HISTÓRIA DO
FOTOJORNALISMO
Nascida num ambiente
positivista, a fotografia
já foi encarada como
registro visual da
verdade, e nessa condição
foi adotada pela imprensa.
Daily Mirror,EUA em 1904, marca
uma mudança conceitual: as
fotografias deixaram de ser
secundarizadas como ilustrações
do texto para serem definidas
como uma categoria de
conteúdo tão importante
quanto a escrita.
Essa mudança promoveu a competição
na imprensa e o aumento das tiragens
e da circulação, com os consequentes
acréscimos de publicidade e lucro,
trouxeram a competição
fotojornalística,
e a necessidade de rapidez,
originaram a cobertura baseada numa
única foto, exclusiva – a doutrina
do scoop.
As mudanças nas convenções
jornalísticas também causaram
mudanças técnicas: surgiram
câmaras menores e mais ágeis
na manipulação, lentes mais
luminosas, filmes mais
sensíveis e com maior grau de
definição da imagem.
Outra evolução: utilização
do flash de magnésio, cuja
utilização
nauseabunda,esfumaçada e
lenta não só impedia que
rapidamente se tirasse outra
foto como também afastava
bruscamente as pessoas do
fotógrafo. Surgindo assim a
foto única.
A modificação de atitudes e idéias sobre a
imprensa contribuiu para a emergência do
moderno fotojornalismo na Alemanha nos
anos 20. Surgimento da Leica,com objetivas
luminosas, possibilitou o registro de
imagens espontâneas e de fotografias de
interiores sem iluminação artificial, o
que permitiu a aparição da Candid
photography “fotografia cândida”.Pela
primeira vez, o valor noticioso se
sobrepôs à nitidez e à reprodutibilidade
como principal critério de seleção.
O nascimento do fotojornalismo moderno
Após a Primeira Guerra,floresceram na
Alemanha as artes, as letras e as
ciências. Este ambiente repercutiu-se na
imprensa.Tornando o país com mais revistas
ilustradas. As tiragens chegavam a mais de
cinco milhões de exemplares para um
público de 20 milhões de pessoas.
A maneira como as fotografias se
relacionavam com o texto ressalta o
fotojornalismo. Aparecem a fotografia
cândida, os foto-ensaios e as fotoreportagens de várias fotos.
Cinco fatores de destaque:
1- Aparição de novos flashes e comercialização das câmaras
de 35mm, facilitando a manipulação das câmaras de pequeno
formato estimulando a prática do foto-ensaio e a obtenção
de seqüências;
2-Emergência de uma geração de foto-repórteres bem
formados, experientes e em alguns casos, com nível social
elevado, o que lhes abria muitas portas;
3- Atitude experimental e de colaboração intensa entre
fotojornalistas, editores e proprietários de revistas
ilustradas, promovendo um bom produto a preço razoável.
4-Inspiração no interesse humano.
Ambiente cultural e suporte econômico.
O fotojornalismo de autor tornou-se referência
obrigatória.
Raramente se conseguiam obter
várias fotos de um mesmo tema,
pelo que a foto que se obtinha
devia “falar por si”. Assim,
começa a insinuar-se, com força,
no “fototojornalismo do
instante”, a noção do que HenriCartier Bresson classifica como
“momento decisivo”.
A exportação de um estilo
fotojornalístico
A chegada de Hitler ao poder, em 1933,
provocou o colapso no fotojornalismo
alemão.
Muitos dos fotojornalistas e editores
denominados de esquerda, tiveram de fugir,
exportando as concepções do fotojornalismo
alemão.
Na França (Vu, entre outras), o
Reino Unido (Picture Post, etc)
e os Estados Unidos
(Life,outras).
Um dos destaques: Robert Capa,
um dos fundadores da Agência
Magnum e patrono da reportagem
de guerra, costumava dizer que,
se uma foto não era
suficientemente boa, era porque
o fotógrafo não estava
suficientemente perto.
Já nos EUA, os jornais
diários é que absorvem o
fotojornalismo contribuindo
para mudanças
significativas:profissionais
que cultivam abordagens
próprias do real como Weegee.
Frustrado pelo fato de
que seu nome não
aparecia nas fotografias,
decidiu trabalhar como
foto-jornalista free-lancer
em 1935.
Especializou-se no
âmbito noturno, de 10
da noite à 05:00 da
manhã e rapidamente
ficou conhecido por ser
sempre o primeiro que
chegava na cena do
crime, de um incêndio,
ou de um resgate.
Também na América se desenvolve o
projeto fotodocumental FSA -Farm
Security Administration, altura em
que o fotodocumentarismo alicerça o
seu afastamento da idéia de que
serve apenas para testemunhar,
quebrando amarras, rotinas e
convenções
FSA: agência de fomento
governamental, dirigida por
Roy Stryker, através da qual
a vida rural e urbana foi
registrada (e devassada)
pelos mais renomados
fotógrafos do período:
Dorothea Lange, Margareth
Bourke-White, Russel-lee,
Walker Evans,etc.
