Panorama Nacional de Expansão da AB & os Desafios para a Qualificação do Cuidado ENSP – FIOCRUZ Rio de Janeiro Maio de 2013 Sumário o Estratégias Para a Ampliação do Acesso • • • • • • Incentivo Financeiro Requalifica UBS e-SUS NASF Academia da Saúde Melhor em Casa o Estratégias Para a Qualificação da AB • PMAQ • PROVAB • Outras Ofertas o Desafios Colocados Pela Expansão da AB o Perspectivas para a Discussão da Qualidade: As Relações entre Tempo & Clínica Estratégias Para a Ampliação do Acesso FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA PAB variável Estruturação + Construção e Ampliação Valor total 2010 R$ 3,65 Bi R$ 5,92 Bi R$ 147 Mi R$ 9,73 Bi 2012 R$ 4,42 Bi R$ 8,31 Bi R$ 633 Mi R$ 13,36 Bi Variação 2010-2012 R$ 765 Mi 21% R$ 2,38 Bi 40% Ano PAB fixo R$ 486 Mi 330% Orçamento de 2013: 16,5 Bilhões 58% de incremento . R$ 3,63 Bi 37% AUMENTO DO INCENTIVO: Agentes Comunitários de Saúde . Mês/Ano Número de ACS Valor mensal Valor total 2010 245 mil R$651,00 R$ 1.97 bi 2011 251 mil R$ 750,00 R$ 2,20 bi 2012 257 mil R$ 871,00 R$ 2,66 bi 2013 265 mil R$ 950,00 R$ 2,98 bi Variação 2010-2012 8% 46% 51% Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde - UBS O programa financia as seguintes ações: • Construção • Reforma • Ampliação • UBS Fluviais • Informatização • e-SUS Atenção Básica • Telessaúde Brasil Redes CONSTRUÇÃO de UBS Avanços no novo programa: •MS aumentou as áreas mínimas necessárias e promoveu melhorias no projeto •Será oferecido, a partir de Junho, Projeto Referência completo para uso das prefeituras •Será oferecido Registro de Preço (RDC-PAC) para que os municípios possam aderir e executar as obras Panorama: Construções em 2011/12: 2.105, em 1.156 Municípios, com orçamento de R$ 553 milhões Porte da UBS Número de Equipes de Atenção Básica 1 2 3 4 Seleção 2011 Seleção 2013 Área - m² Valor - R$ mil Área - m² Valor - R$ mil 153,24 293,28 293,28 293,28 R$ 200,00 R$ 266,67 R$ 400,00 R$ 533,33 297,92 374,04 481,32 564,84 R$ 407,62 R$ 512,11 R$ 658,99 R$ 773,34 AMPLIAÇÃO de UBS Nova Seleção Panorama - 5.458 Ampliações de UBS contempladas 2011/12 - 2.265 municípios -R$ 548 milhões disponibilizados Propostas: até 30 de Abril Ajustes: até o mês de maio 5.629 novas ampliações Critérios de priorização - Percentual de população em pobreza extrema - PIB per capita - Percentual de UBS inadequadas Valores Mínimo de R$ 50 mil Máximo de R$ 250 mil Solicitação Através do sistema de cadastramento de propostas no Portal do DAB REFORMA de UBS Panorama 5.247 Reformas de UBS em 2011/12 1.788 municípios R$ 538 milhões disponibilizados Critérios de priorização Percentual de população em pobreza extrema PIB per capita Nova Seleção Propostas: até 30 de Abril Ajustes: até o mês de maio 4.348 novas reformas Valores UBS de 153,24 até 293,28 m2 Mínimo de R$ 30 mil Máximo de R$ 150 mil UBS acima de 293,28 m2 Mínimo de R$ 30 mil Máximo de R$ 350 mil Solicitação Através do sistema de cadastramento de propostas no Portal do DAB Componente Informatização e-SUS AB (Atenção Básica) • Sistema de Prontuário Eletrônico e-SUS AB disponível no site do DAB, desde o início de Março / 2013 • Necessidade de pactuações e investimentos Regionais e Estaduais para Implantação • Investimentos federais através do Programa Informatização e Telessaúde Brasil - Redes de 10 Componente Informatização e-SUS AB (Atenção Básica) CENÁRIO ATUAL (CENSO DAS UBS / 2012) 17.719 UBS têm computador (52,9%) 12.309 UBS têm acesso à internet (36,7%) 4.527 UBS têm acesso ao Telessaúde (13,5%) * Projeção: completar transição SIAB / e-SUS até março de 2014 * Componente Informatização e-SUS AB (Atenção Básica) Componente Informatização e-SUS AB (Atenção Básica) NASF – Núcleos de Apoio à Saúde da