ESCOLA BÍBLICA
(Escola da Fé)
EVANGELHO
SEGUNDO
MATEUS
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
A VITÓRIA DA JUSTIÇA
(Mateus 17,1-13)
O ponto mais difícil de compreender e aceitar na boa
notícia do Evangelho é o de que o triunfo acontece
através do aparente fracasso, de que a justiça e vitoriosa
através da aparente vitória da injustiça, de que a vida
triunfa através do aparente triunfo da morte. Nós
gostamos de coisas claras e lógicas, e ficamos
atrapalhados com tudo isso. E que a lógica de Deus é
diferente da nossa. Ele vê tudo e nós apenas uma parte.
Resta-nos, portanto, crer, admitindo que a nossa visão é
curta.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Jesus é o Messias esperado, mas um Messias que vai
realizar a vontade do Pai através do aparente fracasso e
derrota, julgado, condenado e morto como criminoso,
subversivo da "ordem social" (reveja 16,21). Somos então
seguidores de um bandido? Assim pensam aqueles que
vivem da injustiça. O presente texto mostra que, do lado
de Deus, as coisas são muito diferentes. Em Jesus a
criação de Deus chegou a sua realização final. Ele é o
modelo da humanidade realizada.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
O reverso da tentação
Jesus recusará a proposta do diabo na última tentação
dominar o mundo através do poder e da riqueza (reveja
Mt 4,8-10). Agora ele está novamente num alto monte,
acompanhado dos discípulos mais próximos, exatamente
seis dias depois - o que nos lembra o sexto dia da
criação, quando Deus criou a humanidade (17,1). E a
revelação do destino final de todos nós, se nos
comprometermos com o projeto de Deus,
profundamente desejado no Antigo Testamento, e
finalmente revelado e realizado em Jesus é através dele.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
O segredo e a justiça, a vontade de Deus que cria
liberdade e vida para todos. O que acontecerá se nos
comprometermos com ela? O mesmo que acontece com
Jesus nesta cena.
O homem glorioso
Jesus acabara de anunciar a sua morte, e Pedro, o chefe
da comunidade, resistirá. Como lutar tanto, e acabar
derrotado? Era necessário mostrar o resultado final da
luta. A luta de Jesus e dos seus seguidores não vai acabar
na derrota da morte, mas na glória da ressurreição
(17,2), porque a verdade, uma vez entrevista, jamais se
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
apagará. É bom nos lembrarmos de que já faz vinte
séculos que Jesus foi morto, mas até hoje a lembrança da
sua palavra e ação continua a mover o mundo. E como
ele tantos outros, discípulos seus, declarados ou
anônimos. Coisa que o salmo 112 já dizia: "a memória do
justo é para sempre!" (Salmo 112,6).
Em Jesus está a Bíblia inteira
Moisés e Elias são um modo de falar de todo o Antigo
Testamento (17,3-5). Moisés personifica a Lei e Elias o
profetismo. Lei e Profetas era o modo como os judeus
chamavam a Bíblia. E o conteúdo da Bíblia toda é o
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anúncio e a busca da justiça, vontade de Deus e desejo
da humanidade. Moisés e Elias conversam com Jesus.
Sinal de que, se quisermos agora entender a Bíblia,
temos que conversar com Jesus. Ele é quem pode
explicar, através da sua palavra e ação, o que Deus quer e
o que nós mesmos desejamos.
Isso fica ainda mais claro com a voz do Pai que declara:
"Este é o meu Filho amado, que muito me
agrada. Escutem o que diz". Daqui para frente é
Jesus quem vai ensinar tudo o que Deus quer, em
resposta ao nosso mais profundo desejo. Os discípulos
que aí estavam ficaram com medo. Quem é que não teme
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diante da vontade de Deus e do seu próprio desejo
profundo, embora fosse justamente por isso que andava
a procura?
Ficar por aqui mesmo?
