIR O ASSUNTO “MULHERES NA CENA BRASILEIRA”, NO PERÍODO DE 1937
EM DIANTE, SE COLOCA NECESSÁRIO, RETRAÇAR RAPIDAMENTE O CAMINHO DAS
INVESTIGAÇÕES SOBRE O ASSUNTO. SE O INÍCIO DAS PESQUISAS OCORRERAM
NO FINAL DOS ANOS 1960, COM ÊNFASE EM TEMAS DA ATUALIDADE,
RAPIDAMENTE DESLOCARAM-SE PARA OUTROS PERÍODOS. VÁRIOS TRABALHOS
ABORDARAM DIFERENTES ASPECTOS DA HISTÓRIA E DA VIDA DAS MULHERES;
NO CAMPO HISTORIOGRÁFICO AS PESQUISAS DATAM DOS ANOS 1980. VÁRIAS
PESQUISAS SURGIRAM QUASE QUE SIMULTANEAMENTE, COM DESTAQUE PARA
OS LIVROS DE MARIA ODILA LEITE DA SILVA DIAS, PUBLICADO EM 1984,
COTIDIANO E PODER EM SÃO PAULO DO SÉCULO XIX EM SÃO PAULO E DE LUZIA
MARGARETH RAGO , DO CABARÉ AO LAR. A UTOPIA DA CIDADE DISICPLINAR...,
PUBLICADO EM 1985.
Mulheres na cena brasileira
• NA DÉCADA SEGUNTE, MERECE DESTAQUE O
LIVRO HISTÓRIA DAS MULHERES NO BRASIL (1997),
ORGANIZADO POR MARY DEL PRIORI ( DEL PRIORI,
M. (Org.) História das mulheres no Brasil. São Paulo:
Editora UNESP/Contexto, 1997), POR REUNIR
TEXTOS DE VÁRIOS AUTORES QUE VÊM
ESTUDANDO QUESTÕES DIVERSAS ENVOLVENDO O
MUNDO FEMININO, DO PERÍODO COLONIAL À
ATUALIDADE, EM ESPAÇOS DISTINTOS DO PAÍS.
Mulheres na cena brasileira
MAS, AS LUTAS TRAVADAS PELAS MULHERES BRASILEIRAS, DO SÉCULO XIX AOS
ANOS 40 DO SÉCULO XX JÁ HAVIAM SIDO DENSAMENTE PESQUISADAS PELA
AMERICANISTA JUNE E. HAHNER, NO LIVRO EMANCIPAÇÃO DO SEXO FEMININO.
A LUTA PELOS DIREITOS DA MULHER NO BRASIL. 1850-1940(*), QUE SOMENTE
FOI PUBLICADO NO BRASIL, EM 2000, COMO FRUTO DESSA MILITÂNCIA DE
MULHERES INTELECTUAIS DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS.
JUNE HAHNER TRAZ , A PARTIR DE EXTENSA PESQUISA EM VARIADA
DOCUMENTAÇÃO, A TRAJETÓRIA E A LUTA PERCORRIDA PELAS MULHERES
BRASILEIRAS VISANDO SUA EMANCIPAÇÃO, TAIS COMO:
.
•
•
O DIREITO AOS ESTUDOS, INCLUSIVE UNIVERSITÁRIO;
O DIREITO AO EXERCÍCIO DE QUALQUER PROFISSÃO INDEPENDENTE DA
CONDIÇÃO SOCIAL DA MULHER;
O DIREITO AO VOTO;
_____________________________________________________
• (*)HAHNER, June E. Emancipação do sexo feminino. A luta pelos direitos da
mulher no Brasil. 1850-1940. Florianópolis: Editora Mulheres, 2003.
