O Cenário Macroeconômico Global e os
Ciclos Demográficos
Belém
(22º Congresso da CACB)
05.09.2012
AOD CUNHA (JP Morgan)
UM PANORAMA GERAL SOBRE A APRESENTAÇÃO
I.
A Natureza da Crise Econômica Internacional de 2008 e a sua
Recuperação: Crise Financeira ou Esgotamento de um Ciclo
de Crescimento?
II. A Economia Brasileira frente ao Cenário Global.
III. As mudanças demográficas no mundo e no Brasil como
explicação de longas ondas de consumo e investimento.
IV. Olhando pra frente: o que esperar da situação na Europa,
EUA, China e Brasil.
Aod Cunha de Moraes Jr
Evolução da Renda Per Capita (PPP/US$) no Mundo
Source: “Statistics on World Population, GDP and Per Capita GDP, 1-2008 AD”, Angus Maddison, University of Groningen
Aod Cunha de Moraes Jr
POPULATION - % Share of the world
USA, 4.6
Euro Area, 4.8
India, 17.8
Japan, 1.9
Russia, 2.1
Brazil, 2.8
China, 19.8
GDP (US$) - % Share of the world
Brazil, 3.3%
Euro area ,
19.4%
China, 9.3%
India, 2.4%
Japan, 8.7%
Russia, 2.3%
United
States,
23.3%
I. A NATUREZA DA CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL DE 2008 E A
SUA RECUPERAÇÃO
-A crise de 2008 foi uma crise típica de fim de ciclo de crescimento acelerado;
-A crise de crédito foi apenas uma manifestação aguda de um dos sintomas do
fim daquele ciclo de crescimento;
-Como todo o termino abrupto de fim de ciclo de crescimento acelerado, os
impactos de curto prazo são mais agudos do que os impactos de longo prazo.
Aod Cunha de Moraes Jr
SEPARANDO OS IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZOS
-A recuperação da crise (o que foi diferente dessa vez?):
-A rápida coordenação do maior pacote fiscal e monetário já visto na
histórica econômica mundial gerou uma recuperação mais rápida e forte
no curto prazo (2009) e as bolsas mundiais responderam a isto;
-Isto muda a natureza da crise?
-Não.
Aod Cunha de Moraes Jr
SEPARANDO OS IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZOS
(CONTINUAÇÃO)
-Isto muda os efeitos de longo prazo da crise?
Provavelmente também não. Apenas redistribui no tempo os efeitos de
perdas e ganhos entre produto, emprego, endividamento e inflação;
O resultado esperado no modelo macroeconômico é de menor perda de
produto no curto prazo, mas de recuperação mais lenta da capacidade de
crescimento de longo prazo e com maior endividamento e risco de
defaults.
Aod Cunha de Moraes Jr
CICLO DE PREÇOS REAIS DE MORADIAS, PASSADOS E PRESENTES, E
CRISES BANCÁRIAS
Declínio do pico ao vale (%)
Duração (Anos)
Hungary, 2008
Austria, 2008
USA, 1929
UK, 2007
Island, 2007
Malaysia, 1997
Thailand, 1997
Korea, 1997
Ireland, 2007
Norway, 1899
USA, 2007
Argentina, 2001
Sweden, 1991
Spain, 1977
Average
Japan, 1992
Norway, 1987
Indonesia, 1997
Finaland, 1991
Colombia, 1998
Philippines,…
Hong Kong,…
-35,5
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
6 anos
0
5
10
Aod Cunha
deDatabase,
Moraes Jr April 2010
Source: International Monetary Fund, World Economic
Outlook
15
20
CICLO DE PIB PER CAPITA REAL, NO PASSADO, E CRISES BANCÁRIAS
Declínio do pico ao vale
(%)
Duração (Anos)
Spain, 1977
Norway, 1987
Japan, 1992
Philippines, 1997
Sweden, 1991
Hong Kong, 1997
Colombia, 1998
Korea, 1997
Malaysia, 1997
Average
Finaland, 1991
Thailand, 1997
Indonesia, 1997
Argentina, 2001
USA, 1929
-9,3
-30
-20
-10
0
10
1,9 anos
0
1
Source: International Monetary Fund, World Economic Outlook Database, April 2010
Aod Cunha de Moraes Jr
2
3
4
5
SEPARANDO OS IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZOS
(CONTINUAÇÃO)
Cenário de Longo Prazo para a Economia Mundial:
-
EUA e Europa crescerão nos próximos 20 anos significativamente menos
do que cresceram nos últimos 20 anos, mas os EUA tendem a se recuperar
mais rapidamente pela maior flexibilidade de ajustamento da sua
economia.
-
Junto com Japão e Rússia formarão um bloco de crescimento lento,
explicado em grande parte pela entrada de um ciclo demográfico
desfavorável de suas economias;
-
Um evento que poderia se contrapor a tendência acima seria um novo
choque de produtividade na economia mundial, que poderia vir através de
alguma grande inovação no sistema energético.
