REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO (BASEADO EM JOSÉ REIS CHAVES) Para algumas pessoas, a reencarnação não está na Bíblia. E para outras, a Bíblia até a condena. Mas a própria ressurreição do corpo é uma reencarnação, pois é o espírito apossando-se novamente da carne. Mas para que essa valorização toda da carne? E como fica Deus e os anjos que não têm carne? Jesus advertiu-nos: "A carne para nada aproveita". O povo judeu, equivocadamente, admitia que Jesus pudesse ser a ressurreição de Jeremias ou de outro profeta.. Mas aqui se percebe que ressurreição para aquele povo significava também reencarnação, pois sabia que o corpo de Jeremias era pó no cemitério. E por que Jesus não condenou essa crença judaica.? Teria Ele pecado por omissão ou também a aceitava? Malaquias (4, 5) profetizou que Elias voltaria como sendo o Precursor (João Batista) de Jesus. E de certa feita, Jesus fala de Elias, e os discípulos entendem que se trata de João Batista mesmo (Mateus: 17, 11, 12 e 13). E de outro modo mais contundente, ainda, confirma-o o Mestre: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias que estava para vir" (Mateus: 11, 12, 13 e 14). Também o Papa São Gregório Magno (século VI) ensinava que João Batista era a reencarnação de Elias. (Gregório Magno, Homilia 7, in Evang., Patrol. Lat., vol. 76, col. 1100). E Elias degolou 450 soldados de Baal. Assim, pela Lei de causa e Efeito, João Batista, por ser o mesmo Elias, teve também a cabeça cortada! Segundo um dos dogmas, a ressurreição é do corpo, mas para a Bíblia é do espírito; "Há dois corpos, um espiritual e outro material (da natureza), e ressuscita corpo espiritual" (1 Coríntios 15, 44). E o espírita crê em mais de uma ressurreição do espírito: no mundo espiritual, após a morte do corpo; no corpo que nasce (reencarnação); e no mundo espiritual, definitivamente, quando o espírito não tiver mais carma, pois "ninguém deixará de pagar até o último centavo". Assim é que para o pastor presbiteriano Neemias Marien, do Rio, com vários diplomas de doutor em Bíblia em universidades européias, o maior reformador do Cristianismo não é Lutero, mas, sim, Allan Kardec. É verdade que o senhor acredita em reencarnação? Olha só, muito grato pela pergunta. Até o ano de 546, no Concílio de Calcedônia, o Espiritismo fazia parte dos cânones da Igreja. Depois, por discussões mais administrativas e menos teológica, foi banido do cânone oficial e hoje a doutrina espírita, para a maioria dos pressupostos evangélicos, porque assim, numa confusão chamar de evangélicos só os crentes entre aspas, né? Evangélico é quem anuncia a Boa Nova. Então, eu sou professor de Teologia Bíblica e de Ciências Bíblicas. É meu livro de cabeceira. No estudo da Bíblia, as evidências da reencarnação são assim clauburosas e eu acho que o Espiritismo é a mais caudalosa vertente do Cristianismo, pelas idéias. Você encontra, tanto no Antigo como no Novo Testamento, evidências claras da reencarnação, isto é, do prosseguir da vida. Até o apóstolo Pedro, fala na sua segunda encíclica, no final da Bíblia, fala sobre a existência do espírito após a morte e nesta evolução do ser humano. E também São Judas, o apóstolo de Cristo, na sua epístola final, também fala sobre o mesmo tema; Eu tenho uma visão holística e aprendo muito com meus amados irmãos espíritas. Eu tenho um livro Transcendência e Espiritualidade, onde abordo mais diretamente o assunto. Estou crescendo assim, nesta área e num certo diálogo. O senhor já manifestou este ponto de vista reencarnacionista na sua igreja? Ah, sim, sim. A minha comunidade é uma igreja grande. Somos cerca de 350 congregados. A igreja me ouve e aceita. Eu sou o pastor titular. Somos cinco pastores, mas estou ali, orientando a igreja, neste sentido. Eu não tenho nada de secreto na minha vida pastoral. Qual a receptividade do público de sua igreja, em relação ao seu conceito reencarnacionista? Bem, a igreja, ela me aceita plenamente, mas eu tenho a impressão que não só sobre o meu aspecto filosófico, teológico, doutrinário sobre o Espiritismo, mas em outros também. Como diz o Mestre: "o pastor vai à frente do rebanho e o rebanho o segue, porque conhece a voz do seu pastor". A gente vive num amor perfeito. Lá na minha igreja pregou Libório Siqueira, que é desembargador, um grande espírita. O Gérson Azevedo, que é ex-presidente da Federação Espírita do Rio de Janeiro. Vários espíritas pregaram na Igreja. Não vão apenas lá visitar, mas sobem ao púlpito e pregam lá. Então é uma igreja aberta. Como o senhor encara os sucessivos ataques de pastores ao Espiritismo? Bom, como eu diria, nossos amados irmãos