Pedro é uma pessoa extraordinária, porque expressa a
nossa espontaneidade e, talvez, a nossa ingenuidade. Ele
quer reter aquele Jesus glorioso, junto com Moisés e
Elias (17,4). As tendas são uma referência a Festa das
Tendas, de caráter nacionalista e triunfalista. Seria tão
bom ficar com esse Jesus glorioso. Esse é o nosso sonho
de criança: a glória fácil. Não. A glória virá depois da
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luta, o triunfo virá através da derrota, e a vida surgirá
das cinzas da morte. A lógica de Deus é diferente da dos
homens...
Somente Jesus
A visão maravilhosa se desfaz, e resta apenas Jesus com
os discípulos (17,7-9). Fora apenas a antevisão do futuro.
Agora é preciso lutar até o fim. A visão do triunfo não é
para afastar da luta, mas para dar ânimo, a fim de que
não desistamos da luta no meio do caminho. E aqui que
está o grande segredo dos cristãos: eles não devem
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contar a ninguém que viram o Jesus glorioso, antes que
ele realmente esteja na glória, depois de toda a luta.
Antes as pessoas não acreditariam. Quem acredita que a
vitória de Deus vem através do nosso fracasso? A lógica
de Deus é diferente da nossa...
Primeiro o fracasso, depois a vitória
Os judeus esperavam a volta de Elias, o pai dos profetas,
que iria arranjar tudo para o Reino de Deus. Os
discípulos consultavam Jesus sobre isso (17,1O-13). Era
uma forma de saber algo de Jesus. Seria ele mesmo
quem iria trazer o Reino de Deus? Jesus confirma: Elias
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já tinha vindo, na pessoa de João Batista, que pedia
conversão de vida e transformação das situações. Mas, o
que a sociedade fez? Matou-o. Em geral, preferimos
acabar com as pessoas em vez de mudar o nosso modo
de viver. E é o que aconteceu com Jesus. Ele provocava
mudanças tão profundas que preferiram acabar com ele,
para não ter que deixar os próprios caprichos.
Será que hoje as coisas mudaram?
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Para refletir em grupos
1. O que acontece se renunciamos a tentação do poder e
da riqueza?
2. Por que Jesus é a revelação do que seremos?
3. Toda a Bíblia está resumida em Jesus. Comente isso.
4. Às vezes temos a tentação de parar a luta pela justiça e
nos acomodarmos no meio do caminho. Já aconteceu
isso na comunidade? Por quê?
5. A vitória vem através da derrota. A comunidade já
experimentou isso? Relembrem essas derrotas e vejam
agora qual foi à vitória.
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A FÉ SUSTENTA A LUTA
(Mateus 17,14-27)
A cena da transfiguração revela o destino final de Jesus,
e também o destino de todos aqueles que se
comprometem com a justiça que leva a realização do
projeto de Deus. Daí nasce à humanidade nova, o
homem glorioso que realmente é "imagem e
semelhança" de Deus (cf. Genesis 1,26-27). Como
consequência, a renovação de todas as relações
econômicas, políticas e sociais que constroem o destino
da sociedade e da história, voltadas agora para a
liberdade e a vida de todos.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
O panorama descortinado pela fé é grandioso e belo.
Mas, na prática, as coisas não parecem tão fáceis.
Primeiro é preciso desalienar o povo. Por que é que os
discípulos não conseguiram realizar isso? Depois é
preciso não esquecer que a vitória sai do ventre da
derrota, que o que se vê em primeiro lugar é o triunfo da
injustiça, e não da justiça. Como entender e aceitar? E,
finalmente, enquanto as coisas não mudam, é preciso
não provocar escândalo gratuito, que só atrapalharia a
luta pela justiça.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Como realizar tudo isso? O ponto fundamental é a fé
que, ao mesmo tempo, é um passo no escuro, esperar
contra toda dificuldade e entregar-se ao compromisso
com Deus e com Jesus, tentando, a cada momento,
descobrir o que o projeto de justiça exige.
Como vencer esse demônio?
O menino epilético é figura do povo (17,14-21). Epilepsia
é doença com ataques de vez em quando, durante os
quais a pessoa fica temporariamente alienada, fora de si.
