Ivan Cese Marchetti Mariana Vendramini Castrignano de Oliveira Marina Mattiello Gabriele Taiana Cunha Ribeiro Vanessa Alice Machado Amorim Pneumonite por Hipersensibilidade Pneumonite por hipersensibilidade ou alveolite alérgica extrínseca. Resposta imunológica. Inalação de antígenos orgânicos e químicos. Exposição no trabalho e atividade recreativa (domiciliar ou não). PULMÃO DO FAZENDEIRO PULMÃO DOS CRIADORES DE AVES Nem sempre é possível identificar agente. Pneumonite por Hipersensibilidade Imunopatogênese: Hipersensibilidade tipo III - Reações da fase aguda; - 4 a 48 horas após o contato com o antígeno; - Ativação de macrófagos e liberação de citocinas. Hipersensibilidade tipo IV - Tardia; - Mediada por células T (Th1); - Granulomas (IFN-gama); - Fibrose (TGF-beta). Pneumonite por Hipersensibilidade Processo inflamatório: comprometimento pulmonar. Alveolite e infiltrado intersticial. Pneumonite intersticial granulomatosa. Fibrose. Intensidade, apresentação clínica e evolução extremamente variáveis. Epidemiologia Estudos de prevalência e incidência variados - características culturais e geográficas. 1 a 2 casos em 10.000 habitantes. 5 – 15% dos expostos desenvolvem PH – predisposição genética? Mas... Relatos de surtos: 70% dos expostos apresentando PH. Etiologia Lista extensa de agentes causadores. 3 maiores categorias: Agente microbianos (fungos, bactérias). Proteínas animais. Substancias químicas de baixo peso molecular. Interação agente X hospedeiro Agente Hospedeiro Tamanho menos que 3 μm. Ativação da cascata de complemento. Resistência a degradação. Duração da freqüência da exposição. Fatores não bem definidos. ANTÍGENOS RESPONSÁVEIS PELAS SÍNDROMES CLÍNICAS COMPATÍVEIS COM PH ANTÍGENO BACTÉRIAS FONTE DE EXPOSIÇÃO DOENÇA Saccharopolyspora rectivirgula Mofo nos materiais de plantação, na água Feno mofado Thermoactinomyces vulgaris Feno mofado e cogumelos Thermoactinomyces sachari Mycobacterium avium Klebsiella oxytoca FUNGOS Aspergillus spp. Aspergillus clavatus Penicillium frequentans Penicillium casei e roqueforti Trichosporen cutaneum Candida albicans AMEBAS Acanthamoeba polyphaga e castellani PROTEÍNAS ANIMAIS Proteínas aviárias Urina, soro e peles QUÍMICOS Isocianatos Anidridos Piretro Sulfato de diazonbenzeno de sódio Cana-de-açúcar mofada Água contaminada Água contaminada Pulmão do fazendeiro Pulmão dos fazendeiros e manip. de cogumelos Bagaçose Pulmão dos frequentadores de sauna Pulmão do umidificador Feno mofado Cevada mofada Cortiça mofada Queijo mofado Mofo em casas japonesas Bocal do sax contaminado Pulmão do fazendeiro Pulmão dos trabalhadores com malte Suberose Pulmão dos trabalhadores com queijo Pulmão típico do verão japonês Pulmão do saxofonista Água contaminada Pulmão do umidificador Vôo dos pássaros e penas Ratos e esquilos Pulmãos dos criadores de pássaros Pulmão dos manipuladores de animais Tintas e plásticos Plásticos Inseticidas Cromatografia Alveolite por reagente de Pauli Thermophilic actinomycetes Pulmão do fazendeiro e do umidificador Apresentação Clínica 3 tipos: aguda, subaguda e crônica. Critérios: - intensidade da exposição. - freqüência da exposição. - Início dos sintomas. Classificação de PH FORMAS EPISÓDIOS INTENSIDADE DA INÍCIO DOS CLÍNICAS DA RECORRENTES EXPOSIÇAO SINTOMAS PH TEMPO DE HISTÓRIA 4 a 8 hrs após Horas a dias exposição