Revisão Acafe – O Golpe de 1964, 50 anos depois Módulo: História Professor: Martin Kreuz e-mail: [email protected] Jango e o golpe militar Plebiscito popular (1963) restabelece presidencialismo; Reformas de base; Mobilização popular para enfrentar a oposição; “Jango tinha 70% de aprovação às vésperas do golpe, afirma Ibope” http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/n oticias/POLITICA/464707-JANGO-TINHA70-DE-APROVACAO-AS-VESPERAS-DOGOLPE-DE-64,-APONTA-PESQUISA.html Comício das Reformas: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/arti gos/AConjunturaRadicalizacao/Comicio_das_r eformas Jango e o golpe militar Após o Comício de 13 de março, Marchas da Família com Deus pela Liberdade são organizadas por setores da classe média e empresariado, Igreja Católica e partidos de oposição; Depois da destituição de Jango, as marchas se transformam em Marchas da Vitória Marcha da Família: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConj unturaRadicalizacao/A_marcha_da_familia_com_Deus Jango e o golpe militar Endereço: http://em1964.com.br/o-golpe-hora-a-hora/ Jango e o golpe militar Em 31 de março, tropas rebeldes comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho, no estado de Minas Gerais, saem em direção ao Rio de Janeiro; Às 23h de 1º de abril, Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, declara vaga a presidência da República; Uma junta militar assume o governo no dia seguinte: o "Comando Supremo da Revolução“ era composto por três membros: o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo (Aeronáutica), o vice-almirante Augusto Rademaker (Marinha) e o general Costa e Silva como representante do Exército e homem-forte do triunvirato; Envolvimento dos EUA: "Operação Brother Sam" O golpe de 1964: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/ AConjunturaRadicalizacao/O_golpe_de_1964 Semântica e política Revolução? Contra-golpe? Golpe? Golpe militar ou civil-militar? (Historiadores explicam o que aconteceu em 1964: http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/03/27/1964-golpe-ourevolucao.htm) Tanques em frente ao Congresso Nacional patrulham a Esplanada dos Ministérios, em 1964, após o golpe militar (Fonte: Jornal do Senado) A ditadura “Nesses primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como a União Nacional dos Estudantes, a Confederação Geral dos Trabalhadores, as Ligas Camponesas e grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste.” (Fonte: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/ AConjunturaRadicalizacao/O_golpe_de_1964) Gregório Bezerra (acima), líder comunista, foi arrastado amarrado a um jipe, em Recife A ditadura Ato Institucional 1 (AI-1 - 9 de abril de 1964): cassa mandatos e suspende a imunidade parlamentar, a vitaliciedade de magistrados, estabilidade dos funcionários públicos e outros direitos constitucionais; Militares organizavam-se em dois grupos: os mais radicais aglutinaram-se em torno do general Costa e Silva; os moderados, do general Humberto de Alencar Castelo Branco; Após o Ato, Parlamento referenda Castello Branco presidente; Castello Branco (1964-1967) Assume com a promessa de que a intervenção militar seria breve e o poder voltaria aos civis; Três meses após a posse, promulga emenda constitucional que estende seu mandato até 1967; AI-2 (27 de outubro de 1965): estabelece eleição indireta para presidente, extingue partidos políticos e autoriza o Executivo cassar mandatos; Castello Branco institui o bipartidarismo (Arena e MDB) e cria o Serviço Nacional de Informações (SNI – uma polícia política); Castello Branco Com as pressões pelo fim do regime ditatorial, é editado o AI-3 (5 de fevereiro de 1966), que fixou eleições indiretas para governadores e vicegovernadores e preffeitos e vice-prefeitos; Em 7 de dezembro do mesmo ano, o AI-4 fecha o Congresso e determinou regras para aprovação de uma nova Constituição; O texto incorporou os atos institucionais, ampliou os poderes do presidente e reduziu ainda mais os do Legislativo; Plano de Ação Econômica: controlar a inflação; corte de gastos públicos e aumento de impostos. Costa e Silva (1967-1969) Aumentam as manifestações contra o regime; Em março de 1968, o estudante Edson Souto é morto pela PM em passeata no RJ; O episódio intensifica a onda de protestos estudantis; Em junho, a UNE organiza a Passeata dos Cem Mil, na capital do Rio de Janeiro; O AI-5 Após discurso contra o regime, os militares solicitam ao Congresso licença para processar o deputado Márcio Moreira Alves; Diante da recusa, o governo fecha o Congresso e decreta o AI-5, em 13 de dezembro de 1968: deu plenos poderes ao presidente para cassar mandatos e suspender direitos políticos, demitir e aposentar juízes e funcionários públicos Márcio Moreira Alves, deputado oposicionista, critica o governo em discurso no Congresso. O AI-5 O AI-5 também extinguiu a garantia do habeas corpus e ampliou e endureceu a repressão policial e militar; Forças policiais e militares passaram a ter carta branca para prender opositores sem precisar de autorização formal ou registro; Grupos de esquerda se voltam para a guerrilha urbana. O presidente Costa e Silva sentado em uma das cadeiras do Congresso vazio. Ao lado