Gerenciamento de Cores O que é cor? Lorenzo Ridolfi Objetivos do tópico • Explicar as relações entre luz e cor • Mostrar como o olho humano vê as cores • Dar subsídios técnicos para entender porque e como o sistema L*a*b é usado para descrever cores Agenda O que é cor? Luz O olho humano e a cor Sistema de cores Agenda O que é cor? Luz O olho humano e a cor Sistemas de cores Cor • Podemos distinguir 10 milhões de cores • É tanta cor que nem sempre nos lembramos das cores • A cor varia com a luz • A cor pode variar com o indivíduo Alter Klang (Antique Harmonies), Paul Klee, 1925 O que é cor? • A cor depende de 3 fatores: – Luz – Objeto visualizado – Olho humano Cor é luz! • O olho “vê” através de foto-receptores: células especiais localizadas na retina do olho que captam luz e, por meio de neurônios, transmitem a informação para o cérebro • Ou seja, para o olho, tudo é luz Luz Agenda O que é cor? Luz O olho humano e a cor Sistemas de cores Questões de luz • A luz tem tanta influência na percepção da cor quanto as características do objeto sendo visualizado • As luzes que encontramos no nosso dia-a-dia são muito distintas e, consequentemente, geram diferenças na percepção de cor Composição da luz • Experiência de Isaac Newton em 1666 mostrou que a luz “branca”, na verdade, é composta pela soma de todas as cores 400 nm 700 nm Curvas espectrais • Uma fonte de luz emite energia em várias frequências distintas • A cor normalmente é composta por um mix de um grande número de frequências 400 nm 700 nm Tipos de luz • As curvas espectrais variam muito de acordo com o tipo de luz: – – – – – – Fluorescente / descarga de gazes Incandencente Raios catódicos Solar Led Laser Temperatura de cor • • Tem origem nas fontes de luz resultantes do aquecimento de um corpo Exemplos: – Velas – Lâmpadas incandescentes • É usada como referência mesmo para fontes de luz que não são resultantes de aquecimento: – Monitores – Câmeras digitais Luz do dia • A luz do dia é formada pela luz do sol que sofre grande influência da atmosfera terrestre – A luz do sol medida em conjunto com a luz incidente do céu tem uma temperatura de cor correlata entre 5000k a 7000k – Se medirmos o céu com o sol obstruído, a temperatura é acima de 7000k – Se medirmos a luz do sol isoladamente, podem surgir temperaturas de cor abaixo de 5000k • Existem curvas padronizadas que refletem condições típicas da luz solar de 5000k, 5500k, 6500k e 7500k, conhecidas como D50, D55, D65 e D75 Luz do dia • A luz D50 foi adotada como padrão para a indústria gráfica e pelo ICC – É a luz mais usada no gerenciamento de cores – Um dos motivos da escolha é sua maior uniformidade no espectro • A luz D65 é a mais usada quando o objetivo é simular a luz do dia D50 não é 5000K Curvas espectrais de objetos 70 0 69 0 68 0 67 0 66 0 65 0 64 0 63 0 62 0 61 0 60 0 59 0 58 0 57 0 56 0 55 0 54 0 53 0 52 0 51 0 50 0 49 0 48 0 47 0 46 0 45 0 44 0 43 0 42 0 41 0 40 0 • Um objeto reflete ou transmite luz em várias frequências distintas, analogamente a uma fonte de luz A cor do objeto também depende da luz X = A cor do objeto também depende da luz • Além da curva espectral da reflexão/transmissão de luz do objeto, a cor final do objeto depende da luz que ilumina o objeto • A cor do objeto, na verdade, resulta da combinação das curvas espectrais da luz com a de reflexão/transmissão do objeto Fluorescência • Muitos papéis e tecidos contém “alvejantes óticos” para que tenham um tom de cor aparentemente mais branco – É mais barato simplesmente acrescentar o alvejante ótico do que apurar o processo de produção do papel ou tecido • Estes alvejantes óticos contem elementos fluorescentes que