UNINGÁ – UNIVERSIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA EMERSON PAVAN FATORES QUE INFLUENCIAM AS FRATURAS DOS INSTRUMENTOS ROTATÓRIOS DE NÍQUEL-TITÂNIO PASSO FUNDO 2007 1 EMERSON PAVAN FATORES QUE INFLUENCIAM AS FRATURAS DOS INSTRUMENTOS ROTATÓRIOS DE NÍQUEL-TITÂNIO Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Orientador: Prof. Ms. Volmir João Fornari PASSO FUNDO 2007 2 EMERSON PAVAN FATORES QUE INFLUENCIAM AS FRATURAS DOS INSTRUMENTOS ROTATÓRIOS DE NÍQUEL-TITÂNIO Monografia apresentada à comissão julgadora da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Aprovada em ___/___/_____. BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________ Prof. Ms. Volmir João Fornari ___________________________________________ Prof. Dr. José Roberto Vanni ___________________________________________ Profª. Ms. Lilian Rigo 3 DEDICATÓRIA Ao meu pai, Adelir, minha tia Iraci e minha vó Clementina que me ensinaram o verdadeiro significado de uma família. Pelo carinho, afeto e dedicação, com respeito às minhas escolhas e renúncias, sem medir esforços para que meus sonhos se realizassem! Meu amor eterno! A minha mãe Seny (in memorian), tão cedo você foi embora... Tenho certeza que foi à vontade de Deus...E que está ao lado dele. Sua presença em meu coração é fonte de inspiração para superar as adversidades e vontade de vencer. Você estará sempre comigo! À minha irmã, meu cunhado e minhas sobrinhas, que sempre torceram por mim, caminhando juntos. Amo vocês! Ao meu sogro Alécio, minha sogra Glaci, cunhada Andréia e vó Luiza, vocês fazem parte da minha mais recente família. Pelo carinho, amizade, apoio, dedicação... Minha gratidão! À minha esposa Flávia! Obrigado por tantas demonstrações de amor, incentivo, confiança e dedicação. Amo você! 4 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Prof. Ms. Volmir João Fornari, pelo respeito, paciência e capacidade de sintetizar em uma só pessoa, intelectualidade, conhecimento, amizade, tornando possível, com a sua inestimável ajuda, a possibilidade de concretizar este trabalho e realizar um sonho. Pela convivência enriquecedora do dia-dia e inúmeras oportunidades que o senhor me proporcionou, as quais estimularam meu crescimento. Por todas as valiosas e surpreendentes contribuições, para meu aprimoramento humano e científico. Obrigado por sempre confiar, incentivar e acreditar em mim. Minha gratidão! Ao Prof. Dr. José Roberto Vanni, a que aprendi a admirar mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente, pelo seu exemplo de dedicação, conhecimento e competência, incentivando a nós, alunos do curso de especialização, a refletir, questionar e ter senso crítico, aplicando os preceitos de princípios biológicos, com a maior simplicidade possível! Minha admiração! Às Profª. Maria Esther Vanni e Lilian Rigo, pela dedicação, apoio, competência, sempre nos orientando nos caminhos da pesquisa, acolhendo com simplicidade nossas dúvidas. Muito obrigado! Ao Prof. Ms. Mateus exemplo de dedicação, intelectualidade, conhecimento e acima de tudo amizade, dispensados neste tempo de convívio. Ao Diretor de Pós-Graduação Prof. Dr. César Augusto Garbin pelo exemplo de seriedade, competência e dedicação à pesquisa científica, demonstrado durante todo o curso. À unidade avançada de Pós-Graduação - UNINGÁ - Passo Fundo-RS pela oportunidade que nos foi concedida no curso de Especialização em Endodontia. 5 A todos os funcionários do CEOM, pela atenção e simpatia que nos receberam durante esses dezoito meses. Aos colegas da primeira turma do Curso de Especialização em Endodontia André Pagliosa, Carolina Casalli, Daniel Pavinato, Daniele Benvegnu, Giovane Polla, Maristela Ellwanger, Maurício Pelle, Samuel Maximovitz, Silvia Letícia Machado, Vandercélio Darif e Vanessa De Villa, pela amizade, companheirismo, colaboração e o agradável convívio durante todo o curso. Á Leoni Pezzine e ao amigo Fábio Martins, pela colaboração na formatação deste trabalho. A Deus, que nunca me abandonou! A todos meus familiares e amigos, que torcem pelo meu sucesso! 6 Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. Platão 7 RESUMO A instrumentação dos canais radiculares com o auxílio dos sistemas rotatórios trouxe algumas vantagens como, por exemplo, a diminuição no tempo de trabalho e a melhor modelagem dos canais radiculares curvos. No entanto, uma das grandes preocupações quando se utilizam esses sistemas com ligas de NiTi tem sido o índice de fratura, principalmente por esse incidente estar ligado a diferentes motivos. A presente revisão de literatura abordou os fatores que, individualmente ou associados, influenciam na deformação e fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi, assim como na morfologia de sua superfície, e no modo como elas acontecem. Canais radiculares com menores raios e maiores ângulos de curvaturas favorecem a ocorrência de fratura. A utilização dos instrumentos rotatórios de NiTi com velocidade reduzida e permanecendo por menor tempo no interior de canais radiculares curvos reduz a incidência de fraturas, enquanto o maior número de usos as favorecem. Instrumentos de maior diâmetro estão mais sujeitos à fadiga cíclica, resistindo a um menor número de rotações até a fratura. Em relação à técnica, cuidados como o preparo prévio da porção cervical e o pré-alargamento manual dos canais radiculares, diminuem este risco. Palavras-chave: Endodontia. Instrumentação. Instrumentos Odontológicos. 8 ABSTRACT The instrumentation of the radicular canals with the aid of the rotatory systems brought some advantages as, for example, the reduction in the time of work and the best modeling of the arched canals. However, one of the great concerns when these systems are used with leagues of NiTi has been the breaking index, mainly for this incident to be connected on the different factors. The present literature revision approached the reasons that, individually or associates, influence in the deformation and breaking of the rotatory instruments of NiTi, as well as in the morphology of its surface, and in the way as they happen. Radicular canals with less rays and greater angles of bendings favor the occurrence of fractures in the instruments of NiTi. The use of these instruments, with reduced speed, remaining for less time in the interior of arched radicular canals, reduces the incidence of breakings, while the biggest number of uses favors them. Instruments of bigger diameter are more prone to the cyclical fatigue, resisting a less number of rotations, what lead them to the breaking. In relation to the technique, cares as the previous preparation of the cervical portion and the manual pay-widening of the radicular canals, diminish this risk. Key-Words: Endodontic. Instrumentation. Odontologic instruments. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10 2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 12 3 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 36 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 37 10 1 INTRODUÇÃO O preparo biomecânico do conduto radicular (ação mecânica do instrumento associada à ação físico-química da solução irrigante) desempenha um papel fundamental na limpeza e desinfecção, criando condições ideais a uma obturação do sistema de canal radicular. A garantia de qualidade, no preparo, se traduz na manutenção da forma cônica do canal radicular (coroa-ápice) e, principalmente, do forame, em sua posição original, tanto quanto possível.