PLANTAS COM FRUTOS Cristiano Roberto Madalena¹ ¹Instituto Nação Flora – Pesquisas & Soluções Ambientais, São Paulo, SP. e-mail para contato: [email protected] Angiospermas, são plantas que produzem frutos, podendo estes serem carnosos (baga ou drupa), ou secos (deiscentes - abrem-se quando maduros e indeiscentes - não se abrem quando maduros). Quando pensamos em frutos, imediatamente referimo-nos às partes carnosas dos mesmos, mas não é bem isso que acontece, trata-se do desenvolvimento de elementos (órgãos) florais específicos, é o que será discutido mais adiante, agora como início tem-se a morfologia e organização dessas plantas. Pode-se notar em uma angiosperma a presença de raízes, caule, folhas, flores e frutos, nitidamente distintos para os estudiosos. Raiz, trata-se de um sistema de eixos ramificados que fixam o vegetal ao solo, extraindo ágüa e sais minerais. Apresenta-se em principal e secundária, também funciona como órgão de reserva, podem ser terrestres, aquáticas ou aéreas. As raízes terrestres normalmente formam dois tipos: ramificado e fasciculado, o primeiro sistema apresenta uma raiz principal e dela partem ramificações, são as raízes secundárias, oblíquas em relação à principal, sistema radicular encontrado comumente em dicotiledôneas. O sistema radicular fasciculado é frequentemente encontrado em monocotiledôneas onde todas, formam uma espécie de cabeleira, não sendo possível identificar nem pelo desenvolvimento e posição, uma raiz principal. Raízes centrais com um desenvolvimento elevado e compenetradas verticalmente ao solo tratam-se de raiz pivotante, sendo quase desconsiderado as suas ramificações. Normalmente a raiz principal é a raiz pivotante, esse fenômeno é facilmente identificado em raízes tuberosas como em Daucus carota(cenoura) e Brassica napus(nabo), exceto em alguns sistemas como em Convouvulus spp. (batatas doce), onde a raiz secundária torna-se tuberosa. Caule, à grosso modo essa estrutura vegetal, é basicamente a ligação entre a raiz e às demais partes da planta. Sendo o seu interior composto por um feixe de vasos que por sua vez transportam substâncias em ambas as direções, entre o sistema radicular e a copa. Geralmente um caule novo é de coloração verde, contendo ainda muita clorofila, substancial necessário para a produção de material orgânico (hidratos de carbono), através da fotossíntese. Com o envelhecimento da planta, essa coloração torna-se acinzentada ou parda, por síntese de outros fatores elaborados pelo próprio vegetal. Em caules aéreos, destaca-se aqui três tipos, que são: tronco, estipe e colmo. O tronco apresentará sempre característica lenhosa e robusta, tendo um maior desenvolvimento na base que no ápice, onde localizam-se as ramificações, predomina este tipo em árvores e arbustos que compõem o grupo das dicotiledôneas. O estipe, comum e típico em Arecaceae (família das palmeiras), pode também adquirir muita resistência caso tenha um grande desenvolvimento. É um caule afilado sem ramificações, com um verdadeiro chumaço de folhas em seu ápice e a única ramificação existente é quando a planta madura apresenta as suas flores. O colmo, geralmente sem ramificação e de rápida identificação, pela presença de nós e entrenós por toda a sua extensão. Em Bambusa sp.