ANÁLISE PRELIMINAR DA OCORRÊNCIA DE OFÍDIOS NA ÁREA URBANA DO RECANTO DAS EMAS Stevan de Camargo Corrêa & Elizabeth Maria Mamede da Costa. INTRODUÇÃO METODOLOGIA O crescimento da malha urbana de Brasília tem avançado sobre as áreas naturais, gerando problemas ambientais e sociais à população que vive nesta interface. No Recanto das Emas, cidade situada na periferia de Brasília, em constante crescimento (91,96% ao ano), e de infra-estrutura precária (Bizerril, 2001; Codeplan, 2004), foi avaliada sob a luz de uma nova metodologia o nível de ocorrência de ofídios, fato que estaria causando pânico aos moradores, já que as serpentes são consideradas animais perigosos e agressivos, mesmo o ofidismo sendo considerado um problema de saúde pública ainda recente no Brasil (Sebben et al., 1996). É necessária uma nova metodologia para avaliação desse nível de ocorrência pois os trabalhos de dinâmica de populações de serpentes são escassos e incompletos (Brandão & Araújo, 2001), devido à sua baixa densidade demográfica e eficiente estratégia de camuflagem (Marques et al., 2001). Foram confeccionados questionários de percepção ambiental, aplicados à alunos de escolas públicas da região do Recanto das Emas (fig.1), para avaliar as ocorrências de ofídios, sua espacialidade, temporalidade e taxonomia. OBJETIVO Avaliar como uma metodologia de percepção ambiental pode auxiliar em um levantamento de fauna. 70 60 50 SIM 60 SIM NÃO 50 NÃO 40 40 50 SIM NÃO 40 30 30 30 20 20 10 10 10 0 0 0 20 Fig. 2: Avistamento de serpentes. Fig. 3: Conhecem alguém que já tenha tido um acidente ofídico. Fig. 4: Já viram alguém matar um ofídio. Fig.1: Recanto das Emas Fonte: www.condominios.com.br/condominios/mapas/map12v1.jpg RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 77 entrevistados, 80,52% disseram já ter visto uma serpente (fig.2). Quanto à espacialidade foi possível identificar um padrão dentre as 45 ocorrências, entre 2001 e 2004 (média de quinze por ano), 95,5% aconteceram nas quadras limítrofes com as matas de galeria dos córregos que circundam a cidade, sendo a maioria nas quadras 114 (15%) e 511 (11%). Em 2004 ocorreram 25% dos avistamentos, e em geral 75% na época chuvosa, fato que pode estar relacionado ao aumento do número de anuros e roedores. Entretanto, existe uma dificuldade metodológica no tocante à identificação correta dos animais por populares mesmo com o auxílio de fotografias e ao nível taxonômico de família (Corrêa & Costa, 2004), ainda assim foi possível notar o padrão esperado: maior ocorrência da família Colubridae (65%)(fig.5). CONCLUSÃO Fig. 5: Representante da família Colubridae. Fig. 6: Animais utilizados durante a pesquisa. A metodologia avaliada mostrou-se satisfatória no caso de uma análise preliminar, sendo necessária em seguida uma análise mais detalhada com utilização de outras metodologias para a confirmação dos resultados encontrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIZERRIL, M.X.A. O Cerrado e a escola: uma análise da educação ambiental no ensino fundamental do Distrito Federal. Tese de Doutorado, Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, Brasília 2001. BRANDÃO, R. A., ARAÚJO, A. F. B. Herpetofauna associada às matas de galeria do Distrito Federal. In: Recuperação e conservação das Matas de Galeria do Distrito Federal. Embrapa. Brasília, 2001. CODEPLAN. Recanto das Emas. Disponível em: <www.codeplan.df.gov.br/Publica coes/RA/RAXV.htm>. Acesso em 02/06/2004. CORRÊA, S. C. & COSTA, E.M.M. Percepção ambiental dos alunos dos ensinos fundamental e médio do Recanto das Emas sobre a ofidiofauna. Monografia de graduação, FACS, UniCEUB, 2004. MARQUES, O.A.V. et al. Serpentes da Mata Atlântica. Holos. Ribeirão Preto, 2001. SEBBEN, A. et al. Cartilha de ofidismo – cobras do Distrito Federal e entorno. UnB. Brasília, 1996.