dificultam a medição de cores • A fluorescência consiste na absorção da luz em uma frequência e a sua reflexão em uma frequência diferente • Os alvejantes óticos tem uma durabilidade relativamente curta e afetam a permanencia da impressão • A fluorescência é facilmente detectada expondo o material fluorescente a luz negra Exemplo de fluorescência • Duas amostras do mesmo papel: 72 0 70 0 68 0 66 0 64 0 62 0 60 0 58 0 56 0 54 0 52 0 50 0 48 0 46 0 44 0 42 0 40 0 38 0 – Fabricado com alvejante ótico – Fabricado sem alvejante ótico Medição das cores da luz Ótica DIspersor Sensor Espectroradiometro Espectrofotômetro Medição das cores de luz • Um espectrofotômetro/radiômetro mede várias frequências de luz em intervalos regulares • Normalmente medem cerca de 40 medidas em intervalos de 10nm 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 350 400 450 500 550 600 650 700 750 Espectrofotômetro • Espectrofotômetro Eye-One IO – Projetado para medição de cores em papéis ou tecidos – Usado para calibração/caracterização de impressoras – Também atua como espectroradiômetro Agenda O que é cor? Luz O olho humano e a cor Sistemas de cores O Olho humano • A pupila é o diafragma do olho • A retina é o “sensor” que capta a luz que entra no olho humano • A retina é formada por dois tipos de células fotosensíveis: – Cones – Bastonetes • A visão de precisão é feita na fóvea, uma pequena área da retina Fóvea • É uma pequena região do olho humano responsável pela visão de precisão • Possui ângulo de visão de até 15 graus • Contém cerca de 50.000 cones e não tem bastonetes • Mais de 50% da visão reside na fóvea Fóvea e a resolução da imagem • Um cone na fóvea cobre um ângulo de visão de 0.0084º • Assumindo que a distância entre o olho e uma fotografia é proporcional ao tamanho da diagonal da foto • Temos a tabela com as resoluções necessárias para alguns tamanhos de foto: Largura (cm) Altura (cm) Resolução (DPI) 15 10 480 21 15 336 20 30 240 30 45 160 A percepção das cores é um fenômeno complexo A percepção das cores é um fenômeno complexo A percepção das cores é um fenômeno complexo O Nosso olho é tricromático • A retina possui 2 tipos de células fotoreceptoras – Cones – Bastonetes • Os cones são responsáveis pela visão colorida – São 3 tipos de cones • Os bastonetes são responsáveis pela visão noturna e periférica – São monocromáticos – São 100 vezes mais sensíveis a luz do que os cones Cones e Bastonetes • Cones – Um cone está ligado a vários neurônios – São 3 tipos de cones que possibilitam a visão cromática – Estão mais concentrados na fóvea • Bastonetes – São responsáveis pela visão noturna e auxiliam na visão periférica – Não tem sensibilidade a cor – Vários bastonetes são ligados a um único neurônio – Por isso a visão noturna tem menos “resolução” Três tipos de visão • O olho trabalha em três modos de visão: – Escotópico – Mesópico – Fotópico • Exemplos de níveis de luz: Tipo de Luz Lua cheia Lux Cone Bastonete 0.2 Luz de rua a noite 5 Vela 10 Escritório 500 Dia claro 100.000 0,1 Escotópico 10 Mesópico Fotópico Experiência de Maxwell • Durante os séculos 17 e 18 a idéia da natureza “tripla” da cor começou a ser discutida • Em 1861 Maxwell produziu a primeira fotografia tricromática – Três negativos preto e branco foram expostos através de filtros vermelho, verde de azul – Foram feitos “positivos” destes negativos que foram projetados segundo os mesmos filtros da exposição – Esta experiência é a base de todos os processos modernos de cor Descobrindo valores tricromáticos • Visando entender o mapeamento de curvas espectrais em cores tricromáticas, o seguinte experimento foi realizado em 1928 (David Wright) e 1931 (John Guild) Valores tricromáticos equivalentes • As luzes escolhidas foram: – 380 – 550 – 700 • Todas as frequências foram substituídas por apenas 3 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 68 0 67 0 66 0 65 0 64 0 63 0 62 0 61 0 60 0 59 0 58 0 57 0 56 0 55 0 54 0 53 0 52 0 51 0 50 0 49 0 48 0 47 0 46 0 45 0 44 0 43 0 42 0 41 0 40 0 39 0 38 0 0 Obtendo valores tricromáticos • A partir de vários testes com diversas pessoas, chegou-se as seguintes medidas de sensibilidade dos cones: Obtendo valores tricromáticos • Os valores tricromáticos de uma cor são obtidos através do espectro da luz, espectro do objeto e do mapeamento da sensibilidade dos cones dos nossos olhos • Toda a informação espectral, cerca de 40 medidas de intensidade de cor, pode ser reduzida a apenas três valores, sem perda de informação visual • Entretanto, a presença de valores negativos significa que algumas cores não podem ser representadas por tricromacia. X X = Cores (R,G,B) Cores visíveis e tricromacia Cores visíveis e tricromacia • A “ferradura” engloba todas as cores visíveis • Um sistema tricromático só consegue atingir as cores no interior triângulo formado pelas suas cores primárias • As coordenadas na “ferradura” estão dispostas no sistema xy, uma derivação do XYZ que não leva em conta a luminância Metamerismo • Dois objetos distintos sob luzes distintas podem resultar nos mesmos valores tricromáticos – A fonte de luz também pode ser a mesma • Essa propriedade é a base de toda a tecnologia de impressão e visualização de imagens atual Exemplo de Metamerismo • Dois objetos distintos sob a mesma luz apresentam o mesmo valor RGB • Nestas condições de iluminação, os dois objetos aparentarão ter a mesma cor 400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 Mesmas = Cores (R,G,B) 700 400 400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700 Limitações do registro tricromático • Nem todas as cores podem ser registradas por tricromacia • Valores tricromáticos indicam a cor de um objeto sob uma luz específica. • Alterando-se a luz que ilumina o objeto, provavelmente irá alterar os valores tricromáticos • Para registrar o comportamento de cor de um objeto sob qualquer luz, toda a informação espectral é necessária Fotografia multiespectral • A fotografia multiespectral não tem as limitações da fotografia tricromática • É usada para fotografar obras de arte • Captura a curva espectral das tintas • Não se limita ao registro de uma única fonte de iluminação Mona lisa • A Mona lisa foi fotografada por um sistema multiespectral chamado Jumboscan • Foram 13 fotografias que totalizaram 6 Gigabytes • Permitiu realizar simulações das cores originais do quadro Agenda O que é cor? Luz O olho humano e a cor Sistemas de cores Histórico de sistemas de cores • Desde 1931 a CIE (Commission internationale de l'éclairage) vem trabalhado na padronização na definição matemática da percepção humana da cor • O trabalho da CIE resultou em quatro espaços de cores baseados em tricromacia: – CIE RGB – CIE XYY – CIE L*a*b – CIE LCH Espaço CIE RGB • • • • Resultante direto das experiências tricromáticas de 1928 e 1931 Preciso e baseado em medidas representativas da visão humana Apresentava curvas com valores negativos, que dificultava a construção de dispositivos reais baseados no padrão Adicionamente, algumas cores teriam que ser representadas por valores tricromáticos negativos Espaço XYZ 0 0 4 7 0 2 7 0 0 7 0 8 6 0 6 6 0 4 6 0 2 6 0 0 6 0 8 5 0 6 5 0 4 5 0 2 5 0 0 5 0 8 4 0 6 4 0 4 4 0 2 4 0 0 4 8 3 6 0 x_2 y_2 z_2 3 • Foi criado com o objetivo de eliminar as deficiências do CIE RGB • Obtido aplicando-se transformações matemáticas