(SCHILDER 1974). Foi na Ortodontia que as ligas de níquel-titânio foram inicialmente utilizadas na odontologia. Civjan, Huget e DeSimon (1975) avaliaram a possibilidade da utilização das ligas de Nitinol (Ni-níquel, Ti-titânio, e Nol - “Naval Ordnance Laboratory”) na confecção de fios ortodônticos. Diante dos resultados obtidos em uma série de experimentos realizados com essa liga, os autores constataram que ela possuía excelentes características como, por exemplo, efeito memória de forma e grande flexibilidade, o que levou os mesmos a sugerirem a sua utilização na fabricação de instrumentos cortantes ou limas, manual ou rotatória, em outras áreas, além da Ortodontia, como na Dentística, Periodontia, Cirurgia e Endodontia. Dentre os avanços tecnológicos dos instrumentos, vale ressaltar o uso das ligas de níquel-titânio (NiTi), caracterizadas por sua flexibilidade e superelasticidade (Walia, 1988). A liga de NiTi propiciou o desenvolvimento de instrumentos incorporando diferentes designs, visando diminuir o risco de transporte como: tip inativo, áreas de contato (superfícies radicais), variações no ângulo helicoidal e ângulo de corte neutro ou levemente negativo (HÜLSMANN et al., 2005). Estes instrumentos permitiram o advento da instrumentação rotatória por meio de motores elétricos. As propriedades de destaque das limas de NiTi, como a superelasticidade e o efeito memória de forma, tornaram possível a sua utilização através de motores 11 em rotação contínua, gerando economia de tempo e menos stress para o paciente e para o profissional. (CARVALHO, LAURETTI e GUIMARÃES, 2005). A variação do desenho dos instrumentos rotatórios de NiTi pode determinar comportamento clínico distinto em função das diferentes propriedades físicas e mecânicas. Assim sendo, a eficiência de corte, a resistência à torção e ao desgaste são algumas das propriedades determinadas pelas diversas formas de secções transversais destes instrumentos. (LAURETTI, 2006; XU, 2006). Apesar da comprovação científica da qualidade dos instrumentos de NiTi, o índice de fratura, durante o preparo automatizado, ainda é motivo de preocupação, face às desagradáveis conseqüências que esta intercorrência pode gerar. Devido às características da liga de NiTi, estes instrumentos podem fraturar, sem qualquer sinal aparente de defeito ou deformação anterior. (LEONARDO, 2005). Quando a fratura ocorre na porção apical do canal, existe uma dificuldade maior na sua remoção, impedindo a correta limpeza e a modelagem do canal radicular. Em virtude disso, as buscas por soluções para estes problemas têm sido abordadas cada vez mais na literatura. (KNOWLLES, 2006). Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão de literatura sobre os diferentes fatores que influenciam na deformação e na fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi, na morfologia de sua superfície e no modo como elas ocorrem. 12 2 REVISÃO DA LITERATURA A American Dental Association (1976) emitiu a especificação n° 28, estabelecendo normatização nos testes de avaliação e controle de qualidade dos instrumentos endodônticos de aço carbono e aço inoxidável. Um dos testes para fratura por torção é o de máxima deflexão angular, que mede o número de voltas que o instrumento pode suportar, ao ser girado no sentido horário, permanecendo com a sua ponta fixa, até que ocorra a fratura. A partir desses resultados, obtém-se o valor do torque, também denominado de máximo torque na fratura. Camps e Perlot (1994) avaliaram a resistência, a torção e a rigidez dos instrumentos do sistema Canal Máster U, de aço inoxidável e de NiTi, comparando os seus resultados. Todos os instrumentos excederam os valores da especificação n° 28, da ANSI/ADA (1976). Nos instrumentos de aço inoxidável, quanto maior o diâmetro dos instrumentos, menor o número de rotações para fratura. N o s instrumentos de NiTi, quanto maior o diâmetro dos instrumentos, maior o número de rotações para fratura. A carga de dobramento para os instrumentos de NiTi foi 7 vezes mais baixa do que para os de aço inoxidável, em todos os diâmetros, demonstrando a enorme flexibilidade dos primeiros, o que, segundo os autores, reduziria a possibilidade de fratura, o transporte do canal, a formação de degrau, zip e perfurações. Camps e Perlot (1995) avaliaram a resistência à fratura de limas de NiTi, comparando com as de aço inoxidável. O máximo torque até a fratura foi proporcional ao aumento do diâmetro das limas. Os resultados deste estudo foram semelhantes ao anterior, com as limas de aço inoxidável apresentando maior torque à fratura, mas com a mesma deflexão angular, r esistiram, portanto, ao mesmo número de rotações para fraturar. As limas de NiTi apresentaram flexibilidade cinco vezes maior em relação aos instrumentos endodônticos de aço inoxidável. 13 Pruett, Clement e Carnes (1997) introduziram um novo método de determinação da curvatura do canal radicular, o raio de curvatura. Nesse estudo, os autores avaliaram a influência dos seguintes fatores: velocidade de rotação (750, 1300 e 2000 rpm), diâmetro do instrumento (#30 e #40) e curvatura do canal (ângulo e raio de curvatura), na ocorrência de fadiga e resultante fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi Lightspeed, utilizados para preparar canais simulados com ângulos de 30°, 45° e 60° de curvatura e raios de 2 ou 5 mm de curvatura. Os resultados mostraram não haver influência da velocidade rotacional, enquanto os ciclos para fraturar diminuíram significativamente com o aumento do diâmetro do instrumento, com o raio de curvatura diminuindo de 5 mm para 2 mm e com ângulo de curvatura maior do que 30°. Os resultados mostraram o raio de curvatura como uma variável independente que deveria ser considerada quando estudados os instrumentos rotatórios. Lopes, Elias e Siqueira Jr. (2000) avaliaram o tratamento termomecânico que os cristais dos metais ou das ligas são submetidos durante a fabricação dos instrumentos, podendo reduzir a resistência à corrosão e fadiga, tornando o material mais suscetível à fratura. Os autores estudaram ainda os tipos de fraturas em relação às características morfológicas da sua superfície, classificando-as em dúctil e frágil. Outra conclusão apresentada tem relação com a causa da fratura que ocorre por torção, quando a ponta do instrumento fica imobilizada e o esforço contínuo provoca sua separação. A fratura por flexão acontece quando o avanço do instrumento no interior de um canal radicular curvo for submetido a um carregamento elástico, devido às forças de resistência das paredes dentinárias do canal radicular e, quanto maior o tempo ou a freqüência do carregamento, maior será a probabilidade de ocorrer a fratura. Ainda, segundo esses autores, ocorre a fratura por flambagem, de alta incidência nos sistemas rotatórios, quando o instrumento avança no interior do canal radicular em direção apical e fica submetido ao carregamento compressivo na direção de seu eixo, formando um desenho semelhante a um arco de flecha. Isso quando a velocidade de avanço em direção apical for maior que sua velocidade de corte. Costa, Santos (2000) avaliaram a resistência à torção dos instrumentos rotatórios Quantec Series 2000 e Pow-R, em relação ao aumento do diâmetro da ponta ativa. Os instrumentos foram presos a três mm de sua ponta, em seguida foi realizado movimento de torção no sentido anti-horário, até fraturarem. Os autores 14 constataram que os instrumentos Pow-R mostraram maior resistência à torção, sendo que ambos excederam à especificação ANSI/ADA n° 28. Dietz et al. (2000), com o objetivo de estudar, para cada instrumento utilizado, o efeito da velocidade rotacional na fratura, utilizaram osso liofilizado bovino em formato semicircular, simulando canais radiculares com raio de curvatura de 5 mm e diâmetro de 0,04 mm. Foram testados instrumentos ProFile série 29% #3, #4, #5, com velocidade de 150, 250 e 350 rpm. Os instrumentos foram levados à fratura e medida a quantidade de penetração da ponta do instrumento, sendo que a maior, antes da fratura, ocorreu com velocidade de 150 rpm. Os autores concluíram que os instrumentos fraturam menos, quando rotacionadas em baixa velocidade. Daugherty, Gound e Comer (2001) compararam a taxa de deformação e fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi e o tempo médio de trabalho, usando instrumentos ProFile .04, Séries 29, para preparar 60 molares, divididos em dois grupos com velocidades distintas de 150 rpm e 350 rpm. Não ocorreu nenhuma fratura, e os autores verificaram que houve diferença estatística favorável ao grupo com velocidade de 350 rpm; os instrumentos usados nessa velocidade apresentaram a metade das deformações e do tempo de trabalho em relação ao grupo acionado a 150 rpm. Lopes e Elias (2001), descrevendo a fratura por torção e flexão nos instrumentos de NiTi observaram que, quanto menor o raio de curvatura do canal radicular e maior o diâmetro do instrumento, maior será a incidência de fratura. Ainda de acordo com os autores, defeitos oriundos do processo de fabricação podem atuar como concentradores de tensão, podendo induzir à fratura; quanto maior o número e o tamanho desses defeitos, menor será a tensão necessária para determinar a fratura; sugerem a redução nos ciclos de carregamento e tensão na região de flexão, diminuindo a velocidade de giro e o tempo de permanência no interior de canais radiculares curvos. Q uando avaliados por MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura), a morfologia da superfície de fratura dos instrumentos de NiTi, acionados a motor, apresentaram característica do tipo dúctil. Lopes et al. (2001) compararam o desempenho das seguintes limas endodônticas: de aço inoxidável, Flexofile, fabricadas por torção; Flex.R, fabricadas por usinagem, e as de NiTi, Nitiflex, fabricadas por usinagem, quando submetidas a ensaio de torção à direita e à esquerda. Os autores concluíram que, quanto ao ângulo de torção máximo até a fratura, os instrumentos de aço inoxidável, fabricados 15 por torção, sofreram maior rotação à direita, enquanto os