Aguda + Alto grau Subaguda + ou - Variável Gradual Semanas a meses Crônica - Baixo grau Insidioso Meses a anos Apresentação Clínica AGUDA •Febre •Calafrios •Dispnéia •Dor torácica •Fadiga •Mal estar •Tosse Em casos graves: dispnéia intensa e hipoxemia. Sinais: taquipnéia e crepitações nas bases; em casos graves cianose. Apresentação Clínica SUBAGUDA / CRÔNICA •Dispnéia progressiva •Anorexia •Tosse: expectoração - seca •Emagrecimento Em casos avançados: sintomas relacionados a descompensação cardíaca direita. Sinais: taquipnéia, crepitações nas bases, sibilância. Cor pulmonale e baqueteamento digital em casos avançados. Diagnóstico Difícil pois raramente pensa-se em PH. Muitos achados clínicos, de imagem e em exames fisiológicos e patológicos. Normalmente associa-se clínica, imagem e patologia. Reconhecimento do antígeno como causador da doença Estudos microbiológicos e aerobiológicos. Precipitinas séricas – detecção de IgG. Em alguns casos: leucocitose, neutrofilia, ↑Ig e proteína C reativa. Pouco usuais: Testes inalatórios provocativos – reprodução da crise com exposição ao antígeno específico com tosse, cefaléia, mal-estar, redução da capacidade vital forçada com alterações radiológias típicas. Exames de imagem Radiografia de Tórax - Fase aguda: vidro fosco ou consolidação alvéolo-ductal. - Fase sub-aguda: vidro fosco, fino infiltrado reticulo nodular. - Fase crônica: áreas de fibrose, faveolamento e distorção parenquimatosa com nódulos e sinais de comprometimento brônquico, ↓V pulmonar total. Exames de imagem Tomografia Computadorizada - Forma aguda: opacidades tipo vidro fosco com infiltrado intersticial. - Forma sub-aguda: forma aguda com micronódulos bilaterais. - Forma crônica: padrão reticular envolve áreas de faveolamento em todo pulmão (às vezes bases são poupadas). Manifestação subaguda de pulmão do criador de pássaros. A - Nódulos bem definidos presentes bilateralmente. B e C: HRCT com nódulos centro-lobulares bilaterais cercados de halos em vidro fosco. HRCT de manifestação aguda de HP. Áreas esparças de vidro fosco com múltiplo nódulos. HRCT com manifestação subaguda avançada mostrando multiplos micronódulos e pequenas áreas de fibrose. HRCT com manifestação crônica de Hp mostrando fibrose pulmonar com áreas de faveolamneto. Áreas em vidro fosco. Lóbulos hiperinsuflados do pulmão devido a bronquílos parcialmente obstruidos. Lavado Broncoalveolar (LBA) Método diagnóstico mais eficaz para detectar alveolite em pacientes com PH. Na fase aguda: ↑neutrófilos (>5%), mastocitos e eosinofilos. Nas fases sub-agudas e crônica inicial: taxa de linfócitos acima de 50%. (predomínio de T supressor) Teste de função pulmonar Achados não específicos. Padrão ventilatório restritivo. Diminuição da capacidade de difusão de CO. Hipoxemia induzida por exercício físico. Obstrução do fluxo aéreo. Hipereatividade brônquica. Grau de comprometimento demonstrado no teste não necessariamente infere o diagnóstico. Biópsia Confirmação da doença através de biópsia transbrônquica. Tríade: - Bronquiolite. - Infiltrado intersticial. - Granulomas sem necrose e mal formados. O patologista deve ser informado sobre a hipótese de PH. Diagnóstico Diferencial Forma aguda: pneumonia viral ou por Mycoplasma, asma ocupacional, bronquite crônica, DAD, BOOP. Forma sub-aguda: pneumonias