Nesses momentos surgem reações extremamente
violentas, como jogar-se no fogo ou na água. E o povo
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tentando se libertar. O pai suplica a Jesus, e o seu gesto
(ajoelhar-se) demonstra que ele tem fé. Mas aquele
homem recorre agora a Jesus, depois de ter procurado
antes os discípulos. Estes não conseguiram expulsar o
demônio. Como assim, já que haviam recebido o poder
para isso? (reveja 10,1).
A censura de Jesus não se dirige ao povo, mas aos
discípulos. Estes ainda não acreditam, isto é, ainda não
descobriram que ter fé e entregar-se ao próprio Deus,
para que ele aja através de nós, com a sua visão e ação.
Pensar que a libertação depende da nossa capacidade ou
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esforço é, no mínimo, ingenuidade e, no máximo, uma
grande pretensão. O Reino da justiça é dom de Deus que
se realiza através da nossa disponibilidade para com os
interesses dele, e não os nossos.
Por que é que os discípulos não conseguiram? A resposta
de Jesus deixa bem claro que é a fé que transforma as
situações. Ela é capaz de vencer todas as barreiras,
inclusive transportar uma montanha. Certamente uma
referência a montanha de Jerusalém, onde se reúnem os
poderes econômico, político e ideológico que oprimem e
exploram o povo, reduzindo-o a alienação. Mas,
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finalmente, para realizar a ação libertadora é preciso
oração e jejum, exatamente aquilo que Jesus fez antes de
começar a sua atividade (reveja 4,1-11). Não adianta
querer andar com os pés em duas canoas. É preciso
decidir entre o projeto de Deus e o projeto do diabo. A
oração nos mantém conscientes do projeto de Deus. O
jejum leva-nos a romper com o mundo da injustiça, a fim
de construir o mundo da justiça.
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Mais um lembrete difícil
Jesus torna a falar, agora de modo simples e rápido, do
destino que o espera. Ele, o verdadeiro homem revelado
na transfiguração, vai ser entregue nas mãos dos
homens. Será morto por eles, mas no terceiro dia
ressuscitará (17,22-23). Se compararmos com o primeiro
anúncio de sua morte (16,21-23), perceberemos que já
não se fala mais dos chefes do povo, mas simplesmente
de "homens". Quem são eles? Não seria o próprio povo,
que está sedento de libertação, mas na hora "h" rejeita a
justiça como caminho para satisfazer a sua própria fome
e sede?
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Não se trata apenas do povo daquele tempo. E também o
povo de hoje, e no meio dele nós, que em geral
desejamos transformações, mas contanto que ninguém
mexa com a nossa vida. Os discípulos ficaram tristes
com o que Jesus dizia. E tristes ficamos nós, quando não
compreendemos que a luta pela justiça não leva em
primeiro lugar a glória, mas a desonra, perseguição, todo
tipo de condenação e até a morte.
Cuidado com o diabo das tentações! O sucesso e o
triunfo podem indicar que não estamos realizando o
caminho da justiça. A justiça sempre irá se chocar contra
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a injustiça. A luta e tão grande que a vitória só pode vir
de Deus.
O horizonte da liberdade e da vida
A questão do imposto é uma espécie de desafio (17,2427). Os fiscais perguntam se o Mestre Jesus não paga o
imposto ao Templo. Ora, naquele tempo o Templo havia
se tornado a sede de todos os poderes, mas era
principalmente o lugar do tesouro nacional, uma espécie
de "banco central". Por outro lado, os sacerdotes e muitos
rabinos ou mestres estavam isentos de pagar esse
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imposto. Os fiscais querem saber se Jesus, que é
chamado Mestre, está gozando a mesma "mordomia". O
fato de Jesus pagar mostra que ele já rompeu com essa
sociedade injusta, onde os grandes tem privilégios à
custa dos pobres.
