Prof. Hélio Padilha Introdução Essencialmente, todo metal ou liga metálica líquida necessária à obtenção de peças fundidas é obtida dentro da própria fundição. Exceção ocorre quando a fundição é próxima a uma aciaria, alto-forno ou outra fonte de metal líquido, elaborado para uso final ou não. Introdução Uma mesma liga pode ser elaborada em mais de um equipamento. A escolha do forno a ser usado depende, dentre outros: do tipo de liga quantidade desejada disponibilidade de fonte de energia a custo acessível capacidade de investimento e retorno de capital acesso tecnológico da fundição Fornos elétricos Embora os fornos a combustível apresentem em geral mais economia no aquecimento que os elétricos, os fornos elétricos: São menos poluentes Possuem maior facilidade de automação Melhor homogeneidade de composição e temperatura pela agitação gerada no metal Melhor controle de temperatura Melhor controle de potência aplicada sobre o metal O aquecimento elétrico é especialmente recomendado quando: A temperatura necessária é muito alta O produto manipulado é de valor muito elevado em relação ao custo do equipamento Extrema precisão de controle é necessária A limpeza é essencial Fornos a arco elétrico O forno a arco indireto - o arco é formado entre os eletrodos e o calor irradiado para a carga - é um forno pouco utilizado, principalmente devido ao elevado custo dos eletrodos. Já o forno a arco direto tem sua maior aplicação em aciarias para fabricação de grandes quantidades de aço a partir de sucata (pelo processo ácido ou básico) e em fundições de grande porte. Fornos a arco elétrico A vantagem do forno a arco elétrico reside na simplicidade e rapidez das operações para chegar-se a fundir certa quantidade de material. Aqui não há ventiladores, combustível, cinzas, nem escórias. Acionando uma simples chave elétrica, começa a funcionar o aparelho e seu funcionamento não é alterado quimicamente por gases nem por algum produto da combustão. Em um forno de tamanho regular consome-se 1 kWh por quilo de material fundido e para fundir uma tonelada levam-se aproximadamente 2 horas. Fornos a arco elétrico Obviamente, quanto maior a potência instalada, tanto mais rápida, em princípio será a fusão da carga. Entretanto, a radiação causada pela alta energia disponível no arco acelera o desgaste dos refratários das paredes e da abóbada do forno. A temperatura do arco corresponde à temperatura de ebulição do material que constitui o eletrodo. No caso de eletrodos de carbono, a temperatura é de 4197 ºC (estima-se que a temperatura no centro do arco esteja entre 10.000 e 18.000 ºC). Fornos a arco elétrico A carga do forno a arco é composta de sucata e ferro-ligas nas usinas não-integradas. A necessidade de se aproveitar os elementos de liga contidos na sucata e se evitar a presença de elementos indesejáveis em determinados aços, exige do operador de forno elétrico uma cuidadosa separação e armazenamento da sucata. Além disto, o aspecto físico da sucata é também importante. Uma vez que a sucata pode ter densidade aparente muito baixa (sucata a granel tem densidade da ordem de 1t/m3), é importante balancear corretamente a carga, para se evitar a necessidade de muitos carregamentos, que comprometam a produtividade. Nos fornos de revestimento ácido, a carga deve ter mínimas quantidades de fósforo e enxofre. Nos fornos de revestimento básico, a carga deve ter quantidades bem pequenas de silício. Forno elétrico de indução Os chamados fornos de indução são amplamente utilizados em fundições, sendo sua capacidade desde algumas dezenas de quilos até 25 toneladas. Não são usuais fora dessa faixa, embora possam ser construídos para fins laboratoriais até para menos de 1kg. O princípio de funcionamento é o mesmo de um transformador: uma corrente variável (gerada por uma bobina) gera uma campo magnético variável, que gera uma corrente variável induzida no secundário (neste caso a carga metálica. Essa corrente induzida aquece a carga devido sua resistividade elétrica. Forno de indução a cadinho Também chamado de forno de indução sem núcleo magnético, quando o próprio metal que se deseja fundir funciona como secundário. O início da operação é normalmente feito com carga sólida, porém, após a primeira fusão, é comum deixar certa quantidade de carga líquida no forno. Com cerca de 15 a 20% do total, normalmente chamado de “pé de banho”, essa quantidade ajuda a aumentar a velocidade de fusão da próxima carga. O consumo de energia para fornos de indução maiores é de cerca de 550 kWh/t de aço fundido, cerca de 20 a 30% a mais que os fornos a arco de maior porte que hoje possuem consumo de 350 a 400 kWh/t de aço produzido. Forno de indução a canal Também chamado de forno de indução com núcleo magnético, esse forno possui um núcleo de aço magnético, do tipo usado em transformadores, no qual é enrolada uma bobina, normalmente de cobre refrigerado à água. A aplicação de uma tensão entre as extremidades da bobina gera uma corrente alternada (primária) que induz um campo eletromagnético alternado no canal preenchido pelo metal. Forno de indução a canal Esses fornos trabalham com a frequência da rede (60 Hz) e o canal deve conter metal líquido para facilitar a fusão e evitar seu entupimento. No início da operação, quando ainda não há metal líquido, o canal é aquecido através de maçaricos e então é vazado metal líquido para iniciar sua operação. Logo percebe-se que nunca o forno a canal pode ficar vazio ou esgotar totalmente a carga sem que haja carga líquida inicial. É um problema também a troca de ligas, já que o líquido remanescente pode influenciar a liga seguinte. Os fornos a canal possuem melhor rendimento térmico e menor flexibilidade, sendo usado em fundições que possuem estabilidade de tipo de liga produzida. São muito aplicáveis a ferros fundidos e ligas de cobre. Forno elétrico a resistência Nos fornos de resistência, a