Artigo Original AVALIAÇÃO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM SOBREVIVENTES EM LONGO PRAZO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO EVALUATION OF DEPRESSIVE SYMPTOMS IN LONG-TERM SURVIVALS OF HEAD AND NECK CANCER TREATMENT 1 JOSÉ GUILHERME VARTANIAN ANDRÉ LOPES CARVALHO2 ANDRÉ YWATA DE CARVALHO3 GUSTAVO MELO BENEVIDES3 ÁLVARO SANÁBRIA4 5 JULIA TOYOTA 6 LUIZ PAULO KOWALSKI RESUMO Introdução: O câncer de cabeça e pescoço pode ter um impacto psicológico significativo nos pacientes, principalmente em pacientes com doença avançada, que representam a maioria dos casos, em nosso meio. Objetivo: Avaliar a ocorrência de sintomas depressivos nos sobreviventes em longo prazo do tratamento do câncer de cabeça e pescoço na instituição e avaliar possíveis variáveis associadas, assim como a relação dos sintomas depressivos com o questionário de avaliação de qualidade de vida da Universidade de Washington (UW-QOL). Pacientes e método: Estudo prospectivo de uma série consecutiva de pacientes com carcinoma espinocelular tratados na instituição com, pelo menos, um ano de sobrevida livre de doença. Foram utilizados um questionário para avaliar sintomas de ansiedade e depressão (HAD - Hospital Anxiety 1- Médico Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital do Câncer A. C. Camargo. 2- Médico Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital do Câncer A. C. Camargo. Doutor em Oncologia pela FMUSP. 3- Médicos Residentes em Cirurgia Oncológica com especialização em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Hospital do Câncer A. C. Camargo. 4- Cirurgião Geral e Epidemiologista Clínico, Departamento de Cirurgia da Pontifícia Universidade Javeriana de Bogotá, Colômbia. Fellow em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pelo Hospital do Câncer A.C.Camargo. 5- Enfermeira do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital do Câncer A. C. Camargo. 6- Diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital do Câncer A. C. Camargo. Professor Livre-Docente em Oncologia pela FMUSP. and Depression Scale) e o questionário de qualidade de vida da Universidade de Washington (UW-QOL). Resultados: Um total de 156 pacientes foi estudado. Todos preencheram o questionário HAD e, destes, 109 o questionário UW-QOL. A maioria foi do gênero masculino (82,7%), com idade mediana de 63 anos. A maior parte dos tumores era da cavidade oral (58 casos) e da laringe (54 casos). Em 43% dos casos, os tumores estavam em estádios iniciais (T1/T2). O tratamento cirúrgico foi realizado em 110 pacientes (70,5%), dos quais 63 (40,4%) realizaram radioterapia adjuvante; radioterapia exclusiva em 26 pacientes (16,7%); e tratamento combinado com quimio-radioterapia em 18 (11,5%). Doze pacientes (7,7%) apresentaram-se como casos duvidosos ou definidos para depressão pelo HAD, sendo mais freqüentes em idosos, pacientes N+ e, principalmente, naqueles submetidos a quimioterapia (p=0,036). Os resultados do HAD foram significativamente correlacionados com o domínio “humor” e com o escore composto do questionário UW-QOL. Conclusão: Sintomas depressivos foram menos freqüentes neste estudo quando comparados à literatura internacional e foram significativamente associados com o uso de quimioterapia. Além disso, os sintomas foram correlacionados com o resultado do questionário UW-QOL e poderiam ser fatores potenciais para influenciar a qualidade de vida desses pacientes. Descritores: câncer de cabeça e pescoço; depressão; qualidade de vida. Instituição: Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia, Hospital do Câncer A.C.Camargo, São Paulo. ABSTRACT Correspondência: Dr. José Guilherme Vartanian, Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia, Hospital do Câncer A.C.Camargo, Rua Prof. Antônio Prudente, 211 – 01509-900 São Paulo, SP. E-mail: [email protected] Introduction: Head and neck cancer can have a significant psychological impact on the patients, mainly with advanced Recebido em: 15/08/2006; aceito para publicação em: 30/09/2006. 226 Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 35, nº 4, p. 226 - 229, outubro / novembro / dezembro 2006 disease, which represents the majority of cases in our country. Objective: To evaluate the occurrence of depressive symptoms in long-term survivals of head and neck cancer treatment in the institution and to evaluate the possible variables associated with them as well as the relation of depressive symptoms with the University of Washington quality of life evaluation questionnaire (UW-QOL). Methods: Prospective study of a consecutive series of patients with at least 1-year of disease-free survival after treatment for squamous cell carcinoma of the upper aerodigestive tract in the institution. Eligible subjects were invited to complete a questionnaire to evaluate anxiety and depression symptoms (Hospital Anxiety and Depression Scale - HAD) and the University of Washington Quality of Life Questionnaire (UWQOL). Results: A total of 156 patients completed the HAD and 109 of them also completed the UW-QOL questionnaires. Most were men (82.7%), with median age of 63 years. Most tumors were sited at the oral cavity (58 cases) and larynx (54 cases). In 43% of patients the tumors were at early stages (T1/T2). The treatment