Caso Clínico: Convulsão febril
Jaison Luiz Argenta
Milena Zamian Dalilow
Orientadora: Luciana Sugai
Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS))SES)DF
www.paulomargotto.com.br
29 de abril de 2009
• 1- Identificação: IPO, 1 ano, sexo feminino, parda, natural de
Brasília- DF, residente e procedente da Vila Telebrasília-DF.
• 2- Queixa principal: “criança tremeu e ficou roxa” há 15
minutos.
• 3- HDA
Mãe refere que há 15 minutos a criança apresentou contrações
tônicas dos membros, cianose labial e de extremidades e olhar
fixo por 30 a 40 segundos. Em seguida, ficou hipotônica e
hiporresponsiva por aproximadamente 10 a 15 minutos.
Refere que havia aferido a temperatura axilar da criança 20
minutos antes, obtendo valor de 37,5ºC. Afirma também que a
criança apresentava coriza hialina e hiporexia há 3 dias,
negando febre, tosse, dispnéia, vômitos e alterações fecais e
urinárias. Trouxe a criança imediatamente ao HRAS.
• 4- RS: NDN
• 5- APF: Mãe G1P1A0, gestação sem intercorrências, realizou 10
consultas de pré-natal, usou apenas sulfato ferroso. Parto normal,
sem intercorrências, IG: 41s, Apgar: 8/9, P: 3840g, E: 50 cm, PC: 35
cm. Período neonatal sem intercorrências. LME até 4 meses de
idade. Leite de vaca introduzido aos 9 meses. DNPM sem alterações.
Vacinação completa.
• 7- APP: Refere 2 episódios de sibilância, aos 6 e 8 meses.
Nega traumas, crises convulsivas, cirurgias ou internações prévias.
• 8-AF: Nega doenças ou consangüinidade na família.
• 9- HVCSE: Reside em casa de alvenaria, com 9 cômodos e rede de
esgoto. Mãe com EMI, desempregada, e pai com EMC, auxiliar de
serviços gerais. Alimentação composta de cereais, carnes, vegetais,
verduras, frutas e leite de vaca. Nega fumantes em casa.
• 10 - EF no PS:
Sinais vitais: FC: 112 bpm, FR: 46 irpm, Tax: 38,9ºC
BEG, corada, acianótica, anictérica, hidratada, irritada e
reativa.
AC: RCR, 2T, BNF, sem sopro.
AR: eupneica, sem sinais de desconforto respiratório, MVF
+ e sem RA.
ABD: ok
Oroscopia e otoscopia: sem alterações. Rinocoriza hialina.
Glasgow 15, sem sinais de irritação meníngea, Lasegue e
Kerning negativos.
• Cd: Solicitados hemograma, EAS e radiografia de tórax.
Hemograma Completo
• Hm: 4.300.000/mm3 , Hg: 10,5 g/dL, Ht: 31,2%,
VCM: 71,7 fl, HCM: 24,0 pg, CHCM: 33,5 g/dL,
RDW: 15,6%, Plaquetas: 240.000/ mm3
Hipocromia: +, Microcitose: +, Anisocitose: +
• Leucócitos: 9.580/mm3,
Neut: 58%, Bast: 6%, Linf: 32%, Mono: 3%, Eos: 1%
• Na+: 138, K+: 4,6, Cl-: 107, Ca+2: 10,9
• VHS: 15 mm 1ª hora
• Apresenta radiografias de tórax e EAS sem alterações.
CONVULSÕES
Convulsão
• Convulsão: é uma perturbação paroxística
involuntária da função cerebral que se
manifesta por redução ou perda da
consciência, atividade motora, sensitiva,
comportamental ou autonômica anormal.
• Epilepsia: 2 ou mais convulsões, recorrentes
não ligadas a febre ou insulto cerebral
agudo.