Família Em 2013: -Universalização – a partir de agora, todos os municípios com equipes de Saúde da Família podem receber recursos federais para implantar - Adesão ao PMAQ Modalidades de implantação: 1 = 200h/semana = R$ 20.000,00 = 5 a 9 ESF 2 = 120h/semana = R$ 12.000,00 = 3 ou 4 ESF 3 = 80h/semana = R$ 8.000,00 = 1 ou 2 ESF Meta de ampliação 2013: 3.258 equipes Investimento previsto : R$ 566 milhões Programa Academia da Saúde Implantação de espaços públicos construídos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para o desenvolvimento de práticas corporais; orientação de atividade física; promoção de ações de segurança alimentar e nutricional e de educação alimentar, bem como outras temáticas que envolvam a realidade local; além de práticas artísticas e culturais (teatro, música, pintura e artesanato). A organização e o planejamento dos polos são coordenados pela atenção básica e deve ser articulados com os demais pontos de atenção à saúde, além de estar vinculados a um NASF ou a uma UBS. Dispositivo estratégico para lidar com a escassez de leitos hospitalares, com um custo-benefício maior que abertura de mais leitos hospitalares ou construção de novos hospitais, além de humanizar o tratamento uma vez que permite ao paciente ficar no seu próprio lar e junto aos familiares. Para quem? Pacientes egressos dos serviços de urgência e emergência, serviços hospitalares, oriundos da Atenção Básica e/ou demanda espontânea (idosos, AVC, Diabetes, Câncer, Pós-cirúrgico, reabilitação, etc.) CRITÉRIOS Ter população acima de 40 mil habitantes; Possuir SAMU ou serviço móvel de urgência equivalente; Indicar um Hospital de Referência, com porte acima de 50 leitos. EMAD Equipe Multidisciplinar de Atendimento Domiciliar Financiamento Federal R$ 34.560,00 Custeio mensal A equipe mínima: •Médico •Enfermeiro •Fisioterapeuta ou Assistente Social •Técnicos ou Auxiliares de Enfermagem EMAP Equipe Multidisciplinar de Apoio a EMAD Financiamento Federal R$ 6.000,00 Custeio mensal A equipe mínima: 3 (três) profissionais de saúde de nível superior, com carga horária semanal mínima de 30 horas •Assistente social •Fisioterapeuta •Fonoaudiólogo •Nutricionista •Odontólogo •Psicólogo •Farmacêutico •Terapeuta ocupacional Estratégias Para a Qualificação da AB Saúde Mais Perto de Você: Acesso e Qualidade Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade 19 Saúde Mais Perto de Você: Acesso e Qualidade Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade Contratualização Município e Equipes de Atenção Básica aderem e contratualiza compromissos estratégicos e indicadores FASE 3 FASE 2 FASE 1 Desenvolvimento Momento de organizar a oferta de: - Autoavaliação -Monitoramento -Apoio Institucional -Educação Permanente - Ao Aderir receberá 20% do Componente de Qualidade do PAB Variável - Informar sistema de gestão do DAB - PMAQ Certificação Avaliação Externa Visita dos “Avaliadores da Qualidade” (Universidades) para aplicação do instrumento de avaliação/certificação: -Gestão -Infra UBS -Equipe -Usuários Período de 1 ano para nova certificação Saúde Mais Perto de Você: Acesso e Qualidade Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade O PMAQ visa induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável nacional, regional e localmente de maneira a permitir maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à AB em Saúde • Equipes bem avaliadas podem garantir até o dobro dos recursos transferidos, mensalmente, aos municípios • Os resultados do primeiro ciclo de certificação das 17 mil equipes estão disponíveis do Portal do Gestor • Todos os municípios podem aderir com todas a suas equipes de Atenção Básica, NASF e CEO UBS Recenseadas, por UF UF % Municípios