Contribuições
a) Poder de atração e popularidade das fotografias, avalizados por uma
cultura visual que se desenvolvia com o cinema;
b)Práticas documentais, como as dos tempos da Depressão (FSA) e as
dos fotógrafos do compromisso social;
C) Mudanças notórias no design dos jornais norte-americanos, entre 1920
e 40, as fotos aumentam de tamanho nos jornais;
D) Mudanças na edição, privilegiando-se a foto de ação e única;
F) Interesse dos fotógrafos pelo fotojornalismo, eles associam-se em
organização profissional, ganhando força, influência, poder de
intervenção e status.
O pós –guerra: a primeira “revolução” no fotojornalismo
Os conflitos do pós-guerra (2ª Guerra) representaram
um terreno fecundo, sobretudo no que se refere às
agências.
Se, por um lado, a fotografia jornalística e documental
encontrou novas e mais profundas formas de
expressão, houve a banalização do produto
fotojornalístico e a produção “em série”. Surge a “foto
ilustração”, conhecida como foto glamour, ganhando
expressão na imprensa, após os anos oitenta e noventa
do século XX, época que marca o triunfo do design.
A fundação de agências
fotográficas e a inauguração de
serviços fotográficos
promoveram a
transnacionalização da
fotopress.
Final da década de 50,começam os
sinais de crise nas revistas
ilustradas, devido ao desvio de
investimentos publicitários para a
televisão.
Durante a Guerra Fria, os news
media foram um dos palcos das
lutas políticas e
ideológicas.Colocam-se pessoas
nas fotos, como Stalin e Lenin,
pouco antes da morte deste. Uso
da Foto truncada.
Outros acontecimentos: surgimento da imprensa
cor-de-rosa, das revistas eróticas “de qualidade”
como a Playboy (1953), da imprensa de
escandâlos e das revistas ilustradas
especializadas em moda, decoração, eletrônica e
fotografia.
Presença dos Paparazzi, fotógrafos especialistas
na “caça às estrelas”.
A segunda “revolução” no fotojornalismo
A concorrência aumenta no comunicação social, pelos anos 60, o
jornalismo sensacionalista ganha espaço.
Incentivo ao abandono da função sócio-integradora
que o media historicamente
possuíam, em privilégio da espetacularização e dramatização da
informação.
É precisamente na guerra do Vietnã
que acentua-se a segunda revolução:
A)Revistas ilustradas, como a Life e a Look, desaparecem
. Falou-se no fim do fotojornalismo, mas foi somente um fim de
uma época. Outros meios usam a fotografia.
B) Há reação, especialmente francesa, mas também na Europa,
contra o domínio norte-americano no fotojornalismo.
C) A Guerra do Vietnã, de “livre acesso”, talvez a última ocasião
de glória da categoria.
Nick
Ut
Foto
D) Controle sobre os fotojornalistas, nos anos 80,
estende-se a outros domínios que não a guerra,
como a política, através de “censura”,a “sessão
para os fotográfos”.Distância para o registro;
F) Aumenta a prática de fotos feitas por
amadores,que depois são difundidas por
agências ou outros órgãos de comunicação
social;
G) A fotografia migra para os museus e no
mercado de arte, mas também no ensino
superior;
A terceira “revolução” no fotojornalismo
Início dos anos 90
A)As possibilidades de manipulação e uso de computadores, questionamento
sobre o real;
B)Transmissão digital aumenta a pressão do tempo, tornando-se o ato
fotográfico menos passível de planejamento;
C) As novas tendências gráficas consagram à leitura, pelo que muitas da
fotografias tendem a assumir um mero papel ilustrativo;
D) Diminuição da fotografia investigativa, mas aumento no campo
documentalístico;
E) A foto-choque continua a perder lugar em privilégio glamour, da foto
ilustração, do institucional e do features.
F) A televisão bate constantemente o fotojornalismo, como se viu
em 11 de Setembro, mas não elimina a sua importância na
imprensa e fora dela.(Os jornais desta vez não foram embrulhar
peixe);
G) Exige-se flexibilidade e polivalência aos jornalistas em geral
(capacidade de expressão em diferentes meios de comunicação),
o que diminui a força do fotojornalista;
H) As agências de fotojornalismo francesas são compradas por
bancos de imagens.
Esses fatores levaram aos eternos
e atuais debates sobre as
ameaças à profissão, à ética, à
existência do fotojornalismo e o
controle do fotojornalista sobre o
seu trabalho.
Cabe ao fotojornalismo encontrar
novos usos sociais e novas funções,
que reconheçam o que, com o tempo,
se tornou evidente: a dimensão
ficcional e construtora social da
realidade que a intervenção fotográfica
realiza.
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