A OPERAÇÃPO DA HISTÓRIA E DA
MEMÓRIA
• ASSIM, AO MESMO TEMPO EM QUE AS PESQUISAS
AVANÇAM, ELAS TRAZEM AS DESCOBERTAS: OS
ROMANCES, CONTOS, POEMAS, ESCRITOS POR
MULHERES, AS CARTAS, OS DIÁRIOS ÍNTIMOS, AS
FOTOS/AMBUNS DE FAMÍLIA, DEPOIMENTOS
ORAIS, DE SEU ENVOLVIMENTO NAS LUTAS
DIVERSAS E NO COTIDIANO, PARA GARANTIR
ALGUNS DIREITOS, SEJA NOS ESPAÇOS PRIVADOS,
SEJA NAS SUAS MOVIMENTAÇÕES PARA OCUPAR
OS ESPAÇOS PÚBLICOS, POR MUITO TEMPO
DESTINADOS APENAS AOS HOMENS.
A OPERAÇÃPO DA HISTÓRIA E DA MEMÓRIA
Mulheres na cena brasileira
• ESSAS REIVINDICAÇÕES FORAM CONSIDERADAS
FUNDAMENTAIS PARA NOSSA EMANCIPAÇÃO E
CONQUISTA DA CIDADANIA PLENA. VÁRIAS
MULHERES ENGAJARAM-SE NESSAS LUTAS DESDE O
FINAL DO SÉCULO XIX. MAS, COM UM PERFIL MAIS
DEFINIDO, ALGUMAS DELAS DESCARAM-SE, COMO
BERTHA LUTZ , PAULISTA FILHA DE PAI SUISSO E MÃE
DE ORIGEM ALEMÃ. SUA MILITANCIA EVIDENCIA-SE
DESDE A DÉCADA DE 1920, FORMANDO IMPRENSA
PRÓPRIA. ORGANIZOU UM CONGRESSO
INTERNACIONAL EM 1922, NO RIO DE JANEIRO, ANO
DO CENTENÁRIO DA INDEPENDIA DO BRASIL, COM O
OBJETIVO DE DEBATER A SITUAÇÃO DA MULHER
BRASILEIRA.
Biografia - Bertha Maria Julia Lutz
(1894-1976)
• QUEM ERA ELA?
• “Ativista brasileira nascida em São Paulo, FOI uma das pioneiras do
movimento feminista no Brasil e a quem as mulheres brasileiras
devem a aprovação da legislação que lhes outorgou o direito de
votar e serem votadas (1932). Filha da enfermeira inglesa Amy
Fowler e do cientista e pioneiro da medicina tropical Adolfo Lutz, foi
educada na Europa, onde tomou contato com a campanha
sufragista inglesa. Formou-se em Biologia na Sorbonne e, voltando
ao Brasil (1918), ingressou por concurso público como bióloga no
Museu Nacional, a segunda mulher a ingressar no serviço público
brasileiro. Empenhada na luta pelo voto feminino, ao lado de outras
JOVENS ,criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher
(1919), que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino, a FBPF. Representou as brasileiras na assembléia-geral da
Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos (1922), onde foi
eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Finalmente,
dez anos depois (1932), em 24 de fevereiro, por decreto-lei do
presidente Getúlio Vargas, foi assinado o novo Código Eleitoral,
onde estava previsto o direito de voto às mulheres”.
Bertha Lutz (1894-1976)
• Nasceu em São Paulo em 1894 e faleceu no Rio de
Janeiro em 1976. Era filha de Adolpho Lutz, de
família suiSSa. Sua mãe era inglesa. Formou-se na
Sorbonne em Zoologia.
.
A OPERAÇÃPO DA HISTÓRIA E DA
MEMÓRIA
• NESSES ANOS 1920-1930, OUTRAS MULHERES, MAIS RADICAIS,
CONSIDERAVAM A PAUTA DE LUTAS – DIREITO AO VOTO, DIREITO
AOS ESTUDOS E AO EXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO EXCESSIVAMENTE BURGUESA E INSISTIAM QUE NÃO
CONTEMPLAVA AS QUESTÕES QUE ENVOLVIAM AS MULHERES
EM GERAL. DESTACARAM-SE ENTRE ELAS, MARIA LACERDA DE
MOURA E PATRÍCIA GALVÃO (Pagu).
• AO DEFENDEREM CAUSAS MAIS RADICAIS FORAM
ESTIGMATIZADAS. PAGU FOI PRESA EM 1931 e EM 1935, E
TORTURADA MAIS DE UMA VEZ, DURANTE O GOVERNO
DITATORIAL DE VARGAS.