passagem de corrente elétrica pela resistência metálica aquece-a e esta irradia calor que preaquece, funde e sobreaquece o metal. A resistência pode encontrar-se no interior ou no exterior do forno. Tem sua utilização restrita a ligas de alumínio ou outras não ferrosas, de baixo ponto de fusão. Pode funcionar bem como forno de espera - manutenção de temperatura e pequenos acertos - para essas mesmas ligas. Forno a cadinho O forno a cadinho é o mais comum e mais antigo tipo de forno utilizado para fundir metais. Esse tipo de forno é muito fácil de ser construído, é relativamente barato porém sua eficiência é baixa e só é recomendado para baixas produtividades. A estrutura construtiva de um forno a cadinho é bem simples consiste em uma carcaça de aço e um revestimento interno de refratário que pode ser uma combinação de tijolos e cimento refratário ou somente uma peça monolítica de cimento refratário. Em alguns fornos elétricos também encontra-se uma camada de revestimento isolante de manta cerâmica. Os fornos a cadinho são divididos em 3 tipos: De elevação Estacionário Basculante Forno a cadinho Um forno a cadinho típico apresenta as seguintes características: Formato usualmente cilíndrico com uma estrutura externa usualmente em aço. Possui em seu interior um cadinho, que é um recipiente feito de material resistente ao calor que conterá o metal líquido. O material do cadinho pode ser ferro fundido ou aço mas usualmente são feitos de grafite ou carbureto de silício. O aquecimento desse cadinho pode ser com combustíveis líquidos, gasosos ou sólidos, bem como resistência elétrica. Haverá sempre um sistema de alimentação de energia que pode ser: ○ Injeção de combustível e ar. ○ Equipamentos elétricos para controle da potência na resistência elétrica. Forno Cubilot Utilizado na maioria das fundições de ferro, é um forno de cuba vertical. Consiste essencialmente em um cilindro de placas de ferro, revestido em seu interior com ladrilhos refratários, que é sustentado por apoios ou colunas. A parte interior do cubilô, em que se deposita o ferro fundido, denomina-se crisol. No crisol ou parte inferior do cubilô, entre os canais e a placa de fundo, deposita-se o ferro fundido, flutuando as escórias sobre a superfície do ferro líquido. Forno Cubilot Na parte superior do cubilô, encontra-se uma abertura lateral chamada alçapão, pela qual são introduzidas as matérias-primas para a fundição do ferro: ferro fundido, sucata, coque e calcário. O cubilô prolongase acima do alçapão, terminando finalmente na chaminé por onde saem os gases produzidos pela combustão do carbono e demais processos químicos que se produzem no forno. Forno Cubilot Processamento: A combustão do coque libera o calor necessário ao pré-aquecimento, à fusão e ao sobreaquecimento do metal. Dentro do cubilot tem-se uma camada de coque que atinge certo nível acima das ventaneiras. Essa camada é chamada cama ou pé de coque. Como comburente na combustão do coque tem-se o oxigênio do ar soprado pelas ventaneiras. Forno Cubilot Pela porta de carregamento introduz-se a matéria-prima metálica em cargas alternadas com cargas de coque que substitui a parcela que se queima no pé de coque e o fundente para retirar as impurezas resultantes do processo sob a forma de escória, usualmente calcário. Ao descer, no interior do cubilot, preaquecidas pelos gases ascendentes, as cargas metálicas fundem-se quando atingem a zona de fusão. As gotas de metal líquido são sobreaquecidas quando atravessam o pé de coque e, em seguida, depositam-se no cadinho. O metal líquido sai pelo orifício de sangria (ou furo de corrida) e a escória pelo orifício de escória. Forno Cubilot Produção: A produção horária pode ser estimada pela equação: P=6D2, onde: ○ P = vazão de ferro fundido em t/h ○ D = diâmetro interno do revestimento em m Um cubilot industrial não deve ter diâmetro inferior a 600mm, portanto a produção mínima de um forno como este é de 1,5t/h. Por razões econômicas e de qualidade do ferro fundido, recomenda-se uma duração mínima de funcionamento de 3 horas. Resulta que a produção de um cubilot industrial não deve ser inferior a 5 toneladas por fusão. Quando a duração da fusão é inferior a 3 horas, o consumo de coque torna-se exagerado. Forno a vácuo O processo de fusão a vácuo foi originalmente desenvolvido para processamento de ligas especiais e tornou-se mais comum à medida que o processo foi sendo desenvolvido. Como o nome sugere, o metal é fundido sob condições de vácuo usando um forno usualmente de indução sem núcleo magnético. O forno é envolto em uma jaqueta de aço refrigerado e com resistência para suportar as ações do vácuo. Forno a vácuo São normalmente processados materiais que possuem grande afinidade com gases, como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio, e o objetivo é prevenir a contaminação com esses gases. Logo, é utilizado para processar materiais de alta pureza ou com estreita composição química. Usados principalmente para superligas e aços inoxidáveis e também outras ligas de responsabilidade. São produzidas ligas de alta pureza, eletrodos, ligas de base para processos de fusão em cera perdida e peças fundidas de aplicações aeronáuticas. Forno Panela No forno panela, como o nome sugere, a própria panela é utilizada como reator para operações de tratamento do aço, liberando o forno para a próxima corrida. Construtivamente, compõe-se de uma abóbada de aço revestida com material refratário por onde passam os eletrodos do sistema de aquecimento, de um sistema de borbulhamento de gás inerte. Forno Panela Esse sistema possibilita manter aquecidos o aço e a escória em uma atmosfera que é fundamental para a qualidade do aço. As principais operações realizadas no forno panela são: Desoxidação Dessulfuração Adição de elementos especiais Correção de composição química Acerto da temperatura de liberação para as próximas etapas.