Helmintos FASCIOLOSE ► ► ► ► A Fasciola hepatica Lineu, 1758 é um parasito de canais biliares de ovinos, caprinos, suínos e vários mamíferos silvestres. É encontrada em quase todos os países do mundo, nas áreas úmidas, alagadiças ou sujeitas a inundações periódicas. A Fasciola hepatica foi assinalada no Brasil, pela primeira vez, em 1918, em bovinos e ovinos do Rio Grande do Sul. Atualmente (1999) já é encontrada em animais nos seguintes Estados: S. Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, E. Santo, M. Gerais e M. Grosso do Sul. Habitat •A Fasciola hepatica é encontrada no interior da vesícula e canais biliares mais calibrosos de seus hospedeiros usuais; • no homem, que não é o seu hospedeiro habitual, pode ser encontrada nas vias biliares, como também nos alvéolos pulmonares e esporadicamente em outros locais. Morfologia • Entre os criadores de animais, esse helminto é popularmente conhecido como “baratinha do fígado”. • O verme adulto tem um aspecto foliáceo; mede cerca de 3cm de comprimento por 1,5cm de largura e tem cor pardo-acinzentada. • Esse parasito é hermafrodita, apresentando um ovário e dois testículos. • O tegumento apresenta-se coberto por espinhos recorrentes disseminados na porção anterior do helminto. Patogenia • A fasciolose é um processo inflamatório crônico do fígado e ductos biliares. • É mais grave nos animais, onde a migração simultânea de grande quantidade de formas imaturas pelo fígado causa uma hepatite traumática e hemorragias. • Além disso, provoca perda de peso, diminuição da produção de leite e, mesmo, morte dos animais. • Fêmeas grávidas ingerindo metacercárias podem ter seus fetos infectados. • A presença dos parasitos adultos dentro dos ductos biliares, em movimentação constante e possuindo espinhos na cutícula, provocam ulcerações e irritações do endotélio dos ductos, levando a uma hiperplasia epitelial. • Em seguida, há reação cicatricial, com concreções na luz dos ductos, enrijecimento das paredes devido à fibrose e posterior deposição de sais de cálcio. Essas alterações levam a uma diminuição do fluxo biliar, provocando cirrose e insuficiência hepática. Epidemiologia: • A fasciolose é uma zoonose na qual as fontes de infecção para o homem são as formas larvárias provenientes de caramujos, infectados principalmente por miracídios provenientes de ovos expelidos juntos com fezes de ovinos e bovinos. • Em Curitiba, Paraná, em área endêmica de fasciolose, de119 caprinos examinados, 59 (42,8%) apresentavam-se positivos, eliminando ovos viáveis nas fezes. • No Sul do Brasil, o ratão de banhado e a lebre também podem albergar o parasito e disseminá-lo na natureza. Além dos animais citados, cavalos, búfalos, porcos e cães podem funcionar como reservatórios do helminto Diagnóstico • Pode ser feita a pesquisa de ovos nas fezes ou na bile (tubagem) - resultados negativos, mesmo com a presença de parasito – deve associar aos sinais clínicos e epidemiológicos • Diagnóstico sorológico oferece maior segurança, apesar de não possuir sensibilidade muito elevada e pode cruzar com esquistossomose e hidatidose. • Os métodos sorológicos mais indicados são: intradermorreação, imunofluorescência, reação de fixação do complemento e ELISA. HIDATIOSE AGENTE ETIOLÓGICO: Echinococcus granulosus 1. DESCRIÇÃO: Grande incidência em região de criação de carneiros. •Forma adulta cães. Forma larvar (CISTO HIDÁTICO) ovelhas bovinos e suínos. Brasil: casos de hidatidose humana e animal principalmente no RS. Maior prevalência no mundo: Argentina, Uruguai e Chile. No homem: ingestão de ovos nas fezes de cães infectados Problema econômico e de saúde pública: - Prejuízo pelo descarte de vísceras contaminadas dos animais. - Custo hospitalar dos pacientes: cirurgia. É endêmica: Argentina, Brasil (RS), Chile, Peru e Uruguai. Intensa campanha profilática: decréscimo lento devido aos métodos de criação de carneiros e hábitos alimentares do gaúcho. Fig 1: Echinococcus granulosus - parasitos adultos Fig 2: morfologia de E granulosus e cisto hidático Fig 3: Echinococcus granulosus - Cisto Hidático Fig 4: Echinococcus granulosus - Areia Hidática 4. HABITAT: Verme adulto: intestino delgado de cães. • Cisto hidático: fígado, pulmão de ovino, bovino, suíno e acidentalmente, no homem. 5. TRANSMISSÃO: Cão: EQUINOCOCOSE ingestão de vísceras dos hospedeiros intermediários (ovelhas), contendo cisto hidático. Ovinos, bovinos, suínos e homem: HIDATIDOSE ingestão de ovos do verme adulto alimentos mão na boca (principalmente em crianças). 