(bambu) o caule é do tipo colmo oco, já em Saccharum officinarum(cana -de-açúcar) o caule é do tipo colmo cheio. Caules que se ramificam, podem apresentar maneiras diferentes para executar esse fenômeno, dentre as quais, tem-se três tipos frequentemente observados: a ramificação monopodial, ramificação simpodial e ramificação em dicásio. O primeiro acomete-se pela formação sucessiva de ramos, através de novas gemas que se distribuem em diversos pontos do eixo central. A ramificação simpodial em certos intervalos, uma nova gema assume o desenvolvimento do vegetal, distribuindo lateralmente a ramificação formada pela gema anterior, formando assim os ramos. Ramificação em dicásio, observa-se duas gemas opostas, desenvolvidas à partir do eixo principal que cessa o seu crescimento, a seguir ocorre o mesmo em cada um dos ramos desenvolvidos e assim sucessivamente. Folhas, órgãos dos vegetais responsáveis pela elaboração dos alimentos orgânicos, geralmente contém um pigmento verde, a clorofila, fixadora de energia luminosa. Como já foi observado, o caule também pode possuir a clorofila, principalmente os mais novos, mas é importante fixar que uma folha completa é composta pelas seguintes partes: limbo, pecíolo, bainha e estípulas. Limbo ou lâmina foliar, principalmente em dicotiledôneas, apresenta inervação reticulada semelhante à malha de uma rede, já em monocotiledôneas é comum a inervação apresentar-se de maneira paralela. O limbo ainda apresenta diversas formas, lanceolada (pessegueiro), acicular (alguns pinheiros), sagitada (antúrio), orbicular (aguapé), linear (alecrim), assimétrica (begônia), fendida ou partida (uva), geminada (unha-de-vaca), trifoliada (feijão), digitada (paineira), palmada (mamão), imparipenada (roseira), paripenada (Cassia sp.), cletrada (costela-de-adão), pilosa (quaresmeira), espinescente (joá). Além do formato do limbo, a filotaxia, tem-se apresentado ao menos de três tipos distintos, que podem ser: opostas - folhas inseridas aos pares no mesmo plano de um eixo, verticiladas - folhas inseridas em número superior à dois no mesmo plano, de um eixo e alternas - folhas inseridas isoladamente, em diferentes planos, também de um eixo. Flor, todos os vegetais que produzem flores depois de maduros, pertencem ao grupo das fanerógamas, sendo as flores, os órgãos reprodutivos responsáveis pela perpetuação dos espécimes. A princípio uma flor completa apresenta: pedúnculo, que se prende ao caule; cálice, conjunto de sépalas; corola, conjunto de pétalas; estame ou androceu; pistilo ou gineceu. Todos esses elementos florais estão inseridos no ápice do pedúnculo que por via de regra possui uma dilatação, para a acomodação e distribuição de tais partes. A partir dessas informações, pode-se identificar dois tipos florais, o cíclico e o acíclico. Diz-se flor cíclica quando os elementos florais estão dispostos por círculos concêntricos, em torno do gineceu e flor acíclica quando os elementos florais se dispõem helicoidalmente ao redor do eixo da flor. Denomina-se perianto o conjunto cálice e corola, onde ambos serão formados por peças livres ou soldadas, cálice de sépalas livres, têm-se cálice dialissépalo, já o de sépalas soldadas têm-se cálice gamossépalo. O mesmo prefixo utiliza-se em caso de corolas, para as de pétalas livres diz-se corola dialipétala e as que possuem pétalas soldadas, corola gamopétala. Quanto à simetria floral, pode-se dizer que uma flor pode ser radiada(actinomorfa), quando vários planos de simetria passam pelo seu eixo, simetria bilateral(zigomorfa), somente dois planos de simetria e por fim as completamente assimétricas. Formações florais consideradas epígenas, são aquelas que as demais partes situam-se acima do ovário, portanto ovário ínfero, onde este é envolvido pelo hipanto que por sua vez pode resultar da fusão parcial do cálice, corola e androceu. As flores consideradas hipóginas, são as que apresentam todos os elementos abaixo do ovário, portanto ovário súpero, podendo apresentar hipanto ou não. Androceu, conjunto de estames que são os órgãos masculinos florais, cada estame é composto por um filete que em seu ápice possui a antera, onde formam-se e comportam-se os grãos de pólen, entre o filete e a antera, têm-se o conectivo ou zona de inserção e tal inserção apresenta-se de pelo menos três