was surgery in 110 patients (70.5%), in which 63 (40.4%) performed adjuvant radiotherapy; chemoradiotherapy in 18 (11.5%) and 26 (16.7%) radiotherapy alone. Twelve patients (7.7%) presented as doubtful or definite cases for depression, being more frequent in patients older than 60 years, patients with node positive necks and, mainly, in patients submitted to chemotherapy (p=0.036). The HAD score was significantly correlated to the mood domain and to the composite score of the UW-QOL. Conclusion: Depressive symptoms were less frequent in this study than in the international studies and were significantly associated to the use of chemotherapy. Also, depressive symptoms were correlated to the UW-QOL questionnaire and could be a potential factor to influence the quality of life of such patients. Key words: Head and neck cancer; depression; quality of life. INTRODUÇÃO O câncer de cabeça e pescoço e seu tratamento podem acarretar alterações significativas em funções vitais relacionadas à alimentação, comunicação e interação social dos indivíduos afetados, com conseqüente sobrecarga psicológica, podendo resultar em um significante impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes1-4. Esses efeitos podem ser ainda mais devastadores em nosso meio, onde a maioria dos pacientes tem seu diagnóstico em fases avançadas da doença5. Dentre os efeitos psicológicos, os sintomas depressivos são bastante prevalentes, com taxas na literatura variando de 16% a 44% nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, sendo mais freqüentes que na população geral4,6. Porém, a maioria dos trabalhos envolve o estudo de pacientes durante o tratamento ou em fases mais precoces póstratamento4. Estudos prévios têm demonstrado que a ocorrência de depressão afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes, com uma correlação negativa bem evidente6,7. Como os sintomas depressivos são de alta prevalência em pacientes com câncer de cabeça e pescoço e por serem potencialmente tratáveis, os estudos que avaliam a situação emocional e a saúde mental dos indivíduos mostramse essenciais e relevantes nessa população de pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de sintomas depressivos nos pacientes sobreviventes em longo prazo pós-tratamento do câncer de cabeça e pescoço e avaliar as possíveis variáveis associadas com esses sintomas e sua correlação com o questionário de avaliação de qualidade de vida da Universidade de Washington. PACIENTES E MÉTODO Este foi um estudo prospectivo de uma série consecutiva de pacientes adultos tratados por carcinoma espinocelular (CEC) das vias aerodigestivas superiores no Hospital do Câncer A.C.Camargo, de outubro de 2004 a agosto de 2005. Foram incluídos os pacientes com, pelo menos, um ano de sobrevida livre de doença após o tratamento com intenção curativa. Os pacientes elegíveis foram convidados a participar do estudo de forma voluntária, durante suas consultas ambulatoriais de rotina no Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia. Os participantes recebiam e completavam dois questionários durante os intervalos de consulta: um questionário para a avaliação da presença de sintomas de ansiedade e depressão hospitalar (HAD – Hospital Anxiety and Depression Scale) e o questionário de avaliação de qualidade de vida da Universidade de Washington (UW-QOL). Uma enfermeira treinada (JT) supervisionava os pacientes durante o preenchimento e prestava esclarecimentos quanto aos mesmos, caso fosse solicitado pelos pacientes. O questionário HAD foi validade em português por Botega et al.8, sendo composto de 14 questões para avaliar sintomas de ansiedade e depressão em pacientes com doença física e subdividido em dois grupos – sete questões para avaliar ansiedade e sete para depressão. Cada questão tem um escore que varia de 0 a 3, sendo que a soma de cada sub-escala define a categoria dos pacientes: 0-7 não-casos; 8-10 casos duvidosos; 11-21 casos definidos (de ansiedade e/ou depressão). Nesse estudo, dividimos os escores em dois grupos: pacientes sem depressão (“não-casos”) e aqueles que poderiam ou teriam depressão (“casos duvidosos” e “casos definidos”). O questionário de qualidade de vida UWQOL foi traduzido e validado para a língua portuguesa em nossa instituição9, sendo que é composto por 12 domínios, com o escore de cada item variando de 0 a 100, com um escore composto sendo a média dos 12 domínios. Apresenta também uma questão onde o paciente pode assinalar quais desses domínios ele considera mais relevantes, assim como três questões globais separadas sobre qualidade de vida geral e relacionada à saúde, que podem ser analisadas separadamente. Ainda apresenta uma questão aberta no final para os pacientes fazerem suas considerações. Todos os pacientes assinavam um termo de consentimento pós-informado e o estudo foi conduzido com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Foi realizada uma análise descritiva dos resultados. A associação entre as variáveis com a ocorrência de depressão foi realizada através do teste de Qui-quadrado e Teste Exato de Fisher. Para a análise da correlação entre o questionário da UW-QOL e o questionário HAD, foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Para essas análises, foi usada a versão 10.0 