são aliados. Estamos todos no mesmo barco, mas eles fazem parte da artilharia. O artilheiro é o soldado, que vem lá atrás. A infantaria somos nós, a doutrina espírita, aqueles que vão lá para frente. A artilharia, ao abrir espaço à frente, solta as bombas, mas são muito ruins de cálculos matemáticos, erram os cálculos e acabam dizimando os próprios aliados. É o que acontece, criticando o Espiritismo, que está na mesma dimensão espiritual. Estes que atacam as tradições religiosas diferentes das suas, eu os chamo de bonsais espirituais, aquela plantinha que não cresce. RETORNANDO A JOSÉ REIS CHAVES Temos, pois, dois caminhos a seguir: o dos dogmas, com a desacreditada ressurreição da carne, ou o da Bíblia, com a ressurreição reencarnacionista e racional do espírito, Já aceito por 2/3 da população mundial, segundo a pesquisa da Igreja Anglicana feita pela Universidade de Oxford, em 212 países. FIM DA PRIMEIRA PARTE INÍCIO DA PARTE 2 RENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO Alegam muitos religiosos cristãos fundamentalistas que o pagamento de pecados pelas reencarnações é incompatível com a razão, porque o indivíduo não se lembra do pecado que está pagando. A criança não sabe que a panela quente no fogão queima seu dedo, e, no entanto, ela se queima assim mesmo sem saber o motivo e sem saber sequer que ela está cometendo um erro. --------------------------------------------------------------------Incompatível com a razão é o indivíduo pagar pelo pecado original de Adão e Eva. --------------------------------------------------------------------“A alma que pecar, essa morrerá: o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai a iniqüidade do filho” (Ez 18,20). E Deus quis que nós ignorássemos nosso passado para o nosso próprio bem. Se o indivíduo tem uma pessoa de sua família, vizinha ou colega de trabalho ou de estudo, que, no passado, foi um seu desafeto ou grande inimigo seu, ao saber disso, automaticamente se criaria uma barreira entre os dois. Como, pois, haveria um relacionamento amistoso, de reconciliação e amizade entre eles? Seria muito difícil acontecer a sua harmonização. E um outro tipo de problema poderia haver com a lembrança de fatos do passado. Como se vê, é bom, em todo sentido, nós ignorarmos o nosso passado, como é bom ignorarmos também o nosso futuro. Aliás, tudo o que Deus faz é bom e mais do que certo. E, por isso, temos no Velho Testamento um texto reencarnacionista sobre esse assunto específico que acabamos de ver: “Somos de ontem e nada sabemos” (Jó 8,9). Esse ontem não é um passado de 24 horas, mas um passado longínquo, como se pode ver pelo contexto bíblico. Mas há um outro texto bíblico, agora do Apóstolo Paulo, muito usado contra a reencarnação. É quando Paulo fala que Jesus morreu uma vez só, como o homem morre uma vez só (Hb 9,27). Esse texto Paulino nada tem a ver com a reencarnação nem a favor dela nem contra ela. De fato o homem morre uma vez só “e bem morrido”. “Aquele que desce à sepultura, jamais se levantará” (Jó 7,9). Além desta afirmação do Livro de Jó nos mostrar como o homem era visto pelos semitas, ou seja, pelo seu lado fenomênico, material, mostra-nos também que a ressurreição não é do corpo, mas do espírito, pois jamais subirá o que desce à sepultura, isto é, o corpo, a carne. Realmente, a ressurreição do corpo é do Credo da Igreja. Mas a da Bíblia é do espírito. “Temos dois corpos, um da natureza e outro espiritual; ressuscita o espiritual” (1 Co. 15,44). Para um dos maiores teólogos católicos da Igreja da atualidade, o espanhol André Torres Queiruga, a ressurreição, inclusive a de Jesus Cristo, é também do espírito. (“Repensar a Ressurreição”, Ed. Paulinas). Quando o espírito reencarna, ele ressuscita (ressurge) na carne. Quando o homem morre, seu espírito ressuscita no mundo espiritual, até que, um dia, o espírito fique por lá. “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá” (Ap. 3,12) Sobre a nossa personalidade, nós temos duas: uma geral do espírito, a que pertence o inconsciente, e outra particular para cada vida do espírito na carne, da qual é o consciente. E é o consciente que funciona, quando estamos em vigília ou estado normal de consciência. O consciente não se lembra de vidas passadas. E é por isso que só nos lembramos de episódios de outras vidas, quando estamos em estado alterado de consciência, isto é, o estado em que funciona o nosso inconsciente. Eu, José Reis Chaves, gostaria de dizer para as pessoas contrárias à reencarnação que ela foi aceita pelo Cristianismo Primitivo, tendo sido só condenada no Concílio Ecumênico (553), por influência do Imperador Justino