• ALGUMAS DE SUAS IMAGENS SÃO IMPORTANTES DE SEREM
RECUPERADAS, PORQUE A LUTA DAS MULHERES SEMPRE
SOFREU O ESTIGMA DE SEREM ESSAS PROTAGONISTAS
MULHERES FEIAS E MAL AMADAS QUE SE ENVOLVIAM COM
ESSAS QUESTÕES, POR NÃO TEREM CONSEGUIDO UM
PRETENDENTE PARA CASAR-SE
BIOGRAFIA
Nasceu em 9 junho/1910, em S. João da Boa
Vista/SP. Era filha de Thiers Galvão de França e
Adélia Rehder Galvão.
Foi considerada a musa da Antropofagia. Casouse com Oswald de Andrade, com quem teve um
filho. Era poetisa, escritora, crítica de arte,
jornalista, autora teatral. Militante comunista,
destacou-se pela sua irreverência, radicalismo e
postura emancipada que lhe rendeu muitos
estigmas. Irrequieta, viajou pela Europa e Asia
acumulando muitas experiências. Foi
correspondente de alguns jornais brasileiros e
também envolvendo-se nas lutas políticas pela
libertação proletária. Participou de protestos
em Paris . Foi presa e deportada para o Brasil. Já
no Brasil, foi presa em 1935 e torturada
(cumpriu 5 anos e 6 meses de cadeia). Quando
saiu da prisão rompeu com o PCdoB. Casou-se
com Geraldo Ferraz cujo apoio foi fundamental
para sua recuperação emocional e inserção
profissional. Com ele teve um filho.
• Patricia Rehder
Galvão
(1910-1962)
Maria Lacerda de Moura
(1887- 1945)
Anarquista, anticlerical, abordou
temas como o amor livre, o
direito ao prazer sexual e ao
divórcio. Maria Lacerda de
Moura nasceu em 16 de junho de
1887 em Manhuaçu (MG), filha
primogênita de uma família
modesta. Aos cinco anos foi para
Barbacena (MG), onde cursou a
Escola Normal Municipal e, anos
depois, lecionou pedagogia e
higiene. Casou-se com Carlos
Ferreira de Moura, adotando
uma menina e depois um
sobrinho, pois não podia
engravidar.
Maria Lacerda de Moura
(1887- 1945)
• Escreveu vários livros; proferiu muitas palestras em sua militância libertária no
Brasil e no exterior, discutindo assuntos diversos que aparecem em seus livros:
• Em torno da Educação (1918) – MLM
• Renovação (1919) – MLM
• A fraternidade na escola (1922) – MLM
• A mulher hodierna e seu papel na sociedade (1923) – MLM
• A mulher é uma degenerada (1924) – MLM
• Lições da Pedagogia (1925) – MLM
• Religião do Amor e da beleza (1926) – MLM
• De Amundsen a Del Prete (1928) – MLM
• Civilização, tronco de escravos (1931) – MLM
• Amai-vos e não vos multipliquei (1932) – MLM
• Serviço militar obrigatório para a mulher? Recuso-me... (1933) – MLM
• Han Ryner e o amor plural (1933) – MLM
• Clero e Fascismo, horda de embrutecedores (1934) – MLM
• Ferrer, o clero romano e a educação laica (1934) – MLM
• Fascismo – filho dileto da Igreja e do Capital (1934) – MLM
A OPERAÇÃPO DA HISTÓRIA E DA MEMÓRIA
• PELA LISTA DE SEUS LIVROS, VÊ -SE QUE MARIA LACERDA DE MOURA COLOCA
EM FOCO TEMAS POLÊMICOS QUE SÓ POSTERIORMENTE SÃO DEBATIDOS
PELAS MULHERES, RETORNANDO A AGENDA DE LUTAS DOS ANOS 60 E 70 DO SÉCULO
XX, QUE FICARAM MARCADOS PELA RADICALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS
PELO MUNDO, INCLUSIVE NO BRASIL.
