Designação Title Ajuda Humanitária e Política Internacional: novos enfoques Humanitarian Aid and International Policy: new areas of focus Unidade de I&D da FCT FCT R&D Unit Instituto de Sociologia Institute of Sociology Entidade(s) financiadora(s) Funding Organisation(s) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (N.º de processo: 490306/2010-1) Investigador responsável Head Researcher Reginaldo Mattar Nasser (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Área científica Scientific Area Sociologia; Relações Internacionais Sociology; International Relations Palavras-chave Key words Segurança Humana; Conflito; Auxílio ao Desenvolvimento; Intervenção humanitária Human Security; Conflict; Development Aid; Humanitarian Assistance Data de início Starting date Dezembro de 2010 December 2010 Data de conclusão Ending date Dezembro de 2012 December 2012 Investigadores Researchers Investigador Responsável: Reginaldo Mattar Nasser (PUC-SP); Instituto de Sociologia da FLUP: Eduardo Rodrigues Instituições colaboradoras Partner Institutions Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Entidade promotora); Departamento de Relações Internacionais da PUC - Rio de Janeiro; Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Resumo Abstract Durante a década de noventa, o alcance, escala e a dimensão da ajuda humanitária aumentou de forma extraordinária. O volume mundial de assistência humanitária triplicou, passando de dois bilhões de dólares no início da década de 90 para seis bilhões em 2000. O Brasil está se tornando rapidamente um dos maiores fornecedores mundiais de ajuda aos países pobres, embora os dados oficiais ainda não reflictam o fenómeno. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que funciona como "assistência técnica" (serviços de consultoria e projectos científicos), tem um orçamento de 52 milhões de reais para esse ano de 2010, mas estudos realizados pelo Overseas Development Institute da Grã-Bretanha e do International Development Research Centre (Canadá) informam que outras instituições brasileiras gastam 15 vezes mais do que esse orçamento da ABC com os seus próprios programas de assistência técnica. Apesar de não ter uma estratégia de consolidação da paz autónoma e ter um perfil baixo em relação às contribuições financeiras, Portugal tenta adaptar-se a certas práticas internacionais, reflectindo as recentes mudanças e evoluções da agenda internacional. Um sinal desta tendência é a priorização dos Estados considerados falidos e as preocupações com a segurança humana. Nove dos dez maiores beneficiários da ajuda portuguesa são considerados frágeis ou afectados por conflitos. Com o final da Guerra Fria, o termo “humanitário” passa a ocupar um lugar de destaque na política internacional: conflitos armados, crises humanitárias, deslocamentos forçados, operações de manutenção da paz, organizações humanitárias, trabalhadores expatriados e nacionais etc. Nos contextos de conflitos armados a ajuda se converte em um elemento a mais que deve ser levado em consideração na análise das dinâmicas dos conflitos, bem como nos comportamentos das comunidades e suas estruturas de poder. As dinâmicas e interesses dos receptores de ajuda se adaptam quando entram em contacto com os atores humanitários e com uma ajuda que passa a formar parte de seu entorno. Por outra parte, as decisões, atitudes e comportamentos dos atores humanitários em sua interacção com as sociedades auxiliadas deveriam estar, idealmente, baseadas em princípios universais e na necessidade imediata de reduzir o sofrimento humano. Entretanto, esses atores arrastam consigo valores, ideias e programas de acção, motivados por diversos interesses. Em termos práticos, a pergunta a fazer é: em que medida Brasil e Portugal podem efectivamente ajustar os mecanismos de auxílio humanitário nesse novo contexto internacional? During the 1990s, the range, scale and dimension of humanitarian aid increased exponentially. The world volume of humanitarian assistance trebled, going from two billion dollars at the beginning of the 1990s to six billion in 2000. Brazil is rapidly becoming one of the largest world aid donors to poor countries, even though the official data does not yet reflect this phenomenon. The Brazilian Cooperation Agency (Agência Brasileira de Cooperação – ABC), which operates as “technical assistance” (consultancy services and scientific projects), worked with a budget of 52 million reais in 2010, but studies conducted by the Overseas Development Institute (United Kingdom) and the International Development Research Centre (Canada) report that other Brazilian institutions spend 15 times more than ABC on their own technical assistance programmes. Although lacking an autonomous peace consolidation strategy and having a low profile in terms of financial contributions, Portugal tries to adapt to certain international practices, reflected in recent changes and shifts in its international agenda. A sign of this trend is how priority has been given to States considered bankrupt and the concerns with human security. Nine of the ten largest Portuguese aid beneficiaries are considered vulnerable or affected by conflict. With the end of the Cold War, the term “humanitarian” came to occupy a relevant place in international politics: armed conflicts, humanitarian crises, forced displacements, peacekeeping operations, humanitarian organizations, expatriate and national workers; etc. In contexts of armed conflict, aid becomes one more element that should be taken into account when analyzing the dynamics of conflicts, as well as its effect on the behaviours of communities and their power structures. The dynamics and interests of aid beneficiaries adapt when they come into contact with humanitarian agents, and with forms of aid that become part of their environment. Furthermore, the decisions, attitudes and behaviours of humanitarian agents in their interaction with the societies they aid should also be based on universal principles and on the immediate need to reduce human suffering. However, these agents take with them values, ideas and intervention programmes that are motivated by a diversity of interests. In practical terms, the question one needs to ask is: to what extent can Brazil and Portugal effectively adjust the mechanisms of humanitarian aid to this new international context?