instrumentos de NiTi sofreram maior rotação à esquerda e, quanto maior o ângulo de torção de um instrumento, maior será a sua deformação plástica, antes de atingir a fratura. Quanto ao torque máximo, os instrumentos de aço inoxidável e os de NiTi resistiram ao mesmo carregamento até a fratura. Bergmans, Cleynenbreugel e Wevers (2001) realizaram uma revisão de literatura sobre o uso da instrumentação rotatória em endodontia e relataram que a superelasticidade dessas ligas mantém os preparos dos canais radiculares mais centrados, com menos transporte, além de diminuir a incidência de aberrações nos canais radiculares. Os autores concluíram que a fadiga cíclica e a fratura torsional são os dois fenômenos mais importantes que levam à fratura dos instrumentos. Lopes e Elias (2001) descrevem as falhas produzidas por torção e dobramento, nas limas endodônticas tipo K, de aço inoxidável e de NiTi. A fratura por torção consiste na aplicação de um esforço na extremidade de um instrumento para induzir a rotação em torno de seu eixo. Nos ensaios mecânicos de torção, são quantificados dois parâmetros: ângulo de torção máxima e torque máximo. O ângulo de torção máxima até a fratura (deflexão angular) é medido em graus, proporcional ao torque e ao comprimento do instrumento e representa a rotação do mesmo na região elástica (deformação que desaparece após o carregamento) e na região plástica (deformação que permanece quando retirada à carga). O torque máximo na fratura é maior para os instrumentos de maior diâmetro, sem diferença entre as ligas. Nas fraturas por dobramento, q u e é a deformação do segmento reto de um instrumento, a incidência é maior para os instrumentos de aço inoxidável de menor diâmetro. Segundo os autores, ao utilizarmos instrumentos de maior calibre, devemos utilizar os de NiTi, em função da superelasticidade da liga, raramente apresentariam deformação plástica por dobramento, durante a instrumentação. Gambarini (2001) avaliou a resistência à fadiga cíclica dos instrumentos rotatórios de NiTi ProFile .04 e .06, em canais artificiais de aço, comparando 10 instrumentos novos com 20 já utilizados anteriormente, para preparar 10 casos clínicos, divididos os últimos em 2 grupos: 10 testados com alto torque e 10 testados em baixo torque. Todos foram utilizados até que ocorresse a fratura, com velocidade de 350 rpm (rotações por minutos). Os resultados demonstraram valores significativamente mais altos de resistência à fadiga cíclica para os 10 instrumentos novos, enquanto os 10 usados, que utilizaram torque baixo, apresentaram 16 resistência superior, quando comparados aos 10 de torque alto. Os resultados demonstraram que a utilização com torque alto reduz a resistência à fadiga cíclica. Tygesen, Steiman e Ciavarro (2001) compararam os sistemas rotatórios de NiTi, ProFile .04 e Pow-R .04, quanto à freqüência de deformação e fratura no preparo de 60 canais mesiais de 30 molares inferiores, sendo os instrumentos analisados microscopicamente, com aumento de 20 vezes, para avaliar sinais de deformação e fratura. Foram avaliados 210 ProFile e 210 Pow-R após cada uso, e utilizado um jogo de instrumentos para cada canal radicular. Os resultados obtidos foram de 20 instrumentos ProFile (9,5%) e 28 instrumentos Pow-R (13,31%) com distorção e 2 instrumentos Pow-R fraturados, sem diferença entre os dois sistemas. Machado e Savi (2002) relatam que as ligas com memória de forma apresentam duas fases cristalográficas distintas: a austenítica e a martensítica. A austenítica tem distribuição atômica cúbica, enquanto que na martensítica essa distribuição é complexa. Os autores afirmam que essa transformação martensítica pode ser induzida por variação de temperatura ou de estresse, acontecendo, no caso das limas endodônticas de NiTi, quando do estresse gerado pela curvatura do canal radicular. Quando em repouso, o metal da liga de NiTi é austenítico, passando para a forma martensítica quando lhe é aplicada carga, transformação essa que é reversível ao término da força que causava a deformação. Após a remoção da carga, o metal volta a apresentar as mesmas características de forma e estrutura austenítica iniciais. Os autores relataram as suas preocupações quanto aos instrumentos que apresentam memória de forma, com relação a sua resistência, pois apesar de grande flexibilidade, esses instrumentos têm apresentado elevado índice de fraturas. Kuhn e Jordan (2002) investigaram a ação de diferentes tratamentos térmicos, variando de 350ºC a 700ºC em instrumentos rotatórios de NiTi, dos sistemas ProFile e Hero, novos e usados, através da Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), para a identificação de diferentes fases cristalográficas das ligas e dos testes de dobramento. Constataram que, tanto nas limas usadas, quanto nas novas, que não sofreram tratamento térmico, a transformação das fases austenítica para martensítica e vice-versa, foi direta. No entanto, quando foram aplicados aos instrumentos tratamentos térmicos de menos de 510°C, verificou-se a formação de uma fase intermediária entre a austenítica e a martensítica, tanto no aquecimento quanto no resfriamento, chamada de Fase-R. Essa fase, segundo os autores, é 17 responsável por um aumento na flexibilidade e diminuição da fragilidade das limas endodônticas. Contudo, tratamentos térmicos acima de 600°C não geraram Fase R nos instrumentos, mas aumentaram a sua rigidez. Melo et al. (2002) avaliaram a influência do design, da conicidade e do diâmetro em instrumentos rotatórios de NiTi na resistência à fadiga cíclica (testados em canais curvos artificiais de aço inoxidável, com 45° de ângulo de curvatura e 5 mm de raio), submetidos a múltiplas esterilizações. Foram testados os instrumentos ProFile Série 29% 5/.04, Quantec 6/.04 e Quantec 8/.06. Concluíram que instrumentos mais calibrosos foram mais suscetíveis à fratura por fadiga cíclica e que cinco esterilizações aumentaram a sua resistência nos valores de microdureza. Li et al. (2002) avaliaram a fadiga cíclica em instrumentos rotatórios de NiTi ProFile, conicidades .04, com diferentes velocidades rotacionais (200, 300, 400 rpm) e variadas distâncias de movimentos de “bicada” (1, 2 e 3 mm). Ocorreu um decréscimo significante no tempo de fratura, de acordo com aumento na velocidade de rotação e do ângulo de curvatura do canal radicular. Com esses resultados, os autores indicaram que uma redução na velocidade rotacional pode diminuir os índices de fratura, principalmente em canais radiculares com ângulo de curvatura maior do que 30°. O aumento das distâncias para o movimento de “bicada” fez com que fosse aumentado o tempo para a fratura, possivelmente devido ao intervalo dado ao instrumento, antes de passar novamente por áreas de maior stress. Pécora (2002) não aconselha a instrumentação Crown-Down com sistemas rotatórios da maneira como é realizada na técnica manual, ou seja, a seqüência partindo do instrumento de maior conicidade para o menor, fazendo com que a sua ponta sofra maior estresse aumentando, assim, o risco de fratura. Segundo o autor, quando se usa um instrumento de menor conicidade, um caminho é formado para a passagem de outro com maior conicidade, com sua ponta trabalhando livre, servindo como guia para alcançar o comprimento de trabalho e, portanto, preparando primeiro a porção cervical, alargando-a, para então alcançar o ápice. Desta forma, o preparo seria realizado com as partes mais resistentes do instrumento, deixando a p onta livre, técnica essa denominada de Free Tip Preparation. Zelada et al. (2002) avaliaram os efeitos da velocidade de rotação e do grau de curvatura em molares extraídos, divididos em grupos com mais de 30°(grupo B) e com menos de 30°(grupo A). Os canais radiculares foram preparados com o instrumento rotatório ProFile .04, grupo A, até 20 usos, e grupo B, 12 usos. 18 Verificaram que todas as fraturas ocorreram nos instrumentos que trabalharam em canais radiculares com curvatura maior que 30°, a poucos milímetros da sua ponta, durante o alargamento do terço apical do canal radicular, sempre sem sinal prévio de deformação. Os instrumentos fraturados, observados em estereomicroscópio, também não demonstraram deformação, o que levou os autores a acreditarem que as fraturas foram todas flexionais, e que velocidades menores reduzem o risco de fratura, sendo a curvatura dos canais radiculares o fator de risco mais importante para esse incidente. Svec e Powrs (2002) examinaram instrumentos do sistema ProFile 20/.04 antes e após o uso em canais radiculares curvos de molares inferiores. Os canais radiculares foram instrumentados com a lima #15, de aço inoxidável, a t é o comprimento de trabalho. A velocidade foi de 150 rpm, torque de 8 Newtons. Cada instrumento foi utilizado