Visitados Nº de UBS registradas no CNES Nº de UBS Ativas N % Nº de UBS Inativas UBS Recenseadas N % ES 100,0 904 769 85,1 135 904 100,0 RJ 100,0 2.101 1.785 85,0 316 2.101 100,0 SP 99,7 4.782 4.169 87,2 610 4.779 99,9 MG 99,9 5.408 4.859 89,8 545 5.404 99,9 BR 98,9 43.424 37.515 86,4 5.720 43.235 99,6 22 Avaliação Externa do Saúde Mais Perto de Você – Acesso e Qualidade e Censo 23 Avaliação no PMAQ • Identificação antecipada dos problemas e adoção de um conjunto de ações para superá-los; • Indução para a mudança dos processos de trabalho; • A avaliação deve contribuir na construção de uma realidade simbólica intersubjetiva, capaz de produzir sentidos imediatos no agir de gestores e trabalhadores da saúde. 24 Avaliação no PMAQ • Identificação de questões que sejam importantes entrar na agenda política; • Reconhecimento da magnitude e abrangência das questões identificadas; • Aumento da capacidade de análise crítico-reflexiva sobre os problemas – novos e recorrentes; • Aumento da transparência das ações e resultados produzidos pelos gestores e Equipes de Atenção Básica. 25 Saúde Mais Perto de Você – Acesso e Qualidade Segundo Ciclo 26 Adesão no 2º Ciclo (2013/2014) • A adesão do 2º ciclo do PMAQ foi iniciadao no dia 18 de fevereiro e foi concluída em 05 de abril de 2013 1º Ciclo (2011/2012) 3.965 municípios 71,3% 2º Ciclo (2013/2014) 5.213 municípios 93,6% 27 Adesão no 2º Ciclo (2013/2014) GERAL (Parametrizada + Não Parametrizada) Modalidade N EAB ESB NASF CEO 38.390 27.159 3.802 1.276 % 99,9 194,0 133,8 PARAMETRIZADA NÃO PARAMETRIZADA Modalidade N EAB ESB NASF CEO 34.722 24.339 3.802 1.276 Modalidade % 105,1 111,2 194,0 133,8 EAB ESB NASF CEO N 3.668 2.820 3.802 1.276 % 68,0 194,0 133,8 28 Adesão de Equipes, por modalidade e UF EAB ESB NASF CEO UF N % N % N % N % ES 566 96,8 409 101,5 23 287,5 13 130,0 MG 4593 103,3 2963 150,4 551 184,9 124 145,9 RJ 2292 107,9 1114 136,5 143 140,2 82 120,6 SP 3979 104,9 2006 126,6 306 204,0 195 114,7 BR 34.728 104,0 24.345 120,8 3.804 197,2 1.276 133,9 29 Categorização dos Padrões de Acesso e Qualidade Segundo Grau de Prioridade PADRÕES OBRIGATÓRIOS: Padrões de alcance obrigatório que condicionam a permanência no Programa Alimentação do Sistema de Informação (SIAB ou eSUS) nos meses indicados pelo programa; Aplicação das Regras de Sinalização Externa exigida pelo MS (P Aplicação das Regras de Sinalização Interna apontadas pelo PMAQ (escala dos profissionais, listagem das ações/ofertas de serviço da equipe, contato da ouvidoria); 30 Categorização dos Padrões de Acesso e Qualidade Segundo Grau de Prioridade PADRÕES ESSENCIAIS: Padrões com elevados percentuais de cumprimento pelas EAB e/ou relacionados a condições mínimas de acesso e qualidade. Esses padrões não acrescentarão pontos, no entanto, subtrairão pontos das equipes que não o atingirem. Critério para Permanência - Alcance de um percentual mínimo dos padrões essenciais 31 Categorização dos Padrões de Acesso e Qualidade Segundo Grau de Prioridade PADRÕES ESTRATÉGICOS: Padrões relacionados a políticas estratégicas (rede cegonha, rede de urgência e emergência e rede de atenção psicossocial, etc.). Esses padrões terão maior peso na matriz de pontuação do processo de certificação. 