O JORNAL DE ECONOMIA DO BRASIL DESDE 1920 gzm.com.br QUARTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2009 | EDIÇÃO NACIONAL ANO LXXXVIII | Nº 23.996 | R$ 3,00 Utilização da Capacidade Instalada (em %)* QUÍMICA Produção de cloro-soda fica estável em 2008 C2 SUCESSÃO Jovem para os padrões orientais, Akio Toyoda, 52, assume Toyota mundial C4 RETRAÇÃO Indústria fatura 9,9% menos em novembro 84,00 83,4 82,50 81,6 A4 Nov/07 Nov/08 81,00 Fontes: CNI e Centro de Informações da Gazeta Mercantil * Com ajuste sazonal DAMON WINTER/THE NEW YORK TIMES Enfrentando o frio e à espera do presidente desde a madrugada, a multidão, calculada em dois milhões de pessoas — a maior a acompanhar uma posse —, reuniu-se no National Mall, em Washington Obama promete ação e audácia AGÊNCIAS INTERNACIONAIS WASHINGTON Cerca de dois milhões de pessoas acompanharam a cerimônia de posse de Barack Obama ontem, mesmo sob um frio de -2ºC, e emocionaram-se ouvindo-o prometer “uma ação firme e audaciosa” para reativar a economia americana. Obama admitiu que “estamos no meio de uma crise” e foi muito aplaudido ao afirmar que os desafios não serão vencidos num curto espaço de tempo: “Mas saiba disso, América: eles serão superados”. “Continuamos a ser a Nação mais próspera e poderosa da Terra”, disse o 44 o- presidente dos Estados Unidos. “A partir de hoje, devemos nos reerguer, sacudir a poeira, e começar de novo o trabalho de refazer os Estados Unidos da América. Sempre em companhia da esposa Michelle, cumpriu à JIM YOUNG/REUTERS noite um extenso roteiro de festas e comemorações. Entre os convidados especiais para a cerimônia de posse estavam os ex-presidentes George W. Bush, seu pai, George H. W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter, atores e políticos. Em todo o mundo, o evento foi acompanhado pela TV e por milhões de internautas. A emissora CNN associou-se ao site Facebook para que os internautas pudessem fazer comentários. Para Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York que previu a crise do subprime, “os prejuízos financeiros sofridos pelos EUA com a crise de crédito deverão alcançar US$ 3,6 trilhões, o que sugere que o sistema bancário está insolvente, na prática”. Ele diz que “metade daquela quantia seria perdas dos bancos e das corretoras credenciadas como operadoras primárias”. A10 A A14 E B2 RUTH FREMSON/THE NEW YORK TIMES JIM YOUNG/REUTERS O ex-presidente George W. Bush parte de helicóptero para o Texas, no dia em que Barack Obama, sempre em companhia de Michelle, comprometeu-se a renovar as esperanças dos norte-americanos OPINIÃO AUGUSTO NUNES A promoção de um criminoso comum a perseguido político faz do ministro Tarso Genro o A6 inventor do assassino de estimação. JEAN-CLAUDE RAMIREZ Para dois terços das empresas de sucesso pesquisadas, a aquisição de novas competências é fator-chave para viabilizar suas estratégias. A3 INDICADORES Dólar Ptax (R$/US$) 2,3540 / 2,3548 Dólar Mercado (R$/US$) 2,3690 / 2,3710 Euro (R$/€) 3,04090 / 3,04240 Euro (US$/€) 1,29180 / 1,29200 Risco-Brasil Embi (pontos/var. %) 460,00 / 2,22 Risco-Brasil CDS (pontos/var. %) 361,40 / 10,42 Selic (meta/efetiva % a.a.) 13,75 / 13,66 Bovespa (var. %/pontos) -4,01 / 37.272,07 Dow Jones (var. %/pontos) -4,01 / 7.949,09 Nasdaq (var. %/pontos) -5,78 / 1.440,86 Tóquio (var. %/pontos) -2,31 / 8.065,79 Para mais informações veja a seção Indicadores no Caderno B Novo mínimo injeta R$ 27 bi na economia Fiat e Chrysler, ANA CAROLINA SAITO SÃO PAULO O reajuste de 12% do salário mínimo nacional, que entrará em vigor a partir de 1 o- de fevereiro, deverá injetar cerca de R$ 27 bilhões na economia em 12 meses. Os cálculos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) levam em consideração o contingente de 43 milhões de pessoas que têm seus rendi- Banco público tem juro menor IOLANDA NASCIMENTO SÃO PAULO O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir hoje com dirigentes de bancos públicos para discutir juros e spreads que, no seu entender, estão altos. Pesquisa da Fundação Procon-SP, contudo, mostra que foram justamente os bancos públicos que puxaram para baixo as B1 taxas médias de juros em janeiro. PÁG. 1 CMYK Cyan MagentaYellow Black mentos referenciados pelo mínimo. Se confirmado o aumento de R$ 415 para R$ 465 haverá um ganho real de 6%, o maior desde os 13,04% de 2006. “É uma boa notícia em tempos de turbulência. Trata-se de mais um elemento anticíclico da crise”, afirma Nelson Karan, coordenador de educação do Dieese. A combinação de reajuste elevado do mínimo e menor pressão inflacionária deve evitar uma forte desaceleração do ren- dimento de 2008 para 2009. O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, prevê expansão de 2% no rendimento do trabalho no ano, após alta de 2,6% em 2008. A elevação de 5,9% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado não deve se repetir e o indicador encerrará 2009 com alta de 4,8%. A LCA estima que as pressões do grupo alimentação e bebidas sobre o orçamento da população de baixa renda tendem a diminuir no período. A5 VCP obtém benefícios fiscais com aquisição da Aracruz ANNA LÚCIA FRANÇA E VINÍCIUS PINHEIRO SÃO PAULO Após um ano de negociação, foi anunciada ontem a compra da Aracruz pela VCP, que dá origem à maior produtora mundial de celulose. Pelo acordo, a compradora pagará R$ 2,71 bilhões às famílias Lorentzen, Almeida Braga e Moreira Salles, pela participação de 28%. A incorporação de ações permitirá que a VCP obtenha benefícios fiscais com o ágio pago aos acionistas e com os prejuízos acumulados pelas empresas. A complexa reestruturação foi viabilizada graças à entrada do BNDES. O aporte do banco, somado aos R$ 4,2 bilhões obtidos com a venda de 49% do Banco Votorantim, eleva o total de recursos públicos destinados ao grupo Votorantim a R$ 6,6 bilhões. C1 “uma jogada de mestre” WAGNER OLIVEIRA E DURVAL GUIMARÃES COM AGÊNCIAS SÃO PAULO, BELO HORIZONTE E TURIN A Fiat confirmou ontem que assume participação de 35% na Chrysler para entrar com sua maior força, os carros pequenos, nos EUA — o maior mercado do mundo, que busca soluções para diminuição de consumo de combustíveis. Já a Chrysler terá condições de ampliar a venda de seus carros grandes — ponto fraco da Fiat — em vários mercados, na Europa, Brasil e Rússia, onde a marca italiana é bem-sucedida. No comunicado emitido ontem, as duas marcas afirmam que não haverá injeção de capitais, apenas troca de sinergias, produtos e pontos-de-venda no mundo. A Fiat ganha participação de 35% na Chrysler por ter uma operação maior financeiramente. “Foi jogada de mestre”, afirmou o conselheiro da Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE), Francisco Satkunas. C3