no preparo de cinco canais radiculares, sendo que, após utilizados, eram observados em MEV e comparados com instrumentos novos. Os autores observaram perda de metal nos ângulos de corte da lâmina e formação de pites (corrosão puntiforme) em todos os instrumentos, após o primeiro uso, e também microfraturas. Schäfer, Dzepina e Danesh (2003) compararam as propriedades flexurais em relação à secção transversal de cinco instrumentos rotatórios de NiTi (FlexMaster .02, .04 e .06; Hero .02, .04 e .06; K3 .04 e .06; ProFile .04 e .06; RaCe .04). Os sistemas ProFile e RaCe foram mais flexíveis do que os outros instrumentos. O sistema K3 foi significativamente menos flexível. Os autores concluíram que instrumentos com conicidade .06 não devem ser usados no preparo apical de canais radiculares, pois têm maior rigidez que os instrumentos .02 e .04. Schäfer e Florek (2003) compararam a capacidade modeladora dos instrumentos rotatórios de NiTi K3 com os instrumentos manuais flexíveis de aço inoxidável, em canais simulados de resina, com 28° e 35° de curvatura. Cada jogo de instrumento foi utilizado no preparo de apenas um canal e o instrumento de memória foi o #35. Observaram que nenhum instrumento manual de aço inoxidável fraturou e 11 instrumentos K3 fraturaram (3%). Quanto à deformação, ocorreu em 17 instrumentos K3 e em 11 instrumentos manuais de aço inoxidável. Os instrumentos K3 prepararam mais rapidamente os canais radiculares, produziram menos desvios e mínimo transporte em direção à parede externa da curvatura. 19 Schäfer e Schilingeman (2003) avaliaram a capacidade modeladora e de limpeza dos instrumentos K3 e limas manuais de aço inoxidável FlexoFile, quando utilizadas em 60 canais radiculares de molares inferiores, divididos em 2 grupos com curvaturas de 25° e 35° e irrigação entre cada instrumento com hipoclorito de sódio a 2,5%, a uma velocidade de 250 rpm e torque de 1,2 N cm. Após cada preparo, a quantidade de debris e smear layer foram quantificadas, baseadas em escala numérica e divididas em três áreas: apical, média e cervical. Não ocorreram fraturas nos instrumentos manuais tipo K FlexoFile e aconteceram cinco fraturas nos instrumentos rotatórios K3 (2,1%), de números 30/.04 e 25/.04. Os resultados com a remoção do smear layer mostraram que não houve limpeza completa por nenhum dos sistemas. No entanto, os instrumentos de aço inoxidável removeram significativamente mais debris q u e o K3. Os instrumentos K3 tiveram menos transporte e retificação dos canais radiculares, sem diferença comparativa no tempo de trabalho para os dois sistemas. Sonntag, Delschen e Stachniss (2003) analisaram fratura, perda do comprimento de trabalho, qualidade e tempo de preparo em 150 blocos de resina preparados com limas manuais de NiTi (Ni-Ti files) e 450 preparados com o sistema rotatório de NiTi (FlexMaster), com a instrumentação realizada por estudantes de graduação. A proporção de degraus, zips e desvios foram significativamente maiores nos blocos preparados com as limas manuais do que com os do sistema rotatório, nos quais houve também menor perda de comprimento de trabalho. O tempo requerido para o preparo manual foi significativamente maior; contudo, não ocorreu diferença na taxa de fratura entre os dois sistemas. Martin et al. (2003) avaliaram o efeito da velocidade de rotação, ângulo e raio de curvatura na incidência de fratura de dois tipos de instrumentos rotatórios de NiTi: K3 e ProTaper, utilizados para preparar 240 canais radiculares de molares extraídos. Cada instrumento foi utilizado no máximo 20 vezes, sempre na mesma velocidade e irrigados com hipoclorito de sódio. Foram divididos em 2 grupos, dependendo do ângulo de curvatura do canal radicular (grupo A: <30°; e grupo B> 30°) e cada grupo dividido em 2 subgrupos de 60 canais radiculares, com 3 velocidades diferentes de rotação: 150, 250 e 350 rpm. Ocorreram fraturas em 22 instrumentos e todas no grupo B, onde os canais radiculares apresentavam curvaturas com mais de 30°. Os instrumentos que foram utilizados com velocidade de 350 rpm fraturaram mais do que aqueles que utilizaram velocidade de 250 rpm e estes mais do que os 20 preparados com velocidade de 150 rpm. A redução no ângulo de curvatura produziu um significante decréscimo na incidência de fratura. Al-Fouzan (2003) avaliou a instrumentação dos 400 primeiros e segundos molares (1457 canais radiculares) de 408 pacientes, com a finalidade de determinar a incidência de fratura do instrumento rotatório ProFile .04, como também a possibilidade de ultrapassar o instrumento fraturado. Cada canal radicular foi instrumentado até o #30, no mínimo. O preparo cervical dos canais radiculares foi executado com Gates Glidden (números 4, 3, 2 e 1). Cada instrumento foi utilizado para preparar cinco canais radiculares. Após cada uso, os mesmos foram inspecionados com aumento de 2,5 vezes. Dezenove deles, de 449 (4,2%) demonstraram sinais visíveis de deformação plástica e foram substituídos, enquanto 21 (4,2%) fraturaram dentro do canal radicular. O prolongado uso clínico aumentou essa incidência. Quatro dos 7 instrumentos que fraturaram no terço médio e 3 dos 14 que fraturaram no terço apical do canal radicular, foram ultrapassados. Yared, Kulkarni e Ghossayn (2003) relacionaram torque e ângulo de rotação na fratura de instrumentos rotatórios K3 .06 novos e usados (números 15-40), no preparo de canais simulados em blocos de resina com 17 mm de comprimento, 45° de curvatura e velocidade de 300 rpm. Os resultados demonstraram que o torque para fratura nos instrumentos novos aumenta com o diâmetro, e os instrumentos usados apresentam diminuição na capacidade de suportar o torque em relação aos novos; também o ângulo de rotação para fratura foi significativamente afetado pelo uso repetido dos instrumentos nos blocos de resina. Arens et al. (2003) analisaram o número e o tipo de defeitos nos instrumentos rotatórios de NiTi ProFile, séries 29% .04, após uso único, separando-os em três tipos: fadiga torsional, fadiga flexural e fratura. Verificaram algum tipo de defeito em 115 instrumentos (14,63%), sendo que fadiga flexural ocorreu em apenas 1,65%, e a fadiga torsional ocorreu na maioria dos defeitos (12,8%). Sete dos 786 instrumentos apresentaram fratura (0,891%) e nenhuma delas foi por fadiga flexural. Os autores preconizam uso único dos instrumentos pela ausência de defeitos visíveis em 86%. Yared (2004) comparou torque e ângulo de rotação para fratura de instrumentos ProFile .06 novos e usados, investigando a relação entre diâmetro e torque para fratura. Foram testados 30 instrumentos novos e usados com velocidade de 150 rpm e irrigação com hipoclorito de sódio a 2,5%, em canais simulados em blocos de resina. Os resultados mostraram menor valor de torque para fratura nos 21 instrumentos usados em relação aos novos. De acordo com os resultados, o torque para fratura aumenta com o diâmetro, significativamente, nos instrumentos novos, mais do que nos usados. O autor concluiu que o uso repetido dos instrumentos ProFile .06 reduz significativamente o torque e o ângulo de rotação necessários para fratura. Berutti et al. (2004) avaliaram a influência do pré-alargamento manual até a lima #20 e a variação do torque no preparo em canais simulados em blocos de resina, utilizando instrumentos ProTaper, até ocorrer a fratura. Os resultados demonstraram que o pré-alargamento manual dos canais aumentou em seis vezes o número de canais radiculares preparados antes que os instrumentos fraturassem e todos trabalharam melhor com torques mais altos. Prescinotti et al (2004) avaliaram in vitro o número de fraturas, distorções e o tempo de uso dos instrumentos NiTi ProFile .04 no preparo de canais radiculares curvos de 90 molares. No grupo 1, foi utilizada somente a instrumentação rotatória, técnica coroa-ápice, com velocidade de 150 rpm. No grupo 2, a instrumentação rotatória foi precedida pela utilização da instrumentação oscilatória com os instrumentos Nitifle x ( #15, #20, #25), com velocidade de 2700 rpm para os oscilatórios. Quando foi utilizada a técnica oscilatória/rotatória, o tempo para o preparo dos canais radiculares foi menor. Na técnica rotatória, ocorreu o dobro de distorções e fraturas de instrumentos. Schäfer, Vlassis (2004a) compararam os sistemas RaCe e ProTaper no preparo de canais simulados e curvos de resina, com 28 e 35° de curvatura, analisando as variáveis incidências de falhas nos instrumentos, tempo de trabalho e desvios no trajeto original do canal. Os resultados mostraram que os instrumentos do sistema RaCe foram significativamente mais rápidos no preparo dos canais, além de preparos mais centrados. Dos 96 canais preparados, 5 foram excluídos por fraturas dos instrumentos: 3 do sistema RaCe (todas