sobre o CIE RGB • Requer cálculos simples para a obtenção de valores tricromáticos • Não apresenta valores negativos • Em uso até hoje Características do XYZ • A coordenada Y é proporcional a luminosidade da cor • Isolando-se o Y, é possível construir gráficos 2D que representam espaços de cor • As coordenadas X e Z não se relacionam a nenhuma propriedade significativa da cor Gráficos 2D no XYZ • Servem para dar uma noção inicial das cores de um dispositivo ou de uma imagem • Indicam a presença de um problema e não a ausência de problemas • A disposição das cores não é uniforme Limitações do XYZ • A distribuição de cores não é uniforme • As suas coordenadas X e Z não se relacionam a nenhuma propriedade relevante da cor Propriedades da cor • Uma cor possui três propriedades distintas: – Luminosidade – Saturação – Matiz • Um espaço de cores tricromático onde essas três propriedades fossem representadas de forma independente e uniformemente seria ideal Espaços de cores uniformes • Características desejáveis em um espaço de cores uniforme: – Cada propriedade ser descrita por uma variável independente (luminância, saturação e matiz) – Os valores das propriedades das cores serem proporcionais a percepção humana • Poder ser usado para medir diferenças entre cores – Englobar todas as cores visíveis pelo homem Espaço de cores CIE Lab • Primeiro sistema de cores uniforme • Sistema de cores desenvolvido e padronizado em 1976 • Baseado em 3 variáveis: – L – a – b • Construído a partir do XYZ • Segue as propriedades das cores: – Luminosidade: L – Saturação e matiz: a e b Sistema de cores LCH • Sistema de cores semelhante ao Lab • Única alteração é a troca das variáveis a e b por C (chroma) e H (hue), indicando saturatação e matiz, respectivamente • Há uma relação direta e simples entre Lab e LCH • As propriedades de uma cor são melhor representadas no LCH Valores do Lab e LCH • • • • Os valores de L para cores refletidas são relativas a uma superficie 100% refletida ideal Os valores de L para cores de origem emissiva são valores percentuais em relação a potência da luz, não absolutos Em cores neutras a = b= 0 Embora não hajam limites teóricos sobre os valores de a e b, os valores máximos de a, b e C absolutos em uma imagem RGB muito saturada são: Variável Mínimo Máximo L 0 100 a -∞ b -∞ C 0 ∞ ∞ ∞ H 0 360 L a b C H 88 -189 151 239 141 100 -5 172 172 92 Não linearidade do olho 88% 0,5% 100% 0% Não linearidade do olho R = 88% L = 95 R = 0,5% L = 5 R = 100% L = 100 R = 0% L = 0 Não linearidade do olho 100 90 80 70 60 L • O olho consegue enxergar em situações de muito contraste • Para não perdermos nitidez em nos tons escuros, temos uma maior sensibilidade na parte inferior da curva do L 50 40 30 20 10 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Reflectância 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Exemplo: Graycard de 18% • Um “grey card” com 18% de resolução tem valores Lab de: 1 47.3, -0.9, 1.6 0,8 0,6 0,4 0,2 720 730 700 710 680 690 660 670 640 650 620 630 600 610 580 590 560 570 540 550 520 530 500 510 480 490 460 470 440 450 420 430 400 410 380 0 390 • Ou seja, tem L de aproximadamente 50, que é o valor de um tom médio Problemas na uniformidade no Lab • Falta de uniformidade na Matiz – Foco nos tons azuis que tendem a púrpura Problemas na uniformidade no Lab • Falta de uniformidade na Matiz • Falta de uniformidade na Saturação Lab e o XYZ no gerenciamento de cores • O Lab e o XYZ são usados no gerenciamento de cores suprindo cores de referência: – Cores primárias de imagens RGB – Cores de dispositivos • Usualmente o Lab e o XYZ são usados com base na iluminação D50 (em alguns casos D65) • Embora