Três velhas tecelãs
Personagens: Velha de olhos grandes,
Velha de nariz grande, Velha de mãos
grandes, Rei, Príncipe, José, Ana, Narrador.
N
arrador – José é pai de Ana e tem muito orgulho da filha. Conta
para todo mundo tudo o que ela sabe fazer e ama tanto a filha
que muitas vezes exagera no elogio.
José: Minha filha cozinha muito bem. É delicada, cuidadosa,
tem uma letra linda, sabe cantar, pintar bordar, pular corda,
sabe falar inglês, sabe karatê... Ops, karatê está aprendendo,
mas dança balé como ninguém.
Narrador – Um dia José elogiava a filha e falou no meio da praça que
ela era capaz de fiar transformando linha em tecido de modo tão rápido
que parecia ter mãos mágicas. O rei do reino vizinho, que passava por
ali com sua comitiva, mandou levar Ana ao castelo e ordenou que ela
passasse por três desafios e se vencesse a todos se tornaria princesa
daquele reino.
Rei: Sempre procurei a melhor tecelã do mundo para fazer os
mais belos tapetes e tecidos. Se for verdade que suas mãos
são mágicas, caso você com meu filho. Você se tornará
princesa e depois de um tempo rainha!
Ana: Rei, nem sei o que dizer!
Rei: Seu destino tem três fios, três caminhos. No primeiro, você
supera os desafios e casa-se com meu filho. No segundo, você
não aceita ser desafiada e morre por me desobedecer e no
terceiro caminho você não consegue cumprir a tarefa,
fracassa e morre do mesmo jeito.
Ana: Quero sim. Sua ajuda é bem vinda!
Velha de olhos grandes: Então prometa que me
convidará para o seu casamento e lá na cerimônia me
chamará de tia.
Ana: Sim, prometo sim!
Narrador – A velha senhora assobiou. E como se respondessem
ao seu chamado, uma enorme quantidade de formigas entrou no
salão e começou a fiar. Juntas as pequeninas fiaram tão rápido
que ao amanhecer todos aqueles fios que antes lotavam o salão
real se transformaram em belos tecidos. O rei ao ver se admirou,
mas ainda não estava satisfeito.
Rei: Muito bem, menina. Você cumpriu a primeira tarefa.
Quero ver agora se consegue fiar o dobro da quantidade
de ontem.
Narrador – Assim foi feito. O rei preparou dois salões repletos de
fios e deu novamente apenas o tempo de uma noite para que a
menina os transformasse em tecido. Ao raiar do sol o rei viria, ou
para dar parabéns pelo trabalho realizado, ou para levar a menina ao calabouço.
Ana (para a platéia): Ai de mim! Como conseguirei fiar
tanto em tão pouco tempo? Se eu soubesse como
chamar aquela velha senhora...
Ana: Desafio aceito! (Ana fala para a platéia) Ai, eu mato
meu pai! Quem mandou ser tão exagerado, tão desajeitado
com as palavras!
Narrador – O tempo passava rápido escorregando pela janela.
Os primeiros raios de sol logo viriam. Ana estava desesperada!
Quando, de repente, ouviu uma voz:
Narrador – O primeiro desafio a ser enfrentado por Ana era fiar a quantidade de fios que coubesse no maior salão do castelo. E para isso ela
teria apenas uma noite. Ao raiar do sol o rei viria, ou para dar parabéns
pelo trabalho realizado ou para levar a menina ao calabouço.
Velha com nariz grande: Acalme-se, menina, estou aqui
para ajudá-la. Se você quiser minha ajuda, é claro.
Ana (para a platéia): Ai de mim! Como conseguirei fiar tanto
em tão pouco tempo? Não sou mágica e, pra falar a verdade,
nunca gostei das aulas de fiar!
Narrador – O tempo passava rápido escorregando pela janela. Os primeiros raios de sol logo viriam. Ana estava desesperada! Quando, de
repente, ouviu uma voz:
Velha de olhos grandes: Acalme-se, menina, estou aqui para
ajudá-la. Se você quiser minha ajuda, é claro.
Ana: Quero sim. Sua ajuda é bem vinda! Você conhece
aquela senhora que ontem me ajudou a fiar?
Velha com nariz grande: Sim, é minha irmã. Eu ajudo
você como minha irmã com uma condição: promete que
me convida para o seu casamento e lá na cerimônia me
chama de tia duas vezes?
Ana: Sim, prometo sim!
Narrador – A velha senhora cantarolou. E como se respondessem
a um chamado, uma enorme quantidade de abelhas entrou no
salão e começou a fiar. Juntas as pequeninas fiaram tão rápido
que ao amanhecer todos aqueles fios que antes lotavam o salão
real se transformaram em belos tecidos. O rei ao ver se admirou,
mas ainda não estava satisfeito.
Ao conhecer o príncipe, Ana caiu de amores por ele, que também ficou
caidinho por ela. O rei mandou preparar o casamento e nunca se viu
festa tão bonita!
Rei: Muito bem, menina. Você cumpriu a segunda
tarefa. Quero ver agora se consegue fiar o dobro da
quantidade de ontem.