com #25/ .02) e 2 do ProTaper (de número F3); ocorreram também 13 deformações nos instrumentos do sistema RaCe e 14 do ProTaper, sem diferença entre eles. O sistema RaCe também manteve mais o comprimento de trabalho. Schäfer, Vlassis (2004b) compararam os sistemas RaCe e ProTaper, quando da instrumentação de canais radiculares curvos de molares extraídos, avaliando a capacidade de limpeza e o efeito do seu uso na curvatura dos canais radiculares. Tiveram como resultado duas fraturas nos instrumentos do sistema ProTaper e três 22 n o R a Ce, sem diferença estatística. Nenhum dos dois sistemas limpou completamente os canais radiculares. Para a remoção de debris, o sistema RaCe apresentou os melhores resultados, embora a quantidade de smear layer produzida pelos dois tenha sido semelhante. O sistema RaCe também manteve a curvatura original do canal radicular, com menos desvios e não houve diferença no tempo de trabalho entre os dois. Duarte et al. (2004) compararam três sistemas rotatórios (ProFile, Pow-R, Quantec): quanto ao desvio, perda de comprimento e fratura no preparo de canais radiculares de raízes mesiovestibulares de 27 molares superiores extraídos, a velocidade utilizada foi de 250 rpm e torque 1 Newton. Os resultados mostraram a ausência de diferença para os três sistemas quanto a perda de comprimento de trabalho, desvio apical e fratura de instrumento. Parashos, Gordon e Messer (2004) avaliaram 7159 instrumentos rotatórios de NiTi descartados por 14 endodontistas de 4 países, e identificaram os fatores que poderiam influenciar a ocorrência de defeitos produzidos durante o uso clínico. Em 12% dos instrumentos, os autores observaram alongamento na espiral das lâminas e em 5% ocorreram fraturas (1,5% torsional, 3,5% flexural). A média encontrada variou significativamente entre os endodontistas. Os autores concluíram que o operador foi de vital importância nos danos causados nos instrumentos, pois esses poderiam estar relacionados à destreza clínica, à decisão de usar os instrumentos por um mínimo de vezes específica ou até que os defeitos estivessem evidentes. Ankrum, Hartwell e Truitt (2004) investigaram a incidência de fratura e deformação dos instrumentos de NiTi nos sistemas ProTaper, K3 e ProFile, usados para instrumentar canais radiculares curvos de 45 raízes de molares extraídos, com curvatura de 40 e 75°. O preparo cervical foi realizado com a seqüência de brocas Gates Glidden n°s: 4, 3 e 2 a 4, 6 e 8 mm, respectivamente. A porção apical foi preparada com limas manuais Flexofile #15, irrigação com 2 ml de solução salina e velocidade de rotação de 250 rpm. O sistema ProFile teve deformação em 15,3% dos instrumentos, com diferença estatística em relação ao ProTaper, que apresentou deformação em 2,4% dos instrumentos. Ocorreram 1,7% de instrumentos fraturados para o ProFile, 6% para o ProTaper e 2,1% para o K3. Segundo os autores, esse resultado se deve a diferentes conicidades nos instrumentos finais, no ProTaper .07, .08 e .09; no K3 e ProFile .04. A deformação no ProFile aconteceu como um 23 desenrolar das hélices do instrumento, já no K3 e ProTaper ocorreu devido à flexão do instrumento ao longo do seu eixo, o que é mais difícil de se visualizar. Paqué, Musch e Hülsmann (2005) avaliaram a qualidade do preparo de 50 canais radiculares de dentes extraídos, com grau de curvatura entre 20° e 40°. Foram utilizados os sistemas RaCe e ProTaper, com velocidade rotacional de 300 rpm. Os resultados mostraram comportamento semelhante entre os dois sistemas quanto à capacidade de limpeza, sendo que nenhum deles apresentou desempenho satisfatório, porém o sistema RaCe produziu menos smear layer na porção apical. Ambos os sistemas mantiveram o trajeto original do canal radicular após o preparo. Nenhum instrumento RaCe fraturou e o sistema ProTaper teve somente uma ocorrência. Peng et al. (2005) avaliaram os defeitos encontrados nos instrumentos rotatórios ProTaper S1, descartados após programa definido de uso em uma clínica de endodontia. Cada instrumento foi limitado a um número máximo de usos, de acordo com o dente que estava sendo tratado: 4 para molares, 20 para pré-molares e 50 para incisivos ou caninos. Foram descartados também os instrumentos de uso único em canais radiculares severamente curvos ou calcificados. De um total de 325 instrumentos ProTaper descartados, 122 (38%) eram S1, e desses 28 (23%) estavam fraturados, sendo que apenas 2 entraram no grupo das fraturas torcionais, mostrando macroscopicamente deformação plástica próxima ao ponto de fratura. O número aparente de fraturas torcionais foi menor do que as fraturas flexionais, sendo que ocorreram mais fraturas no grupo dos molares, 17 (31%), enquanto que no grupo de pré-molares houve dez fraturas (23%) e nos anteriores, apenas uma (4%). Ocorreu diferença no resultado estatístico entre o grupo dos molares e dos anteriores. O exame microscópico na região de fratura dos instrumentos revelou a presença de micro rachaduras, pits e, em maior número, resíduos da liga, destacados sobre a superfície da lâmina. Ullmann e Peters (2005) avaliaram a resistência dos instrumentos rotatórios de NiTi ProTaper novos , quando submetidos a testes de fadiga cíclica em canais simulados de aço inoxidável com 5 mm de raio, 90° de curvatura e rotacionados à velocidade de 250 rpm. Foram realizados também testes de resistência à torção, prendendo o instrumento a 3 mm da ponta, com torque de 2 N cm, até que houvesse a fratura, utilizando oito instrumentos em cada grupo de testes. O resultado mostrou que os instrumentos finais do ProTaper (F1, F2 e F3) foram 24 significativamente mais resistentes ao torque do que os iniciais (Sx, S1 e S2), sendo o S1 menos resistente. O ângulo de fratura foi semelhante entre os instrumentos, com exceção do F3, que fraturou com um ângulo significativamente maior. Rotações para fratura, devido à fadiga cíclica, decrescem com o aumento do diâmetro e com o F3, a fratura acontece antes. Os resultados demonstraram que os instrumentos de maior diâmetro estão mais sujeitos à fadiga cíclica e os autores sugerem uso cuidadoso ou o seu descarte imediato. Troian (2005) avaliou, por meio de MEV, a deformação e a fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi de 25/.04, dos sistemas RaCe e K3, quando submetidos ao preparo de até cinco canais simulados com 20° e 40° de curvatura e início da mesma em 8 ou 12 mm da abertura cervical, usando velocidade de 300 rpm, com torque de 2 N cm, tendo como variável o número de usos. De acordo com os resultados, a autora concluiu que os instrumentos de 25/.04, do sistema K3, mostraram ausência de distorção e fratura, após o quinto uso, sendo que seis instrumentos do sistema RaCe fraturaram, com diferença estatística. O uso continuado dos instrumentos 25/.04, do sistema RaCe, aumentou sensível e progressivamente os índices de deformação, com distorção das espiras e perda de metal na sua superfície. Houve diferença em relação aos índices de deformação e fratura, favorável para o sistema K3. Segundo o autor, os canais simulados com menores raios de curvatura favoreceram a ocorrência de fratura dos instrumentos do sistema RaCe. Pessoa et al. (2005) avaliaram a resistência à torção de 30 instrumentos de NiTi Quantec Flare .10 em relação ao diâmetro de sua ponta ativa. Foram divididos em 2 grupos de 15 instrumentos: no grupo I foi removido 1 milímetro da ponta ativa e, no grupo II, não houve modificações. Os autores verificaram que os instrumentos com a ponta modificada apresentaram maior resistência à torção e, quanto maior o diâmetro da sua extremidade ativa, maior é a resistência à torção. Alapati et al. (2005) investigaram, por meio do MEV, 822 instrumentos rotatórios de NiTi: ProFile GT, ProFile e ProTaper , descartados após uso clínico, com a finalidade de compreender os mecanismos de fratura. Entre os instrumentos descartados, 175 eram ProFile e 122 (70%) não apresentavam evidências de deformação, enquanto 39 (22%), apresentaram deformação permanente e 14 (8%) já haviam fraturado. Dos 595 ProFile GT descartados, 536 (90%) não apresentaram deformação visível e 43 (7%) apresentaram evidências, mas 16 (3%) fraturaram. 