•
NESTE BREVE RETROSPECTO A INTENÇÃO É DESTACAR, UM POUCO, O PERFIL E A
TRAJETÓRIA DAS LUTAS DAS MULHERES BRASILEIRAS SOBRE QUESTÕES QUE FORAM
FUNDAMENTAIS PARA A NOSSA EMANCIPAÇÃO E, RECUPERAR A MEMÓRIA (MESMO QUE
BREVE) DAQUELAS QUE SE DEDICARAM A ESSAS CAUSAS E QUE SE PROJETARAM PELO SEU
PAPEL BUSCANDO AGREGAR EM TORNO DE SI OUTRAS MULHERES PARA A CONQUISTA DE
DIREITOS MÍNIMOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA.
A OPERAÇÃPO DA HISTÓRIA E DA
MEMÓRIA
• CERTAMENTE O DIREITO À EDUCAÇÃO E AO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO,
FORAM FUNDAMENTAIS, PORQUE VEM GARANTINDO O EXERCÍCIO DE
PROFISSÕES DIVERSAS E A OCUPAÇÃO DE POSIÇÕES NA SOCIEDADE
BRASILEIRA, INCLUSIVE NA PRESIDENCIA DO PRÓPRIO PAÍS. PORÉM,
EMBORA ELES SE INSCREVAM NO ÂMBITO DOS DIREITOS CIVIS,
CERTAMENTE AINDA SÃO LIMITADOS.
• OS TEXTOS DISCUTIDOS, A SEGUIR, TRAZEM OUTROS ASPECTOS DESSE
DEBATE, INCLUSIVE O CAMINHO DAS DISCUSSÕES TEÓRICAS QUE
CARREGAM AS DIVERGENCIAS , ATÉ A ATULAIDADE, SOBRE O ENFOQUE
DA QUESTÃO.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergencia da
pesquisa da História das mulheres e das relações de gênero.
Revista Brasileira de História/SP, v.27. n.54, p. 281-300.
• AS AUTORAS, RACHEL SOIET E JOANA PEDRO, NO
RESUMO DO TEXTO,”História das mulheres e das
relações de gênero” ESCLARECEM QUE PRETENDEM
DISCUTIR A TRAJETÓRIA DA FORMAÇÃO DO CAMPO
HISTORIOGRÁFICO , NO BRASIL SOBRE A QUESTÃO. O
FOCO “SÃO AS OBRAS PUBLICADAS A PARTIR DAS
DÉCADAS DE 1980, AS PESQUISAS REALIZADAS E AS
CATEGORIAS DE ANÁLISES UTILIZADAS VISANDO
TRAÇAR UM PANORAMA DA CONSTITUIÇÃO DESSE
CAMPO” (P.281).
• TAMBÉM QUEREM MOSTRAR COMO AS CATEGORIAS
‘MULHER’, ‘MULHERES’ E ‘RELAÇÕES DE GÊNERO’ TEM
SIDO ALVO DE DISCUSSÕES, APROPRIAÇÕES E
DISPUTAS.
TRAJETÓRIA DO DEBATE
• INICIAM O ARTIGO CHAMANDO A ATENÇÃO QUE EM
1989 A REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA PUBLICOU
UM NÚMERO INTEIRAMENTE DEDICADO “A MULHER
NO ESPAÇO PÚBLICO”, ORGANIZADO POR STELLA
BRESCIANI QUE DIZIA SER ESTA UMA “HISTÓRIA DA
EXCLUSÃO”.
• FALAR DE MULHER NA HISTÓRIA SIGNIFICAVA ,
ENTÃO, REPARAR EM PARTE ESSA EXCLUSÃO >
PROCURAR TRAÇOS DA PRESENÇA FEMININA, NUM
DOMÍNIO SEMPRE RESERVADO AOS HOMENS ERA
UMA TAREFA DIFÍCIL. AS CATEGORIAS “MULHER”,
“MULHERES” E “CONDIÇÃO FEMININA” ERAM
UTILIZADAS NA ANÁLISE DAS FONTES. A categoria
“gênero” ainda era uma novidade nas análises da
historiografia brasileira.