Classificação
• Convulsões Parciais
» Simples: Motoras, sensitivas, autonômicas e
psíquicas
» Complexas: simples que se torna complexa,
parcial com perda de consciência desde o início
» Parcial com generalização desde o início.
• Convulsões Generalizadas
» Ausência: Típica e atípica
» Tônico-clônica generalizada
» Tônicas
» Clônicas
» Mioclônicas
» Atônicas
» Espasmos do lactente
• Não classificadas
Fisiopatologia
•
•
•
•
Foco epileptogênico
Resposta exagerada ao estimulo
Ativação do receptores NMDA
Generalização
CONVULSÃO FEBRIL
Convulsão Febril
Epidemiologia:
Crianças: 3 - 10%
Média de idade: 9 meses a 5 anos
Pico: 14 e 24 meses
Convulsão Febril
Etiologia
Desconhecida
Predisposição genética
Convulsão Febril
Fisiopatologia
Desconhecida
Aumento súbito da temperatura
Convulsão Febril
Manifestações clínicas
Tônico - clônica generalizada
Duração <15 minutos
Breve período pos-ictal
Convulsão Febril
Manifestações clínicas adversas
 Complexa
Duração > 15 minutos
Novo episódio em 24h
Atividade focal
 Status epilepticus
Duração > 30 minutos
Vários episódios, sem retorno da consciência, em 30
minutos
Convulsão Febril
Diagnóstico
Anamnese
Exame físico
Convulsão Febril
Exames:
 HC, glicemia, eletrólitos e função renal: caso tenha alterações
específicas ou anamnese positiva para distúrbios.
 EEG: não é necessário.
 Punção Lombar: Assunto controverso. A academia americana de
pediatria lançou um guideline em 1996 com forte recomendação de
fazer PL em <12m e considerável recomendação naqueles <18m.
Outros artigos indicam PL em <18m, se: Irritados, letárgicos,
anormalidade mental, retardo no retorno do pós-ictal, abaulamento de
fontanela, dor de cabeça, sinais meníngeos e considerar naqueles com
convulsão complexa ou que estejam em uso de antibióticos.
 Neuro-imagem: apenas em comvulsões complexas ou que tenham
sinais focais
Convulsão Febril
Diagnóstico diferencial
Infecções
Meningite
Sepse
Erros inatos do metabolismo
Distúrbios hidroeletrolíticos
Hipoglicemia
Convulsão Febril
Tratamento
ABC
Benzodiazepínicos: optar pelo lorazepam,
pois possui maior meia vida.
Glicose: deve-se ofertar glicose EV caso
haja hipoglicemia ou não possa realizar a
glicemia capilar.
Convulsão Febril
Prognóstico
Maioria evolui sem complicações
Recorrência entre 30 – 50%
 < 1 ano
Convulsão em baixa temperatura
 História familiar
 Convulsão complexa
Convulsão Febril
Profilaxia
 Antipiréticos não são efetivos
 Anticonvulsivantes não estão indicados, exceto:
 Naqueles com déficit neurológicos
 Convulsões febris complexas recorrentes
Caso seja necessário, deve-se prescrever diazepam
12/12h por 2 a 3 dias, desde o inicio da febre.
 Não reduz os riscos de epilepsia
Bibliografia
• Kliegman: Nelson Textbook of Pediatrics, 18th ed.
• Goetz: Textbook of Clinical Neurology, 3rd ed.
• Michelle D. Blumstein, MD*, Marla J. Friedman, DO.
Childhood Seizures. Division of Emergency Medicine,
Miami Children’s Hospital, 3100 SW 62nd Avenue,
Miami, FL 33155, USA
• Warden CR, Zibulewsky J, Mace S, et al. Evaluation and
management of febrile seizures in the out of hospital and
emergency department settings. Ann Emerg Med
2003;41:215–22.
• Cecil: Tratado de Medicina Interna, 22ª edição
Consultem também:
Crise febril
Autor(es): Manuela Costa de
Oliveira
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Caso Clínico: Convulsão febril