25 Para os 52 ProTaper descartados, 30 deles (58%) não apresentaram deformação visível, 10 (19%) apresentaram deformação permanente e 12 (23%) fraturaram. Os instrumentos examinados nesse estudo demonstraram grande número de deformações permanentes. Patiño et al. (2005) avaliaram a taxa de fraturas dos instrumentos rotatórios de NiTi, quando da utilização prévia de limas de aço inoxidáveis manuais #10 a #20, no preparo do terço apical. Foram instrumentados 208 canais radiculares de molares inferiores extraídos, divididos entre os sistemas rotatórios ProTaper, ProFile e K3, utilizados até que ocorresse a fratura. Nos sistemas rotatórios, a amplitude do movimento foi de 2 e 3 mm e o tempo de permanência no interior do canal radicular variou entre 5 e 10 segundos, com velocidade de rotação de 350 rpm e irrigação com hipoclorito de sódio a 5,25%, entre cada instrumento. Foram registradas 25 fraturas, sem diferença entre os sistemas. No entanto, houve uma associação significativa entre o ângulo de curvatura dos canais radiculares com mais de 38° e a taxa de fratura, 19 instrumentos (76%) nesses canais radiculares. O número de usos clínicos foi a variável que mais teve correlação com as fraturas, sendo que apenas um fraturou no primeiro uso, e as mais altas taxas foram naqueles instrumentos utilizados por oito vezes ou mais. Segundo os autores, as baixas taxas de fraturas obtidas nesse estudo são atribuídas ao preparo prévio da porção apical do canal radicular. Suter, Lussi e Siqueira (2005) avaliaram, em uma série de casos clínicos, a existência, localização e quantidade de instrumentos fraturados que podiam ser removidos de dentro de canais radiculares. Por um período de 18 meses, foram analisados casos que envolviam a presença de instrumento fraturada e tentativa de remoção do fragmento, por meio de métodos pré-estabelecidos. De um total de 1177 canais radiculares tratados, em 97 casos ocorreram fraturas de instrumentos e 84 (87%) puderam ser removidos com sucesso. Segundo os autores, existe uma correlação entre o aumento do tempo necessário para remover o instrumento fraturado e a diminuição da taxa de sucesso da remoção. Afirmam também que canais radiculares curvos fraturam mais instrumentos do que canais radiculares retos e que os instrumentos rotatórios fraturam mais em canais radiculares curvos, comparados com outros instrumentos. Kim et al. (2005) investigaram os efeitos do tratamento criogênico em instrumentos rotatórios de NiTi ProFile 25/.06. Foram utilizados 30 instrumentos 26 para os testes de resistência, sendo 15 tratados com nitrogênio líquido a -196°C e os outros 15 não foram tratados (grupo controle). Foi avaliada também a eficiência de corte por 14 operadores, comparando 40 instrumentos ProFile 20/.06, com tratamento criogênico e 40 não tratados, para a instrumentação em dentes molares extraídos. Os resultados mostraram um aumento na micro-resistência nos instrumentos tratados criogênicamente, com diferença. Entretanto, o aumento da micro-resistência não foi detectado clinicamente em relação à eficiência de corte. Rangel et al. (2005) avaliaram o tempo e a capacidade de modelagem dos canais instrumentados pelo sistema RaCe, no preparo de 40 canais simulados, com curvaturas entre 20° e 40° e início da curvatura variando de 8 a 12 mm, formando assim 4 grupos com 10 canais cada, usando velocidade rotacional de 315 rpm. O instrumento final utilizado foi o 40/.02, com 17 mm de comprimento de trabalho e tempo médio de 1,36 min. Não ocorreram fraturas de instrumentos, e apenas três sofreram deformações, dois 25/.04 e um 25/.06. Dos 40 canais simulados, 33 (82%) mantiveram o comprimento de trabalho, sem formação de zip, degrau ou perfuração. Os instrumentos 40/.02 apresentaram tendência de desgastar a porção externa da curvatura na região apical. Com esses resultados, os autores concluíram que os instrumentos RaCe prepararam os canais simulados rapidamente e com boa qualidade. Yoshimine, Ono e Akamine (2005) compararam os sistemas rotatórios de NiTi K3, RaCe e ProTaper no preparo de 30 canais simulados em formato de S (dupla curvatura), em blocos de resina, com velocidade rotacional de 250 rpm e torque de 3 N cm, atingindo o comprimento de trabalho com instrumentos de 30/ .06 para o Race e K3 e F3 para o ProTaper. Os resultados mostraram que o Race e o K3 não apresentaram desvios no canal. Já o ProTaper, apesar de produzir grande ampliação dos canais, apresentou tendência de criar desvio a partir do instrumento F2. Os autores sugerem que para modelar canal radicular com curvatura complexa, deve-se empregar instrumentos de menor conicidade e maior flexibilidade, como os sistemas RaCe e K3. Perez, Schoumacher e Peli (2005) avaliaram a capacidade modeladora, a fratura e a manutenção do comprimento de trabalho dos sistemas rotatórios HERO (Micro-Mega).06 e .04, velocidade de 400 rpm , com o sistema rotatório de aço inoxidável ENDOflash (kavo), .02, velocidade de 250 rpm. Foram utilizados 17 canais simulados em blocos de resina, para cada sistema, com 35° de curvatura e 27 18 mm de comprimento. Não aconteceram fraturas e não ocorreu perda no comprimento de trabalho em ambos os sistemas. Os autores concluíram que o ENDOflash criou mais zips, aumentou o risco de transporte do canal e causou maior desgaste na curvatura em relação ao sistema HERO, e que este preparou canais mais centrados. Cheung et al. (2005) avaliaram o tipo de fratura de 122 instrumentos rotatórios ProTaper S1 descartados em uma escola de endodontia na China. Após a análise por meio da MEV, a fratura torsional ocorreu em 33% dos instrumentos, mostrando a ausência de estrias de fadiga. O restante dos instrumentos fraturou por fadiga, devido à presença de estrias próximas ao centro da secção transversal. O comprimento médio do segmento fraturado, devido ao cisalhamento, foi de 2.5+/-0.8 mm, enquanto por fadiga foram de 4.3+/-1.9 mm, com diferença significativa entre os fragmentos. Segundo os autores, as vias macroscópicas ou laterais para exame da superfície de fratura falham ao indicar o modo como ela ocorreu. A presença de fadiga aparenta ser a reação mais importante para a fratura dos instrumentos rotatórios durante uso clínico. Spilli, Parashos, Messer (2005) analisaram os registros de 8460 pacientes em uma clínica de endodontia na Austrália, para verificar a freqüência e o impacto da fratura dos instrumentos endodônticos. As análises demonstraram a presença de 301 fragmentos (3,3%) em 277 dentes, sendo que 78,1% dos instrumentos fraturados eram do sistema rotatório de NiTi. Foram acompanhados, para controle, 146 dentes, totalizando 158 canais radiculares com instrumentos fraturados. A presença de lesão periapical foi associada com a redução da taxa de reparo nos casos de instrumentos fraturados nos canais radiculares. Guelzow et al. (2005) compararam os seguintes parâmetros: alteração no comprimento de trabalho, retificação na curvatura, diâmetro pós-operatório dos canais radiculares, acidentes e tempo de trabalho de seis instrumentos rotatórios de NiTi (FlexMaster, System GT, HERO 642, K3, ProTaper e RaCe) e uma técnica manual utilizando limas hedströem. Os diâmetros pós-operatórios, obtidos em cortes do terço cervical, médio e apical, analisada a secção transversal, mostraram menor número de preparos irregulares para o ProTaper. Ocorreram fraturas do instrumento ProTaper em três canais radiculares, uma para o System GT, HERO 642, K3 e uma para a lima da técnica manual. Os resultados também mostraram q u e o s instrumentos de NiTi preparam os canais radiculares mais rapidamente que os da 28 técnica manual, sendo o menor tempo obtido pelo System GT. Todos os instrumentos de NiTi mantiveram a curvatura original do canal radicular e o preparo foi mais rápido do que a técnica manual. Matheus, Albuquerque, Lopes (2006) compararam a resistência à fratura de instrumentos rotatórios de NiTi, quando submetidos ao teste mecânico de torção à direita, com análise das variáveis, ângulo de rotação máximo e torque máximo até a fratura em 20 instrumentos K3 e ProFile, de números #35 e #15. Os resultados mostraram que para o ângulo de rotação máximo até a fratura, não houve diferença estatística entre instrumentos de mesmo número, variando de acordo com o diâmetro. O torque máximo até a fratura, em instrumentos de mesmo número, foi significantemente maior para os K3 do que para os ProFile. Os autores concluíram que os instrumentos K3 superaram os ProFile relacionando esse comportamento com a diferença entre os diâmetros das seções transversais, necessitando maior carga para fraturar um instrumento de maior diâmetro, como é o caso do K3, que possui maior núcleo metálico em relação ao ProFile. Lauretti (2006) avaliou a influência da velocidade de rotação e o número de usos em relação à ocorrência de fraturas nos instrumentos de dois sistemas rotatórios de NiTi: RaCe e K3, de número 25/.04, em canais simulados com mesmo ângulo de curvatura (20°). Foram utilizados 10 instrumentos com velocidade de rotação de 180, 350 e 600 rpm, com torque de 1 N cm, e cada um foi utilizado por três vezes. Diante dos resultados, o autor concluiu que o aumento da velocidade diminuiu o tempo de trabalho em ambos os sistemas. O sistema RaCe preparou os canais simulados em menor tempo do que os instrumentos K3, nas velocidades de 350 e 600 