32 Saúde da Mulher Tipo de Padrão Padrões Realiza coleta do exame citopatológico na UBS; Essencial Realiza Pré-natal e oferta de exames no pré-natal (VDRL, antiHIV, Hepatite B, Hemoglobina, Hematócrito, Glicemia, Urina tipo I); Aplica Penicilina G Benzatina na UBS; Desenvolve ações de planejamento familiar e disponibiliza métodos contraceptivos; Alimentação de informações (Sisprenatal/eSUS) Estratégico Registro e seguimento de mulheres com exames citopatológicos alterados; Hipertensão e Diabetes Tipo de Padrão Padrões Registro e acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial; Essencial Registro e acompanhamento de pessoas com diabetes mellitus; Tempo médio de espera para 1ª consulta (hipertensão e diabetes) Estratégico Tempo de espera para 1ª consulta abaixo do tempo médio (hipertensão e diabetes) Registro e acompanhamento de pessoas com maior risco e gravidade (hipertensão e diabetes) Oferta e Realização de Consultas Tipo de Padrão Padrões Realização de um cardápio de consultas na UBS Essencial Oferta de consultas em outros pontos da rede (cardiologia, oftalmologia, dermatologia, etc.) Tempo médio de espera para consultas Estratégico Tempo de espera para consultas abaixo do tempo médio Acolhimento à Demanda Espontânea Tipo de Padrão Essencial Padrões Realização de acolhimento à demanda espontânea Realização de atendimento de urgência na UBS Estratégico Utilização de protocolo para o acolhimento Tempo de espera Infraestrutura e Condições de Funcionamento Tipo de Padrão Essencial Estratégico Padrões Lista de equipamentos (estetoscópio, aparelho de pressão, balança antropométrica, etc.) Informatização / utilização de prontuário eletrônico Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica Apoio e incentivo para que médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas atuem de forma supervisionada na Atenção Básica de municípios com carência de profissionais, em áreas de extrema pobreza e periferias das regiões metropolitanas. PROVAB 2012: RESULTADOS 381 médicos, 126 enfermeiros, 110 dentistas contratados pelos municípios. 1.505 profissionais de saúde cursando a especialização (89 médicos, 1.093 enfermeiros, 323 dentistas). 1.162 recebendo bolsa federal de R$ 2.834,92 com a especialização (954 enfermeiros e 208 dentistas). 350 médicos obtiveram conceito satisfatório, ficando aptos a receber pontuação de 10 % na nota final das provas de residência. PROVAB 2013 • Curso de especialização em atenção básica – requisito para ingresso no Programa; • Bolsa federal de Educação pelo Trabalho (Portaria nº 754, de 18/4/2012) no valor de R$ 8.000,00; • Telessaúde e Portal Saúde Baseada em Evidências; • Supervisão e avaliação por instituições de ensino; OUTRAS OFERTAS PARA QUALIFICAÇÃO DA AB •TeleSaúde Brasil Redes; • Comunidade de Práticas; • Caderno de Atenção Básica de Saúde Mental (Junho / 13); • Caderno de Atenção Básica do NASF (Junho / 13); • Capacitação de todos os ACS & Téc. de Enfermagem da AB em SM (SGTES). Total de 292.000 profissionais; • Capacitação de um profissional de todas as equipes NASF & todos os de CnaR no processo de trabalho (SGTES). Total de 3.000 profissionais; • Fórum Nacional de CnaR e Saúde Mental na AB (junho / 13). Desafios da colocados a partir da Expansão da AB • Formações no Campo da Saúde; • Melhoria na resolutividade da AB; • Tensionamento da Rede; • Coordenação do Cuidado pela AB; • Integralidade: • No olhar para o usuário • Na articulação de serviços •Na articulação de Políticas Públicas • Conhecimento e Articulação da Rede do Território; • Apropriação dos modos de produção subjetiva; • Inseparabilidade entre Clínica e Gestão. Perspectivas para a discussão da Qualidade: As relações entre Tempo e Clínica A qualidade das ações em saúde na perspectiva de produção subjetiva de Henri Bergson • Bergson (1858-1941). concebeu a subjetividade como intervalo de tempo entre um pedido (percepção) e a resposta (ação) a este pedido. • Toda escolha, toda hesitação, supõe tempo. Portanto, há um intervalo de tempo situado entre a demanda e a resposta. Esse intervalo será apresentado como subjetividade (Maciel, 2003). • A partir desta perspectiva de subjetividade discutiremos agora quais seriam