e sua esposa Teodora. Como o fenômeno da reencarnação nunca foi condenado por Jesus e a Bíblia, pelo contrário, em Jesus e nela temos várias passagens que falam direta e indiretamente sobre a reencarnação, não é, pois, estranho que ela tenha feito parte do Cristianismo dos primeiros séculos. E a própria condenação dela no citado concílio demonstra que ela era aceita por teólogos cristãos. E entre eles gostaríamos de destacar São Clemente de Alexandria, Orígenes, São Cirilo, o Papa São Gregório Magno, São Justino, autor de “Apologia da Religião Cristã”, São Gregório Nazianzeno etc. Jesus Cristo é o nosso Redentor, no sentido de que Ele foi o Enviado do Pai para nos trazer a mensagem do Evangelho. Mas, se fosse o sangue de Jesus que nos remisse, não precisaríamos fazer nada. Poderíamos nos esbaldar! E o próprio Jesus disse: “Ninguém deixará de pagar até o último centavo”. Se fosse, pois, o sangue Dele que nos redimisse, não teríamos que pagar nem o primeiro nem o último centavo do preço de nossas faltas! E esse ensino do Mestre nos deixa claro, também, que pago o último centavo, estaremos quites com a Justiça Divina, não tendo nós que pagar mais nada, porquanto, a justiça divina é perfeita. E isso derruba por completo as chamadas penas eternas. Jesus disse que não veio condenar o mundo, mas salvar o mundo. E, como vimos, Ele salva o mundo com o seu Evangelho. Uns querem dizer que o Espiritismo e a reencarnação anulam todo o sacrifício de Jesus. Na verdade, o Espiritismo não aceita o sangue de Jesus como sendo resgate de nossos pecados, mas valoriza, sim, o sacrifício de sua vinda ao nosso mundo e de sua morte, tudo para trazer para nós a mensagem do Mestre. E tanto é verdade isso, que o Espiritismo incentiva todos a porem em prática essa mensagem do Mestre. Realmente, é vivenciando o Evangelho do Mestre dos mestres, que nós vamos nos aperfeiçoando em nossa caminhada em direção à perfeição do Pai. --------------------------------------------------------------“Fora da Caridade não há salvação” (Allan Kardec). “A fé sem obras é morta” (São Tiago). “Posso ter uma fé que remove montanha, mas se eu não tiver caridade, não sou nada” (São Paulo). ---------------------------------------------------------------E o Nazareno não ensinou que é crendo em determinados dogmas criados pelos teólogos que nós nos tornamos seus discípulos e nos salvamos, mas por nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou. O espírita é aquele, pois, que procura seguir o verdadeiro ensino de Jesus, já que busca, como foi dito, a vivência do seu Evangelho. E o Espiritismo crê de fato na misericórdia infinita de Deus, pois, para nós espíritas, essa misericórdia divina é tão ampla, que Deus nos dá quantas chances (reencarnações) forem necessárias para a nossa salvação. Em outras palavras, para o Espiritismo, a misericórdia divina é infinita mesmo, ou seja, é incondicional e é para todo o sempre. É como nos mostra a Parábola do Filho Pródigo, em que o Pai de Misericórdia está sempre com os braços abertos para abraçar a qualquer filho seu, pois Deus não faz exceção de pessoas. Basta que um filho seu “entre em si”, como diz a Parábola, e queira voltar para Ele, pois o Pai, que é perfeito, respeita totalmente o nosso livre-arbítrio, para quando quisermos, como quisermos e onde quisermos despertar para a verdade que liberta, pois somos espíritos imortais e filhos de um Pai tão amorável, que nos ama mais do que nós mesmos nos amamos! Lutero afirmou que a salvação não depende de nós; A célebre frase que Sto Agostinho disse ter ouvido de Deus nos diz o contrário: "Agostinho, eu te criei sem ti, mas não posso te salvar sem ti". Já a eternidade, de acordo com a sua etimologia grega: "aionios", não significa um tempo sem fim, mas longo e indefinido. E há várias eternidades segundo a Bíblia, o que nos mostra que cada uma delas é de fato limitada. E isso confere com Isaias (57,16): "Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim, e o fôlego da vida que eu criei". É indefinida uma eternidade, porque vai depender do livre-arbítrio do espírito a sua regeneração. A crença na reencarnação está, portanto, de pleno acordo com a redenção. E por oportuno, lembremos-nos aqui de que a reencarnação é a mais antiga e a mais universal doutrina do mundo, com 4.200.000.000 de adeptos, no ano de 2000 (Universidade de Oxford), além de ela contar, hoje, com o apoio de vários segmentos científicos. Que me perdoem, pois, certas religiões, mas o que, na verdade, anula ou condiciona a redenção, não é a crença na reencarnação, mas a necessidade de rituais pagos, que fazem da nossa salvação um comércio!