A conversa entre Jesus e Pedro é provocadora. Agora
Jesus já fala do imposto cobrado pelos reis, isto é, o
imposto e as taxas cobradas pelos estrangeiros. Ele
denuncia, assim, a exploração internacional que
empobrece os povos dominados e os faz viver na miséria.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Abre-se, portanto, o horizonte novo que um dia sê
realizará: o autodesenvolvimento de cada povo que,
liberto da exploração e opressão, poderá encontrar o seu
lugar no mundo e o seu caminho na história.
Mas voltemos ao imposto interno. Jesus paga para não
provocar escândalo. Ainda não chegou o momento da
tão esperada liberdade. Mas o curioso e que o dinheiro
do imposto não sai da caixa comum do grupo, e sim,
miraculosamente, da boca de um peixe. Por quê? Porque
Deus atende, desde já, todas as necessidades dos seus
filhos.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Para refletir em grupos
1. Por que muitas vezes falhamos ao tentar curar a
alienação das pessoas? Quais são essas alienações?
2. Ter fé é o ponto fundamental para a comunidade. Mas,
como é que a comunidade compreende a fé?
3. Por que a luta pela justiça primeiro parece fracassar?
Deverá ser sempre assim?
4. O povo paga impostos. E o que recebe em troca? No
lugar em que moramos, do que é que o povo tem mais
necessidade?
5. Deus atende as necessidades dos seus filhos. Como isso
acontece?
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
A COMUNIDADE E A JUSTIÇA (I)
(Mateus 18,1-20)
O seguimento de Jesus acaba reunindo num mesmo
caminho todos aqueles que se comprometem com a
justiça. Forma-se então a comunidade cristã,
continuação e presença da pessoa e da ação de Jesus. Por
isso ela é muito importante, e grande é a sua
responsabilidade. Como deverá se comportar, e com que
mística deverá viver? Todo o capítulo 18 é uma resposta.
Aqui Mateus traça as linhas fundamentais que deverão
nortear a vida inteira da comunidade.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Quais são os maiores problemas daqueles que
escolheram seguir a Jesus, e juntos formar a
comunidade-germe de uma sociedade que pratica a
justiça?
ACOLHER SEM LIMITES
Quem é o maior na comunidade?
Primeiro temos a competição: quem é o maior? (18,1-5).
Aqui, o Reino do céu é a comunidade que pratica a
justiça. Será que, no fim, depois de lutar ativamente pela
justiça, ela vai acabar copiando o comportamento de
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
uma sociedade onde todos competem pela abundância e
prestígio, poder e riqueza, justamente as tentações da
injustiça que Jesus venceu? (reveja 4,1-11).
Jesus responde com uma parábola viva. A palavra usada
para "criança" pode significar tanto "criancinha" como
"servo, empregado". Naquele tempo, a criança de menos
de doze anos não era considerada socialmente, e muito
menos o empregado. Ela é símbolo dos fracos, pobres e
humildes, aquelas pessoas que não tem importância ou
pretensão - aqueles que são continuamente esmagados
pela sociedade injusta. Pois bem, diz Jesus, o maior na
comunidade é aquele que deixa todas as ambições, para
ser apenas alguém que serve despretensiosamente.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Cuidado com o escândalo!
Agora os fracos, pobres e humildes são chamados de
pequeninos (18,6-9; reveja 11,25-30), aqueles que, na
sua sede de justiça, se comprometeram com Jesus e
começaram a fazer parte da comunidade cristã. Qual o
escândalo para eles? Certamente ver que a comunidade
os oprime com a mesma injustiça que impera na
sociedade. Ou seja, a busca de abundância e prestígio,
poder e riqueza. O maior escândalo é ver alguém pregar
a justiça e depois viver na injustiça. Quem é que não se
escandaliza com isso?
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Remédio? Jesus é extremamente duro: corte o mal pela
raiz! Ou seja, mude o seu modo de ver (olho), o seu
modo de agir (mão) e de caminhar (pé). Não há meiotermo. Sem mudança radical, a comunidade cai na maior
das hipocrisias: falar uma coisa e fazer outra. E então,
onde fica a luta pela justiça? Exigir dos outros o que não
se vive? Não. Primeiro é preciso viver e praticar a justiça.
