Ética e Legislação em Publicidade Prof. Eliasar Almeida Aula 3 Responsabilidade moral e liberdade Ainda que o progresso histórico crie condições para o progresso moral e traga consequências positivas ou negativas para este, não gera, por si só, um progresso moral... ...porque os homens poderão ter reações morais boas ou más, como a violência, o crime ou a degradação moral. Um dos índices fundamentais do progresso moral é a responsabilidade dos indivíduos ou dos grupos sociais no seu comportamento moral. De fato, atos propriamente morais são somente aqueles nos quais podemos atribuir ao agente uma responsabilidade - não só pelo que se propôs realizar - mas também pelos resultados e conseqüências da sua ação. Porém, a responsabilidade moral está estreitamente relacionada com a necessidade e liberdade humanas, pois somente o agente tendo certa liberdade de opção e de decisão é que se pode responsabilizá-lo por seus atos. Quais são as condições necessárias e suficientes para poder imputar a alguém uma responsabilidade moral por determinado ato? Condições fundamentais Primeira: - que o comportamento da pessoa seja consciente; Segunda: - que a sua conduta seja livre. Portanto, tão-somente o conhecimento, de um lado, e a liberdade, do outro, permitem a imputação da responsabilidade moral a uma pessoa. Pelo contrário, - a ignorância, por um lado; - a falta de liberdade, de outro (coação); Permitem eximir o sujeito da responsabilidade moral. A ignorância é sempre uma condição suficiente para eximir uma pessoa da responsabilidade moral ? Resposta: A ignorância das circunstâncias, da natureza ou das conseqüências dos atos humanos, autoriza a eximir um indivíduo da sua responsabilidade pessoal. Essa isenção estará justificada somente quando esse indivíduo não for responsável pela sua ignorância. Exemplo: A desculpa de um motorista que se chocou com um carro enguiçado numa curva de rodovia, à noite, alegando que ignorava a presença desse veículo porque a luz de seus faróis era fraca, não pode ser moralmente aceita. Sua obrigação era ter realizado uma revisão dos faróis para dirigir à noite, e, certamente, ignorava, mas podia e devia não ignorar. A ignorância não pode eximi-lo de sua responsabilidade, já que ele é o responsável por não saber o que devia saber. Porém, o nível de desenvolvimento moral de uma pessoa pode eximi-la da responsabilidade. Nesse caso, a ignorância das circunstâncias, do caráter moral da ação e das conseqüências dos atos humanos, tem que ser considerada. Exemplo: A criança, quando ainda não acumulou experiência e possui uma consciência social embrionária, não somente ignora as conseqüências de seus atos, mas também desconhece a sua natureza boa ou má, e, portanto, não podemos responsabilizá-la por sua ignorância. A segunda condição fundamental para que se possa responsabilizar uma pessoa por um ato é que ela realize esse ato por vontade própria.(que seja livre) A realização do ato não é provocada por alguém que o force – contra a sua vontade – a realizá-lo. Em outras palavras, exige-se que a pessoa em questão não esteja submetida a uma coação externa. Quando a pessoa está sob a pressão de uma coação externa, perde o controle de seus atos e a sua capacidade de decidir e agir de outra maneira, realizando um ato nem escolhido nem decidido pessoalmente. Perguntas: 1. Se o agente não é responsável pelos atos que têm a sua causa fora dele, poderá ser responsabilizado moralmente pelos atos cujas causas estão dentro dele ? 2. Poderá haver atos cujas causas estejam dentro do sujeito e pelos quais ele não seja moralmente responsável ? Resposta: Sim. Há casos, em que indivíduos realizam atos que têm a sua causa dentro deles e que, apesar disso, não podem ser considerados moralmente responsáveis. Em todos eles, o sujeito não tem consciência, pelo menos no momento em que realiza tais atos, dos motivos verdadeiros, da sua natureza moral e das suas conseqüências. Atuam sob uma coação interna a que não podem resistir e, portanto, ainda que os seus atos possuam a sua causa no seu íntimo, não são propriamente seus, porque não puderam exercer um controle sobre eles. São os casos de pessoas com algum tipo de distúrbio (neuroses, desajustes sexuais), ou de outras que, embora se comportem de maneira normal, apresentam comportamentos que se caracterizam por sua anormalidade (cleptomaníacos). Mas, normalmente, esta coação interna não é tão forte que anule a vontade do agente e o impeça de uma opção e, portanto, de contrair uma responsabilidade moral, na medida em que mantém certo domínio e controle sobre seus atos pessoais.