teoricamente o gerenciamento de cores realize manipulações no Lab, a questão da não uniformidade já é endereçada pelos softwares atuais, que usam tecnologias proprietárias para lidar com os problemas do Lab • Hoje, com a evolução do gerenciamento de cores, os problemas de não uniformidade do Lab devem ser vistos com atenção na manipulação de imagens diretamente em Lab Medindo a diferença de cores • O sistema Lab e a sua maior uniformidade das cores também permitiu apurar a medição de diferenças entre cores, visando: – Medir a precisão das cores no processo de captura, tratamento e impressão de imagens – Avaliar aderência a padrões – Registrar a consistência de dispositivos • Em 1976, junto com a padronização do Lab, também foi criada a primeira fórmula para diferença de cores – Delta E – Proporcional a distância euclidiana entre duas cores • Unidades do Delta-E – Diferenças até 1 Delta-E entre duas cores não adjacentes mal é percebida por uma pessoa com visão normal – Diferenças entre 3 e 4 Delta-E não adjacentes são aceitáveis para a maioria das pessoas com visão normal – Diferenças entre 3 a 6 Delta-E são consideradas aceitáveis na reprodução de cores comercial Exemplo de Delta E 3 Delta-E 6 Delta-E 9 Delta-E Evolução do Delta E • Visando endereçar as questões de não uniformidade do Lab, a fórmula do Delta E passou por várias evoluções: – Delta-E CMC 1984 – Delta-E 1994 – Delta-E 2000 • Hoje, a versão atual (Delta-E 2000) possui compensações para: – – – – – Luminosidade Chroma Hue Rotação Cores neutras Evolução das fórmulas de diferença de cor Curso de Gerenciamento de Cores Cores no Computador Lorenzo Ridolfi Objetivos do Tópico • A partir dos conhecimentos de medição de cores da aula anterior, apresentar as principais características de uma imagem RGB ou CMYK • De forma análoga, mostrar como é feita a descrição das cores presentes em dispositivos de captura ou impressão RGB ou CMYK Objetivos do Gerenciamento de cores • Relembrando a primeira aula … • O gerenciamento de cores atua de duas formas distintas: – Descrevendo as cores dos pixels de uma imagem ou dispositivo – Alterando valores dos pixels para manter as cores consistentes entre dispositivos distintos Tricromacia • Uma cor representada por 3 valores (RGB, por exemplo) é uma simplificação da percepção das cores pelo olho humano • Uma cor baseada em 3 valores representa um objeto visto em uma iluminação específica X X = Cores (R,G,B) Agenda Cores de imagens RGB Cores de imagens CMYK Cores de dispositivos Agenda Cores de imagens RGB Cores de imagens CMYK Cores de dispositivos Origens das imagens RGB • As imagens RGB tiveram origem com a TV em cores • No mundo da informática, o grande “boom” foi com o início do Desktop Publishing na plataforma Apple Macintosh • De qualquer forma, foi o monitor e a TV os grandes motivadores das imagens RGB • Antes disso, todo o processamento de imagens era CMYK Sistema de cores aditivas • O sistema de cores aditivas segue o princípio de projecão de cores • As cores aditivas partem da ausência de cor (preto) • A adição de cada primária vai contribuindo para a formação das cores • O branco é a soma de todas as cores Imagem RGB • O que define a cor de uma imagem: – Cor do branco (white point) – Cores primárias – Curva de mapeamento dos tons (gama) • De posse dessas variáveis, é possível definir precisamente a cor de qualquer pixel da imagem Primárias do RGB • São as cores básicas usadas na formação de todas as cores da imagem • Os valores (R, G, B) de um pixel são, na verdade, percentuais das primárias – Em imagens de 8 bits, o valor varia de 0 a 255 – Em imagens de 16 bits, o valor varia de 0 a 65535 = + + Primárias do RGB • Para caracterizar precisamente as cores das primárias, é necessário especificar os seus valores em Lab, XYZ ou xy. • Dependendo das coordenadas das primárias, o leque de cores de uma imagem pode ser maior ou menor Gama • O termo gama teve origem nos monitores CRT, que por coincidência tem curvas não lineares, inversas ao do olho humano • O gama de 2.2 é o mais próximo da percepção humana • Com o gama conseguimos alterar a distribuição de valores intermediários das primárias Gama • A curva do monitor compensa a não linearidade do olho humano – A intensidade da luz produzida pelo sinal de vídeo é mais fraca nos meio-tons – A sensibilidade do olho é mais forte nos meio-tons – Juntando as duas curvas, temos que a intensidade do sinal de vídeo é proporcional à visão humana 100 90 80 Intensidade 70 L 60 = 50 40 30 20 10 Vídeo 0 Intensidade Gama • Se medirmos um monitor CRT típico, o gama será perto de 2.5 • O gama de 2.2 é o mais próximo da percepção humana • O gama 2.2 é o mais próximo da curva ideal que distribui os valores de R, G e B mais uniformemente em relação ao L Cor do branco • A cor do branco determina a luz que ilumina as cores da imagem • Embora seja possível, em teoria, o uso de qualquer tipo de luz, o mais comum é o uso do D50 e do D65 • A europa tende a seguir o D65 e os EUA o D50 Número de bits e de tons • Um byte possui 8 bits – 28 ou 256 valores distintos • Uma imagem RGB são 3 imagens de 8 bits – 224 ou 16 milhões de cores distintas • Há um consenso que o homem, em média, consegue distinguir 10 milhões de cores • Neste contexto, 8 bits/cor parece bem suficiente… • Há necessidade em usarmos mais bits/cor ? Sensores digitais são lineares • Os sensores medem a luz emitida • Mas a visão não é… • Metade dos valores (e dos bits) é usada apenas para os tons claros • Para os tons escuros, menos de 3% dos bits são empregados • Por isso é importante termos sensores com 12 bits (2048 tons) ou mais • Na conversão do RAW para RGB, os bits são distribuídos mais uniformemente mas se não foram capturados, não há milagre As primárias do RGB também influenciam • Uma imagem RGB com primárias mais distantes necessitam de um maior número de bits para evitar a posterização em transições Bits/cor é um assunto polêmico • Alguns autores defendem a tese que 8 bits/cor é mais do que suficiente – Com o gama apropriado, o mapeamento entre L e RGB é muito próximo – Não há justificativa para o uso de espaço de cores grande • Os que defendem 16 bits/pixel argumentam: – Uma máquina SLR consegue capturar cores com saturação suficiente para justificar um espaço de cores grande – Qualquer edição mais complexa já tem perda de informação • Ex: conversão para Lab e retorno para RGB – Em espaços de cores muito grandes, o uso de 8 bits/pixel pode resultar em posterização – Você captura todo o detalhe que um sensor digital produz Padronização do RGB • Há varias iniciativas para padronizar o espaço de cores do RGB: – – – – sRGB AdobeRGB98 ECI RGB Prophoto RGB • É importante avaliarmos o espaço de cores RGB no contexto completo do gerenciamento de cores • Um padrão define: – As cores das primárias – A cor do branco – Gama Agenda Cores de imagens RGB Cores de imagens CMYK Cores de dispositivos Histórico do CMYK • O CMYK teve origem nas gráficas, onde CMYK eram as cores das tintas usadas na impressão – – – – Cyan Magenta Yellow K (Preto) • O processo de impressão CMYK também é conhecido como “4 cores” • As máquinas de impressão mais avançadas também permitem a adição de cores adicionais em processos mais elaborados ou com cores especiais – – – – Hexachrome (CMYK + Laranja e Verde) CMYKclml CMYKRG Cores