Só depois temos o direito de anunciá-la e exigi-la.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Por que alguém se afasta da comunidade?
Mateus mudou a situação original da parábola da ovelha
perdida (18,1O-14; confira com Lucas 15). Agora a
parábola é dirigida a comunidade cristã: por que alguém
se afastaria ou se perderia, saindo da comunidaderebanho que segue a Jesus? Certamente por causa do
escândalo, ao ver que a comunidade está repetindo a
mesma dose de injustiça que existe na sociedade injusta.
A parábola, então, se torna um julgamento para a
comunidade. Escandalizados com a hipocrisia, os fracos,
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os pobres e humildes vão embora. Como fica a situação?
Jesus deixa a comunidade (99 ovelhas) e vai procurar a
ovelha que se perdeu, ou melhor, que foi perdida pela
comunidade. E o julgamento é duro: Jesus fica mais
contente ao encontrar a ovelha que se perdera, do que
com as 99 que não se tinham perdido. Essa é a vontade
do Pai: ele justamente mandou seu Filho ao mundo para
salvar o que nós pensávamos estar irremediavelmente
perdido. E mais: o que pensávamos estar perdido estava
justamente junto do Pai... (18,10). Depois disso tudo,
ficamos pensando: quem é que, afinal, está perdido? Os
outros? Ou nós? Só a justiça de Deus pode nos fazer
enxergar as coisas.
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
E quando o irmão erra?
Ninguém de nós é perfeito, e não é porque seguimos a
Jesus que estamos livres de cometer erros. Antes Mateus
falou daquele que se afasta da comunidade por causa do
escândalo. Agora fala daquele que provocou o escândalo,
do irmão que errou (18,15-20). O que fazer com ele?
O procedimento conforme a justiça procura evitar a
arbitrariedade, levando em conta que todo mundo tem
direito a boa fama. Primeiro não se deve espalhar o erro
do irmão para todo mundo, mas corrigi-lo a sós. Ele
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pode não acreditar no que você está falando, ou não
aceitar. Direito dele. Então arranje uma testemunha. Se
ele não aceitar, então, e só então, comunicar a toda a
comunidade. Questão grave, e agora é a comunidade que
vai decidir. Se o irmão não aceitar nem a palavra da
comunidade, então ficará excluído dela, como um pagão
ou cobrador de impostos.
E daí? Tudo encerrado? Não. Agora a comunidade deve
procurar o irmão, assim como o pastor procura a ovelha
perdida. Jesus tinha predileção pelos perdidos, porque
"ele veio para salvar o que estava perdido"
(18,11).
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Notar que a comunidade recebe o mesmo poder que
Pedro, o chefe da Igreja (conferir o v. 18 com 16,19). Em
sua vida, a comunidade terá que tomar decisões
importantes, como a de expulsar o irmão do seu meio.
Mas ela não poderá agir com leviandade. Não. Precisará
estar profundamente sintonizada com todos os irmãos e,
acima de tudo, sintonizada com o espírito de Jesus, que
é o espírito da justiça. Só então ela poderá estar certa de
que a sua palavra e a palavra de Jesus. E depois? Agir
como Jesus, procurando e recuperando aquilo que se
perdeu. A regra é o Pai, que não quer que ninguém se
perca (leia Ezequiel 18,23.32).
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Para refletir em grupos
1. Por que o espírito de competição introduz a injustiça
na comunidade?
2. Que escândalos podem acontecer na comunidade? Por
que eles são graves?
3. Alguém já se afastou da comunidade? Por quê? O que
a comunidade fez depois em relação a essa pessoa?
4. O que as pessoas da comunidade fazem em relação a
um irmão que cometeu um erro?
5. O que significa "Onde dois ou três estiverem reunidos
em meu nome, eu estou aí no meio deles" (v. 20)?
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Aula 12 - Evangelho de Mateus