as possíveis implicações desta concepção na qualidade da atenção e sobre os conceitos de integralidade, acolhimento e vínculo. Implicações para o cuidado em saúde • A noção de integralidade surge para dar conta, principalmente, de uma certa lógica de desconexão na assistência em saúde. O princípio prevê que, de forma articulada e contínua, sejam oferecidas à população as ações em saúde exigidas para cada caso (individual ou coletivo) em todos os níveis de complexidade do sistema. • O ponto central da discussão é a idéia de reconexão. Um certo “modelo” desconectado e fragmentado se inscreveu em várias instâncias da produção de cuidado em saúde no Brasil (Mattos, 2001). • Neste contexto, autores como Merhy e Franco (1997) trazem a questão dos dispositivos de acolhimento e do vínculo como centrais para as reflexões sobre um cuidado em saúde integral. • O acolhimento como dispositivo privilegiado deveria acontecer a cada encontro trabalhador de saúde – usuário. • A noção de vínculo é base fundamental para proposta de um modelo tecnoassistencial. • Todos os atores que estão na cena, implicados com a produção da saúde, tem alguma governabilidade na relação espaço/tempo . • Para a qualidade deste modelo assistencial, a questão do tempo se torna central para a prática do cuidado. • A constituição de vínculo e, por conseqüência, a responsabilização pelo acompanhamento do cuidado necessita de tempo. • Múltiplos tempos incidem e interferem na relação de vínculo entre o trabalhador de saúde e o usuário, na perspectiva da integralidade, do acolhimento e do vínculo. • A questão dos “tempos” e demandas advindas destas relações temporais contemporâneas incidem de forma maciça e violenta, precarizando e esvaziando as relações humanas. Os impasses para a clínica • O imperativo da ação, a cultura da iniciativa, a ênfase exacerbada no presente, a exigência pela eterna felicidade, saúde e rapidez, são traços da modernidade que trazem desdobramentos para o acolhimento e o vínculo em saúde. • A mobilização subjetiva e física produzidas pelas convocações do presente compelem o sujeito a se desconectar da idéia de continuidade. • A clínica na AB é extremamente marcada por um traço programático e pouco aberta as indeterminações dos “tempos” dos usuários, do território, dos profissionais, etc. • O controle do tempo sempre foi uma das preocupações das relações de poder (Foucault, 1979). • Controlando o tempo subtrai-se do sujeito a indeterminação indispensável para que ele possa agir criativamente, dando um determinado ritmo à subjetividade. • Neste contexto, como problematizar demandas e implicar sujeitos em seus processos de saúde/doença? • Clinicar aqui é uma biopolítica, isto é, uma política da vida que resiste ao assujeitamento imposto pelo biopoder e que encontram no controle do tempo um forte aliado. • Além disso, a crise é a ruptura das cadeias do hábito que força um processo de diferenciação de si e conseqüentemente de criação de novos territórios existenciais e temporais. Com isso, atiça-se novos processos de produção de subjetividade. • A qualidade do tempo não se orienta pelo tempo “objetivo” cronológico, ou tempo “subjetivo” íntimo do indivíduo, mas sim o tempo da relação (trabalhador/usuário). • Assim, a qualidade das ações e serviços em saúde está intimamente ligada a produção de sujeitos. • Antes de sermos nomeados profissionais de saúde, pretendemos nos apresentar como viventes e inventivos (Santos & Caetano, 2010), construindo outras geografias temporais para as relações. Marcelo Pedra Martins Machado Departamento de Atenção Básica Secretaria de Atenção à Saúde / Ministério da Saúde www.saude.gov.br/dab E-mail: [email protected] Tel.: (61) 3315-9044