Teste de Apercepção Temática T.A.T. Finalidade O Teste de Apercepção Temática, familiarmente conhecido como TAT, é um método destinado a revelar impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos marcantes da personalidade. Seu principal valor consiste na capacidade de tornar patentes tendências subjacentes inibidas que o sujeito ou paciente não deseja aceitar ou que não tem condições de admitir por serem inconscientes. Em geral, o sujeito termina o teste desconhecendo, felizmente, que brindou o psicólogo com o equivalente de uma chapa radiográfica de sua personalidade. Utilidade Considera-se o TAT útil em qualquer estudo abrangente de personalidade, no caso de distúrbios da conduta, doenças psicossomáticas, nas neuroses e psicoses. Não é aconelhavel ser utilizado com crianças menores de quatro anos. Fundamentos O método - apresentar uma série de pranchas (quadros) ao sujeito, estimulando-o a contar histórias baseadas nelas, as quais devem ser criadas no impulso do momento. O fato de essas histórias, assim coletadas, revelarem, com freqüência, componentes significativos da personalidade depende de duas importantes tendências psicológicas: a tendência das pessoas para interpretar uma situação humana ambígua baseando-se em suas experiências passadas e em seus anseios presentes; a inclinação das pessoas que escrevem histórias para agir de igual maneira: utilizar o acervo de suas experiências e expressar seus sentimentos e necessidades conscientes ou inconscientes. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se o sujeito a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento, nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito. Murray, com sua assistente Christiana Morgan, procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber, identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica, por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões fundamentais na dinâmica subjacente de sua personalidade. No caso do TAT, em vez de projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto, mas toda uma interpretação de uma cena. Murray admirava Freud e sua obra, mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente restrita e limitada. Desenvolveu então sua Personologia, uma teoria basicamente motivacional em que são centrais os conceitos de Necessidade e Pressão. Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral, que organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de modo a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. A necessidade gera um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção. Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir a satisfação das necessidades, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta seu meio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que se acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer suas necessidades. Conhecemos muito mais as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta seu meio. Personologia procura considerar a pessoa naquilo que ela tem de mais próprio na sua relação consigo e com o mundo. A condução da interpretação. A condução da interpretação deve ser realizada a partir da identificação das necessidades e pressões recebidas pelo sujeito e o mais importante é descobrir num indivíduo a direcionalidade de suas atividades, sejam elas mentais, verbais ou físicas. MATERIAL DO TESTE O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser aplicados 20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é variável, sendo as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas. Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número seguido de uma ou mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser apresentado, na série, e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se destina. Tipo de Estímulo Convenção Universal Apenas o número Para mulheres Número seguido de F Para homens Número seguido de H Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R Os quadros, impressos em branco e preto, representam situações de trabalho, relações familiares, perigo e medo, atitudes sexuais, agressão e uma prancha em branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação. A experiência mostrou-nos que as histórias produzidas serão mais reveladoras e a interpretação terá maior validade se a maioria das pranchas incluir uma pessoa do mesmo sexo do sujeito. Isso não implica a necessidade de que haja dois conjuntos de pranchas totalmente diferentes, já que alguns dos quadros, de comprovado valor, não incluem figuras humanas. Outros apresentam uma pessoa de cada sexo e noutros o sexo da figura é dúbio. De fato, dentre os quadros (incluindo o cartão em branco), onze mostraram-se apropriados para ambos os sexos. Administração Preparação do sujeito A maioria dos sujeitos (pacientes) não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo razoável para se submeter ao teste. Mas para os que forem sobremaneira obtusos, pouco responsivos, resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por provas escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa menos exigente (um teste de inteligência, de aptidão mecânica,), antes de ser submetido ao TAT. As crianças geralmente produzem melhor depois de algumas sessões gastas em expressar suas fantasias verbalizadas utilizando-se de barro ou brinquedos. Método, instruções. 1. Primeira sessão O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num divã e de costas para o examinador. As instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes formas: Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência e cultura). “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da inteligência. Vou mostrar a você alguns quadros, um de cada vez e a sua tarefa será inventar, para cada um deles, uma história com o máximo de ação possível. Conte-me o que levou ao fato mostrado no quadro, descreva o que está acontecendo no momento, o que os personagens estão sentindo e pensando. Diga depois como termina a história, Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo na sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos para os dez quadros, você pode empregar cerca de cinco minutos para cada história. Aqui está o primeiro quadro.” Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de pouca instrução, bem como psicóticos). “Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui alguns quadros que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada um deles. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Diga o que as pessoas estão sentindo e pensando e como a história acaba. Você pode fazer o tipo de história que quiser. Compreendeu? Bom, então está aqui o primeiro quadro. Você tem cinco minutos para fazer uma história. Faça o melhor que puder.”