(Música de casamento)
Narrador – Assim foi feito. O rei preparou três salões repletos de
fios e deu novamente apenas o tempo de uma noite para que a
menina os transformasse em tecido. Ao raiar do sol o rei viria, ou
para dar parabéns pelo trabalho realizado, ou para levar a menina ao calabouço.
Ana: Ai de mim! Vou me casar com o homem que amo, um
príncipe belo e gentil, mas minha felicidade não pode durar
se ele não souber o segredo que carrego. Jamais fiei aqueles
fios, e pra falar a verdade nunca gostei de fiar! Como vou
continuar as tarefas de tecelã se não tenho os poderes que
meu pai disse?
Ana (para a platéia): Ai de mim! Como conseguirei fiar
tanto em tão pouco tempo? Se eu soubesse como chamar
aquela velha senhora ou sua irmã...
Narrador – O tempo passava rápido escorregando pela janela.
Os primeiros raios de sol logo viriam. Ana estava desesperada!
Quando de repente ouviu uma voz.
Velha de mãos grandes: Acalme-se, menina, estou aqui
para ajudá-la. Se você quiser minha ajuda, é claro.
Ana: Quero sim, sua ajuda é bem vinda! Você conhece
aquela senhora que ontem me ajudou a fiar? Conhece
sua irmã que me salvou na primeira noite?
Velha de mãos grandes: Sim, elas são minhas irmãs (para a platéia) somos trigêmeas! Eu ajudo você como
minhas irmãs com uma condição: promete que me
convida para o seu casamento e lá na cerimônia
me chamará de tia três vezes?
Ana: Sim, prometo sim!
Narrador – A velha senhora cantarolou. E como se respondessem a um chamado, uma enorme quantidade de
esperanças entrou saltitando no salão e começou a fiar.
Juntas as pequeninas fiaram tão rápido que ao amanhecer todos aqueles fios que antes lotavam o salão real se
transformaram em belos tecidos. O rei ao ver se admirou,
e dessa vez ficou muito satisfeito!
Ordenou que a tecelã se casasse com seu filho, o príncipe.
Narrador – Mas Ana não estava feliz.
Narrador – Mesmo com a noiva tristonha foi feito o casamento. Um
pouco antes do momento de dizer “sim” apareceu a primeira velha. A
noiva estava ajeitando o vestido e o véu.
Ana: Minha tia, que bom vê-la! Sente-se aqui perto do altar.
Narrador – O príncipe, que nunca tinha visto aquela senhora, achou
estranho. Ela tinha olhos enormes, pareciam querer saltar do rosto!
Pouco tempo depois chegou a velha de nariz grande.
Ana: Minha tia! Sente-se ali para ver o casamento, minha tia!
Narrador – O príncipe também nunca tinha visto aquela senhora e achou
estranho. Ela tinha um nariz imenso! Assim que ela se sentou, chegou a
velha de mão grandes.
Ana: Minha tia! Que alegria sinto em vê-la, tia! Sente-se,
escolha o lugar que quiser, minha tia!
Narrador – Dessa vez o príncipe pensou que sua noiva tinha tias muito
engraçadas! Ele nunca tinha visto aquela senhora, achou estranho que
ela tinha dedos gigantescos, finos e tortos.
Antes da entrada da noiva o príncipe puxou um pouco de conversa com
as senhoras. Estava curioso diante da aparência delas e um pouco sem
jeito em perguntar.
Príncipe: Bem vindas sejam as tias! Eu gostaria de perguntar
à senhora sentada aqui na ponta sobre que segredos guardam
olhos tão grandes!
Senhora de olhos grandes: Ó, belo rapaz, meus olhos eram
lindos quando eu era mocinha. Mas de tanto apertálos para enxergar o fio e a agulha eles incharam,
cresceram e ficaram como você vê.
Narrador – O príncipe pensou nos delicados olhos de sua
noiva e teve medo de que se tornassem enormes!
Príncipe: Eu gostaria de perguntar à senhora ao lado
de que parente vem tão avantajado nariz.
Senhora de nariz grande: Foi o tempo, príncipe, e o trabalho de
tecelã. Teci tanto que o cheiro das linhas fez crescer meu nariz!
Narrador – O príncipe se apavorou! Pensou no delicado nariz de sua
amada e sem demora conversou com a terceira senhora. Ele já estava
até com medo da resposta!
Príncipe: Conte-me, senhora, a história de suas mãos.
Senhora de mãos grandes: Fiei demais!
Príncipe: Não precisa dizer mais nada, minha senhora.
Narrador – Aflito, o príncipe pediu a palavra e assim que a noiva entrou
na igreja ele disse diante de todos os convidados:
Príncipe: Declaro diante de todos que só me caso com uma
condição: que minha mulher jamais fie outra vez. Nem um
lenço, nem um pedaço de tecido sequer! Nunca mais.
Narrador – A princesa deu um sorriso de alivio tão grande que iluminou tudo ao redor. A primeira senhora piscou o olho e sumiu, a segunda coçou o nariz e desapareceu, a terceira bateu palmas e evaporou no
ar como areia no deserto.
O rei foi obrigado a aceitar a condição do filho, e dizem que aquela
princesa se tornou a rainha mais bela entre as rainhas de seu tempo.
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Três Velhas Tecelãs - Teatro de Brinquedo