recorrentes, bronquiolites, sarcoidose, pneumoconioses, vasculites, infecções fúngicas. Forma crônica: fibrose pulmonar idiópática, doenças do colágeno, asbestose, toxicidade pulmonar por drogas, DPOC associada a fibrose pulmonar, bronquiectasias, Mycobacteriose atípica. Diagnóstico Diferentes formas de apresentação e evolução. Principais preditores (98% das vezes): - Confirmar exposição ao antígeno. - Sintomas de 4-8 horas após exposição. - Preciptina sérica reagente ao antígeno específico. - Sintomas característicos freqüentes. - Emagrecimento. - Estertores crepitantes à ausculta pulmonar. Critérios Diagnóstico 1) Confirmar exposição ao antígeno de alguma das formas: a)Através da história b)Investigação aerobiológica e química do ambiente c)Presença de IgG específico contra antígeno 1 1 1 - 2) Exames clínicos e de imagem a) Tosse, febre, dispnéia, sibilos, emagrecimento, fadiga b) Áreas reticulares, nodulares ou aspecto de vidro fosco c) Espirometria, Vtotal pulmonar e difusão de gases alterados 2 2 2a 2 3) Lavado Broncoalveolar a) ↑ neutrófilos na fase aguda b) ↑ linfócitos nas fases sub-aguda e crônica 3 - 3 3 4) Testes inalatórios com resultado + através de: a) Reexposição ao ambiente b) Indução ao contato com antígeno - 4a - 5) Exames histopatológicos a) Granulomas mal formados, ausência de necrose caseosa b) Infiltrado mononuclear - - 5 - 5 Prevenção Diminuição da exposição aos antígenos: - Minimização do contato com agentes potencialmente iniciadores. - Uso de equipamento de proteção. - Melhor estruturação dos locais de moradia e trabalho (umidade). Manutenção dos sistemas de ventilação e ar condicionado. Tratamento 1. Eliminar/Evitar o antígeno: Realocação 2. Indicação de glicocorticóides: Aguda. Subaguda e Crônica quando há persistência de sintomas, alteração nos testes de função pulmonar, hipóxia ou com evidências radiológicas de extenso acometimento pulmonar. Terapia com Glicocorticóides 0,5 a 1 mg/kg/dia em dose única pela manha por 30 a 60 dias. A partir desse período, a dose é progressivamente reduzida até ser alcançada a manutenção de 10 ou 15 mg por dia. Duração de 6 meses. Prognóstico Dependerá: duração da exposição antigênica. dose e a composição química das substâncias inaladas. resposta individual ao dano causado pela reação imune. A maioria dos casos de PH aguda apresenta resolução total do episódio após suspensão da exposição. Os casos crônicos podem evoluir com cor pulmonale e insuficiência respiratória. Bibliografia Carraro, D.S., Silva, G. P., Gomes, C. E. T.; Pneumonia de hipersensibilidade subaguda: ocorrência em familiares – Revista Paulista de Pediatria; 2008. King, T. E., Flaherty, K. R., Hollingsworth, H.; Diagnosis of hypersensitivity pneumonitis (extrinsic allergic alveolitis) – 2009. Teixeira, M. F. A., Assis, P. G., Oliveira, L. C. L.; Pneumonia de hipersensibilidade crônica: análise de oito casos e revisão da literatura – Jornal de Pneumologia; mai/jun 2002. Boletim Pneumologia Paulista – Ano 19, n° 28, 2005. Boletim Pneumologia Paulista – Ano 17, n° 21, 2003. Pneumo Atual : Pneumonite de Hipersensibilidade. http://www.pneumoatual.com.br/ Goldmam, L., Ausiello, D.; Cecil: Tratado de Medicina Interna – 2 volumes (22ª Edição) Kumar, V., Abbas, A. K., Fausto, N. - Robbins e Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças (7ª Edição) www.uptodate.com