maneiras: basal, medial e apical, em relação à antera. A deiscência da antera pode ocorrer também em três formas distintas, que são: longitudinal, poricida e valvar. Gineceu, conjunto de pistilos, órgãos femininos da flor onde cada pistilo é formado por um ovário, estilete e estigma, sendo o ovário localizado na região inferior e dilatada do pistilo, contendo um ou mais óvulos que por vez transformam-se em sementes - cada ovário é constituído por uma ou mais lojas (os carpelos). O estilete caracterizado entre o ovário e o estigma, destroem e conduzem os grãos de pólen até o ovário, já o estigma localiza-se no ápice do estilete e recebe os grãos de pólen, uma das primeiras fases da polinização. O fenômeno de polinização, se dá por diversos agentes, onde o vento e certos animais desempenham esse papel. Também existem casos de polinização direta, sendo o pólen de uma flor com o gineceu da mesma, isto só é possível em flores monoclinas (bissexuadas ou hermafroditas) e em flores diclinas (unissexuadas) é somente possível a polinização cruzada, sendo anemófila (quando pelo vento), entomófila (quando por insetos), ornitófila (quando por pássaros) e também por outros animais inclusive o homem. Flores anemófilas são desprovidas de corola vistosa e de outras glândulas produtoras de odores e néctar, mas em consequência, produzem grande quantidade de pólen nas masculinas e estigmas plumosos com superfície ampla nas femininas. As flores entomófilas e ornitófilas, o pólen é transportado por insetos e pássaros sucessivamente de uma flor para outra. Essas sim possuem corolas com cores vistosas e glândulas produtoras de atrativos como os nectários que são bastantes desenvolvidos em certas Euforbiáceas. Existem ainda fenômenos que dificultam e/ou evitam a polinização direta em flores bissexuadas, sendo denominados como: a dicogamia (amadurecimento do gineceu e androceu em tempos diferentes) abrange a protoginia - onde os estigmas amadurecem antes das anteras e protandria - sendo as anteras que amadurecem antes dos estigmas; a hercogamia (presença de uma barreira física, impedindo a autopolinização) e heterostilia (flores de dois ou mais tipos, onde o comprimento dos estiletes superam o comprimento dos estames) oposto à homostilia. Fruto, como mencionado no início, é proveniente do resultado do desenvolvimento do ovário, com uma ou mais sementes que surgem à parir de óvulos fecundados. Frequentemente o ovário só transformarse-á em fruto após a polinização do gineceu. Existe também a formação de frutos pelo fenômeno da partenocarpia, que é a formação de frutos sem fecundação, os óvulos por consequência não produzem sementes, quando isto ocorre, as sementes se desenvolvem com imperfeição e são estéreis. É fato considerar a semente, parte integrante do fruto, onde este constitui-se de duas partes fundamentais, o fruto propriamente dito ou pericarpo, composto de: epicarpo, mesocarpo, endocarpo e a semente. Tratando-se de frutos carnosos temos: em Persea americana(abacate) o fruto com origem de um ovário unicarpelar, com uma única semente na única loja existente. Já em Lycopersicum esculentum(tomate) pode-se considerar maior complexidade, o ovário que dá origem ao fruto, pode ser bicarpelar ou tricarpelar, nas lojas muitas sementes são encontradas. Os frutos são divididos em dois grupos principais, os secos e os carnosos, sendo os secos subdivididos em deiscentes e indeiscentes e os carnosos em bagas e drupas. Baga, fruto simples indeiscente, frequentemente com várias sementes, que se origina de um ovário simples ou composto, por exmplo: abóbora, uva, tomate. Drupa, fruto simples com endocarpo duro, concrescido com o tegumento da única semente geralmente existente, formando o que se costuma chamar de caroço, que representa a unidade de dispersão, por exemplo: pêssego, ameixa. Frutos secos, assim são chamados pois possuem pericarpo seco, os deiscentes abrem-se quando maduros e ainda dividem-se em folículo, presente um só carpelo e abertura por uma fenda longitudinal; legume, presente um só carpelo e abertura por duas fendas longitudinais; cápsula, dois ou mais carpelos e diferentes modos de deiscência: - septicida, abertura pela linha de união dos carpelos Rhododendron sp.