Aod Cunha de Moraes Jr
SEPARANDO OS IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZOS
(CONTINUAÇÃO)
-
Os países emergentes e os BRICs, no seu conjunto, devem apresentar
melhor desempenho do que os países ricos, mas serão afetados no curto
prazo quando a percepção de lenta recuperação mundial se consolidar;
-
No conjunto dos BRICS, o movimento da demografia interna deve ter um
importante papel. Enquanto Rússia apresenta um quadro desfavorável e
China ainda mais alguns anos de efeitos positivos (antes que entre em
declínio), Brasil e Índia são os dois países com posições mais favoráveis
nesse aspecto.
Aod Cunha de Moraes Jr
SEPARANDO OS IMPACTOS DE CURTO E LONGO PRAZOS
(CONTINUAÇÃO)
-
A capacidade da China de continuar crescendo a taxas entre 8 e 10% com
menor dependência dos mercados externos desenvolvidos continuará a
trazer incertezas de curto prazo;
-
A China continuará a liderar as taxas de crescimento econômico mundial,
mas é considerável a probabilidade de que tenhamos um “soluço” nesse
ritmo de crescimento nos próximos anos;
-
Olhando para prazos mais longos, a Índia aparece como uma alternativa
talvez ainda mais promissora para a economia mundial do que a China.
Aod Cunha de Moraes Jr
II. Brasil no Contexto da Economia Mundial
1. A economia brasileira apresenta hoje fundamentos
macroeconômicos melhores do que no seu passado
2. A melhora da avaliação brasileira é uma melhora em
termos absolutos e em termos relativos
3. Ainda existem desafios e riscos na consolidação da
perspectiva de um crescimento econômico sustentado.
4. O Brasil tem uma oportunidade única com o chamado
“bônus”demográfico
Aod Cunha de Moraes Jr
Fatores de Risco para um Crescimento Econômico
Sustentado no Brasil
1.
Baixa taxa de poupança doméstica
2.
Infra-estrutura econômica deficiente
3.
Baixa qualidade da educação
4.
Aumento de gastos com pessoal e previdência no setor público e limites
para aumento de carga tributária
III.
AS MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS NO MUNDO E NO BRASIL
Crescimento, Demografia e “Ondas de Consumo e Investimento”
-
Como a demografia explica o crescimento econômico?
-
Pela maneira mais simples das teorias de crescimento econômico: pelo
ciclo da vida;
-
As pessoas nascem, crescem, estudam, trabalham, casam, têm filhos e
envelhecem.
Aod Cunha de Moraes Jr
O CICLO DA VIDA E O CONSUMO
• O ciclo da vida gera um ciclo de consumo e investimento
Ex.: EUA (picos de consumo agregado médio dos americanos por idade)
-
Educação: 21 anos
Casamentos: 26 anos
Aluguéis: 27 anos
Primeiro filho: 28 anos
Compra da primeira casa: 31
Compra da segunda casa: 41
Consumo total: 48
Revistas e Jornais: 62
Assistência médica: acima de 70
Aod Cunha de Moraes Jr
CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA ETÁRIA NO MUNDO,
NO BRASIL E AS IMPLICAÇÕES PARA AS
“ONDAS DE CONSUMO E INVESTIMENTO” NO BRASIL
-
O Brasil ainda é um país muito jovem;
-
Antes de ficar “velha”, a população brasileira expandirá o consumo em
ondas semelhantes às que ocorreram no Japão, EUA e Europa no passado
recente;
-
Teremos, no futuro, uma proporção de populações idosas ainda maior do
que as atuais proporções na Europa e nos EUA, o que trará implicações
dramáticas sobre as trajetórias de consumo e poupança no Brasil.
Aod Cunha de Moraes Jr
IDADE MEDIANA DA POPULAÇÃO – REGIÕES SELECIONADAS
1980-2050
Idade Mediana da
60.00
Idade Mediana
50.00
40.00
Brasil
China
30.00
Japão
USA
Europa
20.00
India
Russia
10.00
0.00
1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
FONTE: WORLD POPULATION PROSPECTS - ONU.
Aod Cunha de Moraes Jr
PIRÂMIDES ETÁRIAS NO BRASIL E
OUTRAS ECONOMIAS NO MUNDO (2010)
Aod Cunha de Moraes Jr
PIRÂMIDES ETÁRIAS NO BRASIL E
OUTRAS ECONOMIAS NO MUNDO (2010)
Aod Cunha de Moraes Jr
2000
2010
Aod Cunha de Moraes Jr
2020
2050
2000
2010
Aod Cunha de Moraes Jr
2020
2050
PROJEÇÃO POPULAÇÃO
Países
Brasil
China
Índia
Japão
Rússia (Federação)
Reino Unido
Estados Unidos
2010
195.423
1.354.146
1.214.464
126.995
140.367
61.899
317.641
2050
218.512
1.417.045
1.613.800
101.659
116.097
72.365
403.932
Fonte: ONU (http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/wpp2006.htm)
Aod Cunha de Moraes Jr
POPULAÇÕES ABAIXO DE 20 ANOS
E ACIMA DE 60 ANOS EM 2010 E 2050 (EM MILHÕES)
2010
2050
<20 , >60
Brasil
Japão
China
EUA
India
32 ,
12 ,
190 ,
45 ,
235 ,
<20, >60
7
18
85
60
20
24 , 28
8 , 20
140 , 225
50 , 55
220 , 150
Aod Cunha de Moraes Jr
Onde serão as ondas de consumo e investimento no Brasil
-
Setores onde a alteração da estrutura etária da população brasileira
produzirá as maiores ondas de consumo e investimento:
-
Educação superior;
Habitação (primeira grande onda em imóveis de renda mais baixa e
segunda grande onda em imóveis de renda mais alta);
Turismo (principalmente de estrangeiros –chineses e indianos)
Previdência privada;
Saúde;
Entretenimento de idosos.