6. CICLO BIOLÓGICO: •Os ovos são eliminados nas fezes do cão, contaminando o solo, contaminando o solo, água, pasto – é ingerido por hóspedes intermediários (ovinos, bovinos, porcinos, homem, etc). •No intestino delgado dos animais, o ovo libera o embrião hexacanto, que penetra na mucosa e, através da circulação portal, chega ao fígado. Nesse órgão pode fixar-se, mas se liberado segue através da veia cava ao coração e deste aos pulmões. 7. PATOGENIA: Cão: verme adulto infecções maciças: diarréia, emagrecimento e apatia. Ovinos, bovinos, suínos: não ocorre alterações graves são abatidos cedo. Homem: alterações graves de crescimento lento. a. Ação mecânica: Tumor no órgão atingido. b.Ação imunitária: reações - Função do órgão atingido diminuída compressão sensação de peso ou dor. - No fígado: compressão do sistema porta estase sanguínea e formação de ascite ou perturbação do fluxo biliar. de hipersensibilidade: (urticária, edemas, asma e até choque anafilático). - No pulmão: dificuldade respiratória. c. Rompimento de uma hidátide: Cirurgia rompimento liberação de fragmentos de vesículas, membranas e escóleces embolias (pulmão) ou originar novos cistos hidáticos (hidatidose secundária) disseminação morte. 8.2 Laboratorial: * No cão: é difícil (outras tênias que parasitam o cão possuem ovos semelhantes). * Nos ovinos: finalidade profilática eliminação de ovelhas positivas - * Na hidatidose humana: - Raios X: não é decisivo; é usado para localização, determinação da forma e tamanho do cisto. - Microscopia: pouco usado; casos de ruptura do cisto: pesquisase escóleces na urina, expectoração brônquica e líquidos pleurais ou abdominais. -Reações imunológicas: imunoeletroforese, aglutinação do látex, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta, imunodifusão dupla. 9. EPIDEMIOLOGIA: - Criação de ovelhas em regime extensivo. - Uso de cães pastores na guarda na guarda do rebanho. - Alimentação de cães com vísceras cruas de ovinos. - Relacionamento do cão pastor com seres humanos (crianças) em ambiente familiar. - Maior incidência entre criadores de ovelhas (e seus familiares), trabalhadores em fazendas e matadouros. 11. TRATAMENTO: - Cães parasitados: DRONCIT (praziquantel). -Cisto hidático: Mebendazole em doses prolongadas mata os escóleces e reduz o tamanho do cisto (cistos jovens). -Cistos maiores: Mebendazole e cirurgia 10. PROFILAXIA: - Melhoria das condições criatórias de ovelhas - RS. - Não alimentar cães com vísceras cruas de ovinos, bovinos ou suínos. - Educação sanitária. - Controle dos matadouros: incinerando as vísceras que contenham cisto hidático. - Tratamento obrigatório de todos os cães da região com Praziquantel, a cada 45 dias. - Fiscalização sanitária nos frigoríficos e cooperativas de abate. Difilobotríase ► A difilobotríase é uma doença comum em áreas com hábito alimentar de ingestão de peixes crus ou mal-cozidos ocorrendo na América do Sul registro de casos de difilobotríase veiculada por peixes de água doce (Diphyllobothrium latum) ou de água salgada (Diphyllobothrium pacificum) no Chile, Peru e Argentina, tendo sido notificado casos recentes no estado de São Paulo, atribuído a ingestão de salmão cru. A maioria das infecções é assintomática e nas infecções sintomáticas os sintomas mais freqüentes são: dor, desconforto abdominal, flatulência, diarréia e, com menor frequência, vômito e perda de peso sendo uma complicação importante a anemia perniciosa grave. O tempo decorrido entre a ingestão da larva e a detecção de ovos nas fezes do hospedeiro é de 5 a 6 semanas. Diagnóstico laboratorial ► O diagnóstico da parasitose é laboratorial, feito a partir de exames microscópicos de amostras de fezes ou das proglotes eliminadas nas fezes. O número de ovos por grama de fezes usualmente é elevado, e podem ser demonstrados sem técnicas específicas de concentração. O procedimento de investigação das proglotes é de grande valia para o diagnóstico. • O parasita pode persistir no intestino humano por mais de dez anos, instalando-se no intestino delgado e podendo atingir até dez metros de comprimento, com mais de 3.000 proglotes • O tratamento é feito com praziquantel (Cestox®), na dose de 10 mg/kg de massa corpórea em dose única, podendo ser necessária administração da vitamina B12 para correção da anemia.