O escândalo da Volkswagen: o cofundador do lean Jim Womack discute o que fazer quando uma firma põe seus próprios interesses acima dos do cliente por Jim Womack YOKOTEN DE WOMACK – O escândalo da Volkswagen com “defeat devive”, termo usado pela Agencia Norte Americana de Protecao Ambiental (EPA), é o mais novo exemplo de uma empresa que escolheu focar no crescimento em vez de focar no cliente. O que podemos aprender com isso e o que devemos fazer quando isso acontecer? Quando a Volkswagen anunciou, há alguns anos, que se tornaria a maior montadora até 2017 (o mesmo ano no qual o presidente Ferdinand Piech se aposentaria com 80 anos), tive a certeza de que o esforço teria um final ruim. A empresa dizia que seu novo propósito era se tornar a número um, um propósito com o qual nenhum cliente – nem sequer um – se importa. Então comecei a dizer em minhas palestras que a Volkswagen, escolhendo como seu norte a alta taxa de crescimento em vez do atendimento às necessidades do cliente, bateria na próxima curva. O que era particularmente bizarro quanto a essa iniciativa “Volkswagen em primeiro lugar” era o fato de ser uma réplica da estratégia que colocou a Toyota em maus lençóis. Por décadas, a Toyota acreditou que, se colocasse as necessidades do cliente em primeiro lugar, e se os processos de criação de valor que atendiam essas necessidades fossem continuamente melhorados, a empresa automaticamente cresceria e prosperaria. Entretanto, em 1999, a Toyota adotou uma nova estratégia, chamada Global 15. Ela dizia que o propósito da empresa era conquistar 15% do mercado global de veículos até 2010 (para fazer da Toyota a número um em participação de mercado) e que os gerentes deveriam fazer o que fosse necessário para chegar lá. Isso, para mim, era o oposto da história de 60 anos da Toyota com o pensamento lean. Agora era: Toyota em primeiro lugar, em vez de cliente em primeiro lugar (e, assim como na VW, nenhum cliente – nem sequer um – se importava com o novo propósito). Como sabemos, isso levou a problemas quando a taxa de crescimento necessária para atingir a meta excedeu a capacidade da Toyota de criar uma quantidade suficiente de gerentes lean, e seus gerentes inexperientes cometeram erros graves ao lidar com o ambiente regulatório em 2010, quando a empresa se tornou a maior fabricante mundial de veículos. Mas a Toyota tem uma capacidade de aprender com seus erros, e Akio Toyoda, o novo presidente, definiu como sua primeira meta retornar a empresa a sua filosofia histórica: cliente em primeiro lugar, voltando às noções básicas de gestão lean com uma expectativa de que bons resultados viriam (e eles vieram). No caso da Toyota, a reafirmação do propósito da empresa levou a muitos novos gestores com habilidades pouco desenvolvidas para solucionar problemas. No caso da VW, o lema “just do it”, estabelecido pela liderança em busca da Volkswagen em primeiro lugar fez com que os engenheiros, talvez em um nível muito alto, “derrotassem” os requisitos regulamentares por meio de truques de software com consequências que ainda estão acontecendo (eles também derrotaram os esforços de seus clientes para serem ecologicamente corretos e utilizarem energia de forma eficiente, com mais consequências que ainda estão acontecendo). O novo propósito também significava focar no crescimento em vez de focar na eficácia na utilização dos recursos para criar valor para os clientes, fazendo com que a rentabilidade da VW durante seu surto de crescimento fosse muito anêmica bem antes da crise atual. Deixemos a Volkswagen se preocupar com a Volkswagen. Mas e quanto às empresas nas quais trabalhamos ou as quais aconselhamos? O que podemos fazer quando a gestão sênior muda de uma mentalidade cliente em primeiro lugar para a empresa em primeiro lugar? Eu tive essa conversa com muitos gerentes seniores por muitos anos, e é isso que digo: Você deve colocar seus clientes em primeiro lugar por uma simples razão: eles têm dinheiro. Os acionistas querem seu dinheiro de volta, os fornecedores querem seu dinheiro imediatamente, e os colaboradores sempre querem um aumento. E todo o dinheiro para atender essas demandas vem de apenas um lugar: do cliente. Colocar o cliente em primeiro lugar não pode significar encurralá-lo até que você seja seu único fornecedor possível ou fazer fusoes para adquirir poder de precificação (a última é a atual estratégia de Sergio Marchionne ao fundir a Fiat Chrysler com outra grande fabricante de automóveis. Talvez devêssemos chamar essa atitude de “Sergio em primeiro lugar”?). E isso não quer dizer reduzir a compensação de seus colaboradores ou amassar seus fornecedores. Às vezes, essas ações são viáveis por um curto período, mas os meios para chegar a esses fins quase sempre enfraquecem a habilidade básica de criação de valor de sua empresa no longo prazo. Então tente um método que seja mais difícil, mas mais durável. Afirme claramente que seu cliente vem em primeiro lugar e que você vai oferecer uma proposição de valor melhor do que a dos concorrentes, definindo claramente o valor desejado pelo cliente e melhorando de forma constante cada processo de criação de valor em um ritmo mais rápido do que o de seus concorrentes. Isso significa, necessariamente, que o trabalho de criação de valor em sua empresa vai ser mais gratificante para os funcionários – porque eles vão estar engajados em melhorá-lo – e que seus fornecedores também vão achar mais gratificante trabalhar com você. Você vai crescer, mas o quanto você cresce é determinado pelo grau em que você coloca os clientes em primeiro lugar e à velocidade com que você aprimora seus processos de criação de valor, e não por algum alvo arbitrário definido pela gestão sênior. Fazer isso requer trabalho duro todos os dias. Mas, agora, você focará em algo que, necessariamente, melhora o trabalho de seus colaboradores e os prospectos do negócio das firmas com as quais você colabora. Melhor de tudo, os gerentes de todos os níveis estarão perseguindo uma meta na qual eles possam acreditar – fazendo a coisa certa para os clientes – e possam jogar com seus corações assim como suas mentes. Sempre conseguimos persuadir os