CULTURA POPULAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Zeneide P. Cordeiro¹
RESUMO
A presente pesquisa propõe uma reflexão crítica sobre a importância do estudo da
cultura popular na educação básica inserido nos conteúdos da disciplina Arte. Tomando como
referência os pressupostos teóricos dos autores; GEERTZ (1989), ASSUNÇÃO (1999),
SANTOS (1993), SANTOS (2011), SODRÉ (1988), que abordam conceitos de cultura
popular e identidade cultural; SALES (1990), BARBOSA (2005), BUORO (2002), FRANÇA
(2006), falam do ensino e da história da arte-educação no Brasil, PCN-ARTE (1988),
REFERENCIAL CURRICULAR/ARTE (2010), LDB (2010), CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (1989), a proposta é analisar a importância de
conhecer e reconhecer a cultura no ensino básico através dos conteúdos de artes visuais
expostos em sala de aula.
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
INTRODUÇÃO
A valorização da cultura popular e da historicidade regional contribui para uma
sociedade desenvolver a individualidade e a coletividade entre seus membros, fortalecendo a
busca do desenvolvimento proveniente de sua própria criatividade e dos seus valores
individuais e suas sociedades interagem com o mundo a sua volta.
As manifestações culturais são caracterizadas como capazes de significar e produzir
significações de identidades regionais e pessoais, por produzir uma realidade nascida da
ritualização da memória de um povo, com acontecimentos variados, permanecendo com o
passar dos tempos, transforma-se e reconstrói a tradição, de acordo com as mudanças sociais,
econômicas, étnicas e culturais.
Considerando a importância da valorização da cultura popular na formação intelectual
de um indivíduo, este artigo mostra propostas sobre o tema citado para ser trabalhado em sala
de aula durante as aulas de artes visuais.
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
CULTURA POPULAR
A cultura é um elemento constituinte básico da criação e identificação de uma
comunidade é inerente ao próprio cotidiano e perpetua-se com o passar das gerações.
A cultura popular refere-se ao domínio coletivo onde o popular é igual à cultura, sua
valorização é importante para uma construção identitária do sujeito social, na medida em que
agrega valores de outros sujeitos permite de forma crítica trabalhar nos contrastes e
diferênças. Conforme CUCHE (2002).
As culturas populares revelam-se na análise, nem inteiramente autônomas, nem pura
imitação, nem pura criação, por isso elas confirmam que toda cultura particular é
uma reunião de elementos originais e importantes, de invenções próprias e de
empréstimos, como qualquer cultura elas são homogêneas sem ser, por esta razão,
incoerentes. (CUCHE, 2007, P.3).
Nesse sentido, o conceito ganha ampliações que ultrapassa a visão de cultura como
conjuntos de elementos delimitadores de diferênças entre diversos povos. O entendimento de
cultura popular é um dos mecanismos necessários para a formação da identidade de uma
pessoa.
A identidade de um indivíduo é caracterizada pelo conjunto de suas ações vinculadas
em um sistema social. A cultura popular diversifica-se em face das mudanças sociais,
econômicas, políticas e tecnológicas que ocorrem em uma nação está ligada a vida do homem
em um estado dinâmico.
CULTURA POPULAR: CONTEÚDO A SER ESTUDADO NA DISCIPLINA ARTE
NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Cultura popular e arte - educação podem adquirir significados muito diferentes,
dependendo do contexto ou da sociedade a partir da qual foi pensada, numa sociedade como a
brasileira, profundamente marcada por múltiplas hierarquias e desigualdades, a ideia de
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(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
cultura antes tudo é associada à sofisticação, à erudição e a educação formal, uma vez
aproximada à categoria popular produz uma estranha dissonância.
Para superar essa hierarquização das expressões culturais subalternas e culturais
dominantes, é necessária outra visão do processo cultural como um todo, mas também da
educação e da escola, valorizar a importância da cultura popular é fazê-la ocupar um lugar
privilegiado de onde se pode pensar e ver criticamente os princípios sociais e a história do
Brasil. Na educação brasileira falta uma hierarquização entre ensino da Arte e Arte popular
nos conteúdos da história da arte, entretanto existe uma tendência de mudança em prol desse
quadro, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, que atribuem critérios de
conteúdos de arte e a importância do estudo e do respeito à diversidade cultural.