especiais (Pantone) Processamento em CMYK • Antes do gerenciamento de cores, todo o processamento e retoque de imagens era feito em CMYK • No escaneamento, bem no início do processo, a imagem era convertida para CMYK • No começo (muitas vezes ainda hoje), as gráficas operavam sem aderência a padrões e a correção de imagens em CMYK tinha o objetivo de: – Corrigir erros na separação de cores – Corrigir erros da impressora offset – Satisfazer o lado artístico do cliente Cores subtrativas • O CMYK atua de forma inversa ao RGB • O processo parte da cor branca (a cor do papel) • A adição das cores primárias vai fornecendo novas cores • O preto é a soma de todas as cores (tintas e pigmentos) K = Preto • Em teoria, com as cores C, M e Y é possível obtermos um bom conjunto de cores (já formam a tricromacia) • Entretanto, a cor preta tambem é necessária pois: – É difícil obter uma cor preta de qualidade apenas com as cores C, M e Y – A obtenção de cores escuras só com C, M e Y implicam no uso de muita tinta, o que ultrapassa o limite de absorção de tinta de muitos papéis – Para impressão de textos – O uso da tinta preta substitui grandes quantidades das demais tintas, o que representa uma economia de custo significativa Técnicas de incorporar o K • Na conversão de RGB para CMYK, há duas opções de geração do K: – CGR (Composite Gray Replacement) • Remove o componente cinza das cores C,M,Y e substitui por K • Maior estabilidade a variações das cores C, M e Y – UCR (Under Color Removal) • Elimina o C, M e Y só das cores mais escuras • Maior saturação de cores • Cores escuras menos ricas • É importante observar também as outras restrições do processo CMYK – TAC (Total Area Coverage) – Maximum black Dot gain: o gamma do CMYK • • • A tinta de cada ponto da impressão tende a se espalhar naturalmente, Isso aumenta o tamanho do ponto, tornando a imagem mais escura O fato interessante que esse “problema” da impressão, é muito semelhante a curva de gama de 2.2 de um monitor – Há variações de acordo com o tipo de papel e tinta • O que faz com que os tons da impressão sejam mais próximos da percepção de cores humana Escala Pantone • A escala Pantone, desenvolvida em 1963, é uma escala de cores proprietária bastante usada na indústria gráfica – Na verdade são várias escalas para diferentes condições de impressão • • • A idéia original das escalas Pantone era oferecer receitas para mistura de tintas para produzir a cor desejada A cor Pantone, segundo a receita original, seria uma cor especial (spot color) no processo gráfico Atualmente há softwares que convertem entre as cores Pantone e valores CMYK e Lab Padronizações do CMYK • Visando padronizar as condições de impressão e obtenção de resultados mais consistentes e previsíveis, alguns padrões para as cores CMYK foram definidos (ISO, SWOP, SNAP e GRACoL) • As padronizações procuram definir: – – – – Valores Lab para as tintas C, M, Y e K Dot gain Balanço de cinzas Papéis Desvantagens do CMYK • As imagens CMYK são 33% maiores do que as RGB • Os tons neutros não são intuitivos – No RGB, um tom neutro tem valores R=G=B – No CMYK, o cyan sempre tem um valor maior, por exemplo C = 7%, M = 5% e Y = 5% • O ajuste de tons no CMYK é mais difícil • Conversões de cores entre CMYK e CMYK são complicadas • As edições em CMYK tem que lidar diretamente com as limitações físicas da impressão – Máximo de tinta que o papel aceita – Valor máximo da tinta preta • Em um ambiente com gerenciamento de cores, a melhor opção é trabalhar sempre com RGB e só converter para CMYK no momento da impressão, o mais tarde possível A sua impressora é RGB! • Embora o mecanismo de impressão da grande maioria das