gerentes seniores a seguirem esse caminho? Claro que não. Mas toda catástrofe do pensamento “empresa em primeiro lugar”, com a VW como o mais recente exemplo, reforça nosso caso. É uma longa jornada, mas acho que chegaremos lá no final se defendermos firmemente um propósito muito simples para as empresas nas quais trabalhamos ou aconselhamos: o cliente em primeiro lugar. Fonte: Lean Enterprise Institute Volkswagen scandal: lean co-founder Jim Womack discusses what to do when a firm puts its own interest ahead of the customer’s By: Jim Womack WOMACK’S YOKOTEN – The Volkswagen “defeat device” scandal is the latest example of a company that has chosen to focus on growth rather than the customer. What can we learn from this, and what should we do when such a shift takes place? When Volkswagen announced a few years ago that it would become the world’s largest car company by 2017 (which just happened to be the year that Chairman Ferdinand Piech would be required to retire at age 80), I was pretty certain that the effort would come to a bad end. The company was saying that its new purpose was to become Number One, an objective that no customer – not one – cared about. So I began to say in my talks that Volkswagen, with high velocity growth rather than meeting customer needs as its North Star, would miss the next curve. What was particularly bizarre about this “Volkswagen First” initiative was that it was replicating the strategy that had just gotten Toyota in trouble. For decades Toyota had believed that if it put customer needs first and if the value creating processes addressing these needs were continually improved, the enterprise would automatically grow and prosper. However, in 1999 Toyota adopted a new strategy called Global 15. It stated that the objective of the firm was to capture 15% of the global motor vehicle market by 2010 (to make Toyota Number One in market share) and that managers should do what it took to get there. This to me was a complete reversal of 60 years of lean thinking. It was now: Toyota First rather than Customer First. (And, as with VW, no customer – not one – cared about this restated purpose.) As we know this led to trouble when the growth rate required to achieve the goal exceeded Toyota’s ability to create enough lean managers and its inexperienced managers made serious errors in handling the regulatory environment in 2010 just as it became the world’s largest motor vehicle manufacturer. But Toyota does have an ability to learn from its mistakes and Akio Toyoda, the new president, set as his first goal to return the company to its historic philosophy: Customer First by getting back to lean management basics with an expectation that good results will follow. (And they have.) In Toyota’s case the restatement of company purpose led to too many new managers with poorly developed problem solving skills. In VW’s case the “just do it” tone set by the leadership pursuing Volkswagen First caused engineers, perhaps at a very high level, to “defeat” regulatory requirements by means of trick software with consequences that are still unfolding. (They also defeated their customer’s efforts to do the eco-friendly and energy efficient thing, with more consequences that are still unfolding.) The new purpose also meant focusing on growth instead of effectiveness in using resources to create value for customers so that VW’s profitability during its growth surge was very anemic well before the current crisis. We can let Volkswagen worry about Volkswagen. But what about the enterprises we work in or advise?What can we do when senior management shifts from customer first to company first? I’ve actually had this conversation with a number of senior managers over the years and here is what I say: You should put your customers first for one simple reason: They have the money. The shareholders want their money back, the suppliers want their money right now, and employees always want a raise. And all of the money to meet these demands comes from only one place: the customer. Putting the customer first cannot mean boxing them into a corner so you are their only plausible supplier or rolling up your industry to get pricing power. (The latter is Sergio Marchionne’s current strategy for exiting Fiat Chrysler by merging it with another big auto maker. Perhaps we should call this stance “Sergio First”?) And it doesn’t mean reducing the compensation of your employees or shifting burdens to your suppliers. Sometimes these expedients are feasible for a short period, but the means to these ends almost always weaken the basic value creating ability of your company in the long term. So try a harder but more durable method instead. State clearly that your customer comes first and that you will offer a better value proposition than competitors by clearly defining the value desired by the customer and steadily improving every value creating process at a rate faster than your competitors. This will necessarily mean that the value-creating work in your company will be more fulfilling for employees – because they will be engaged in improving it – and that your suppliers will find working with you more fulfilling as well. You will grow, but how much you grow will be determined by the degree to which you put customers first and the speed with which you hone your value creating processes, not by some arbitrary target set by senior management. Doing this requires hard work every day. But now you will be focusing on something that necessarily improves the work life of your employees and the business prospects of the firms you collaborate with. Best of all managers at every level will now be pursuing a goal they can actually believe in – doing the right thing for customers – and can play with their hearts as well as their minds. Can we always persuade senior managers to take this path? Of course not. But every catastrophe from “company first” thinking, with VW as the latest striking example, strengthens our case. It’s a long journey but I think we will get there in the end if we steadily advocate a very simple purpose for the companies we work in or advise: Customer First.