O PCN de Arte impõe uma revisão de currículo que orienta o trabalho dos professores
e professoras de arte, com a intenção de ampliar e aprofundar um debate que envolve escolas,
pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação no sistema educativo brasileiro
através da valorização da importância do ensino e aprendizagem da Arte.
A educação artística deve ser uma educação de espontaneidade estética e de
capacidade de criação manifestada pelo aluno, não deve ser aplicada de forma imposta de
aceitação passiva de um ideal completamente elaborado.
Os parâmetros curriculares foram elaborados, procurando de um lado respeitar
diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro considerar a
necessidade de construir referências nacionais comuns no processo educativo em
todas as regiões brasileiras. Com isso pretende-se criar condições, nas escolas, que
permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente
elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. (PCN-Arte,
1998, p.5).
Nesta perspectiva é fundamental que o professor, alunos e a sociedade percebam que a
arte na educação: área de conhecimento, que se refere a disciplina, é tão importante quanto
qualquer outra e, requer o estabelecimento de objetivos claros, escolhas de conteúdos
coerentes e planejamento adequado, de ação didática; que diz respeito a ludicidade e
vivacidade da linguagem da arte.
A arte é uma linguagem manifestada desde o surgimento do homem na terra, é
estruturada, modificada de acordo com diferentes culturas e épocas, de maneira singular. O
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conhecimento desta linguagem contribuirá para maior conhecimento do homem e do mundo,
portanto, a finalidade da Arte na educação é propiciar uma relação mais consciente do homem
no mundo, contribuindo na formação dos indivíduos mais críticos e criativos que, no futuro,
atuarão na transformação da sociedade. Usada como estratégia didática ou área do
conhecimento a arte só tem o que contribuir com o desenvolvimento da educação brasileira,
embora tenha se evidenciado que há uma dificuldade dos professores em entender e trabalhar
os conteúdos da disciplina Arte, tais como; poder as imagens, dos sons e movimento como
fonte de conhecimentos, leitura de obras de arte, história da arte ocidental e regional.
Estes conhecimentos são importantes em sala por serem objetos facilitadores de
conhecimentos de outras áreas científicas, aglutinam múltiplas formas de saber. As obras de
arte além de serem objetos de apreciação estética, são o resultado de uma experiência de vida
desvelada pelo processo de criação do artista e pelo sistema de signo da obra. Partilhamos da
sua criação quando no momento da leitura somos interpretantes, criando signos-pensamentos,
habitando a obra, recriando-a.
Ministrar aulas de arte não é só mandar um aluno fazer um desenho e pintar, ou uma
colagem, uma escultura, aplicar técnicas de atividades práticas, ser professor de arte é,
sobretudo ter uma grande possibilidade em ensinar atividades práticas e técnicas artísticas,
com base nos conceitos da história da arte nos contextos sociais, culturais e históricos de uma
sociedade e realidade do aluno. Na atualidade a escola vem se tornando o principal agente
formador da criança, e tem se responsabilizado por tomar conta dessa criança, o que antes era
um papel cumprido principalmente pelas famílias e depois pela escola e a comunidade. Com a
maioria das mulheres trabalhando fora de casa, os resultados educacionais oriundos da préescola e da família ficaram definitivamente ligados. Nesse panorama, a escola passa a ser
agente fundamental na formação cultural do indivíduo, enfrentando o desafio constante de
reconhecer, acolher e trabalhar com as diferentes bagagens culturais que cada aluno traz
consigo e que estão presentes no ambiente de sala de aula e da escola como um todo. Nesse
sentido o diálogo entre diferentes culturas passa a ser fundamental para que haja troca de
experiências e uma consequente ampliação do universo cultural dos alunos. ABRAMOWICZ,
(2006) afirma que:
Integrar as representações culturais na aula de arte é cumprir um importante papel na
difusão e socialização tanto de informações, quanto de conquistas da sensibilidade e
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da consciência humana. Essa estratégia pode ser capaz de favorecer o equilíbrio
desejado nas chances de ampliação do conhecimento tanto individual quanto
interativo. Conjugar em proporções particulares e bem dosadas o ensino da cultura
popular é o mesmo que resgatar a integração do saber com prazer e sabor.