dele, apenas o quepe de um militar Médici (1969-1974) Os “anos de chumbo”; Congresso é reaberto para oficializar Emílio Garrastazu Médici presidente; Instituição da prisão perpétua e pena de morte para subversivos; Tortura e desaparecimento de opositores; Espalham-se casas de tortura, ligados ao Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOICodi); Guerrilha urbana é substituída pela guerrilha rural (Araguaia, por exemplo); Marighella e Lamarca são mortos. Médici (1969-1974) Ufanismo e Brasil Grande; Projetos para a Amazônia; Milagre econômico; Em 1973, crise do petróleo; Dívida externa salta de 3,5 bilhões para 17 bilhões de dólares; Sugestão: a gravação “O seu amor”, dos Doces Bárbaros, datada de 1976 (https://www.youtube.com/watch?v=THGO65szumI) Geisel (1974-1979) Abertura política “lenta, gradual e segura”; Suspensão da censura prévia à imprensa; Diminuição das denúncias de tortura; Apesar disso, episódio de Vladimir Herzog, encontrado morto nas dependências do Exército, em São Paulo (“suicidado”); Foto de Vladimir Herzog (Fonte: Instituto de Criminalística de São Paulo) Geisel (1974-1979) Diante do avanço da oposição, é promulgado o Pacote de Abril: ampliação das bancadas do Norte e Nordeste na Câmara dos Deputados (o que garantia maioria parlamentar à Arena), aumento do quórum para alterar a Constituição e criação da figura do senador biônico; Ressurgimento do movimento estudantil e surgimento do Novo Sindicalismo; Em 1978, é revogado o AI-5 e reinstaurado o habeas corpus. Figueiredo (1979-1985) Em 1979, decretada a Lei da Anistia; Restabelecido o pluripartidarismo e extinta a figura do senador biônico, além de voltarem as eleições diretas para governador; Nas eleições de 1982, a oposição consegue maioria no Congresso; No ano seguinte, em março, é apresentada a emenda “Dante de Oliveira”: previa a volta das eleições diretas para a presidência; As Diretas Já Partidos oposicionistas – PMDB, Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Democrático Trabalhista (PDT) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – apoiam a emenda; Sociedade civil e organizações aderem: Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Central Única dos Trabalhadores (CUT); (Charge de Henfil) As Diretas Já “Um, dois, três,/ quatro, cinco, mil,/ queremos eleger/ o presidente do Brasil!” No dia 25 de abril de 1984, inicia votação da emenda das Diretas na Câmara dos Deputados – que não alcança os votos necessários; No Colégio Eleitoral, em 1984, Tancredo Neves é eleito de forma indireta presidente contra Paulo Maluf Comício pelas Diretas, no dia 25 de janeiro, reúne cerca de 200 mil pessoas na Praça da Sé, em São Paulo Comissão Nacional da Verdade Criada pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, e instituída em 16 de maio de 2012 (Endereço eletrônico: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2011/lei/l12528.htm) A CNV tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos, praticadas por agentes públicos, ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Objetiva “efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. Site da CNV: http://www.cnv.gov.br/ Comissão Nacional da Verdade Art. 3o São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos mencionados no caput do art. 1o; II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior; III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1o e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade; Comissão Nacional da Verdade IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1o da Lei no 9.140, de 4 de dezembro de 1995; V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional; e VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações. Realizações da CNV Militares recusam-se a abrir seus arquivos Apesar das limitações a seus trabalhos, a CNV produziu descobertas e resultados concretos; Retificação de atestados de óbito de Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannucchi Leme; Agentes da estrutura repressiva confessaram terem torturado ou testemunhado a tortura: o coronel reformado do Exército Paulo Malhães, o ex-major do Corpo de Bombeiros Valter da Costa Jacarandá e o ex-escrivão de polícia Manoel Aurélio Lopes Realizações da CNV Revelação de técnicas utilizadas para ocultação de cadáveres; Esclarecimento do caso Rubens Paiva, dado como desaparecido em janeiro de 1971, que descobriuse ter sido assassinado; Descoberta da perseguição a militares considerados subversivos (presos, torturados ou expulsos das corporações); Realizações da CNV Exumações para esclarecer a morte de opositores ao regime, Jango inclusive; Localização do Relatório Figueiredo, documento de mais de 5 mil páginas que relata tortura, morte e roubo de terras sofridos por indígenas durante o regime militar, e dado como perdido; Esclarecimento do Caso Riocentro, em 1981, cujos documentos subsidiaram o MP-RJ a apresentar denúncia pedindo a prisão de seis envolvidos no caso ainda vivos. O que resta da ditadura Projetos de ocupação da Amazônia – a hidrelétrica de Belo Monte é a retomada de um projeto apresentado nos anos 1970, chamado de Hidrelétrica de Kararaô; Militarização da Polícia, e a manutenção da cultura de violência das PM’s; Intensa privatização da