-
IV. Como aproveitar o “bônus demográfico” para crescer mais
1.
O Brasil cresceu muito menos do que poderia e deveria no último ciclo
de crescimento mundial;
2.
Uma redução na taxa média de crescimento da economia mundial e dos
países emergentes torna mais difícil, mas não impossível, a expansão da
taxa média de crescimento econômico do Brasil
3.
A expansão dessa taxa média dependerá do aumento da taxa de
poupança doméstica e da produtividade média da economia
(principalmente da produtividade do trabalho e de investimentos em
infra-estrutura).
Aod Cunha de Moraes Jr
IV. . Como aproveitar o “bônus demográfico” para crescer mais
4.
A nível mundial, se não houver significativa redução nas taxas de
crescimento econômico dos países emergentes, pode estar garantida a
expansão da demanda por alimentos, minérios e insumos exportados
pelo Brasil
5.
É preciso investir, planejar antecipadamente o financiamento adequado
dos setores de saúde e previdência para que não se transformem em
sérios gargalos ao crescimento econômico
Aod Cunha de Moraes Jr
O que esperar da Europa?
1.
Pela natureza da crise econômica há razões para acreditar que apenas
socorro financeiro não basta.
2.
A necessidade de revisar o modelo de crescimento limitado por altos
níveis de endividamento, envelhecimento da população e excesso de
benefícios sociais ainda demandará enormes enfrentamentos políticos e
sociais na região.
3.
No curto prazo o risco maior de contaminação para a economia global
vem do difícil financiamento das dívidas soberanas na Europa, como nos
casos de Grécia, Espanha e Itália. US$ 1 tri de socorro pode não ser
suficiente!
Aod Cunha de Moraes Jr
Possíveis impactos para o Brasil de um
agravamento do cenário econômico na Europa
1.
A preocupação maior que devemos ter no Brasil é com os efeitos
indiretos de um agravamento da crise européia.
2.
Um cenário de stress no financiamento das dívidas soberanas européias
(default) poderia levar a um risco de crise bancária e confiança na
economia global.
3.
Neste cenário a economia chinesa poderia desacelerar mais
rapidamente, ocasionando, entre outros impactos, uma redução
significativa no preço das commodities.
4.
O Brasil poderia rapidamente observar uma reversão nos fluxos positivos
da sua balança comercial e de investimentos diretos no País. Além disso,
num cenário global mais adverso, muitos países poderiam aumentar o
uso de medidas protecionistas de comércio exterior
Aod Cunha de Moraes Jr
O que esperar de China e EUA
1.
2.
3.
4.
5.
China já fez uma desaceleração de crescimento para um patamar de
crescimento mais próximo de 7-8% a.a.
Uma “aterrisagem forçada” significaria vermos a China diminuindo o
nível de atividade econômica para níveis ainda menores nos próximos
meses
O risco maior para economia chinesa é uma desaceleração mais forte no
ritmo de crescimento do setor imobiliário com impactos sobre preços e
no sistema financeiro
A principal ameaça na economia americana é o chamado “abismo fiscal”
que necessita de medidas corretivas do Congresso americano até o final
do ano. Sem essas a recuperação americana pode ser ainda mais difícil.
Uma terceira rodada de estímulos do FED parece cada vez mais provável.
Aod Cunha de Moraes Jr
Conclusões
1.
A crise de 2008 não foi apenas uma “crise financeira”. Esgotou-se um
padrão de ciclo de crescimento econômico.
2.
A retomada de um novo ciclo de crescimento sustentado exigirá reformas e
mudanças de políticas econômicas que vão muito além de programas de
socorro financeiro a bancos ou a governos.
3.
Provavelmente,
antes da consolidação dessas mudanças ainda
observaremos períodos de fortes turbulências no cenárío econômico global.
4.
No curto prazo, os riscos maiores se encontram nos financiamentos das
dívidas soberanas européias e nos mecanimos de contaminação para o
mercado financeiro e a economia chinesa.
5.
O Brasil está melhor preparado que no passado para enfrentar essa possível
deterioração do cenário global, mas certamente seria impactado. O País
precisa de reformas que impulsionem
o crescimento sustentável.
Aod Cunha de Moraes Jr
FIM
OBRIGADO!
([email protected])
Aod Cunha de Moraes Jr
Download

O Cenário Macroeconômico Global e os Ciclos