do programa estatístico SPSS (SPSS Inc, Chicago, Il) para Windows. RESULTADOS Um total de 156 pacientes foi estudado, sendo que nenhum dos pacientes convidados recusou-se a participar do estudo. Todos completaram o questionário HAD, sendo que, 227 desses, 109 pacientes também completaram o questionário de qualidade de vida UW-QOL. Em relação ao gênero, 129 pacientes (82,7%) eram do gênero masculino, com idade variando de 34 a 85 anos, com mediana de 63 anos. Segundo a localização dos tumores, havia 58 casos tratados por tumores da cavidade oral (37,2%), 54 da laringe (34,6%), 23 da orofaringe (14,7%), 18 da hipofaringe (11,5%) e 3 da nasofaringe (1,9%). Os estádios T e N eram: 43% T1/T2; 57% T3/T4; 67,3% N0; e 32,7% N+. O tratamento realizado foi cirurgia em 110 pacientes (70,5%), dos quais 63 (40,4%) realizaram radioterapia adjuvante. Um total de 26 pacientes (16,7%) foi submetido à radioterapia exclusiva. Quimioterapia associada com radioterapia foi realizada em 18 pacientes (11,5%) como tratamento principal e, em nove pacientes, realizada como tratamento adjuvante em conjunto com a radioterapia após o tratamento cirúrgico. Dos pacientes operados, 97 (62,2%) foram submetidos a esvaziamento cervical ipsilateral e 46 (29,5%), a esvaziamento contra-lateral simultâneo. Em relação aos achados do HAD, de todos os pacientes estudados, 12 (7,7%) apresentaram-se como casos duvidosos ou definidos de depressão. Os sintomas depressivos foram mais freqüentes, embora não significativos estatisticamente, em pacientes acima de 60 anos (p=0.100) e em pacientes com metástases cervicais (N+) (p=0.053). Sintomas depressivos foram significativamente associados aos pacientes submetidos à quimioterapia (p=0.036) (Tabela 1). Não houve relação com as outras variáveis estudadas: gênero (p=0.349), sítio tumoral (p=0.124), estádio T (p=0.351), modalidades de tratamento (exclusivo x combinado) (p=0.542), realização de esvaziamento cervical (p=0.272) ou a realização de radioterapia adjuvante (p=0.306). Tabela 1 – Associação entre variáveis clínicas e terapêuticas e os grupos do HAD. *Teste exato de Fisher; **Teste Qui-quadrado 228 No grupo de pacientes que completaram o questionário de qualidade de vida (UW-QOL), o escore do HAD mostrou-se correlacionado negativamente de maneira significativa com o domínio “humor” do UW-QOL (r= - 0.576; p<0.001) e com o escore composto (r= - 0.455; p<0.001) (Figura 1). Figura 1 – Correlação entre o escore composto do questionário UW-QOL e o escore do HAD. DISCUSSÃO Vários estudos na literatura têm mostrado uma alta prevalência de sintomas depressivos na população oncológica10, sobretudo em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, principalmente, pela alta morbidade da doença, que se reflete em funções importantes como alimentação, comunicação e interação social dos pacientes1-4. A ocorrência de depressão, assim como outros fatores relacionados à saúde mental dos indivíduos, como alcoolismo e tabagismo, afetam negativamente a qualidade de vida dos indivíduos4,6,11. Porém, em um número significativo de pacientes, esses sintomas não são diagnosticados e tratados adequadamente4,6,12. A avaliação sistemática dessas condições poderia ajudar no diagnóstico precoce e propiciar tratamentos de suporte nesse grupo de pacientes. Diversos autores tentaram identificar variáveis clínico-epidemiológicas que poderiam estar correlacionadas à ocorrência de depressão na população de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, porém, os achados não foram similares entre os estudos4,11,13,14 . Entre as variáveis já citadas, encontramos estado civil14, consumo de álcool6,13, estádio avançado da doença14, presença de distúrbio de humor prévio ao tratamento4 e baixo escore nos questionários de avaliação de qualidade de vida4,6,15. Desses fatores, um dos mais fortes fatores preditivos da ocorrência de sintomas depressivos no pós-operatório dos pacientes com neoplasia de cabeça e pescoço foi a presença de distúrbios de humor no momento do diagnóstico16. Com base nesse estudo, a ocorrência de sintomas depressivos em sobreviventes em longo prazo do câncer de cabeça e pescoço é freqüente, porém, com taxas menores comparadas às séries internacionais. Esse achado de taxas relativamente baixas de sintomas depressivos, em nosso estudo, pode ser resultante da participação de um número significativo de pacientes em fases mais tardias póstratamento, onde a adaptação às seqüelas terapêuticas já podem ter sido melhor absorvidas e compensadas através dos programas de reabilitação. Nesse estudo, identificamos que os sintomas depressivos foram mais freqüentes nos pacientes submetidos à quimioterapia, sendo estes o grupo de maior risco. Também foi evidenciado que a ocorrência de sintomas depressivos correlaciona-se significativamente com a qualidade de vida dos indivíduos afetados, sobretudo com o domínio “humor” e com o escore composto. Esses resultados sugerem que estudos prospectivos visando definir os principais fatores de risco para a ocorrência de depressão sejam realizados para que, dessa forma, medidas de suporte e tratamento direcionados possam ser realizadas, com potencial efeito positivo na qualidade de vida dos indivíduos. 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