rpm, não havendo diferença quando a velocidade foi de 180 rpm. Foram observadas nove fraturas (30%) nos instrumentos RaCe, à velocidade de 180 rpm e nenhuma no sistema K3. Entretanto, utilizando velocidade de 600 rpm, os instrumentos K3 fraturaram 10 (33,33%) e 4 (13,33), em relação ao RaCe. Não ocorreram fraturas para os sistemas quando foi utilizada a velocidade de 350 rpm. O número de usos avaliado não influenciou no tempo de trabalho para nenhum sistema, porém favoreceu o maior número de fraturas, exceto a velocidade de 350 rpm, na qual não ocorreram fraturas. Os instrumentos RaCe apresentaram maior índice de fratura para a velocidade de 180 rpm do que para 600 rpm. Fiore et al. (2006) observaram a incidência de fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi, ProTaper, ProFile GT Rotatory e K3, de acordo com as indicações 29 do fabricante, para instrumentar 3181 canais radiculares de 1403 dentes, em uma escola de pós-graduação em endodontia. A incidência de fratura foi baseada no número de instrumentos utilizados, na velocidade rotacional de 350 rpm e com irrigação com hipoclorito de sódio a 3%, e os instrumentos descartados após três usos. Fraturaram 26 de um total de 6661 instrumentos utilizados, ou seja, 0,39%, sendo 20 em molares, cinco em pré-molares e um em dente anterior. Em relação ao grau de curvatura do canal radicular, 15 (58%) fraturaram em canais radiculares curvos, com mais de 26°. A maior parte dos fragmentos ficou localizada no terço apical do canal radicular, tendo como comprimento médio do fragmento 2 mm. Diante do suporte fornecido pelos baixos índices de fraturas encontrados na pesquisa, os autores sugerem o contínuo uso desses instrumentos no tratamento de canais radiculares. Costa, Falleiros, Santos (2006) compararam a resistência à corrosão por pite, em instrumentos endodônticos rotatórios de NiTi Quantec séries 2000, Pow-R e ProFile, utilizando cinco instrumentos novos #40 de cada uma das marcas e cinco instrumentos de cada marca submetidos a seis instrumentações com hipoclorito de sódio a 1% e autoclavagem entre os preparos. Cada instrumento foi submetido ao hipoclorito de sódio a 1% por 20 minutos, em imersão, para a determinação dos potenciais de pite. Os instrumentos foram examinados em MEV, e não houve diferença estatística entre os mesmos. Gênova et al. (2006) avaliaram o comportamento dos instrumentos ProTaper frente ao número de vezes em que foram utilizadas para instrumentar canais simulados de resina, com ângulo de curvatura de 40° e velocidade de 360 rpm, até que ocorresse a fratura. Os autores concluíram que o ProTaper em canais radiculares curvos mostrou-se seguro até o quarto uso, existindo uma tendência da fratura ocorrer no ponto de maior angulação do canal radicular, sendo que dos 12 jogos de instrumentos utilizados, 11 fraturam no terço apical e 1 no terço médio. Observaram ainda que os instrumentos que mais fraturaram foram os “F”. Miyai et al. (2006) estudaram a relação entre propriedades funcionais e transformações de fase de cinco instrumentos rotatórios de NiTi: EndoWave, ProFile .06, HERO 642, K3 e ProTaper, usando limas tipo K, de aço-inoxidável, para valores de referência. O comportamento das mudanças de fases foram medidas por meio da calorimetria diferencial de varredura. Os resultados obtidos nos testes torcionais evidenciaram valores de máximo torque até a fratura significativamente maiores para 30 o HERO, K3 e ProTaper, do que para o EndoWave, ProFile e lima K . No entanto, os valores de deflexão angular até fratura foram significativamente maiores para as limas K, do que em todos os instrumentos rotatórios de NiTi. Os valores obtidos nas cargas de deformação foram maiores para o HERO e K3, do que para o EndoWave, ProFile, ProTaper e limas K , estas apresentando os menores valores de carga. Segundo os autores, quando os instrumentos de NiTi passam da fase austenítica para a martensítica, ocorre um processo exotérmico, assim como na inversão das fases e, quanto maior a variação de temperatura, maior é o número de mudança de fases. Nesse estudo, os instrumento que tiveram as menores mudanças de temperatura foram o HERO e o K3, mostrando também um maior valor de máximo torque e maior carga para deformação, quando comparados com os instrumentos que apresentaram mudanças de temperatura maiores. Berutti et al. (2006) avaliaram a influência da resistência à fratura cíclica e à corrosão do instrumento ProTaper em imersão na solução de hipoclorito de sódio (NaOCl). Um total de 120 ProTaper F2 foram divididos em 3 grupos: I, controle , II, imersão em NaOCl a 5%, por 5 min, a 50°C, excluída a lâmina com cobertura dourada e III, imersão total em hipoclorito de sódio por 5 min, a 5% e 50°C. Nos testes de fadiga, os instrumentos foram rotados com velocidade de 300 rpm em canais artificiais de aço de 60° de curvatura e 10 mm de raio. Os instrumentos do grupo III tiveram menor resistência à fratura do que os do grupo I e II. Os autores concluíram que os instrumentos do grupo III tiveram menor resistência à fratura cíclica, devido à ocorrência de corrosão por pits e formação de sulcos e fissuras. Yang et al. (2006) compararam a capacidade de modelagem dos sistemas rotatórios de NiTi ProTaper (conicidade progressiva) e do Hero (conicidade constante), em 40 canais simulados em blocos de resina (formato de S e L), a velocidade de 300 rpm e 5 usos para cada instrumento. Ocorreram três fraturas para o ProTaper e uma para o Hero, todas na ponta do instrumento, sem diferença significativa para os sistemas em termos de números de fraturas. De acordo com os resultados, nos dois formatos de canais, os instrumentos Hero mantiveram mais o comprimento de trabalho do que os ProTaper. Também prepararam os canais mais rapidamente e apresentaram menor risco de perfuração em zonas de risco. Ainda, segundo os autores, os instrumentos do sistema Hero realizaram preparos mais centrados, devido ao seu desenho, que apresenta conicidade constante. Contudo, na parte cervical do canal, o sistema ProTaper promoveu um maior desgaste. 31 X u e t al. (2006) investigaram a influência da secção transversal de seis instrumentos rotatórios de NiTi no comportamento mecânico frente ao torque de (2.5 N cm) e o estresse gerado medido em megapascal (MPa). Os instrumentos foram diferenciados nas formas: convexa (ProTaper), tríplice hélice (Hero 642), tipo-S (Mtwo), tríplice U (ProFile), tipo-Z (Quantec) e triângulo (NiTiflex). Com base na análise dos resultados, os autores concluíram que os modelos de formato convexo e tríplice hélice, na secção transversal, são os mais resistentes ao torque, apresentando também os menores valores de estresse. Os de formato de triângulo e de tipo-Z mostraram menor tolerância ao torque. Relatam ainda que a secção transversal tem significativa influência no comportamento mecânico dos instrumentos rotatórios de NiTi. Schäfer, Erler, Dammaschke (2006a) compararam os instrumentos rotatórios de NiTi Mtwo, K3 e RaCe quanto à qualidade do preparo, em canais simulados em blocos de resina, com de curvatura de 28º e 35º. Foram preparados 20 canais simulados para cada grau de curvatura, sendo que cada instrumento foi utilizado para preparar 4 canais. Houve quatro fraturas para os instrumentos K3, seis para o RaCe e nenhuma com o Mtwo, sem diferença estatística entre os sistemas. No preparo dos canais simulados com 35°, os instrumentos Mtwo deformaram significativamente mais do que os outros dois sistemas, prepararam os canais simulados mais rapidamente, seguidos pelos sistemas RaCe e K3. Os resultados também mostraram canais simulados mais centrados, quando preparados com o sistema Mtwo. Schäfer, Erler, Dammaschke (2006b) compararam à qualidade do preparo e capacidade de limpeza dos instrumentos rotatórios de NiTi Mtwo, K3 e RaCe, no preparo de 60 canais radiculares de molares extraídos, todos com raios de curvatura entre 4 mm e 5 mm e ângulo de curvatura entre 25° e 35°. Durante a instrumentação dos canais radiculares, não ocorreram fraturas nos instrumentos e também não foi observada limpeza completa dos canais radiculares. Os resultados para remoção da smear layer foram similares entre eles, mas o sistema Mtwo manteve mais a curvatura original dos canais radiculares. Alexandrou et al. (2006) avaliaram os efeitos de repetidas esterilizações com calor, na superfície e microestrutura dos instrumentos rotatórios de NiTi Mani NRT. Foram utilizados 33 instrumentos 30/.04, submetidos à esterilização com temperatura de 180°C por 120 minutos e, posteriormente, analisados por meio de 32 MEV. Vinte e sete instrumentos foram divididos em três grupos: Grupo 1 (3 instrumentos analisados após serem submetidos a 11 ciclos de esterilização), Grupo 2 (12 instrumentos seccionados