Romance Popular
Autora: Mónica Oliveira
A BELA INFANTA
Leitura
Análise Histórica
Análise Textual
Proposta de Actividades
A Bela Infanta
Estava a bela infanta
No seu jardim assentada,
Com o pente de oiro fino
Seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada;
Capitão que nela vinha,
Muito bem que a governava.
- "Dize-me, ó capitão
Dessa tua nobre armada,
Se encontraste meu marido
Na terra que Deus pisava."
-"Anda tanto cavaleiro
Naquela terra sagrada...
Dize-me tu, ó senhora
As senhas que ele levava."
A Bela Infanta (cont.)
-"Levava cavalo branco,
Selim de prata doirada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava."
-"Pelos sinais que me deste
Lá o vi numa estacada
Morrer morte de valente:
Eu sua morte vingava."
-"Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada!
De três filhinhas que tenho,
Sem nenhuma ser casada!..."
-"Que darias tu, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"Dera-lhe oiro e prata fina
Quanta riqueza há por í."
A Bela Infanta (cont.)
-"Não quero oiro nem prata,
Não nos quero para mi':
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três moinhos que tenho,
Todos os três tos dera a ti;
Um mói o cravo e a canela,
Outro mói do gerzeli:
Rica farinha que fazem!
Tomara-os el-rei para si."
-"Os teus moinhos não quero,
Não os quero para mi:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?"
-"As telhas do meu telhado,
Que são de oiro e marfim."
A Bela Infanta (cont.)
-"As telhas do teu telhado
Não nas quero para mi":
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três filhas que eu tenho
Todas três te dera a ti:
Uma para te calçar,
Outra para te vestir
A mais formosa de todas
Para contigo dormir."
-"As tuas filhas, infanta,
Não são damas para mi':
Dá-me outra coisa, senhora,
Se queres que o traga aqui."
-"Não tenho mais que te dar.
Nem tu mais que me pedir."
-"Tudo não, senhora minha.
Que inda não te deste a ti."
A Bela Infanta (cont.)
-"Cavaleiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilãos arrastado
O farei andar por aí
Ao rabo do meu cavalo
À volta do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos,
Acudi-me agora aqui!"
-"Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti...
Que é dela a outra metade?
Pois a minha, vê-la aí!"
-"Tantos anos que chorei,
Tantos sustos que tremi!...
Deus te perdoe, marido,
Que me ias matando aqui."
In Romanceiro, de Almeida Garrett
“Poema Narrativo”
Porque é escrito em verso
PORQUE TEM:
Acção
Narrador
Personagens
Espaço
e
Tempo
Análise Histórica
Localização da acção no Tempo
Para que época nos remete este romance?
Evidências:
-Mar;
-Capitão e armada;
DESCOBRIMENTOS
-Especiarias: cravo e
canela;
-Cruz de Cristo;
-Princesas dadas em
casamento pelos pais;
-Vassalos.
Espaço
Localização da acção no Espaço
“… no seu jardim
assentada…”
“… deitou os olhos
ao mar…”
Análise Textual
Diálogo
Bela Infanta
“Dize-me…
encontraste meu
marido…"
Capitão
“Pelos sinais que
me deste/ Lá o vi
numa estacada/
Morrer…"
“Amor posto à Prova…”
“- Que darias tu, senhora,
a quem no trouxera aqui?”
A Bela Infanta oferece:
O Capitão reage:
• Bens Materiais (ouro e
prata; moinhos; telhas
de oiro e marfim);
• Não aceita as ofertas;
• Bens Morais (as três
Filhas)
• Pede-lhe que se ofereça
a ela mesma (“… inda te
não deste a ti”)
Prova Superada…
Infanta:
-Não satisfaz o
pedido
do
capitão;
Capitão:
Anel
-Fica feliz com
a esposa;
- Revela a sua
identidade.
- Mantém-se
fiel ao marido.
Símbolo do compromisso
Partes do Romance
 Introdução: o narrador faz uma breve
apresentação das personagens e do espaço
(versos 1 a 8);
 Desenvolvimento: Diálogo entre Capitão e
Infanta (versos 9 a 78);
 Conclusão: desfecho da acção. Através do
anel, a Bela Infanta descobre que o Capitão é o
seu marido (últimos 8 versos).
Análise expressiva
Recurso Expressivo Predominante
VOCATIVO
Exemplos:
"Dize-me, ó capitão/ Dessa tua nobre armada”
“Dize-me tu, ó senhora/ As senhas que ele levava.“
"Que darias tu, senhora,/ A quem no trouxera aqui?"
“Vassalos, os meus vassalos,…”
Actividade I
Indica se as seguintes afirmações são V (Verdadeiras)
ou F (Falsas):
1. A “Bela Infanta” é um romance popular recolhido por
Eça de Queirós no Romanceiro.
2. Os primeiros oito versos do poema constituem a
introdução.
3. A Bela Infanta era uma donzela solteira, à espera do
seu amado.
4. O Capitão da armada não aceitou as ofertas que a
Bela Infanta lhe fez.
5. O 1.º verso do poema começa com uma forma verbal
no pretérito perfeito do modo indicativo.
Respostas Correctas
1. Falso (Romance Popular recolhido por
Almeida Garret);
2. Verdadeiro;
3. Falso (A bela infanta era uma mulher que
pensava estar viúva; no entanto, no final,
descobre que o seu marido está vivo);
4. Verdadeiro;
5. Falso (“estava” – forma verbal no Pretérito
imperfeito, modo indicativo).
Actividade II - Escrita
Produção escrita e ilustrada de uma nova versão
do poema “A Bela Infanta”, atendendo à estrutura
original do texto:
- Em verso;
- Narrador ausente;
- Diálogo entre duas personagens;
- Partes
do
romance
(Introdução,
Desenvolvimento, Conclusão).
Actividade III - Dramatização
Narrador: xxxxxxx
Bela Infanta: xxxxxxxx
Capitão: xxxxxx
Bibliografia e sítios consultados
 Manual “Voando… nas asas da fantasia” 6.º
ano (Edições Asa)
Autora: Mónica Oliveira
Ilustrações retiradas dos seguintes sítios online:
http://pediatria-s-teotonio.blogspot.com/2009/04/bela-infanta.html
hgpilustrada.wordpress.com/.../
 http://4.bp.blogspot.com/.../s1600/lusitanos.jpg
 http://download.ultradownloads.com.br/wallpaper/111227_Papel-de-Parede-Tres-Moinhos_1280x960.jpg
 http://www.anossaescola.com/apaiva/AdvHTML_Upload/princesa01.jpg
 http://onerdresponde.files.wordpress.com/2009/08/anel-de-pedras.jpg
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A BELA INFANTA