educação, tanto do ensino fundamental quanto superior; A Lei de Imprensa, de 1967, só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009; Empobrecimento do Nordeste brasileiro, e consequentes migrações; O que resta da ditadura Aumento da desigualdade sócio-econômica: os 10% dos mais ricos tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois. Fragilização da saúde pública: em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento básico chegava a poucas localidades. Corrupção e falta de transparência dos gastos públicos. Aparato legal As atuais estruturas tributária, administrativa e financeira do país remontam ao período ditatorial; Práticas policiais: o crime de desacato, utilizado como medida intimidatória, e o registro de mortes provocadas pela polícia como "autos de resistência“; Estatuto do Estrangeiro, que data de 1980, inspirado pela lógica da Segurança Nacional; Lei da Anistia: decretada em 1979, concede perdão aos exilados políticos e militares envolvidos em violações aos direitos humanos anteriores à lei. Lei da Anistia Tem garantido a impunidade de agentes do Estado que cometeram violações de direitos humanos; Ação da OAB buscou que o STF declarasse que a Lei de Anistia não inclui crimes praticados por agentes da didadura - tortura, desaparecimento, homicídios e outros - o que foi rejeitado em abril de 2010; “Se é verdade que todas as pessoas, de acordo com a própria cultura, resolvem seus problemas históricos da própria maneira, então o Brasil escolheu o caminho da harmonia.” (Ministro Cesar Peluso, presidente à época do STF). Lei da Anistia “Em 2011, ao julgar o caso Araguaia, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, tribunal cuja competência o país voluntariamente reconheceu, assinalou a incompatibilidade da autoanistia e também da prescrição, em crimes contra a humanidade, como no caso de massivas violações de agentes do Estado à população civil.” Apesar da vigência da Lei, novas tentativas de punir sequestradores, levando em consideração que tais crimes seriam “contínuos”, e portanto não cobertos pela anistia. Prática da tortura “O Subcomitê da ONU para Prevenção da Tortura manifestou preocupação com a prática generalizada da tortura e com o fato de as autoridades não assegurarem a realização de investigações e de processos judiciais efetivos.” (http://www.amnesty.org/en/node/39901) Pesquisa da Anistia Internacional revala que Brasil lidera o ranking mundial do medo de tortura policial em caso de detenção As Jornadas de Junho - 2013 ONG Artigo19 lançou relatório onde analisa a reação do Estado brasileiro aos protestos populares de junho de 2013; As ações das PMs, o comportamento do Poder Judiciário e as propostas legislativas são as características mais preocupantes; Matéria no site Outras Palavras: http://outraspalavras.net/blog/2014/06/05/junho-edepois-como-a-pm-reprimiu-e-provocou/ Relatório Protestos no Brasil 2013: http://www.artigo19.org/protestos/Protestos_no_Br asil_2013.pdf Materiais recomendados Folha de São Paulo – 50 anos do Golpe de 1964: http://arte.folha.uol.com.br/treinamento/2014/01/05/50anos-golpe-64/ Editora Boitempo – O que resta do Golpe de 1964: http://blogdaboitempo.com.br/o-que-resta-do-golpe-de64/ Portal Educacional – O Golpe de 1964: http://www.educacional.com.br/reportagens/golpede64/ brasil64.asp Instituto Moreira Salles – O golpe, hora a hora: http://em1964.com.br/o-golpe-hora-a-hora/ Uol Educação – Jogo interativo “Você na ditadura” http://educacao.uol.com.br/infograficos/2014/cinquentaanos-do-golpe-de-64/ Materiais recomendados Uol Educação – A ditadura militar no Brasil em 40 datas históricas: http://educacao.uol.com.br/infograficos/2014/03/12/ entenda-como-foram-os-anos-da-ditadura-militarem-40-datas-historicas.htm Uol Educação - Breve história do regime militar: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historiabrasil/ditadura-militar-1964-1985-breve-historia-doregime-militar.htm Uol - Dez razões para não ter saudades da ditadura: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimasnoticias/2014/03/22/10-motivos-para-nao-tersaudades-da-ditadura.htm Materiais recomendados Uol - Visita virtual ao DOI-Codi e ao Dops: http://noticias.uol.com.br/infograficos/2014/04/02/visitavirtual-ao-codi-e-deops.htm Folha de São Paulo – O golpe e a ditadura militar: http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2014/03/23/ogolpe-e-a-ditadura-militar/index.html Uol Educação - Músicas de resistência marcaram os 21 anos de ditadura no Brasil: http://educacao.uol.com.br/album/2014/03/20/musicasde-resistencia-marcaram-os-21-anos-de-ditadura-nobrasil.htm Documentário de curta-metragem – “O fim do esquecimento”: https://www.youtube.com/watch?v=Tffb7Wh2eBc Materiais recomendados BBC - 29 anos após democratização, leis da ditadura seguem em vigor: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/ 140322_leis_ditadura_mdb_jf.shtml?ocid=socialflo w_twitter Terra - Militares da ditadura começam a se sentar no banco dos réus: http://terramagazine.terra.com.br/blogdomarcelose mer/blog/2014/05/21/militares-da-ditaduracomecam-a-se-sentar-no-banco-dos-reus/ Anistia Internacional – Direitos Humanos na República Federativa do Brasil: http://www.amnesty.org/en/node/39901