(ABRAMOWICZ, 2006, p.82).
Compreende-se que é preciso repensar a formação do educador e do educando no
sentido de possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e do perceber a
função do ensino da disciplina Arte em sala de aula deve ser tão importante como o da
ciência.
BARBOSA, (2005), destaca que; “Hoje a aspiração dos arte-educadores é influir
positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes”. Percebe-se a importância dos
professores de arte em valorizar os conhecimentos culturais de cada aluno, por meio dos
conhecimentos culturais dos estudantes e dos conhecimentos da arte, os alunos ganham
potencialização da recepção crítica em relação a sociedade, política, cultura e arte. Através da
arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação para apreender a realidade do meio
ambiente, desenvolver a capacidade criadora de maneira a mudar a realidade que foi
analisada. “A arte na educação, como expressão pessoal e como cultura, é um importante
instrumento para identificação cultural e o desenvolvimento individual do ser humano”
(BARBOSA, 2005, p.99).
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
CONCLUSÃO
O objetivo desta pesquisa foi destacar a importância do estudo da cultura popular na
educação básica, através da disciplina Arte.
Durante a realização deste trabalho observou-se que a cultura popular é um elemento
constituinte básico da criação e identificação de uma comunidade. Apesar da sua significação
e importância ainda é pouco estudada e discutida em sala de aula. Para a execução deste
trabalho foram consultadas diversas bibliografias, documentários, periódicos, entrevistas em
jornais e revistas, sobre cultura popular e o ensino da arte no Brasil.
A valorização da cultura popular é importante para uma construção identitária de um
sujeito social, na medida em que agrega valores de outros sujeitos e permite de forma crítica
trabalhar nos contrastes e diferenças.
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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preliminares. In: Boletim da Comissão Maranhense nº 14. São Luís: CMF, agosto, 1999.
GEERTZ, Clifford. A interação das culturas. Rio de Janeiro. Guanabara, 1989.
SANTOS, Milton: O espaço do cidadão. Nobel. São Paulo, 1993.
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educação básica. UFMA, 2011. (Dissertação).
BARBOSA, Ana Mae, (org.) Vários autores. Arte/ Educação Contemporânea: consonâncias
internacionais. São Paulo. Cortez, 2005.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. LDB passo a passo: Lei de diretrizes e bases da educação
nacional comentada. São Paulo: Avercamp, 2010.
__________________. A imagem no ensino da arte. Perspectiva. São Paulo, 1991.
BUORO, Anamelia Bueno: Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. Cortez.
São Paulo. 2002.
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aprendizagem da Arte na escola. SP. Cortez, 2003.
FRANÇA, Léa Carneiro de Zumpano. O ensino de desenho, saberes e práticas das
professoras de Arte: Um olhar... Muitas possibilidades. Uberlândia, 2006. (Dissertação).
FERREIRA, Carla georgea Silva. Bumba-meu quilombo: o festival de boi de zabumba em
São Luís. UFMA. 2006.
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
PCN- ARTE. Secretária de Educação - Brasília, MEC. 1998.
PLANO MUNICIPAL DE CULTURA: decênio 2013- 2023. São Luís- MA, 2013.
REFERENCIAL CURRICULAR/ARTE 5ª a 8ª Série/ 6º ao 9º Ano. Secretária do Estado da
Educação do MA- São Luís, 2010.
¹ Graduada em Educação Artística – habilitação em Artes Plásticas, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – Faculdade Laboro de São Luís – MA.
Mestranda da Universidade Católica Portuguesa.
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