impressoras seja CMYK, os sistemas operacionais (Windows, Mac OS, Linux) as vêem como dispositivos RGB • Os drivers de impressão são os responsáveis pela conversão de RGB para CMYK e raramente oferecem controle explícito sobre essa conversão – O controle é implícito através do tipo de papel, qualidade de impressão, etc • O Photoshop usa o sistema operacional para se comunicar com as impressoras. Portanto, vê as impressoras como dispositivos RGB • Para usar a sua impressora como um dispositivo CMYK é necessário um software chamado RIP (Raster Image Processor) • Há RIPs especiais para fotografia que oferecem maior qualidade de impressão, mas alguns destes RIPs também só oferecem interface RGB para a impressora Agenda Cores de imagens RGB Cores de imagens CMYK Cores de dispositivos Cores sintéticas • • • As cores de uma imagem digital podem ser chamadas de cores sintéticas ou abstratas, se a relação entre os valores dos pixels e os colorimétricos (Lab, XYZ, etc) é regido por uma equação matemática O fato das cores serem regidas por equação matemática, faz com que haja uma grande uniformidade e continuidade nas cores Essa continuidade e uniformidade permitem que hajam manipulações previsíveis e eficazes em softwares de edição de imagem, como o Photoshop Exemplo de cores sintéticas • Em uma imagem RGB sintética, podemos definir: – Cores primárias – Cor do branco – Gama • Com isso, sabemos que: Cor RGB Cor XYZ R G B X Y Z 255 0 0 43.61 22.25 1.40 0 255 0 38.51 71.69 9.71 0 0 255 14.31 6.06 71.42 255 255 255 96.42 100 82.52 0 0 0 0 0 0 Exemplos de cores sintéticas • Resolvendo essa calculeira: R’ = (R/255)2.2 G’ = (G/255)2.2 B’ = (B/255)2.2 X = 43.51*R’ + 38.51*G’ + 14.31*B’ Y = 22.35*R’ + 71.69*G’ + 6.06*B’ Z = 1.39 * R’ + 9.71*G’ + 71.41*B’ • Ou seja, há uma correlação direta entre as cores RGB e XYZ ! Cores reais dos dispositivos • Pouquíssimos dispositivos tem um comportamento próximo as cores sintéticas • Exemplo: Cores neutras de uma impressora jato de tinta: Mapeando as cores de um dispositivo • As cores de qualquer dispositivo real dificilmente podem ser mapeadas por meio de equações matemáticas simples • O único modo de mapear as cores de um dispositivo com precisão é: – Tirar diversas amostras de como o dispositivo registra ou mostra a cor – Deduzir todas as demais cores a partir dessa amostragem Amostragens comuns • • O número de amostras necessárias para registrar o comportamento das cores de um dispositivo varia de acordo com a uniformidade com que ele captura/reproduz cores Da mesma forma com que usar menos amostras resulta num registro ruim de um dispositivos, o uso de amostras em excesso pode comprometer as transições e a suavidade das cores Tipo de dispositivo Amostras Câmeras digitais 24 a 140 Scanners 260 a 500 Impressoras 280 a 3000 Monitores 50 a 150 Gamut de cores • O gamut representa a gama de cores que podem ser geradas por um dispositivo • Só faz sentido falarmos em gamut de dispositivos de saída – Os dispositivos de entrada naturalmente comprimem as cores mais saturadas • Há diferenças enormes entre gamuts de dispositivos de captura, monitores e impressoras – Gamut de Captura > Gamut do Monitor > Gamut da Impressão Cores sintéticas X cores reais • As cores sintéticas ou abstratas representam um comportamento ideal das cores de uma imagem • Embora as cores sintéticas sejam irreais, são perfeitas para edição e manipulação de imagens pois a sua relação com a nossa percepção é muito precisa • Um dispositivo real raramente consegue ter uma geração/captação de cores próxima a um modelo sintético de cores • Normalmente as cores dos dispositivos são obtidas por amostragem e interpolação