transversalmente e examinados em subgrupos de 3 instrumentos, submetidos a ciclos de 0, 1, 6 ou 11 esterilizações) e Grupo 3 (12 instrumentos seccionados longitudinalmente e analisados em subgrupos de 3 instrumentos, após 0, 1, 6 ou 11 ciclos de esterilizações). Os seis instrumentos restantes foram submetidos à análise com a calorimetria diferencial de varredura. Os resultados mostraram a presença de resíduos, pits, tiras de metal e marcas de erosão profundas, detectadas tanto em instrumentos novos, como esterilizados. Após 11 ciclos de esterilizações, ocorreu um aumento significativo na formação de resíduos e asperezas de superfície. Os autores concluíram que defeitos de usinagem e imperfeições estruturais dos instrumentos novos Mani são indicativos da dificuldade de fabricação dos instrumentos endodônticos de NiTi. Grande et al. (2006) estudaram a influência do design na resistência dos instrumentos rotatórios de NiTi: Mtwo (10/.04, 15/.05, 20/.06, 25/.06, 30/.05, 35/.04 e 40/.04) e ProTaper (S1, S2, F1, F2 e F3), quando submetidos a testes de estresse por fadiga cíclica, em canais simulados de aço inoxidável, com raio de curvatura de 2 mm ou 5 mm e ângulo de curvatura de 60°. Um total de 260 instrumentos foi rotado, e o número de ciclos para fratura foi registrado. Os ciclos diminuíram significativamente com o aumento de volume do instrumento, em ambos os raios de curvatura. O raio de curvatura dos canais simulados foi a variável com maior influência nos testes realizados. Os resultados mostraram que canais com raio de curvatura mais abrupto (2 mm), tiveram menor número de ciclos para fratura do que os canais com raio de curvatura menos abrupto (5 mm). Quanto maior o volume de metal nos instrumentos, menor a resistência durante os testes de fadiga. Spanaki-Voreadi, Kerezoudis, Zinelis (2006) avaliaram o mecanismo de fratura ou deformação dos instrumentos rotatórios ProTaper, sob condições clínicas. Foram coletados 46 instrumentos ProTaper, descartados após o uso. Foram então analisados em estereomicroscópio e classificados em três categorias: deformação plástica, fraturas com deformação plástica e fraturados com ausência de deformação plástica. A inspeção utilizando o estereomicroscópio mostrou que: 17,4% foram descartados por deformação plástica, 8,7% estavam fraturas com deformação plástica e 73,9% apresentavam fratura com ausência de deformação plástica. Exame realizado na superfície de fratura por meio de MEV demonstrou a presença 33 de depressões, típicas de rupturas desenvolvidas devido à fratura do tipo dúctil. Os autores concluíram que um simples evento de sobrecarregamento é a causa mais comum encontrada nos mecanismos de fratura dos instrumentos rotatórios de NiTi. Knowles et al. (2006) avaliaram a incidência de fraturas no instrumento rotatório LightSpeed, utilizado por estudantes numa faculdade de Odontologia. A instrumentação inicial foi realizada com limas tipo K, de #10 à #20. Após, foi feita a instrumentação com o sistema rotatório. A velocidade utilizada foi de 2000 rpm e torque de 1,42 N cm. Foram tratados 3543 canais radiculares, participando 251 estudantes, por um período de 24 meses, sendo identificadas 46 fraturas (1,30%), 43 envolvendo molares e 3 em pré-molares. Não ocorreu fratura de instrumentos nos dentes anteriores, que representaram 36% dos dentes tratados. O canal mésiolingual dos molares inferiores foi o que apresentou a maior incidência de fratura dos instrumentos. Shen et al. (2006) compararam a incidência e o modo de fratura dos instrumentos rotatórios ProFile (166 instrumentos) e ProTaper (325 instrumentos), descartados após o uso. Cada um deles foi utilizado por um número de vezes prédeterminado, dependendo do dente a ser tratado: 4 usos (molares), 20 usos (prémolares) e 50 usos (incisivos ou caninos), sendo descartados após uso único, quando da sua utilização em canais radiculares extremamente curvos ou calcificados. Em seguida, foram analisados por meio de MEV e separados por defeitos ou distorções nas seguintes categorias: (a) não fraturados e sem defeitos; (b) não fraturados, com defeitos visíveis; (c) fraturados e divididos nas categorias de torsional ou flexural. Nos instrumentos descartados, ocorreram fraturas em 45 (14%) ProTaper e em12 (7%) ProFile. Os instrumentos que mais fraturaram foram os de conicidade .04 para o ProFile e o S1 do ProTaper. A proporção de defeitos visíveis foi de 5% para o ProFile e 0,3% para os instrumentos ProTaper. Fadiga flexural foi o defeito mais encontrado nas fraturas de ambos os grupos. Os resultados desse estudo indicam que, enquanto os instrumentos do sistema ProTaper fraturaram sem alteração das hélices, os do sistema ProFile tendem a exibir alongamento das lâminas mais freqüentemente. Yao, Schwartz, Beeson (2006) compararam a resistência à fadiga cíclica em três instrumentos rotatórios de ProFile, K3 e RaCe, utilizando um modelo de movimento axial alternado (“bicada”). O modo de fratura foi avaliado por meio de MEV. Foram analisados os seguintes instrumentos, totalizando dez grupos: ProFile 34 25/.04, 40/.04, 25/.06, 40/.06; K3 25/.04, 40/.04, 25/.06, 40/.06; RaCe 25/.04, 25/.06. Foram utilizados 15 instrumentos com 25 mm de comprimento em cada grupo, rotados livremente em um tubo de aço inoxidável, com 2 mm de diâmetro, velocidade de 300 rpm, ângulo de curvatura de 60° e raio de curvatura de 5 mm. Os instrumentos 25/.04 foram significativamente mais resistentes à fadiga cíclica. Nos grupos de 25/.04, os instrumentos do sistema K3 foram mais resistentes do que os RaCe e ProFile. Nos grupos 25/.06, os K3 e os ProFile foram mais resistentes que os instrumentos RaCe. Nos grupos de 40/.04 e 40/.06, os K3 foram mais resistentes do que os ProFile. A MEV confirmou a predominância de fratura do tipo dúctil, refletida por numerosas depressões na superfície de fratura, resultado da formação de micro-bolhas no metal. Cheung et al. (2007) analisaram os defeitos e o modo de fratura dos instrumentos manuais de NiTi Hand ProTaper e do sistema rotatório de NiTi ProTaper, após uso em clínica endodôntica, por um período de 17 meses, utilizados por um número de vezes pré-determinado: 4 usos (molares), 20 usos (pré- molares) e 5 0 usos (incisivos e caninos). Os resultados mostraram que 58 (14%) dos instrumentos Hand ProTaper fraturaram com mesmo índice apresentado pelos ProTaper, do sistema rotatório 44 (14%). Aproximadamente 62% dos instrumentos manuais tiveram fratura por cisalhamento (torção), enquanto nos rotatórios, 66% deles apresentaram fratura por fadiga. De acordo com os resultados, os autores concluíram que a maioria dos defeitos encontrados nos instrumentos manuais do Hand ProTaper tem a característica de deformação plástica (alongamento das hélices) ou fratura por cisalhamento. J á o modo de fratura do sistema rotatório ProTaper é predominantemente por fadiga. Sugerem ainda, os autores, o exame do Hand ProTaper antes do uso, devido à possibilidade de discernir o alongamento das hélices, que pode acontecer antes da fratura. Plotino et al. (2007) avaliaram a resistência à fadiga cíclica do sistema rotatório Mtwo, em canais artificiais com raio de 5 mm e ângulo de curvatura de 60°, quando usados com movimentos de “pinceladas” ou não. Foram utilizados 20 instrumentos Mtwo de cada diâmetro, divididos em 2 grupos: grupo A, controle (10 instrumentos utilizados sem movimento de “pincelada”); grupo B (10 instrumentos utilizados com movimento de “pincelada”). Cada um deles preparou 10 canais radiculares ovais; 80 instrumentos foram rotados e o número de ciclos até a fratura, registrados. Não ocorreram fraturas durante o uso nos canais artificiais. Não houve 35 influência do movimento lateral contra as paredes (“pincelada”), na resistência à fadiga cíclica. Os autores concluíram que os instrumentos rotatórios Mtwo podem ser usados em movimentos de “pinceladas”, em condições clínicas simuladas, para preparar canais radiculares ovais por 10 vezes. 36 3 CONCLUSÃO Diante do exposto nesta revisão de literatura, pode-se dizer que: 1. Canais radiculares com menores raios e maiores ângulos de curvatura favorecem a ocorrência de fratura nos instrumentos de NiTi; 2. A utilização dos instrumentos rotatórios de NiTi, com velocidade reduzida, permanecendo por menos tempo no interior de canais radiculares curvos, diminui a incidência de fratura; 3. A fratura do instrumento de NiTi é diretamente proporcional ao número de usos; 4. Cuidados relacionados à técnica, como o preparo prévio da porção cervical e pré-alargamento manual dos canais radiculares, diminuem o risco de fraturas; 5. Instrumentos de NiTi de maior diâmetro estão mais propensos a fadiga cíclica. 37 REFERÊNCIAS ALAPATI, S. B., et al. 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