(azaleia). loculicida, abertura pelo meio de cada carpelo Gossypium herbaceum(algodão). - pixidária, abertura por uma linha transversal Bertholletia excelsa(castanha-do-Pará). - poricida, abertura por poros Papaver somniferum(papoula) e síliqua, dois carpelos, abertura deixando um persistente septo mediano, trata-se da deiscência septífraga que parte dos carpelos permanece no eixo do fruto Brassica oleracea(couve). Enquanto os indeiscentes não se abrem quando maduros e podem ser: aquênio, simples com uma única semente presa à parede do fruto, em um só ponto Helianthus annuus(girassol). - cariopse, simples com uma só semente, onde o tegumento está concrescido com o pericarpo em toda a sua extensão, comumente chamado de grão Zea mays(milho). - sâmara, simples e uma só semente geralmente, também provido de uma ou mais alas, podem apresentar-se isoladamente ou em grupos de duas ou três sâmaras. Temos também o que se chama de pseudofruto, geralmente proveniente de diferentes partes de uma ou mais flores. Destacam-se pela ordem os seguintes tipos: - simples, não provêm de ovários, mais de outras partes de uma só flor, por exemplo, Anacardium occidentale(caju) onde o verdadeiro fruto é a castanha e sua parte carnosa trata-se do desenvolvimento do pedúnculo floral. - compostos, provenientes de diversos ovários de uma só flor, por exemplo, Fragaria vesca(morango). - múltiplos, provenientes de diversas partes de diversas flores (inflorescências), a inflorescência feminina que se transforma no pseudofruto, por consequência é uma infrutescência, por exemplo, Ananas comosus(abacaxi). Semente, são produzidas por todas as plantas que produzem flores, ou seja, as fanerógamas. Distribuem-se em angiospermas e gimnospermas, as primeiras são produtoras de frutos e as segundas produzem sementes nuas, na base de folhas carpelares abertas. O ovário das angiospermas são também folhas carpelares, enroladas e soldadas em seus bordos, que como já visto dará origem ao fruto. Uma semente completa, possui fundamentalmente, tegumento, amêndoa e embrião. O embrião pode ainda ser revestido por um tecido nutritivo, denominado albúmen ou endosperma. O tegumento ou casca, é formado por duas membranas a testa, que é muito espessa e resistente e o tégmen, uma película fina que envolve a amêndoa. Qualquer semente fértil, em meio adequado e úmido, absorve água e germina. A embebição é a primeira fase da germinação, caracterizada por um grande aumento no volume da semente, o qual não interfere na vitalidade da semente (intensa entrada de água, por processos físicos). O tegumento acompanha parcialmente o volume interno da semente, até romper-se logo depois que o embrião começa a crescer e alcança o exterior. A primeira parte a sair é a radícula, com geotropismo positivo, penetra em posição vertical no substrato, daí se ramificará, formando o sistema radicular. Oposto a radícula, outro eixo desenvolve-se, o caulículo que possui geotropismo negativo, direcionando-se à superfície do substrato e transformando-se em caule, ramos e folhas. Referências Bibliográficas ESAU K. Anatomia das Plantas com Sementes Edgard Blücher Ltda. - São Paulo - 1998 293. RAVEN P.H. EVERT R.F. EICHHORN S.E. Biologia Vegetal Rio de Janeiro - 2001 - 906. Guanabara Koogan S.A. - FERRI M.G. Glossário Ilustrado de Botânica Nobel - São Paulo - 2005 - 196.