Trajetória do debate
• 18 ANOS DEPOIS, NOVAMENTE A RBH TRAZ OUTRO
DOSSIÊ > OUTRAS QUESTÕES. EM 2007, JÁ NÃO SE
TRATA DE REPARAR A EXCLUSÃO. REPASSAM AS
PRIMEIRAS OBRAS (MARIA ODILA, RAGO, LEITE, ETC)
QUE DISCUTEM A PARTIR DAQUELAS CATEGORIAS.
Somente em 1990, com a tradução do artigo Joan Scott
no Brasil pela Revista Educação e Realidade, a categoria
gênero passou a ser usada no Brasil. Mas as pesquisas
continuaram a usar também ‘mulher’, ou ainda
‘mulheres’. Igualmente surgiram vários foruns de
debate os GP da ANPUH, Assoc. Bras. de Hist. Oral,
ANPOCS, que passaram a agregar pesquisadores do
RJ/SP/SC/RS/MS > cujas apresentações passaram a
A trajetória do debate
• Integrar os dossiês dos periódicos em Histórias das
mulheres e estudos de gênero, como Revista de
Estudos Feministas, Espaço feminino, Revista Esboços,
Revista ArtCultura, Revista Fronteiras. E RBH.
• A ampliação do debate dos dias atuais contrasta com a
trajetória difícil que a categoria de ‘gênero’ enfrentou
no campo historiográfico. Nas ciências humanas, a
disciplina História é certamente a que mais
tardiamente apropriou-se dessa categoria, assim como
da própria inclusão de ‘mulher’ ou de ‘mulheres’ como
categoria analítica na pesquisa histórica. A postura
costumeiramente ‘cautelosa’ dessa disciplina e o
domínio do campo por determinadas perspectivas de
abordagem > retardaram o avanço das discussões.
A trajetória do debate
• Para as autoras >grande parte desse retardo se deveu ao
caráter universal atribuído ao sujeito da história >
representado pela categoria ‘homem’(p. 284).
• Os Annales (na década de 20)e as correntes marxistas, com
enfoques diferentes > abriram caminho aos estudos das
mulheres. Os Annales, pelo interesse da história dos seres
vivos concretos e o marxismo pelo estudo focado na luta de
classes, embora as mulheres e as questões étnicas ficassem
em plano secundário nessas análises. Mas, a história social
passa a abrigar as correntes revisionistas marxistas , cujas
preocupações incidem sobre as identidades coletivas de uma
ampla variedade de grupos sociais até então excluídos do
interesse da história: operários, camponeses, escravos,
pessoas comuns. Pluralizam-se os objetos de investigação e as
mulheres são alçadas a condição de objeto e sujeito da
história.
A trajetória do debate
• Na década de 1980 > inúmeras pesquisas partiam da
categoria ‘mulheres’.
• Na década de 1990 > a categoria gênero passa a ser
usada, com a tradução do texto de Scott. Mas o que
vem a ser gênero? Qual a sua importância? Como tem
sido trabalhada na historiografia brasileira? Mas, afinal
por que gênero?
• Dizem as autoras que esta categoria foi tomada de
empréstimo à gramática. Em seu sentido original
gênero= em algumas línguas são desinências que
designam indivíduos de sexos diferentes. “Gênero nas
ciências sociais, tomou outra conotação, e significa a
distinção entre atributos culturais alocados a cada um
dos sexos e a dimensão biológica dos indivíduos”.
Trajetória do debate
• Para as autoras:
• “Além disso, ‘gênero’ dá ênfase ao caráter
fundamentalmente social, cultural das distinções
baseadas no sexo, afastando o fantasma da
naturalização; dá precisão à idéia de assimetria e de
hierarquia nas relações entre homens e mulheres,
incorporando a dimensão das relações de poder; dá
ênfase ao aspecto relacional entre as mulheres e os
homens, ou seja, de que nenhuma compreensão de
qualquer um dos dois poderia existir através de um
estudo que os considerasse totalmente em separado >
aspecto importante para ‘descobrir a amplitude dos
papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias
sociedades e épocas...”(p.188/289).
• Zélia Lopes da Silva – Assis, 23/9/11
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Mulheres na cena brasileira.